quinta-feira, 17 de março de 2011
As Melhores Coisas do Mundo (2010)
A diretora paulista Laís Bodanzky volta ao universo jovem que marcou sua premiada estreia, “Bicho de Sete Cabeças” (2001), em seu novo filme, “As Melhores Coisas do Mundo”.
Partindo da série de livros Mano, de Heloísa Prieto e Gilberto Dimenstein, o roteiro de Luis Bolognesi – marido e parceiro habitual da diretora – criou asas num processo de pesquisa próprio em escolas de classe média em São Paulo. Como resultado, surgiram temas e problemáticas comuns aos adolescentes não só do Brasil mas de diversos outros países. Caso do divórcio dos pais, dilemas sobre a sexualidade, uso de drogas, fixação na tecnologia e até mesmo um pesadelo bem atual, o cyberbullying – ou seja, o assédio ou constrangimento através do celular e da internet.
Mano (o estreante Francisco Miguez) é um garoto de 15 anos, irmão caçula de Pedro (Fiuk). Os dois têm uma vida tranquila, estudando no mesmo colégio. Até o dia em que os pais (Denise Fraga e Zé Carlos Machado) anunciam a separação.
Abalado pela notícia, Mano divide as dores com os amigos na escola, como Deco (Gabriel Illanes) e especialmente Carol (Gabriela Rocha). Carol, que é sua confidente, está apaixonada por um dos professores, Artur (Caio Blat).
Apaixonado pela garota mais bonita da escola, Mano sonha em poder atrair sua atenção. Pensa em fazer isso pela música. Assim, aprende violão com um professor, Marcelo (Paulo Vilhena), mas insiste para que este o deixe tocar guitarra, que é o seu projeto.
As coisas ficam tensas na escola quando começam a circular fotos íntimas da garota dos sonhos de Mano. Logo depois, ele próprio e o irmão são submetidos a outro tipo de constrangimento quando surgem boatos sobre a sexualidade de seu pai. Neste ponto, o filme abre espaço para uma visão bem honesta do preconceito, sem procurar dar lições.
A grande qualidade do filme de Laís é manter o foco nos personagens e na naturalidade de seu comportamento. Ao mesmo tempo, equilibra o drama com a comédia, o romance com a ironia, demarcando o grande dinamismo e também a grande instabilidade das emoções adolescentes.
Assim, faz um filme sincero e verdadeiro, com o qual adolescentes podem identificar-se e adultos não se aborrecerem. Afinal, todo mundo já foi adolescente um dia.
(As Melhores Coisas do Mundo - 2010)
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