sexta-feira, 24 de junho de 2011
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008)
Quase vinte anos se passaram desde quando Indiana Jones foi visto pela última vez, ao lado do pai, depois de encontrar o Santo Graal. Nesse meio-tempo, o diretor Steven Spielberg passou definitivamente de filmes de aventura para dramas mais sérios que lhe renderam dois Oscars como diretor, “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) e “A Lista de Schindler” (1993). Agora, ele retoma o arqueólogo mais famoso do cinema em “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”.
Algumas coisas chegam intactas ao novo filme, como o ar retrô que a série sempre teve, o humor tipicamente americano, as perseguições e a trilha sonora onipresente de John William. Mas uma frase de Harrison Ford, na pele de Indiana, parece uma ironia com o que se vê na tela: “É sempre a mesma coisa”.
Os dois primeiros filmes da série “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) e “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984) tinham um clima de matinê, uma leveza da diversão despretensiosa que Spielberg já havia perdido em “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989). Aqui, o diretor não tem o mesmo vigor, parece pensar que filmes de aventura são menores se comparados aos grandes dramas que fez nos últimos anos, como “Munique”. Por isso, dá a impressão de dirigir o filme no piloto automático.
Tal qual “O Resgate do Soldado Ryan”, os vinte primeiros minutos são muito bons. O mesmo nível nunca mais é atingido até o final. A história começa no final dos anos de 1950, com a Guerra Fria polarizando o mundo. Soldados soviéticos conseguem se infiltrar numa base nuclear americana e buscam um caixote valioso num depósito. Para encontrá-lo, precisarão da ajuda do prisioneiro Indiana Jones.
Nas primeiras cenas é introduzida a vilã – e melhor personagem do filme - Irina Spalko (Cate Blanchett), uma cientista soviética brilhante, conhecida como a ‘favorita de Stalin’. Com sua inteligência e um corte de cabelo à Louise Brooks, ela é uma vilã à altura de qualquer herói – até James Bond teria dificuldades para lidar com ela.
É claro que Indiana Jones vai conseguir fugir desses vilões e sobreviver a um teste nuclear. Depois, é levado para uma floresta da América do Sul por Mutt (Shia LaBeouf, de Transformers), para salvar a mãe do rapaz e mais um velho amigo do arqueólogo. Mais tarde, depois de muitos encontros desagradáveis com insetos e algumas perseguições, o Dr. Jones descobrirá que a mãe do garoto é Marion (Karen Allen), sua namorada de “Os Caçadores da Arca Perdida”.
Os assuntos familiares ficarão para mais tarde, uma vez que os russos estão chegando, em busca de uma caveira de cristal e um reino perdido que dão poderes a quem os encontrar. Por isso, os soviéticos estão em busca dessa lenda, para assim dominar o mundo.
Em “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, Spielberg consegue combinar dois temas que lhe são caros: a questão da paternidade e alienígenas. Mas nunca os desenvolve muito bem, pois o filme conta apenas com uma correria atrás da outra – em especial na Floresta Amazônica e nas Cataratas do Iguaçu, que, na geografia confusa do filme, são bem pertinho uma da outra.
Subversões geográficas à parte, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” é pura diversão – mas não no mesmo nível que Spielberg conseguiu antes. Depois de muito copiado por filmes como “A Múmia”, “Sahara”, e até o malfadado “Código Da Vinci”, Indiana Jones está de volta para retomar seu posto – mas não faria mal algum delegar o chapéu e o chicote a um herdeiro.
(Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull - 2008)
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