domingo, 8 de abril de 2018

Com Amor, Simon (2018)


A simples existência de Com amor, Simon talvez seja mais importante do que o filme em si, na verdade. O longa é protagonizado por um adolescente gay (Nick Robinson) que ainda não teve coragem de se assumir para seus pais e amigos. Embora ele saiba que será bem aceito por praticamente todos, ele tem receio de como sua vida mudará.

Personagens como Simon costumam, nas produções de grandes estúdios, ser relegados aos papéis de melhor amigo e/ou alívio cômico. Suas personalidades, suas histórias pregressas, seus passados nunca emergem na trama – em outras palavras, eles não são lá muito importantes porque os estúdios não querem arriscar a desagradar ao grande público com questões tão delicadas.

Simon é um adolescente de classe média alta, que leva uma vida tranquila com seus pais bem esclarecidos (Jennifer Garner e Josh Duhamel) e irmã caçula (Talitha Bateman). Por isso, como ele mesmo diz, “sair do armário” não seria um grande problema em casa – com o tempo, as coisas se ajeitariam – e na escola também – embora enfrentaria algum bullying. Mas o rapaz sente que não está preparado para esse passo e encontra em um confidente misterioso um amigo com quem desabafar.

Ele começa a conversar, por e-mail, com outro garoto de sua escola, e os dois estão na mesma situação. Ambos usam um codinome e não sabem quem é o outro. Simon, no entanto, começa a se apaixonar por esse colega e desconfia que cada garoto que sorri para ele é o tal menino. A jornada do filme, então, é a jornada do protagonista em descobrir quem é realmente o colega e, juntos, se assumirem.

É interessante como o longa dirigido por Greg Berlanti (Juntos por acaso) coloca essa confusão de sentimentos de Simon (a cada momento “apaixonado” por um novo rapaz que pode ser o seu correspondente) como uma metáfora para o processo de amadurecimento e todo o caos emocional que acompanha esse momento da vida das pessoas – especialmente na adolescência, ainda mais para um garoto gay que se passa por hétero, como uma tática de autopreservação.

(Love, Simon - 2018)

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