quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Felicidade Não Se Compra (1946)


“A Felicidade Não Se Compra” é um filme realmente encantador! Fascinei-me com a mágica do filme, com a questão do “e se...” presente em seu final. Afinal, este é na essência um Capra e como tal foi feito para emocionar. Uma pena que a fotografia em preto e branco do filme está muito envelhecida o que pode prejudicar, e muito, o desejo de assisti-lo, mas para aqueles que o fizer, saberão que vale a pena.

Como era de se esperar o filme consta na lista dos 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer. Segue a crítica:

“Depois de celebrar o homem comum em clássicos da década de 1930 como “Aconteceu Naquela Noite”, “A Mulher Faz o Homem” e “Do Mundo Nada se Leva”, o primeiro filme de Frank Capra realizado no pós-guerra enaltece, sem o menor pudor, a bondade das pessoas comuns e o valor dos sonhos humildes, mesmo que eles não se tornem realidade. Baseado em “The Greatest Gift”, um conto escrito em um cartão de Natal por Phillip Van Doren, o vital protagonista do filme, um jovem sobrecarregado de responsabilidades, foi quase recusado pelo cansado de guerra James Stewart. Lançado em 1946 sob críticas conflitantes, ele foi, não obstante, indicado a cinco prêmios Oscar (incluindo melhor filme e ator), porém não venceu em nenhuma categoria. Hoje em dia, especular se ele era um filme que precisava ser assistido várias vezes para ser apreciado plenamente ou se foi apenas produzido na época errada é irrelevante. Na década de 60, o copyright dele expirou, o que permitiu a circulação a baixo custo de uma versão de “domínio público” e exibições frequentes na TV. Reprisado à exaustão por volta das festas de fim de ano, ele se tornou o baluarte das “sessões para toda a família”. Depois de consolidado como uma pedra de toque emocional para várias gerações, canais públicos de televisão, em 1970, cristalizaram sua reputação de qualidade exibindo-o em contraste com a programação comercial obtusa e materialista da época de festas.

George Bailey (Stewart), um homem desengonçado e de bom coração, cresce na pequena cidade de Bedford Falls, em Connecticut, mas sonha em viajar pelo mundo. O dever, no entanto, está sempre entrando no caminho para frustrar esse sonho. Sua perda de liberdade é aliviada apenas pelo seu casamento com Mary (Donna Reed), a beldade local, e posteriormente por sua jovem família e por seu próprio senso de filantropia ao ajudar os trabalhadores da cidade a comprarem suas próprias casas. Por fim, ao se ver forçado a recorrer à poupança da família, que Mr. Potter (raras vezes Lionel Barrymore esteve tão detestável), o ganancioso banqueiro da cidade, ameaça confiscar, George sente-se tão pressionado que tenta o suicídio saltando de uma ponte. No entanto, um milagre acontece: um anjo chamado Clarence (Henry Travers) é enviado do Céu para mostrar a George o que teria sido da cidade caso seu desejo se realizasse e ele jamais tivesse vivido. Somente depois de George se convencer do próprio valor seu suicídio será desfeito, a cidade voltará ao normal e Clarence, um anjo de segunda classe, ganhará suas asas.

Quase 60 anos depois, “A Felicidade não se Compra” continua sendo um dos mais queridos filmes de fim de ano por conta de sua mensagem otimista e clima amedrontador de “o que teria acontecido se...”. Assistido no cinema, sem as distrações das festividades, ele se revela mais uma comédia escrachada deliciosa, repleta de comentários ligeiros e incisivos sobre o amor, o sexo e a sociedade. A grande qualidade dessa brincadeira se deve especialmente à participação não creditada no roteiro de Dorothy Parker, Dalton Trumbo e Clifford Odets. O filme era um dos favoritos de Capra e Stewart e ambos expressaram profundo descontentamento quando ele se tornou vítima precoce da febre da colorização.

5 Indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Frank Capra), Ator (James Stewart), Edição e Som.

(It's a Wonderful Life - 1946)

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