sábado, 28 de fevereiro de 2015

The Riot Club (2014)


Alistair Ryle e Miles Richards são jovens calouros da Universidade de Oxford. Ambos pertencentes à famílias aristocratas, foram educados nos melhores colégios particulares da Inglaterra. Agora em Oxford, foram convidados à fazer parte da sociedade secreta denominada "The Riot Club".

Há todo um ritual a ser feito antes que os garotos possam realmente ser aceitos. E após disto, há um jantar de comemoração. É neste jantar que os 10 rapazes pertencentes ao clube mostram quem realmente são. Ali, entre bebida, comida e muita droga, eles expõem sua total falta de caráter, o que desencadeia algo trágico.

Mas, o que é trágico para jovens ricos e aristocratas que sabem que o dinheiro compra tudo? Aqui simplesmente afirmamos que as verdadeiras consequências sempre recaem sobre o lado mais fraco, ou o lado pequeno burguês da questão.



(The Riot Club - 2014)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cinquenta Tons de Cinza (2015)


Ouvi falar pela primeira vez a respeito de "Cinquenta Tons de Cinza" ao ler uma reportagem onde se relacionava o aumento da leitura deste livro devido ao surgimento de tablets, pois assim não era possível saber qual livro uma mulher estava lendo já que não havia uma capa para identificá-lo. Também era argumentado que as mulheres haviam encontrado uma história onde os seus desejos sexuais eram expressos de forma livre, sem culpa e sem pudores. Infelizmente não me recordo onde li isso...

Portanto, sempre imaginei que "Cinquenta Tons de Cinza" fosse uma história que causaria excitação. Imaginava que haveria muito sexo, prazer sem culpa e além da imaginação. Mas o filme, ou talvez a história em si (citando o livro, o qual não li), não me excitou. Este filme me causou incômodo.

Digo isto, porque um sexo que causa excitação, para mim, é aquele consentido por ambas as partes, seja ele o tipo de relação sexual que for. Não é isto que acontece aqui. O sexo aqui é imposto por uma das partes e cedida pela outra, talvez por pura ingenuidade disfarçada de desejo.

Anastácia é a garota ingênua, virgem, estudante de literatura, que enxerga o mundo que a cerca de forma idealizada, romantizada. Ela conhece Christian Grey, digamos "o homem ideal", bonito, rico, e que aos padrões da realidade de Anastácia, estaria totalmente fora de seu alcance. Assim, a aproximação de Grey já é vista de forma idealizada. Ele é o príncipe no cavalo branco dos sonhos de qualquer garota.

Infelizmente, ele não é o que aparenta ser. Christian é doentio e sente prazer através do sexo sadomasoquista e deseja que Anastácia assine um contrato onde concorda em aceitar as práticas sexuais impostas por ele, pois deste modo ele estaria dando o "prazer" que ela deseja. Neste ponto há um equívoco, visto que este prazer é o que ele deseja, não ela. Entretanto, como Anastácia está emocionalmente envolvida por Grey, ela vai cedendo aos poucos às suas vontades, imaginando que ele possa também apaixonar-se por ela e que assim ela possa salvá-lo deste instinto doentio.

Imagino que quando nos apaixonamos por alguém que por alguma razão sofre, sofreremos juntos com esta pessoa. Afinal, pessoas assim só serão salvas de seu sofrimento caso realmente queiram ser salvas. Isto implica uma atitude de sua própria vontade e não cabe aos outros. Imagino que Anastácia sofrerá ainda mais.



Nomeado ao Oscar de Canção Original (Earned It)

(Fifty Shades of Grey - 2015)

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Selma: Uma Luta Pela Igualdade (2014)


Com "Selma" termino de assistir aos 8 filmes nomeados ao Oscar 2015. Infelizmente não consegui ver todos os 39 concorrentes a alguma indicação neste ano, mas assisti aos pertencentes à categoria de melhor filme. O que posso dizer é que neste ano, de forma geral, os filmes estão fracos. Gostei de todos, mas o único que realmente me surpreendeu foi "Whiplash - Em Busca da Perfeição".

"Selma" nos traz a história de Marthin Luther King Jr. e sua campanha na cidade de Selma para garantir direitos iguais de votos à negros e brancos, tendo como o ponto alto do filme a marcha de Selma à Montgomery, Alabama em 1965.

As situações retratadas no filme são frustrantes a violência sofrida pelos negros são absurdas. E a bela canção interpretada por John Legend talvez vença o prêmio este ano.



Nomeado ao Oscar de Melhor Filme. Vencedor do Oscar de Canção Original (Glory).

(Selma - 2014)

Sniper Americano (2014)


Baseado nas memórias do ex-fuzileiro naval Chris Kyle, o filme reconstitui a experiência daquele que foi o mais exímio atirador até hoje do exército norte-americano, creditado com nada menos do que 160 mortes por sua impressionante pontaria. Um homem que é visto como herói por seus pares, para quem ele exerce o papel de protetor, localizando-se em cima de prédios, enquanto eles se dedicam a missões mais perigosas em solo, vasculhando casas e prédios no país ocupado.

É indiscutível que "Sniper Americano" não faz, a rigor, uma celebração da guerra em si. Pelo contrário. Com realismo documental, o filme reproduz as condições insuportáveis de perigo e tensão a que os soldados são submetidos diariamente. E coloca na boca de alguns deles dúvidas sobre o sentido de estarem ali, embora de uma forma genérica.

Não se pode afirmar, igualmente, que "Sniper Americano" simpatize cegamente com a obsessão, muito norte-americana, pelas armas de fogo que define seu protagonista – como fica claro por uma cena na cozinha, envolvendo uma brincadeira doméstica de Kyle com a mulher, e até seu próprio fim, nas mãos de um ex-veterano do Iraque perturbado por estresse pós-traumático, Eddie Ray Routh, que está para ser julgado.

É inegável que o filme desperta o furor patriótico de um grande número de espectadores norte-americanos, bem mais do que uma reflexão racional sobre os traumas infligidos pela guerra aos seus soldados e a alienação social de que muitos são vítimas depois da volta para casa. Temas como esse, dos veteranos, tanto como do que é legítimo em termos de guerra do terror e da liberdade de porte de armas, mobilizam profundamente os EUA. Fora do país, pode-se esperar reações diferentes.

Nomeado a 6 Oscar: Melhor Filme, Ator (Bradley Cooper), Roteiro Adaptado, Edição e Mixagem de Som. Levou o prêmio de Edição de Som.

(American Sniper - 2014)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sr. Turner (2014)


"Sr. Turner" evoca vinte e cinco anos da vida do pintor britânico, J.M.W Turner (1775-1851). Artista reconhecido, membro apreciado embora indisciplinado da Royal Academy of Arts, ele vive na companhia do pai que também é seu assistente, e da sua dedicada governanta. Frequenta a aristocracia, visita os bordéis e alimenta a inspiração com as suas numerosas viagens.

Mesmo assim, o sucesso não o protege das eventuais críticas do público ou do sarcasmo da classe dirigente, e após a morte do pai, Turner isola-se. No entanto, sua vida muda quando encontra a Sra. Booth, proprietária de uma pensão de família à beira mar.

Nomeado a 4 Oscar: Fotografia, Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora.

(Mr. Turner - 2014)

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Livre (2014)


Em sua primeira cena, "Livre" aponta para um caminho que, infelizmente, não segue por completo. A jovem Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) para no alto de um penhasco. Seus pés estão em frangalhos. Seu estado de visível irritação é um contraste gritante com a paz local da natureza solitária e serena. Jogar longe sua bota estropiada, enquanto berra, é um exorcismo – e é também uma forma encontrada pelo longa do canadense Jean-Marc Vallée para negar uma visão romantizada da jornada da moça.

Depois de perder a mãe e fazer muitas bobagens na vida, Cheryl resolve que sua salvação estará em fazer a pé a trilha Pacific Crest Trail, que vai da fronteira dos EUA com o México até o Canadá. Sem muita experiência na prática, e muitos fantasmas com os quais entrar em batalha, a garota, que tinha 26 anos na época, passa 150 dias caminhando, cruzando diversos estados de seu país, enfrentando obstáculos e conhecendo pessoas.

O filme parece buscar nos traumas do passado distante – pai alcoólatra e abusivo, mãe omissa – as explicações para a Cheryl do passado recente, envolvendo drogas e comportamento errático. É preciso simpatizar com a protagonista e sua causa para embarcar em sua jornada – algo que se torna difícil dadas as idas e vindas no tempo, fraturando o desenvolvimento da narrativa sem muito critério.

"Livre" é repleto de boas intenções, mas raso em seu alcance, especialmente quando se torna emocionalmente manipulador – com os flashbacks envolvendo a mãe (Laura Dern) e a jornada autodestrutiva de Cheryl nos últimos anos. A trilha, para ela, se torna uma espécie de Caminho de Santiago de Compostela – uma jornada espiritual que ela imagina que lhe trará a redenção, com pouco contato com outras pessoas. Como se fosse simples assim.

A direção de Vallée (O Clube de Compras Dallas, C.R.A.Z.Y.) transforma a busca de Cheryl em algo redundante, não conseguindo passar maior densidade a esse processo da personagem - como se sofrimento, arranhões e, usando as palavras da própria Cheryl, “gororoba fria” fossem suficientes para transformá-la em outra pessoa.

Nomeado aos Oscar de Melhor Atriz (Reese Witherspoon) e Atriz Coadjuvante (Laura Dern).

(Wild - 2014)