terça-feira, 30 de dezembro de 2014
O Abutre (2014)
Protagonista e produtor do longa, o ator Jake Gyllenhaal empenhou-se visivelmente na construção do personagem de Louis Bloom, que vem lhe valendo indicações em premiações importantes, caso do Globo de Ouro e do Sindicato dos Atores. Seu esforço certamente não se esgota no aspecto físico, ainda que impressionem a perda de 15 kg e o rosto encovado em que os olhos esbugalhados se destacam. O personagem é o habitante ideal dos becos de Los Angeles, onde procura, aflito, algum meio de sobrevivência no desemprego.
Uma noite, ao presenciar um grave acidente de automóvel, em que a vítima ferida ficou presa nas ferragens, Louis descobre que esse tipo de situação é um prato cheio para repórteres free lancers, que chegam com suas câmeras junto com a polícia e os bombeiros, às vezes até antes deles. Homem solitário, de quem não se sabe o passado e cujas relações humanas são inexistentes – a internet é sua única fonte de informação -, Louis descobre ali uma espécie de vocação. Antes, sofre para descobrir do que precisa, já que veteranos como Joe Loder (Bill Paxton) não estão a fim de entregar o ouro a nenhum concorrente em potencial.
Correndo por fora, por seus próprios meios Louis consegue uma câmera e percebe que o segredo é entrar na frequência do rádio da polícia. A partir daí, ele se torna um perdigueiro das histórias de sangue, perseguindo acidentes, tiroteios, todo tipo de crime violento. É assim que ele encontra um meio de se afirmar no mundo.
Uma parceira nesta nova vida é Nina Romina (Rene Russo), veterana editora de uma emissora de TV de segunda linha, em que o trabalho de Louis começa a despontar, especialmente porque ele começa a seguir todos os conselhos dela, sem nenhum escrúpulo. Criador e criatura se completam num círculo vicioso, ainda que humano, que sintoniza a decadência, o medo de perder o espaço, a irrelevância num mundo marcado pela competição e a sede de sangue alheio, que satisfaz um público voraz, uma audiência crescente. "O Abutre" não foi feito para embalar o sono de ninguém, antes, para assombrar consciências sobre fenômenos que, se não são novos, continuam sinistramente atuais.
Nomeado ao Oscar de Roteiro Original.
(Nightcrawler - 2014)
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sábado, 27 de dezembro de 2014
O Menino e o Mundo (2013)
"O Menino e o Mundo", de Alê Abreu (Garoto Cósmico) é um filme único – seja pela sua estética, seja pelo tema e a abordagem. Ao contrário da histeria e dos exageros de tantas animações recentes, aqui se prima por uma estética minimalista, que ganha ainda mais vida com seu colorido vibrante.
Escrito dirigido e montado por Abreu, o longa acompanha a jornada do Menino em busca do pai que saiu de casa buscando melhores condições de vida para a família. É um filme, claro, para o público infantil – mas não apenas. Há o lúdico, o ingênuo e engraçado, que vai falar direto às crianças. Mas é também um filme político, pois na trajetória do protagonista atravessam-se os diversos estágios que o capitalismo conheceu ao longo dos séculos.
O enredo começa com a família morando numa pequena fazenda, onde plantam para consumo próprio. O Pai, a Mãe e o Menino vivem uma vida simples, mas repleta de carinho e música. Quando surge a ideia de produção – que envolve patrão e empregado – esse pequeno paraíso desaba. A ida do Pai para a cidade é um sintoma da industrialização, do trabalho assalariado, da mecanização e repetição do gesto de trabalho, e, também, do aumento da exploração.
A cidade ao mesmo tempo se moderniza e evolui desgovernadamente, precisando lidar com as consequências. A cada novo estágio da produção, novos problemas surgem, o que inclui a perda da individualidade, até culminar no mundo globalizado, onde o centro explora a periferia em nível mundial. O ponto de vista do filme nunca abandona o olhar ingênuo do Menino, que assiste a tudo sem compreender direito todas as implicações – no entanto, essa lacuna é suprimida pelo público (especialmente adulto), capaz de compreender o significado mais amplo de cada cena.
Da dialética entre o Menino e o Mundo surge o enfrentamento, num primeiro momento. Ao mesmo tempo, é esse próprio mundo que está sendo destruído com o avanço do capitalismo. Nesse momento, rompe-se o lúdico e entram em cena momentos documentais de filmes como Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, ABC da Greve e Ecologia, ambos de Leon Hirszman, mostrando a degradação ambiental, estágio máximo a que chega a distopia futurista retratada no filme. Porém, é claro, fala-se do presente, e, nesse sentido, o filme serve com um sinal de alerta para as crianças.
Praticamente sem diálogos – algumas frases são faladas de trás para frente, como o nome do protagonista Oninem – os sons são fundamentais para contribuir na expressão dos sentimentos e na evolução da trama. O garoto guarda uma memória do pai – o som que ele produzia com uma flauta, e é essa lembrança que o guia na busca. A trilha sonora, composta por Gustavo Kurlat e Ruben Feffer, conta com a participação de Emicida, Naná Vasconcelos, GEM – Grupo Experimental de Música e Barbatuque.
As escolhas ousadas e arriscadas do diretor e sua equipe mostram sua razão de ser a cada cena – como outra coisa impressionante, o uso do branco. Com "O Menino e o Mundo", Abreu fez um pequeno milagre, um manifesto anticapitalista necessário e instigante que merece ser duradouro e visto por crianças e adultos também de muitas gerações por vir.
(O Menino e o Mundo - 2013)
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Para Sempre Alice (2014)
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan e assim é diagnosticada com Alzheimer.
A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwin) se fragiliza, ela e a filha Lydia (Kristen Stewart) se aproximam.
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Julianne Moore).
(Still Alice - 2014)
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terça-feira, 16 de dezembro de 2014
A Teoria de Tudo (2014)
Aos 73 anos recém-completados, Stephen Hawking é um fenômeno. Misto de cientista sério com celebridade, autor de bestsellers como Uma Breve História do Tempo, uma mente brilhante aprisionada num corpo travado pelos efeitos da esclerose lateral amiotrófica.
Já retratado em documentários, o autor inglês está no centro de uma cinebiografia, "A Teoria de Tudo", que adapta as memórias de sua primeira mulher, Jane Wilde Hawking, e coloca em primeiro plano o homem, antes do intelectual, e o longo relacionamento dos dois.
Evidentemente, o casamento entre Stephen e Jane, que se conheceram na universidade nos anos 1960, tem tudo para fugir ao convencional, a partir de sua própria concretização. Afinal, quando eles se casam, ele já recebeu o terrível diagnóstico de sua doença e uma virtual condenação à morte, uma vez que os médicos previram na época que ele não sobreviveria mais de dois anos. Isto há 50 anos atrás.
Mesmo afetado dramaticamente pelas progressivas perdas motoras de Stephen – que não o impedem de ter uma vida amorosa, três filhos e até brincar com eles -, o relacionamento se mantém e é o principal foco da história. Uma opção lógica, já que aqui se assume o ponto de vista de Jane.
Se recebeu críticas por essa predominância do aspecto pessoal sobre o científico, é certo que o filme não perde de vista o notável esforço de Hawking em explorar teorias ambiciosas, em torno da origem do universo e do início do tempo. Embora se dê uma ênfase um pouco exagerada à sua falta de fé religiosa, terreno de disputa com a mulher.
Nem por isso a história embarca no moralismo, retratando com admirável franqueza o modo como o casal enfrenta as fissuras do casamento quando entram em cena outras pessoas – como o professor de canto Jonathan (Charlie Cox) e a nova enfermeira, Elaine Mason (Maxine Peake). Expor estas particularidades do cientista nunca resvala para a vulgaridade. Antes, humaniza sua figura, singularmente bem-humorada, injetando mais realismo neste retrato, certamente parcial.
Nomeado a 5 Oscar: Melhor Filme, Ator (Eddie Redmayne), Atriz (Felicity Jones), Roteiro Adaptado e Trilha Sonora. Venceu na categoria de Melhor Ator (Eddie Redmayne).
(The Theory of Everything - 2014)
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Aviões (2013)
Esta produção conta uma história sobre perseverança e coragem. Dusty é um avião pulverizador, isto é, passa seus dias espalhando vitaminas e fertilizantes em lavouras. Porém, ele quer ser mesmo um avião de corrida.
Apesar da descrença de seus pares, ele se candidata para uma difícil e mortal corrida ao redor do planeta, contra competidores de várias nacionalidades, incluindo aí a brasileira Carolina Santos Duavião (Sangalo). Um rol de personagens divertidos, como El Chupacabra, uma aeronave mexicana dramática e falastrona; Bulldog, o inglês que não chora por ser justamente inglês; e o vilão Ripslinger, que não perde um campeonato.
Dusty não deve apenas vencer seus concorrentes, muito mais potentes. Acima de tudo, precisa estar à frente daqueles que caçoam dele por perseguir seus sonhos e, ainda, superar seu curioso medo de altura. Esse é o mundo “acima de 'Carros'”, como brinca a própria propaganda.
O que incomoda em Aviões, no entanto, não é o fato de ser uma produção mediana, mas usar o sucesso do original Carros para vender este filme, que sequer é co-produzido pela Pixar. Não é incorreto, já que a Disney comprou a empresa em 2006, mas a sensação de puro apelo comercial é marcante.
(Planes - 2013)
sábado, 13 de dezembro de 2014
Uma Secretária de Futuro (1988)
Em Nova York, Tess McGill (Melanie Griffith) é secretária de escritório que lida com o mercado de ações. Demitida, consegue um novo emprego com Katharine Parker (Sigourney Weaver) e expõe suas ousadas ideias à sua chefe, ambicionando crescer na carreira.
Quando Katharine sofre um acidente e se afasta do escritório, Tess toma seu lugar e inicia uma inteligente parceria com Jack Trainer (Harrison Ford), com quem acaba se envolvendo romanticamente.
Vencedor do Oscar de Melhor Canção ("Let the River Run"). Indicado nas categorias: Melhor Filme, Atriz (Melanie Griffith), Atriz Coadjuvante (Joan Cusack e Sigourney Weaver) e Direção (Mike Nichols).
(Working Girl - 1988)
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Interestelar (2014)
Em sua nova ficção científica, "Interestelar", o diretor inglês Christopher Nolan mira em "2001: Uma Odisseia no Espaço" e acerta em "Gravidade" – ou seja, aspira uma profundidade filosófico-existencial, mas cai na superficialidade da fascinação por efeitos especiais e truques, além de um falatório mais longo do que uma viagem espacial. Em todo caso, a força do filme está em suas imagens – já que sua trama é óbvia, beira o banal.
A Terra vive seus últimos dias. Crises generalizadas levaram muitas pessoas a abandonar suas profissões, tornando-se fazendeiro para produzir os alimentos básicos. Mas o solo de todo o mundo está tão degradado, por culpa de uma praga que assola as plantações, além de uma persistente nuvem de poeira, que cientistas começam a pensar na possibilidade de explorar novos planetas a serem colonizados. Se esse é o pano de fundo de "Interestelar", é na relação entre pai e filha que Nolan – que assina o roteiro com seu irmão, Jonathan Nolan - coloca o peso do filme.
Com a destruição das plantações, Cooper (Matthew McConaughey), que cultiva milho em sua fazenda, está com os dias contados. Um dia, ele foi piloto e sonhou em ser astronauta, mas as condições econômicas forçaram a NASA a fechar o programa espacial. Sua filha caçula, Murph (Mackenzie Foy), compartilha da paixão pelo espaço, tanto que um dos problemas que ela enfrenta na escola é acreditar que as missões à Lua realmente aconteceram – afinal, a história foi reescrita, e essas viagens agora são descritas apenas como propaganda para forçar a quebra da União Soviética.
Mas Cooper descobre que a NASA não só ainda existe como mantém um programa secreto para pesquisa da possibilidade de estabelecimento dos humanos em outro planeta. O mentor é Professor Brand (Michael Caine), responsável pelo Projeto Lazarus. A chance reside num buraco próximo a Saturno, capaz de permitir o acesso a uma outra galáxia, onde existem alguns planetas com possibilidades de servir de habitat.
A equipe é composta por Amelia (Anne Hathaway), filha do Professor Brand, Romilly (David Gyasi), um astrofísico, Doyle (Wes Bentley), o copiloto, e robô TARS (dublado por Bill Irwin). As cenas dentro da espaçonave são as mais fracas do filme, e os personagens não dizem muito a que vieram – especialmente Amelia, uma personagem sem graças ou nuances, candidata ao posto de chata da missão.
Os astronautas hibernam durante a viagem de 2 anos, que na Terra equivalem a 23 anos. Nesse período, a mudança mais considerável é que Murphy se tornou uma cientista e é interpretada por Jessica Chastain – que tem problemas com o pai que, na visão dela, a abandonou. E é esse laço que impulsiona o filme – afinal, Cooper está fazendo todo os sacrifícios pela filha e o filho (adulto, interpretado por Casey Affleck) e futuros netos.
De toda a promessa e jargão cientificista, "Interestelar" oferece muito pouco de ficção científica e se contenta apenas com um drama meloso sobre amor paternal e o destino da humanidade – o que faz pensar no risco que podemos estar correndo.
Nomeado a 5 Oscar: Direção de Arte, Trilha Sonora, Mixagem de Som, Edição de Som e Efeitos Especiais. Venceu na Categoria Efeitos Especiais.
(Interstellar - 2014)
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domingo, 30 de novembro de 2014
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (2014)
Ao chegar à primeira parte de seu último segmento, "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", a franquia “Jogos Vorazes” é um paradoxo na cultura pop contemporânea. É, claro, fruto de Hollywood, da indústria do entretenimento e produzido com o objetivo primordial de gerar lucros. Por outro lado, é também o retrato de uma sociedade opressiva, na qual a riqueza e o poder estão sob o controle de poucos, que exploram e subjugam milhares que, por sua vez, vão finalmente vão rebelar-se numa revolução socialista visando redistribuição desse patrimônio.
Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) é a inocente útil para tal revolução. Bem, nem tão inocente, mas bastante útil com seu poder de mobilização das massas desde quando assumiu o lugar de sua irmã Prim (Willow Shields), escolhida para os Jogos Vorazes (no primeiro filme, de 2012), nos quais jovens dos vários distritos de um lugar chamado Panem (que é o que sobrou dos EUA) competiam num reality show de selvageria e morte. Ao tomar o lugar da caçula e subverter as regras da competição, a protagonista mostra que existem fissuras no sistema – essas se materializam finalmente na conclusão do segundo filme da série, lançado no ano passado.
Agora que Jogos Vorazes entra em sua reta final – o terceiro livro de Suzanne Collins é dividido em duas partes, assim, o próximo e último filme será lançado daqui a um ano – não há mais tempo para os jogos propriamente ditos, na distopia pós-apocalíptica desse futuro obscuro até então orquestrada pelo presidente Snow (Donald Sutherland). A suposta destruição do Distrito 13 visou servir de exemplo a todos os rebeldes. Era o que se supunha, pois quando este é encontrado como foco de resistência, oculto no subsolo daquilo que o lugar foi um dia, ressurge a esperança. E Katniss é a heroína certa para mobilizar os outros 12 distritos a continuar a rebelião.
Como já ficou claro nos outros filmes, Katniss é uma protagonista feminina peculiar. Encontrar o grande amor de sua vida, casar e ter filhos estão longe de ser seu objetivo de vida – embora tenha dois pretendentes, o valente e prestativo Gale (Liam Hemsworth), seu amigo de infância; e Peeta (Josh Hutcherson), garoto que conheceu quando participou pela primeira vez dos Jogos Vorazes e por quem nutre sentimentos dúbios de ternura e gratidão, já que acredita que lhe deve sua vida. Não, coisas de amor não têm vez para a garota, para quem sobreviver num mundo inóspito é sua meta primordial. Só por essa atitude numa sociedade patriarcal, Katniss já se destaca.
Se a garota é a cara da revolução – liderando os rebeldes e despertando o sentimento de rebeldia em todos os distritos –, a mente por trás desta é a Presidente do Distrito 13, Alma Coin (Julianne Moore), cujos longos cabelos grisalhos parecem guardar mais do que anos de sabedoria. Ao lado de Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman), que também já foi um dos organizadores dos Jogos na Capital, ela trama a derrocada e derrubada da elite. Este filme, o 3.1, apresenta, então, a construção da transformação, que deverá eclodir no segmento final.
Agora, o que realmente importa: o quanto de nosso presente “Jogos Vorazes” é capaz de perceber? Na verdade, muito, e de formas variadas. Seu cenário distópico serve a interesses de ambos os lados do espectro político – e disso surge o apelo quase universal dos filmes e dos livros: eles podem agradar a qualquer ideologia. Eles podem ser um retrato do mundo do capital financeiro – cada competidor é um investimento precioso de seu distrito – como também do mercado do trabalho – cada competidor luta por uma vaga numa sociedade em crise financeira eterna.
Se a ideia da transformação, da revolução, é plantada desde o primeiro filme, e alimentada em cada um deles, é preciso também lembrar que esta é uma série produzida por Hollywood, uma das indústrias mais lucrativas dos EUA – ao lado da bélica, outra que também está no centro do filme. Afinal, os Jogos Vorazes são todas as guerras em que o país se envolveu e ainda se envolve: é preciso dar alguma ocupação a milhares de jovens que não encontram emprego na pátria-mãe. Voltando a Hollywood: cinema é indústria e precisa gerar lucro, não instigar revoluções (ao menos não os grandes blockbusters). E, ao culpar a televisão (os Jogos Vorazes são televisionados), o cinema transfere a culpa da alienação para outro meio – quando ele mesmo é tão ou mais culpado por isso. Sem contar que transformar a trilogia de livros em quatro filmes é mais uma evidência do quanto este tipo de cinema é focado no business.
Enfim, como algo feito para gerar lucros e mais lucros pode ser uma crítica à alienação ou à concentração de riquezas? É nessa contenção, nessa incapacidade de transpor os seus limites, de pensar além do que lhe é dado que reside o grande paradoxo da série. E também a sua beleza.
(The Hunger Games: Mockingjay - Part 1
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Histórias De Amor (2012)
Já na casa dos 30 anos, Jesse Fisher (Josh Radnor) volta à universidade para participar da comemoração da aposentadoria de um de seus antigos professores. Lá ele constata que pouca coisa mudou desde sua saída e conhece Zibby (Elizabeth Olsen), uma encantadora aluna do segundo ano com quem acaba se envolvendo.
(Liberal Arts - 2012)
Odeio o Dia dos Namorados (2013)
A comédia brasileira "Odeio o Dia dos Namorados" tem mais em comum com sua homônima americana do que apenas o título. Ambas se acomodam em sua zona de conforto e lá ficam, encostadas no carisma de suas protagonistas – Heloísa Périssé e Nia Vardalos, respectivamente. Vale dizer que a brasileira se sai melhor, o que já é alguma coisa, apesar da escassa criatividade à vista.
"Odeio o Dia dos Namorados" inclui alta dose de previsibilidade na trama, além da estética e o elenco de novelas. Aqui, o roteiro, assinado por Paulo Cursino – que tem no currículo "Zorra Total" e "Sob Nova Direção" –, inspira-se em "Um Conto de Natal", do escritor inglês Charles Dickens, adaptando-o para o Dia dos Namorados.
Heloísa é Débora, uma publicitária que só pensa no trabalho e anos atrás não aceitou o pedido de casamento de seu então namorado, Heitor (Daniel Boaventura). Agora, famosa e bem-sucedida, a agência onde trabalha está para conseguir a conta de uma famosa marca de bombons – o grande merchandising do filme. Um dos diretores da empresa é Heitor, o que cria um certo constrangimento.
Quando, a caminho do escritório, Débora sofre um acidente de carro, ela recebe a visita do espírito de seu amigo Gilberto (Marcelo Saback), que morreu há pouco. Com ele, a publicitária revisita sua adolescência. Assim, ela percebe que Heitor sempre foi apaixonado por ela. Mas não pára nisso. Débora e Gilberto também vão até o futuro da moça, que curiosamente ficou com o visual muito parecido com o de Ana Maria Braga.
(Odeio o Dia dos Namorados - 2013)
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sábado, 15 de novembro de 2014
Vizinhos (2014)
Há algo além do habitual humor besteirol e chapadão do ator Seth Rogen e da falta de camisas de Zac Efron na nova comédia juvenil "Vizinhos". O espectador precisa ter referências de cinema e TV americanos para entender algumas das piadas desta produção.
Não se trata de uma paródia, mas de alusões e convidados especiais que aparecem durante a projeção. Estão lá os três pirados de Workaholics (Blake Anderson, Adam DeVine e Anders Holm), Lisa Kudrow (de Friends), Andy Samberg (de Brooklyn Nine-Nine), o descerebrado Jake Johnson (de “New Girl”), entre outras figuras, que só têm graça para quem conhece os programas dos quais são protagonistas.
Excluídas essas referências, fica-se com a impressão de mais do mesmo. Unidimensional, Rogen é mais uma vez o cara engraçadão, como em "Besouro Verde", "Ligeiramente Grávidos" e "É o Fim" - em que interpreta ele mesmo, da mesma forma. Já Zac Efron ainda busca seu timing para comédia, embora sensivelmente melhor do que em "Namoro ou Liberdade".
Aqui, eles fazem os vizinhos em guerra Mac (Rogen) e Teddy (Efron). O primeiro é casado com Kelly (Rose Byrne), com quem tem uma filha recém-nascida. Já Teddy é o presidente de uma fraternidade de universitários, que chega ao bairro com seus colegas para festas, regadas a cerveja e sexo.
Apesar do início amistoso, em que o casal faz de tudo para parecer “gente boa”, o choque é inevitável. Ao chamar a polícia por causa do barulho em uma das noites de balada, Teddy e sua trupe voltam-se contra Mac e Kelly. As casas, assim, começam uma série de trotes para ver quem deixa a vizinhança mais cedo.
Alagar o porão da fraternidade, jogar papel higiênico no telhado e colocar airbags no lugar de almofadas para fazer voar quem está sentado na poltrona são algumas das brincadeiras que fazem entre si. Tudo isso, até o grande plano de Mac, durante a festa de final de ano dos universitários.
Apesar da lista de comediantes que fazem participação especial neste filme, quem surpreende é a atriz Rose Byrne, conhecida pelo papel dramático na extinta série de TV Damages e da sofredora Renai, do terror “Sobrenatural”, no cinema. Seja tentando esquentar seu casamento com o marido, seja nas festas da fraternidade, mostra uma verve cômica insuspeita.
(Neighbors - 2014)
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Teen Wolf - Terceira Temporada (2013)
Só tenho uma coisa a dizer: nem a beleza e o físico perfeito de todos os atores presentes neste seriado faz com que valha a pena assisti-lo. Cansei.
(Teen Wolf - The Complete Third Season - 2013)
Ao Sul da Fronteira (2009)
Em "Ao Sul da Fronteira" o diretor Oliver Stone entrevista líderes políticos sul-americanos como Hugo Chávez, Rafael Correa, Cristina Kirchner, Fernando Lugo, Evo Morales e Lula, com o fim de explicar a ascensão de governos de esquerda no continente.
Por meio destas entrevistas, Stone faz cair por terra a falsa compreensão de que a América do Sul tem sido tomada por ditadores. Devemos levar em conta a participação maciça da mídia norte-americana e a culpa desta pela distorção dos fatos aqui ocorridos.
"Ao Sul da Fronteira" é um documentário ideal para quem deseja compreender o porquê de nossa presidente Dilma Roussef ter sido reeleita. Além disso, colabora na compreensão de como a participação dos governos de esquerda tem contribuído para uma América do Sul mais independente e soberana, livre de intromissões econômicas como as causadas pelo FMI e a exploração do imperialismo norte-americano.
(South of the Border - 2009)
sábado, 8 de novembro de 2014
Test (2013)
Em 1985, o jovem introvertido Frankie (Scott Marlowe) trabalha como dançarino substituto numa famosa companhia de dança moderna, em São Francisco. Quando um dos dançarinos adoece, Frankie é chamado para substituí-lo, e Todd (Matthew Risch) é quem irá ajudá-lo a se preparar.
Será a AIDS a doença que está atacando o outro dançarino? Ignorância, repressão, preconceito e homofobia são frequentes. Os dois amigos vão aprender o significado de solidariedade ao se depararem com testes na vida pessoal e profissional.
(Test - 2013)
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quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Boyhood: Da Infância à Juventude (2014)
Sem ser um documentário, "Boyhood: Da Infância à Juventude" se apropria das mudanças físicas e até emocionais de seu protagonista, Mason (Ellar Coltrane) – que cresce e se transforma completamente, dos 5 aos 18 anos, nos doze anos em que foi filmada a original produção, que rendeu um prêmio de melhor direção ao norte-americano Richard Linklater no Festival de Berlim.
Uma reunião anual para debater o roteiro, seguida da filmagem de pequenos segmentos, foi o método usado por Linklater para realizar a obra, certamente única numa filmografia que já reunia notáveis reflexões sobre a passagem do tempo, como a trilogia romântica "Antes do Amanhecer" (1995), "Antes do Pôr-do-Sol" (2004) e "Antes da Meia-Noite" (2013).
Como naquela trilogia, "Boyhood: Da Infância à Juventude" se vale até das transformações físicas de seus atores para tornar-se crível – o que é mais vívido ainda em se tratando de um menino que passa da infância à vida adulta diante das câmeras, como ressalta o redundante subtítulo nacional. Mas só esse detalhe não sustentaria uma narrativa que aspira a ser uma espécie de paralelo naturalista, mas também emotivo, da própria vida, sem acontecimentos grandiloquentes, nem grandes heroísmos, apenas as pequenas batalhas da existência de todos nós.
Assim, Mason será acompanhado desde a infância, ao lado da irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor), e da mãe, Olivia (Patricia Arquette), divorciada do pai, também chamado Mason (Ethan Hawke). Fazem parte do universo do garoto as interações e conflitos com os pais e a irmã, as sucessivas mudanças de estado, casa e escola, os relacionamentos mais ou menos turbulentos com os novos namorados da mãe, além da convivência com os amigos, a descoberta do sexo, os sonhos e decepções, até a entrada na universidade.
Todos estes pequenos acontecimentos essenciais são pontuados por incidentes perfeitamente corriqueiros, que permitem a identificação de públicos de diversas latitudes. O que o filme lembra é que, por mais que alguns detalhes sejam distintos, o processo de crescimento é a grande aventura individual da espécie. É disso, deste fluxo da vida, que Linklater quer falar, sem discurso, sem filosofia, sem conclusão final, apenas pelo preço da aventura em si.
Nomeado a 6 Oscar: Melhor Filme, Direção (Richard Linklater), Ator Coadjuvante (Ethan Hawke), Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette), Roteiro Original e Edição. Prêmio de Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette.
(Boyhood - 2014)
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domingo, 2 de novembro de 2014
Lilting (2014)
Em Londres, a morte súbita do jovem Kai deixa Richard, seu namorado, em um estado de profunda tristeza e luto. Sentindo um forte senso de responsabilidade, Richard tenta se aproximar da mãe de Kai, a cambojana Junn.
Embora Junn fale pouco inglês, sua antipatia pelo genro é evidente, mas Richard contrata um tradutor para facilitar a comunicação, e os dois improváveis parentes tentam atravessar um abismo de incompreensão por meio de suas lembranças de Kai. Uma meditação sobre tudo o que nos separa e também pode nos unir.
(Lilting - 2014)
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domingo, 26 de outubro de 2014
Garota Exemplar (2014)
Na superfície, "Garota Exemplar", novo filme de David Fincher, baseado no romance homônimo, é sobre as dificuldades da vida a dois, sobre as concessões e sacrifícios necessários para manter um casamento. A mulher de Nick Dunne (Ben Affleck), Amy (Rosamund Pike), desaparece exatamente no dia em que completam cinco anos de casamento – “bodas de madeira”, explica ele, que em todos os anos foi capaz de dar um presente relacionado à simbologia da data. Nesse ano, no entanto, não conseguiu pensar em nada. Sua mulher, ao contrário, parece ter armado toda a comemoração – eles faziam uma caça ao tesouro – antes de sumir.
O romance escrito por Gillian Flynn, também autora do roteiro, combina uma narrativa intercalada com os pontos de vista do marido e da mulher, que, mais tarde, convergem numa das várias reviravoltas do romance. No filme, as idas e vindas não são tão bem resolvidas, mas Fincher é um diretor técnico o suficiente para criar a tensão na construção das cenas e personagens. Eles vivem numa pequena cidade do Missouri, onde Nick é sócio da irmã gêmea, Margo (Carrie Coon), num bar, depois de perder o emprego numa revista em Nova York. São tempos de crise financeira, shoppings fechados que se tornaram abrigos para viciados e mendigos, lojas e casas abandonadas. A crise financeira também atingiu os Dunne, cujas brigas já eram constantes – e não só por conta da falta de dinheiro.
Quando a investigação começa, não demora muito para a responsável, detetive Rhonda (Kim Dickens), começar a desconfiar da participação de Nick no desparecimento da mulher. Aqui, “Garota Exemplar” começa mostrar, então, qual é o seu tema: a boa e velha sociedade do espetáculo. Logo uma horda de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos estão dando plantão em todos os lugares por onde Nick passa.
A narrativa de Amy parte direto de seus diários. Por meio de flashbacks, descobre-se que ela é a inspiração para uma famosa série de livros infantis escritos por seus pais e protagonizados pela Amy Exemplar, calcada nela mesma – o que leva o marido Nick a dizer: “Eles roubaram sua infância”. Também dos diários, surge uma versão do desenrolar da história de amor do casal. Mas, a toda hora nos lembra Fincher, essa é uma sociedade da aparência, e a verdadeira Amy é uma tremenda de uma atriz – ela sabe o mundo em que vive (atua?) e dá exatamente aquilo que o seu público quer. Se eles querem sangue, é sangue que eles vão ter.
Fincher também sabe proporcionar exatamente aquilo que seu público quer. Se em Seven, ele entregou a cabeça da mocinha dentro de uma caixa de papelão, aqui a mocinha não é mais a ingênua – nem o mocinho tão heroico. Ainda assim, "Garota Exemplar" parece tomar mais partido de Nick do que de Amy. Vê-se boa parte da história pelo seu ponto de vista – mas ele também, com ajuda de um advogado (um surpreendente Tyler Perry), sabe fazer o jogo dos abutres da mídia sedentos por sangue. O casamento, a relação humana, são apenas a ponta do iceberg nesse filme, em que Fincher faz um retrato cândido de nossa sociedade governada pelas imagens – aquela que criamos para nós, aquela que criam de nós – e pelos jogos de poder – do qual sempre sai vitorioso quem tem mais dinheiro. Aqui não é diferente.
Nomeado ao Oscar de Melhor Atriz (Rosamund Pike).
(Gone Girl - 2014)
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À Procura do Amor (2013)
Na comédia romântica "À Procura do Amor", um dos últimos filmes de James Gandolfini, uma novidade está mesmo na presença do ator, que morreu em junho passado, aos 51 anos, num papel muito diferente dos durões que encarnou no cinema e na TV.
Distanciando-se especialmente do celebrado Tony Soprano, da série "Família Soprano", ele revela talento e sensibilidade para interpretar Albert, um arquivista de uma biblioteca audiovisual de televisão, divorciado e solitário. Numa festa, ele encontra Eva (Julia-Louis Dreyfuss), massagista, também divorciada, como ele, mãe de uma filha que está saindo de casa para cursar a universidade.
Algumas diferenças deste filme, escrito e dirigido por Nicole Holofcener ("Sentimento de Culpa"), em relação à média das produções do gênero, é apostar em protagonistas mais maduros e não criar um caminho previsível nem adocicado demais na aproximação romântica dos protagonistas. Ambos trazem na bagagem compreensíveis traumas do casamento anterior e demonstram suas hesitações nos estágios iniciais do romance, que contribuem para criar simpatia para os dois.
A encrenca está em que, na mesma festa, Eva conheceu uma futura nova cliente, Marianne (Catherine Keener). Poeta, sofisticada, ela encanta Eva por ser uma espécie de mulher que ela, mais simples e relaxada por natureza, nunca foi. Tornam-se amigas e confidentes antes que Eva perceba que ela é a ex-mulher de Albert. E que fala horrores dele.
Lembrando muito sua inesquecível Elaine Benes, a personagem do seriado "Seinfeld", Eva sente-se numa armadilha: conta a Marianne que está namorando seu ex e perde a cliente e amiga? Revela a Albert a situação? Ela não consegue fazer nenhum dos dois. Insegura, leva a sério demais os comentários ácidos de outra amiga, Sarah (Toni Collette), uma terapeuta que vive um casamento acomodado com Will (Ben Falcone).
Engasgando nesse dilema mais do que devia, "À Procura do Amor" perde um pouco de fôlego. Nada que transforme o filme num desastre, bem ao contrário. Trata-se de uma comédia com adultos, para adultos, que não dispensa a interferência de algumas simpáticas personagens jovens – caso da filha de Eva, Ellen (Tracey Fairaway), e sua amiga carente, Chloe (Tavi Gevinson). A relatividade das visões de mundo das duas fases da vida entra em foco, a favor de um maior equilíbrio e ternura.
(Enough Said - 2013)
Eating Out: The Open Weekend (2011)
Durante o acampamento de atores, Zack acabou largando Casey e ficando com Benji. Como prêmio do acampamento, os meninos e suas melhores amigas, Lily e Penny, ganharam uma viagem para um final de semana em um resort gay em Palm Spring.
Uma verdadeira miscelânea de homens bonitos acaba balançando o relacionamento de Benji e Zack que acabam resolvendo passar esse final de semana livres para que pudessem aproveitar. Zack não parece estar tão empolgado com a ideia, mas resolve seguir com o plano para manter Benji feliz, até porque ele também adora uma azaração.
Ao mesmo tempo Casey sabendo que Zack estará com seu novo namorado, recruta Peter, seu novo amigo e pede que ele finja ser seu novo namorado durante esse final de semana para provar a Zack que superou a perda.
(Eating Out: The Open Weekend - 2011)
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Eating Out: Drama Camp (2011)
A relação de Zack e Casey está em queda, mas as coisas estão prestes a mudar em Dick Dickey´s Drama Camp. Zack encontra Benji, e se tornam amantes em uma versão muito sexual de The Taming of the Shrew e sua felicidade é colocado à prova.
(Eating Out: Drama Camp - 2011)
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sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Ninfomaníaca: Volume 1 (2013)
A primeira polêmica envolvendo "Ninfomaníaca: Volume 1", antes mesmo que o filme seja exibido, envolve a notícia, divulgada pelos distribuidores brasileiros, de que a versão que está sendo lançada aqui é a que foi cortada pelos produtores, com autorização de Lars Von Trier, mas sem sua participação. A versão sem cortes vai ser divulgada em primeira mão pelo Festival de Berlim, em fevereiro. Como de costume, o marketing precede a obra, no mais puro estilo do premiado diretor dinamarquês.
Então, do que Von Trier quer falar aqui? De erotismo, sexualidade extrema e culpada, em primeiro lugar. Porque Joe (Charlotte Gainsbourg), a protagonista, socorrida por um homem que a encontrou ferida na rua, Seligman (Stellan Skarsgaard), conta-lhe exaustivamente suas aventuras sexuais, sob o peso de uma grande culpa. É o olhar de uma mulher entrando na maturidade, de uma masoquista ou de uma depressiva egocêntrica?
A sexualidade em "Ninfomaníaca: Volume 1" raramente parece realmente livre, exuberante. É geralmente marcada por um traço sórdido – como a sequência em que a jovem Joe (Stacy Martin) procura perder a virgindade com um rapaz que tem uma moto, Jerôme (Shia La Beouf), numa oficina suja, numa situação em que ela parece ter procurado ser objeto e vítima, não uma curiosa parceira de prazer. Aliás, por mais que procure o sexo, Joe parece fazê-lo mecanicamente, não demonstrando qualquer euforia. Mais do que tudo, essa atitude é que dá a pista de sua compulsão.
Não é a primeira vez que Von Trier coloca suas personagens femininas em situações degradantes, sexuais ou não, como aconteceu por exemplo, em "Ondas do Destino", "Dogville" (2003) e "Anticristo" (2009). Naqueles filmes, como em Ninfomaníaca, explode também o lado perverso e provocador do diretor, além de um senso de humor cada vez mais feroz – e que se manifesta com todo seu brilho e causticidade numa sequência que envolve a sra H (Uma Thurman), seus filhos pequenos, seu marido que fugiu para viver com a jovem Joe e um jovem amante desta que chegou no meio do imbróglio.
Ao recontar as aventuras de Joe adolescente e a amiga B (Sophie Kennedy Clark), numa louca competição entre as duas para saber qual delas transaria mais homens em banheiros de um trem - em troca da prosaica recompensa de um saco de bombons - ,Trier mostra, novamente, seu cinismo – que, por excessivo, retira um pouco da humanidade de suas personagens. O que não acontecia em "Ondas do Destino" e "Dogville", filmes de escrita mais elaborada.
Alguns dos raros momentos em que Joe mostra sentimentos é ao lado do pai (Christian Slater). Ela deixa clara uma relação tóxica com a mãe (Connie Nielsen), um indício de um psicologismo um tanto óbvio na composição da personalidade da protagonista.
Por outro lado, Seligman oferece um contraponto, como um intelectual solitário, vivendo num apartamento despojado, de aparência monástica, fazendo referências a Edgar Alan Poe, Thomas Mann, à bíblia, à matemática, à música clássica, diante do relato picante e melancólico de Joe. Esta primeira parte de Ninfomaníaca é bem mais falada do que se poderia imaginar. É pela palavra que Joe reconstitui a própria vida, procurando castigo ou absolvição. Ou talvez, compreensão.
(Nymphomaniac: Vol. I - 2013)
domingo, 12 de outubro de 2014
Annabelle (2014)
Não nego que "Invocação do Mal" tenha me surpreendido, foi um filme de terror que me fascinou e amedrontou, o que me levou a assistir "Annabelle". Infelizmente o resultado não foi o esperado.
Este seria o 'prequel' de "Invocação do Mal", afinal a boneca Annabelle é mostrada no início do filme, mas não é bem assim.
Os distúrbios começam com o casal Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton). Prestes a terem um filho, os recém-casados têm sua casa invadida por uma dupla de adoradores do demônio, entre eles Annabelle Higgins que pouco antes havia assassinado os próprios pais. Entre a luta e a chegada da polícia, a criminosa tem tempo de preparar um ritual macabro antes de cometer suicídio no quarto do bebê. Ao lado do corpo, vê-se a boneca ensanguentada.
Nos dias após os acontecimentos traumáticos, Mia e John passam a ser vítimas de fenômenos assustadores inexplicáveis. Mesmo depois de uma providencial mudança de endereço, o casal continua refém de ataques paranormais. Não demorará muito para Mia ter de enfrentar um demônio por trás da boneca e sua sede por almas.
O filme se arrasta, o enredo é fraco e a história não se sustenta.
(Annabelle - 2014)
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Tatuagem (2013)
"Tatuagem" não é um filme brasileiro, é sim um filme pernambucano! Um filme com a alma de Pernambuco, com a sonoridade e o sotaque da região. Dá até para ouvir o filme ao invés de assisti-lo. É um filme mágico.
Conhecemos aqui o "Chão de Estrelas", um teatro mambembe dirigido por Clécio (Irandhir Santos) e protagonizado por Paulete (Rodrigo García). Ambos homossexuais vivendo um amor livre em plena ditadura militar.
A historia se desenrola com a chegada de Fininho (Jesuíta Barbosa), jovem soldado do exército que não se encanta apenas com o "Chão de Estrelas", como também por seu diretor Clécio, o que os leva a viver um romance proibido.
(Tatuagem - 2013)
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sábado, 4 de outubro de 2014
Burning Blue (2013)
Um agente do governo americano é encarregado de descobrir a causa de dois acidentes fatais envolvendo a aeronáutica nacional. Enquanto investiga os problemas técnicos e de gestão, ele descobre que um dos militares foi visto em um bar gay. Começa uma perseguição e investigação sobre a sexualidade deste e de outros homens que servem ao país.
(Burning Blue - 2013)
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quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Dentro da Casa (2012)
Não é mera coincidência que o lugar onde se passa boa parte da ação do drama "Dentro de Casa", do francês François Ozon, seja uma escola chamada Gustave Flaubert. Uma das personagens centrais, Esther (Emmanuelle Seigner), é uma espécie de Madame Bovary contemporânea, burguesa e entediada em sua casa e que acaba despertando a paixão de um adolescente, Claude (Ernst Umhauer), amigo de seu filho. Uma situação, no entanto, que resulta em consequências bastante diferentes daquelas do romance clássico, publicado em 1857.
Sem saber, Esther é o objeto do desejo e protagonista de uma narrativa criada por Claude, na qual realidade e imaginação se misturam. Tudo começa com uma redação para a aula de francês, quando o professor Germain (Fabrice Luchini) nota que Claude tem um talento acima da média.
Na redação, o garoto descreve uma ida à cada do amigo Rapha (Bastien Ughetto), onde conhece o pai (Denis Ménochet) e a mãe, Esther. É um ambiente pequeno-burguês bastante diferente daquele no qual o garoto vive com o pai, preso a uma cadeira de rodas e abandonado pela mãe. O que seduz Claude não é apenas a atmosfera de uma vida financeiramente melhor do que a sua, mas a também ideia da família perfeita.
Aos poucos, cria-se uma estranha relação de interdependência entre o garoto e professor, que toda semana espera uma nova redação, uma nova aventura de Claude na casa dos Raphas, como ele os chama. Claude, por sua vez, aproxima-se cada vez mais de Esther, como se estivesse projetando um complexo de Édipo mal resolvido na mãe do amigo.
O professor também é um personagem interessante. Homem de meia-idade, é casado com Jeanne (Kristin Scott Thomas), gerente de uma galeria de arte à beira da falência, que expõe arte contemporânea. Entre as bizarras obras, estão bonecas eróticas infláveis com a imagem dos rostos de ditadores – como Hitler e Stalin - sobre suas faces.
Ao contrapor a narrativa romanceada das aventuras do garoto na casa do amigo e as estranhas obras da galeria, Ozon, que assina o roteiro, baseado numa peça do espanhol Juan Mayorga, parece questionar os diversos níveis da representação. As histórias do garoto, com o passar do tempo, viram um jogo de espelhos, refletindo também os anseios do professor de manipular as ações do garoto.
Em seu último ato, "Dentro de Casa" perde um pouco de fôlego para o reencontrar apenas na reta final. O que funciona muito bem é o trabalho dos atores – especialmente do novato Ernst Umhauer, cujo risinho cínico no canto da boca tem um quê de Terence Stamp em "Teorema", de Pier Paolo Pasolini, um filme que, não por acaso, estabelece um diálogo com este.
(Dans la Maison - 2012)
sábado, 27 de setembro de 2014
Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual (2011)
Indrodução de "Medianeras - Buenos Aires na era do Amor Virtual".
Buenos Aires cresce descontrolada e imperfeita. É uma cidade superpovoada num país deserto. Uma cidade onde se erguem milhares e milhares de prédios sem nenhum critério. Ao lado de um muito alto, tem um muito baixo. Ao lado de um racionalista, tem um irracional. Ao lado de um em estilo francês, tem um sem estilo.
Provavelmente essas irregularidades nos refletem perfeitamente. Irregularidades estéticas e éticas. Esses prédios, que se sucedem sem lógica, demonstram total falta de planejamento. Exatamente assim é a nossa vida, que construímos sem saber como queremos que fique.
Vivemos como quem está de passagem por Buenos Aires. Somos criadores da cultura do inquilino. Prédios menores para dar lugar a outros prédios, ainda menores. Os apartamentos se medem por cômodos. Vão daqueles excepcionais, com sacada sala de recreação, quarto de empregada e depósito. Até a quitinete, ou "caixa de sapato".
Os prédios, como muita coisa pensada pelos homens, servem para diferenciar uns dos outros. Existe a frente e existe o fundo. Andares altos e baixos. Os privilegiados são identificados pela letra A, às vezes B. Vista e claridade são promessas que poucas vezes se concretizam.
O que esperar de uma cidade que dá as costas ao seu rio?
É certeza que as separações e os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, os suicídios, as neuroses, os ataques de pânico, a obesidade, a tensão muscular, a insegurança, a hipocondria, o estresse e o sedentarismo, são culpa dos arquitetos e incorporadores.
Desses males, exceto o suicídio, todos me acometem.
Preciso dizer mais ou já te convenci a assistir essa preciosidade?!
(Medianeras - 2011)
domingo, 14 de setembro de 2014
Praia do Futuro (2014)
“A Praia do Futuro é perigosa”, diz uma personagem em "Praia do Futuro", de Karim Aïnouz. Aqui, o lugar não é apenas um ponto turístico de Fortaleza: é um estado de alma, aquele da transição, do não-pertencimento, da busca incessante. Ao centro do filme estão três personagens tentando encontrar seu lugar no mundo. Donato (Wagner Moura) é um salva-vidas que não consegue resgatar o amigo do alemão Konrad (Clemens Schick). Isso, no entanto, é apenas o ponto de partida da história de amor entre esses dois homens.
Escrito por Aïnouz e Felipe Bragança, "Praia do Futuro" é um filme construído com lacunas. Há calculadas omissões na narrativa, e chamá-las de buracos seria pejorativo, como se tivesse sido um erro da dupla, quando, na verdade, essas ‘crateras’ escondem a verdade desses personagens. Suas principais decisões não são vistas, pois o diretor está mais interessado nos desdobramentos. A primeira delas acontece logo depois que Donato conta a Konrad que não conseguiu salvar o outro homem. O salva-vidas oferece carona e, na cena seguinte, os dois estão se atracando no carro e, pouco depois, num quarto de hotel.
Como chegaram até ali? Qual a dinâmica que desenharam para chegar àquele momento? Nada disso está presente no filme e, no fundo, não faz a menor falta, pois em seus filmes (especialmente nos dois primeiros, "Madame Satã" e "O Céu de Suely"), Aïnouz filma corpos em movimento. A textura da pele, os fios de cabelo, o suor que escorre, tudo contribuiu, nem que seja de forma sutil, para a construção das narrativas e das personagens.
Se a primeira parte de "Praia do Futuro" é ensolarada em Fortaleza, o que segue depois é numa Alemanha gélida, onde Donato é o estrangeiro (em vários sentidos). Não é uma adaptação fácil – não é apenas por causa do clima, mas também a língua e os costumes. Anos depois, quando finalmente parece estar encontrando o seu lugar, surge um fantasma do passado: o irmão caçula, Ayrton, vivido por Jesuíta Barbosa, que desde que apareceu na tela do cinema no ano passado com "Tatuagem" mostrou que é uma força da natureza – aqui, mais do que nunca.
Konrad é o complemento de Donato. Ayrton, seu antagonista. Das pequenas disputas com o alemão, o ex-salva-vidas sai quase intacto, mas do embate com o irmão é que emergem suas maiores dores. Não sabemos direito quais são, apenas deduzimos, e aí surge com mais forma, escondida na composição do filme, a simbologia das crateras da narrativa. Aquilo que não sabemos da trama é o mesmo não-dito dos personagens. As coisas não precisam ficar explicitadas para que eles se entendam – nem para que nós entendamos o filme.
"Praia do Futuro" é o filme mais maduro do diretor – parece o mais apurado e mais técnico. Aqui não há aquele desespero dos personagens, das imagens, dos diálogos de
"O Céu de Suely" – o que existe é um minimalismo que dá conta de tudo aquilo. Não chamemos de excesso – porque Aïnouz nunca foi diretor de excessos –, mas aqueles momentos menos calculados, por assim dizer, fazem um pouco de falta aqui.
O diretor amadureceu e com ele seu cinema – sem nunca deixar para trás aquilo que seus filmes sempre tiveram de inquietante. Há um quê proposital do cinema de Rainer Werner Fassbinder nesse novo trabalho do brasileiro que, em seus momentos mais viscerais, está na mesma medida do cineasta alemão. A Praia do Futuro é um lugar perigoso, mas vale ser enfrentado, pois é sempre bom lembrar: o medo devora a alma.
(Praia do Futuro - 2014)
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Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou! (2014)
Baseado numa peça que ficou quase uma década em cartaz no país, e fez um público de dois milhões de ingressos, o longa "Os homens são de Marte ... E é para lá que eu vou!" traz sua criadora, Mônica Martelli, novamente como protagonista. Ela é Fernanda, mulher bem-sucedida profissionalmente que busca um homem para chamar de seu e se envolve em mil confusões enquanto tenta achar o príncipe encantado.
A trama, os personagens e a situações são tão clichês quanto as duas frases anteriores que descrevem o filme. O que há nessa mulher contemporânea que assusta aos homens? Seria o seu desespero para se casar ou sua independência financeira? Fernanda, que é sócia numa empresa que organiza festas de casamento, se envolve com um político (Eduardo Moscovis), um milionário (Humberto Martins), um alemão meio hippie no nordeste (Peter Ketnath) e um arquiteto (Marcos Palmeira).
Com todos ela “acredita que será feliz para sempre – e com quase todos se frustra. É apenas com um deles que ela encontra o puro amor conjugal: com aquele com quem não vai para a cama no primeiro encontro. "O Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!" parece estar repetindo um velho bordão moralista, da suposta diferença entre as que são para casar e as outras.
Mônica é boa de comédia e domina a personagem, tem timing para humor e sem dúvida é o que há de melhor no filme. Mas as situações e a obstinação de Fernanda quase desumanizam a protagonista que, em certos momentos, parece um robô programado apenas para esperar uma aliança na mão esquerda.
Os coadjuvantes – Daniele Valente e Paulo Gustavo – são apenas desculpas para Fernanda conhecer novos homens, novos pretendentes em potencial. Uma subtrama envolvendo um casamento (em que a mãe do noivo é interpretada por Irene Ravache) parece estar ali apenas para prolongar o filme, que, em última instância é uma longa propaganda, passando por uma revista, uma marca de iogurte e culminando em Lulu Santos.
(Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou! - 2014)
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sábado, 13 de setembro de 2014
A Imagem que Falta (2013)
Os personagens são de barro, mas a história é real.
Em um trabalho artístico impecável e com uma narrativa incrível e inusitada, Rithy Panh recria a história de sua família quando o Khmer Vermelho dominou Camboja.
Através de uma montagem com antigas imagens do período, que vai entre 1975 a 1979, nos é ilustrada uma narrativa cruel das atrocidades sofridas por diversos cambojanos. Uma crítica à autoridade comunista instalada no país e à desumanização imposta à sociedade.
Um trabalho que vale a pena ser visto por todos e jamais esquecido.
Nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Camboja).
(L'Image Manquante - 2013)
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Oscar 2014
terça-feira, 9 de setembro de 2014
O Grande Hotel Budapeste (2014)
Bem-vindos à República (imaginária) de Zubrowka, país situado nos confins do leste europeu e que abriga um hotel que reina no alto de uma montanha. Tanto o país quanto o hotel foram afetados por grandes acontecimentos no século XX : a belle époque cedeu lugar a um crescente fascismo, que culminou com uma guerra. Como se não bastasse, o país fez parte do bloco comunista. Eis o pano de fundo em que se desenrola "O Grande Hotel Budapeste", novo filme de Wes Anderson.
O elenco de "O Grande Hotel Budapeste" é um verdadeiro desfile de grandes atores: Ralph Fiennes (M. Gustave, o concierge), Jude Law (jovem escritor), Adrien Brody (o vilão Dmitri), Edward Norton (o militar Henckels), Bill Murray (o amigo de Gustave, M. Ivan), sem falar na memorável atuação de Tilda Swinton, irreconhecível na pele de uma milionária octagenária, Madame D. Seria injusto não mencionar a excelente atuação do novato Toni Revolori (Zero, fiel escudeiro do concierge) e da bela Saoirse Ronan (Agatha), sua namorada.
Além desta constelação de talentos, o filme impressiona pela fluidez com a qual a ação se desenrola. Tanto os atores, quanto o roteiro, a fotografia, o figurino, tudo foi pensado de modo a fazer da trama de Wes Anderson uma verdadeira alegoria dos eventos que marcaram a Europa no século passado através daqueles que o viveram.
A trajetória do concierge vivido por Ralph Fiennes chega até nós graças ao encontro com aquele que foi seu fiel escudeiro, Zero (na maturidade, interpretado por F. Murray Abraham) com um jovem escritor - espécie de alter-ego do escritor Stefan Zweig (austríaco que, desencantado com os rumos da 2ª guerra, suicidou-se em Petrópolis, em 1942), cujos livros serviram de inspiração na construção do roteiro. Esta parte da ação ocorre nos anos 1960, mas logo seremos transportados aos anos gloriosos do hotel, no começo da década de 1930, quando os corredores eram percorridos pela elite europeia e M. Gustave era um verdadeiro maestro, tendo que lidar com os caprichos dos hóspedes, mas também com a rotina dos empregados - tudo isto sem jamais perder a classe.
"O Grande Hotel Budapeste" é um filme em que cada personagem parece retratar com grande talento os encantos deste microcosmo – e a trama apresenta reviravoltas no melhor estilo Agatha Christie. Visualmente, a sincronia dos movimentos da câmera em relação ao roteiro e às nuances de interpretação remete a filmes como Delicatessen (de Jean-Pierre Jeunet, 1991). O edifício usado nas filmagens foi uma antiga loja de departamentos localizada em Görlitz, cidade alemã junto às fronteiras com a Polônia e a República Tcheca.
Nomeado a 9 Oscar: Melhor Filme, Direção (Wes Anderson), Roteiro Original, Fotografia e Edição. Venceu nas categorias de Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Sonora.
(The Grand Budapest Hotel - 2014)
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Oscar 2015,
Vencedor do Oscar
domingo, 7 de setembro de 2014
Contracorrente (2009)
O peruano "Contracorrente" é um pequeno filme de grande alcance, que marca uma bem-sucedida estreia em longas do peruano Javier Fuentes-Léon, que também assina o roteiro. A história pode ser definida como o dia em que "Dona Flor e Seus Dois Maridos" encontra "O Segredo de Brokeback Mountain" – com ênfase na melancolia do segundo, ao invés da comédia do primeiro.
"Contracorrente" se passa num pequeno vilarejo no Peru, que parece perdido no tempo e no espaço. Não fossem algumas bugigangas tecnológicas, podia-se pensar que a história se passa há algumas décadas. Ao menos, a mentalidade local parece parada no passado remoto.
Quando o filme começa, o pescador Miguel (Cristian Mercado) tem um romance com o fotógrafo e pintor Santiago (Manolo Cardona). Não seria nada demais, não fosse o primeiro casado com Mariela (Tatiana Astengo), que está grávida. A relação entre os dois sempre acontece ao longe, em praias isoladas, onde sozinhos podem viver o seu amor.
O pescador Miguel é um personagem com um conflito muito grande: apaixonado por Santiago e também por sua mulher, ele fica dividido entre o dever e seu coração. Na vila onde moram, o fotógrafo é visto com hostilidade, ninguém fala com ele e crianças atiram ovos em suas janelas.
Mas seu amor por Miguel é tão grande que, mesmo morto, ele continua aparecendo para o pescador – tal qual Vadinho para dona Flor. Porém, aqui não é como o romance de Jorge Amado, ou o filme de Bruno Barreto – não há espaço para risos no inusitado da situação. Santiago conta para Miguel que não consegue abandoná-lo, e o seu amante também não quer isso. É a situação ideal para Miguel: com o outro morto, pode viver seu romance e manter o casamento.
O diretor Fuentes-Léon dribla com criatividade as limitações orçamentárias. O cotidiano do vilarejo incorpora os temas que o diretor pretende discutir com seu filme – como o amor entre dois homens, a descoberta e aceitação da identidade de cada um. As pessoas com quem Miguel se relaciona no seu dia-a-dia (sua mulher, outros pescadores, seu filho) impulsionam a narrativa.
Mas o que traz força para essa história são seus personagens muito humanos e repletos de nuance. Desde o pescador que nem sempre sabe lidar com sua bissexualidade, até o fotógrafo bem resolvido, passando pela mulher de Miguel, que fica dividida entre o amor pelo marido e o preconceito enraizado em sua educação. Nessa educação, aliás, é estranho que homem veja novela – eles têm de gostar de futebol – por isso, Mariela dá um sorriso sem graça quando diz para as amigas que Miguel vê a reprise da brasileira Direito de Amar e gosta muito de Lauro Corona.
Ganhador de diversos prêmios, entre eles o de público do Festival de Sundance, “Contracorrente” é, com sua delicadeza, um filme poderoso. Ao falar do amor, faz um retrato da hipocrisia.
(Contracorriente - 2009)
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domingo, 31 de agosto de 2014
O Homem que Sabia Demais (1934)
Mais um filme de Alfred Hitchcock que assisto, lembrando que este não é a grande produção norte-americana feita pelo diretor ao lado de James Stwart, mas sim sua versão original de 1934 que foi produzida na Inglaterra, antes de Hitchcock se tornar o mestre do suspense.
O filme não apresenta a ótima qualidade dos seus filmes posteriores, mas já demonstra a determinação do diretor para o gênero suspense. Um casal se vê em perigo quando adquirem uma informação de um homem que foi assassinado. A partir deste ponto, sua filha é sequestrada e eles não sabem como atender as solicitações dos sequestradores que desejam que a polícia fique fora do caso.
(The Man Who Knew Too Much - 1934)
Janela Indiscreta (1954)
Em meus registros consta que eu já tinha visto "Janela Indiscreta" apesar de que eu não me recordava disto. Assisti o filme e enquanto o assistia, em nenhum momento tive a sensação de tê-lo visto. Acho que me equivoquei ao registrar "Janela Indiscreta", ou então estou muito ruim de memória, por ter apagado completamente da memória esta obra hitchcockiana.
Continuarei esta postagens com as palavras do livro "1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer"...
A apoteose de todas as fixações psicossexuais ardentes e mal reprimidas de Hitchcock, "Janela Indiscreta" é também provavelmente (com a possível exceção de "Um Corpo que Cai", de 1958) a mais bem-sucedida mistura de entretenimento, intriga e psicologia da extraordinária carreira do diretor. Um estudo fascinante sobre a obsessão e o voyeurismo, "Janela Indiscreta" combina um elenco perfeito, um roteiro perfeito e principalmente um cenário perfeito para um filme - que é ainda melhor do que a soma de suas partes.
Para ter o máximo de liberdade, Hitchcock construiu uma complexa réplica de um prédio de apartamentos abarrotado de pessoas e em constante agitação com seu pátio igualmente movimentado. Cada janela dá vista para uma outra vida e, para todos os efeitos, conta outra história. Em uma, um compositor se debruça sobre seu piano, lutando com sua obra mais recente. Em outra, um dançarino treina compulsivamente. Um apartamento abriga uma mulher solitária, mal-sucedida no amor, enquanto outro abriga um apaixonado casal recém-casado.
L. B. "Jeff" Jeffries (James Stewart) é um fotógrafo de sucesso afastado do trabalho por conta de uma perna quebrada. Preso a uma cadeira de rodas o dia todo, não tem nada melhor para fazer do que espiar seus vizinhos. Ou pelo menos é o que ele afirma, pois sua namorada (e aspirante a esposa), a modelo profissional Lisa (interpretada por uma surpreendentemente sensual Grace Kelly, em um de seus últimos papéis antes da aposentadoria), e sua enfermeira rabugenta Stella (Thelma Ritter) observam com perspicácia que ele está apenas viciado na emoção do voyeurismo.
A ideia de que alguém conseguiria desgrudar os olhos de uma personagem tão bela e radiante quanto Lisa é difícil de acreditar, até que Jeff começa a suspeitar que um de seus vizinhos (um carrancudo Raymond Burr) assassinou a esposa. Logo Jeff arrasta Lisa e Stella para o mistério, estudando obsessivamente o comportamento do personagem de Burr em busca de sinais de culpa. Contudo, à medida que a investigação furtiva de Jeff avança, o mesmo acontece com histórias de todos os seus outros vizinhos, que ignoram a trama abominável que possivelmente se desenrola literalmente na porta ao lado.
"Janela Indiscreta" é construído de forma tão minunciosa quanto seu complexo cenário. Assisti-lo é como observar um ecossistema vivo, pulsante, com a emoção adicional de um misterioso assassinato para completar. Hitchcock se diverte com o cenário particularmente pós-moderno do filme: nós, os espectadores, somos hipnotizados pelas ações dos personagens, que, por sua vez, estão hipnotizados pelas ações de outros personagens. É um circulo vicioso de obsessão arrematado com humor negro e um toque de sensualidade.
De fato, embora o abelhudo Jeff possa descobrir um assassino no seu vilarejo urbano, são os vários romances que ocorrem nos outros apartamentos que chamam inicialmente sua atenção para o peep show do pátio. É uma perfeita ironia que suas obsessões pela vida amorosa dos vizinhos o impeçam de admitir seu interesse romântico em Lisa. Na verdade, o solteiro que existe em Jeff vê seus vizinhos como uma desculpa para repelir os avanços dela. Apenas quando suas atitudes a colocam em perigo ele finalmente percebe que o que tem diante de si é melhor do que qualquer coisa que possa ver pela janela.
Nomeado aos Oscar de Direção (Alfred Hitchcock), Roteiro, Fotografia e Som.
(Rear Window - 1954)
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segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Para Sempre (2012)
Após um acidente de carro, Paige (Rachel McAdams) perde a memória, ou melhor, parte da memória, pois apenas não se recorda de sua vida com seu marido Leo (Channing Tatum). Temendo perdê-la, ele faz tudo para que ela ganhe sua confiança e assim busca reconquistar o amor de sua esposa.
Mais um filme que não me agradou. Mesmo baseado em fatos reais não é uma história de amor comovente.
(The Vow - 2012)
domingo, 10 de agosto de 2014
É o Fim (2013)
Este não é o fim do meu blog, mas não tenho feito tantos posts por aqui pois não tenho visto filme algum. Na verdade, minha rotina mudou, estou trabalhando 10 horas por dia e no tempo livre procuro ir à academia ou ler, filmes e seriados agora só às vezes, infelizmente.
E mesmo depois de algum tempo sem ver nada, acabei assistindo a uma comédia pastelão onde James Franco, Jonah Hill, Seth Rogen, Jay Baruchel, Michael Cera, Emma Watson, Rihanna, Paul Rudd, Channing Tatum e outros tantos, interpretam a si próprios.
Todos eles foram convidados para uma festa na casa de Franco, quando de repente acontecimentos que precedem o apocalipse começam a acontecer e alguns deles procuram sobreviver na "fortaleza" construída por Franco.
(This Is the End - 2013)
domingo, 6 de julho de 2014
Versos de Um Crime (2013)
Certa vez, o poeta Allen Ginsberg disse que “Lou was the glue”, referindo-se a Lucien Carr, a tal “cola” dos escritores e poetas da geração beat. É justamente sob os olhos do autor de “Uivo” que o público de “Versos de um Crime” irá conhecer o responsável por apresentá-lo ao jovem William S. Burroughs, futuro autor de “Almoço Nu”, e levar ambos a conhecerem o promissor Jack Kerouac, antes do icônico romance “Na Estrada”.
O longa-metragem de estreia de John Krokidas na direção é uma espécie de “prequel” do movimento literário que desencadearia o fenômeno da contracultura entre meados da década de 1950 e início dos anos 1960. Isso porque o foco da produção é nos tempos em que Lucien Carr (Dane DeHaan) e seus três amigos frequentavam a Universidade de Columbia, em 1944, encontrando uns nos outros a mesma ânsia por liberdade. Já naquela época, eles defendiam não só uma escrita mais livre – vide a cena em que Allen Ginsberg (Daniel Radcliffe) discute com seu professor ao se opor contra a ditadura das rimas na poesia –, mas a transgressão de todas as regras impostas pela sociedade austera daquele período.
Ginsberg, que saiu da rotina caseira e tumultuada que compartilhava com o pai Louis (David Cross), também poeta, e a mãe com problemas mentais, Naomi (Jennifer Jason Leigh), encanta-se com a nova vida apresentada a ele pelo carismático Lucien. O colega de faculdade lhe mostra, por exemplo, a poesia de W. B. Yeats, especialmente com suas ideias cíclicas de “Uma Visão”, que serviria de inspiração para o quarteto de amigos criarem o manifesto “Nova Visão”, base do movimento beat.
Junto com o contido e “junkie” Burroughs (Ben Foster) e o expansivo e beberrão Kerouac (Jack Huston), Carr também o introduz na filosofia de sexo, drogas e... jazz. Lembre-se que este era o gênero musical mais revolucionário da época e o rock ’n’ roll ainda não existia. Porém, isso não impediu a seleção de canções de bandas de rock recentes, TV On The Radio, Bloc Party e The Libertines, na trilha sonora do filme, em uma liberdade artística interessante de Krokidas, mas que soa incompleta.
O diretor, que assina o roteiro com o iniciante Austin Bunn, falha ao não desenvolver mais as figuras de Burroughs e Kerouac, limitando-os a estereótipos. Consequentemente, a onipresente – especialmente nos lançamentos dos últimos meses – Elizabeth Olsen faz quase uma ponta no longa como Edie Parker, a então namorada de Jack. O retrato dos outros dois “beats”, ao menos, oferece mais nuances aos seus intérpretes, favorecidos pelos primeiros planos da fotografia de Reed Morano. Se Ginsberg remete, logo de início, o espectador ao passado de seu intérprete como Harry Potter por causa do figurino e dos óculos, Daniel Radcliffe consegue afastar o fantasma do bruxo de Hogwarts no decorrer do filme como o jovem que descobre o mundo e a si próprio; enquanto Dane DeHaan rouba a cena com a complexidade que imprime ao dúbio Carr, ardiloso, frágil e cativante ao mesmo tempo.
Apesar das irregularidades, Krokidas faz uma corajosa homenagem ao trabalho desses escritores ao tentar contaminar sua obra com a liberdade poética “beat”. Isso começa com o fato de que a relação e as ideias deles se sobrepõem ao próprio argumento do longa, que é a primeira tragédia que marcou essa geração – a segunda foi o assassinato acidental de Joan Vollmer Burroughs, esposa de William, morta com o tiro do próprio marido, como mostrado em “Beat” (2000). A delicada relação entre Carr e seu guardião e companheiro, David Kammerer (Michael C. Hall), um homem mais velho que o ajuda e persegue há anos, que fica mais abalada com a aproximação de Allen e Lucien, é apresentada de modo circular, mais para referenciar algumas de suas influências do que um mero recurso narrativo.
Deste modo, tudo é utilizado com o intuito de aprofundar e homenagear o poeta e os romancistas: desde o inteligente grafismo com as linhas do metrô junto ao som do trem, que destaca os principais locais que eles frequentaram, até as sequências de edição rápida, que emanam o espírito livre dos artistas. O melhor exemplo é aquela na qual é feita uma ode ao processo criativo da escrita, embalada ao som de jazz e do efeito de entorpecentes, atalhos que eles não temiam percorrer.
Mas, para além dessa busca pelo passado da geração “beat”, “Versos de um Crime” leva, inevitavelmente, o espectador a refletir nas escolhas e ações que determinam o rumo da vida de uma pessoa. O homem que era o mais louco do quarteto transgressor, Carr, preferiu a vida simples de jornalista que começou, após os desdobramentos da tragédia de 1944, e na qual continuou até sua morte, em 2005. É certo que nunca escreveu algo nos moldes dos “beats” e, mesmo mantendo contato com eles, impediu que o citassem em seus livros, até em dedicatórias, a fim de evitar a lembrança do que ocorreu.
Mas, ao ver as fotos dos quatro amigos juntos nos créditos finais, é difícil não pensar que Lucien Carr, que participou da gênese do movimento, não obteve a mesma fama dos colegas. Talvez esse filme não deverá dar-lhe a honra de marcar seu nome na história, mas não o deixará passar despercebido.
(Kill Your Darlings - 2013)
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Spring Breakers: Garotas Perigosas (2012)
Quatro meninas da faculdade assaltam um restaurante fast food para juntar dinheiro e tirar férias na praia. Sendo presas logo que chegam no local, acabam sendo socorridas por um traficante de armas em troca de alguns trabalhinhos sujos.
Mais um filme ruim de James Franco.
(Spring Breakers - 2012)
sábado, 5 de julho de 2014
What's on Your Mind? (2014)
Um ótimo curta-metragem que retrata como utilizamos de uma imagem, muitas vezes falsa ou equivocada de nossas vidas, para chamar a atenção alheia para as nossas postagens em redes sociais.
Certamente será assistido por muitos com um senso crítico aguçado, pois nos leva a uma reflexão do que somos e do que aparentamos ser.
(What's on Your Mind - 2014)
domingo, 22 de junho de 2014
The Normal Heart (2014)
“The Normal Heart” é um ótimo filme, no entanto não apresenta nada novo. Isto para quem que, assim como eu, já assistiu “Filadélfia”, “Meu Querido Companheiro” e “Clube de Compras Dallas”. Pois como em “Filadélfia”, este filme apresenta o temor que o vírus da Aids causou na comunidade gay no início dos anos 1980, acompanhado da causa política da questão, como em “Clube de Compras Dallas”, adicionando o romance entre dois homens devastado pelo vírus HIV como em “Meu Querido Companheiro”. Digamos que é uma junção das três histórias e com o triplo da emoção.
Este não é um filme fácil de ser visto, principalmente entre os mais conservadores. Cenas de afeto entre dois homens, sexo e principalmente a crueldade da deflagração causada pelo vírus HIV não são fáceis de ser digeridas. O preconceito e o descaso em relação aos gays e aos infectados pelo vírus torna tudo muito doloroso. Infelizmente uma dura realidade.
Apesar de tudo é um filme que vale a pena ser visto e com um elenco formado por estrelas como Mark Ruffalo, Jonathan Groff, Jim Parsons, Matt Bomer e Julia Roberts, certamente este filme não passará despercebido, tanto entre os gays quanto entre os heterossexuais.
(The Normal Heart - 2014)
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quinta-feira, 19 de junho de 2014
Cabra Marcado Para Morrer (1985)
Eduardo Coutinho faz um cinema complexo que lida com diferentes camadas da realidade e onde a trilha da verdade pode muito bem ser a encenação. "Cabra Marcado Para Morrer", seu filme mais celebrado, é tanto sobre si próprio quanto sobre seu tema 'oficial': o assassinato do líder camponês João Pedro Teixeira, de Sapé, na Paraíba, em 1962.
A ideia inicial já fugia ao lugar-comum do documentário-reportagem: patrocinado pelo Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes, Coutinho fora à Galiléia, em Pernambuco, dois anos após o crime com o intuito de rodar um filme inspirado na tragédia de João Pedro. Uma ficção, portanto, só que usando personagens reais interpretando a si mesmos. Até Elisabeth Teixeira, viúva do ativista, participou das gravações. Mas as filmagens foram subitamente interrompidas pela intervenção do governo na região em 1º de abril de 1964, nas primeiras horas do golpe militar.
O filme foi retomado em 1981 (e lançado, por fim, em 1984) e se viu transformado em algo ainda mais intricado: ao buscar o paradeiro dos personagens de 17 anos antes, Coutinho resgatava a própria trajetória do filme e, em certa medida, dele próprio e da evolução de sua estética.
Guiado pelos preceitos éticos do cinema direto, onde o suporte básico é a entrevista cara a cara, com o diretor aparecendo na tela, "Cabra Marcado Para Morrer" tornou Coutinho uma grife, que alcançaria grau inédito de popularidade nos anos 2000, principalmente com "Edifício Master".
(Cabra Marcado Para Morrer - 1985)
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O Inventor da Mocidade (1952)
Cary Grant interpreta o Dr. Barnaby Fulton que descobre uma fórmula capaz de trazer a juventude de volta ao corpo de um ser humano velho e cansado. Na verdade não é bem ele que descobre esta invenção, mas sim o macaco de seu laboratório que mistura diversos ingredientes e o joga no bebedouro do laboratório, o que causa bastante confusão.
Esta comédia ainda conta com as participações de Ginger Rogers como a esposa de Grant e de Marilyn Monroe em um papel menor, interpretando uma secretária sexy.
(Monkey Business - 1952)
Aleksandr's Price (2013)
Esta é a história de Aleksandr (Pau Masó), um jovem russo que após perder a mãe, passa a se prostituir na cidade de Nova York. A temática o filme é pesada e abordada de uma forma difícil, porém não me agradou, devido ao mal roteiro e a péssima direção do próprio Pau Masó...
(Aleksandr's Price - 2013)
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terça-feira, 17 de junho de 2014
Game of Thrones - Quarta Temporada (2014)
"Game of Thrones" me conquistou desde o seu primeiro episódio, toda vez que me recordo de Jon Snow recolhendo os filhotes de lobos e os destinando a cada um de seus irmãos eu me comovo. Mas não posso deixar de afirmar que quatro anos depois me sinto às vezes perdido enquanto assisto a este seriado. A complexidade de personagens e seus passados entrelaçados me confundem.
Por esta razão comecei a me envolver também pela aventura escrita. Estou lendo o primeiro livro da série e espero que até o fim deste ano tenha conseguido ler todos os cinco e assim acompanhar esta aventura televisiva por suas quinta e sexta temporadas! Até 2016!
(Game of Thrones - The Complete Fouth Season - 2014)
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