segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

007 Contra Spectre (2015)


A primeira impressão ao final do novo filme da saga de James Bond, 007 Contra Spectre é a de que sua história foi reduzida. Embora seja vigoroso e impecável tecnicamente, reside nele uma expectativa de superar plano a plano o legado deixado, não só pela longeva franquia, mas precisamente pela tetralogia vivenciada pelo ator Daniel Craig, que chega ao fim nesta produção.

Mas como o diretor Sam Mendes poderia superar o próprio trabalho, Skyfall (2012)? Depois de todo o refinamento, seja na perícia fotográfica (de Roger Deakins), no trabalho do elenco ou mesmo no desenvolvimento dos personagens, a expectativa para ...Spectre sempre esteve muito alta.

E Mendes ainda precisou, em mais uma mostra que se encerrou a era de Daniel Craig (embora não seja oficial), pôr fim às questões levantadas desde Cassino Royale (de Martin Campbell) e Quantum of Solace (de Marc Forster), sobre quem estava por trás de todo o mal, nunca explicado. A resposta é Spectre.

Em uma estilizada tomada única em meio à Festa dos Mortos na Cidade do México, já vemos James Bond atrás de um mafioso italiano Sciarra (Alessandro Cremona). Sua missão é matá-lo, mas antes de atirar, escuta que ele tem um plano de explodir um estádio. O instinto do agente secreto fala mais alto e, após causar uma explosão que destrói o bairro, dá início a uma ensandecida perseguição, com direito a rasantes de helicóptero em meio à multidão (na Praça Zócalo).

Sciarra é a ponta de um novelo a ser desenrolado por Bond, que atua sempre à revelia de seu novo chefe M (Ralph Fiennes), contando com o apoio dos agentes Q (Ben Whishaw) e Moneypenny (a bela Naomie Harris). Estes por sua vez têm suas próprias ameaças para resolver, quando C (Andrew Scott), o novo diretor do serviço secreto britânico, pretende fundir o MI5 e o MI6, desmantelando o programa de M.

Bond se vê, assim, sozinho para aniquilar a organização criminosa global, a Spectre, que, descobre-se depois de um encontro com a nada inconsolável viúva de Sciarra (uma má aproveitada Monica Belluci), ser liderada pelo enigmático Oberhauser (Christoph Waltz). Para encontrar o vilão, o agente ainda contará com a ajuda de um antigo desafeto (dos primeiros filmes) o Mr. White (Jesper Christensen).

A ajuda virá na pele de sua filha Madeleine Swann (Léa Seydoux, que se dá muito bem no papel de Bond Girl), aqui, o interesse amoroso e não apenas casual de Bond.

Com o enredo armado e repleto de ação, o filme corre para o ato final em uma velocidade com pouco equilíbrio. O rigor estético de Mendes enfraquece frente à necessidade de reunir as histórias e criar seu desfecho de forma harmônica. O mesmo pode ser dito do roteiro, que cede ao sentimentalismo exagerado, um pouco fora de quadro em um filme de James Bond.

Porém, esses percalços não desmerecem o conjunto, ou mesmo a tetralogia, que mudou a forma e o estilo de 007, não apenas o seu rosto, mantendo a mitologia consagrada através de décadas. Mendes percebe isso e não deixa de fazer homenagens a esse rico passado, nas múltiplas referências que introduz em seu trabalho, como assentos ejetores ou gatos brancos da vilania, que rememoram títulos da década de 1960, como Dr. No ou Goldfinger (este, já lembrado em Quantum of Solace).

Spectre, enfim, se mostra menos refinado que seu anterior Skyfall, mas não deixa de ser uma produção viril, com seus efeitos grandiosos e elenco estelar. Além disso, aponta, finalmente, para um amadurecimento do protagonista.

Vencedor do Oscar de Melhor Canção ("Writing's On The Wall")

(Spectre - 2015)

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