terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cinquenta Tons de Cinza (2015)


Ouvi falar pela primeira vez a respeito de "Cinquenta Tons de Cinza" ao ler uma reportagem onde se relacionava o aumento da leitura deste livro devido ao surgimento de tablets, pois assim não era possível saber qual livro uma mulher estava lendo já que não havia uma capa para identificá-lo. Também era argumentado que as mulheres haviam encontrado uma história onde os seus desejos sexuais eram expressos de forma livre, sem culpa e sem pudores. Infelizmente não me recordo onde li isso...

Portanto, sempre imaginei que "Cinquenta Tons de Cinza" fosse uma história que causaria excitação. Imaginava que haveria muito sexo, prazer sem culpa e além da imaginação. Mas o filme, ou talvez a história em si (citando o livro, o qual não li), não me excitou. Este filme me causou incômodo.

Digo isto, porque um sexo que causa excitação, para mim, é aquele consentido por ambas as partes, seja ele o tipo de relação sexual que for. Não é isto que acontece aqui. O sexo aqui é imposto por uma das partes e cedida pela outra, talvez por pura ingenuidade disfarçada de desejo.

Anastácia é a garota ingênua, virgem, estudante de literatura, que enxerga o mundo que a cerca de forma idealizada, romantizada. Ela conhece Christian Grey, digamos "o homem ideal", bonito, rico, e que aos padrões da realidade de Anastácia, estaria totalmente fora de seu alcance. Assim, a aproximação de Grey já é vista de forma idealizada. Ele é o príncipe no cavalo branco dos sonhos de qualquer garota.

Infelizmente, ele não é o que aparenta ser. Christian é doentio e sente prazer através do sexo sadomasoquista e deseja que Anastácia assine um contrato onde concorda em aceitar as práticas sexuais impostas por ele, pois deste modo ele estaria dando o "prazer" que ela deseja. Neste ponto há um equívoco, visto que este prazer é o que ele deseja, não ela. Entretanto, como Anastácia está emocionalmente envolvida por Grey, ela vai cedendo aos poucos às suas vontades, imaginando que ele possa também apaixonar-se por ela e que assim ela possa salvá-lo deste instinto doentio.

Imagino que quando nos apaixonamos por alguém que por alguma razão sofre, sofreremos juntos com esta pessoa. Afinal, pessoas assim só serão salvas de seu sofrimento caso realmente queiram ser salvas. Isto implica uma atitude de sua própria vontade e não cabe aos outros. Imagino que Anastácia sofrerá ainda mais.



Nomeado ao Oscar de Canção Original (Earned It)

(Fifty Shades of Grey - 2015)

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