domingo, 29 de maio de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
O Grande Mestre (2013)
Quando confrontado por um adversário que despreza o seu estilo de luta, o Wing Chun, caracterizado pela simplicidade e eficiência dos golpes, no qual a defesa é uma forma de ataque e vice-versa, Ip Man (Tony Leung) o rebate, dizendo que “três (truques) são suficientes para cuidar de você”. Tal confiança justifica-se, já que se trata do mestre de Bruce Lee, ator e lutador que ajudou a difundir o kung fu para o mundo a partir de Operação Dragão (1973). Ele é retratado em ¨O Grande Mestre¨ de Wong Kar-Wai. O cineasta passou oito anos de sua vida envolvido neste projeto, entre viagens de pesquisa sobre a vida de Ip Man, semanas de filmagem para uma única cena e muito tempo na sala de edição.
Comparando a obra com as três formas do próprio Wing Chun que ela homenageia, pode-se dizer que ela vacila em uma, mas obtém êxito nas outras duas. A primeira delas, chamada de “ideia”, consiste nos movimentos básicos do estilo, trazendo a essência técnica desse tipo de luta. Cinematograficamente, esta base seria o roteiro e é justamente onde ¨O Grande Mestre¨ derrapa.
Mais do que uma cinebiografia sobre Ip Man, trata-se de um tratado sobre o kung fu, sua propagação na China, indo do Norte ao Sul, suas diferentes escolas, a disputa entre os estilos. É também um panorama da conturbada história chinesa no início e em meados do século XX, através dos olhos de um personagem que passou pelos três principais momentos de mudança no país: o fim da fase imperial da Dinastia Qing e o início do período republicano, quando sua fama nas artes marciais crescia; a invasão japonesa na Segunda Guerra Mundial, em que enfrentou perdas familiares e financeiras; e a revolução que institui a República Popular da China, em que foi obrigado a se exilar em Hong Kong.
As cartelas e a narração em off dos personagens, recurso tão comum nos filmes de Kar-Wai, neste caso servem mais ao didatismo que a trama exige, por sua complexidade histórica. Mesmo assim, o roteiro ainda permanece algo confuso para os espectadores em determinados momentos. Outro problema é que o protagonismo de Ip Man, muito bem defendido por Tony Leung, figurinha marcada nos trabalhos do diretor, é prejudicado pelo script mal construído, que chega a omitir o herói por vários minutos – e vários anos dentro da cronologia do longa. Sobra espaço para Gong Er, interesse romântico do mestre, graças também ao carisma de Zhang Ziyi, atriz de O Tigre e o Dragão (2000).
Como não poderia deixar de ser, Wong Kar-Wai não deixou de falar sobre o amor, especialmente o reprimido. Se a segunda forma do Wing Chun é a “ponte”, em que o praticante deve preencher o espaço entre ele e seu oponente, o diretor usa sabiamente sua experiência em falar sobre o tema para traçar um paralelo entre o amor e o kung fu. A luta dos dois revela toda a tensão amorosa/sexual em ambos os lados.
A chuva da cena inicial já denota que a dor estará presente durante a trajetória do protagonista. Igual aos três certeiros movimentos de mão do estilo usado pelo mestre, conhecidos como “espada”, “alfinete” e “bainha”, as circunstâncias da vida também serão implacáveis na tarefa de atingir o amor de Ip e Gong: as dores da guerra e a honra da família, seja na busca por vingança por parte dela ou na necessidade dele de mantê-la intacta, permanecendo fiel a sua mulher. Assim como em outros trabalhos do diretor, trata-se de um triângulo amoroso, em que o terceiro elemento é uma soma de fatores externos e internos difíceis de explicar, mas que o público compreende – neste ponto, já é perceptível a importância do número três não só para esta luta, mas também para o filme, em que, além das tríades citadas, são enumerados vários conjuntos da mesma quantidade.
Entretanto, como a terceira forma do Wing Chun, que permaneceu secreta durante muito tempo, chamada de “dedos voadores” ou “de dardo” por causa de seus golpes rápidos e certeiros, Kar-Wai acerta completamente o alvo com o apuro técnico e estético da produção. Indicado ao Oscar de Melhor Fotografia e Figurino, com o trabalho de Philippe Le Sourd e William Chang, O Grande Mestre também conta com Yuen Woo-Ping, que coreografou as cenas de luta de O Tigre e o Dragão, da trilogia Matrix e dos dois volumes de Kill Bill. A edição rápida, marca da filmografia do cineasta, continua; mas a montagem prioriza e mescla bem os cortes rápidos e o slow motion, sem os jump cuts e freeze-frames de antes. Tudo isso, somado à edição e mixagem de som, transforma as cenas de luta em um misto de dança e batalha de uma plasticidade e visual incríveis.
Não deixa de ser curioso – talvez, até paradoxal – que o cineasta, reconhecido pela sua primazia na construção de emoções e metáforas através das imagens, se disponha a contar a vida de um mestre que propagou um kung fu mais “limpo” e sem acrobacias, contra variações que tinham, por exemplo, 64 formas de ataque. Na realidade, esta é uma obra em que a disputa de estilos de luta representa o confronto de estilos de cinema, que existe até dentro do ímpeto criativo do próprio diretor. No saldo final, o que se vê, porém, é que Wong ainda não se sai tão bem no procedimento básico de contar a história em si, mas continua sendo aquele ótimo esteta capaz de maravilhar os olhos dos espectadores; tanto os amantes das artes marciais que terão mais uma chance de conhecer Ip Man, quanto o público em geral que, segundo o próprio Kar-Wai, perceberá que o Wing Chun vai além de socos e pontapés.
Nomeado ao Oscar de Fotografia e Figurino.
(Yi dai zong shi - 2013)
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sexta-feira, 27 de maio de 2016
domingo, 22 de maio de 2016
sábado, 21 de maio de 2016
Land of Storms (2014)
Szabolcs, um jovem jogador de futebol húngaro, joga para um time alemão e tem uma boa amizade com seu colega de quarto Bernard , depois de perder um jogo e brigar com Bernard , Szabolcs decide voltar para a Hungria. Em busca de um novo começo na vida, então conhece Áron, um aprendiz de pedreiro da aldeia vizinha, juntos eles renovam a fazenda em ruínas e em pouco tempo a relação de amizade vai se transformando em um caso de amor.
(Viharsarok - 2014)
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segunda-feira, 9 de maio de 2016
domingo, 8 de maio de 2016
quinta-feira, 5 de maio de 2016
O Sal da Terra (2014)
Belíssimo trabalho do cineasta Wim Wenders retratando o magistral trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.
Aqui vemos quão humano Sebastião era, e como seu trabalho contribuiu para a preservação da natureza, mesmo que seu ponto principal fosse retratar a condição humana.
Sem palavras para descrever tão belo trabalho. Tanto de Salgado quanto de Wenders. Assistam!
Nomeado ao Oscar de Melhor Documentário.
(The Salt of the Earth - 2014)
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quarta-feira, 4 de maio de 2016
Please Like Me - Terceira Temporada (2015)
Já que o seriado existe, nada melhor que ver a terceira temporada para ver o que acontece com o atrapalhado Josh, seus pais e seu roommate heterossexual Tom.
Ví e posso dizer que continuou me agradando!
(Please Like Me - The Complete Third Season - 2015)
segunda-feira, 2 de maio de 2016
A Escondidas (2014)
Um filme que retrata mais a relação de intercultural entre um garoto marroquino e um jovem espanhol do que um romance gay. Não há beijos, sexo nem nada que realmente os intitulem como gays, mas todo o tempo é mostrada a tensão existente entre os dois.
O cuidado, o afeto e o carinho está aqui presente. A cumplicidade e a vontade de ajudar o amigo imigrante que sofre preconceito o tempo todo nos cativa.
O único pecado que o diretor cometeu aqui foi não editar o filme de forma linear, o que deixou sua narrativa desnecessáriamente confusa. No mais, um encanto!
(A Escondidas - 2014)
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