domingo, 4 de dezembro de 2016
Elle (2016)
A protagonista é uma executiva de sucesso, que comanda uma bem-sucedida empresa de videogames, ao lado de uma amiga, Anna (Anne Consigny) – uma chance para que o filme explore com ironia o choque de gerações, já que as duas senhoras chefiam uma turma de garotos. Cabe a Michèle exercer esse controle com mão de ferro, observações duras e nenhuma concessão.
O filme começa em tom alto, justamente pelo som da agressão sexual a Michèle em sua ampla casa - a princípio, nada se vê, exceto o final. Verhoeven voltará a essa cena outras vezes, para definir o caráter contraditório dessa mulher fria, calculista e que esconde um passado complicado, mantém relações ambíguas com seu casal de vizinhos, Patrick (Laurent Lafitte) e Rebecca (Virginie Efira), além de um duelo permanente com seu filho (Jonas Bloquet) e nora (Alice Isaaz).
Esse passado de Michèle, que envolve seu pai, justifica a reação surpreendente dela em relação à denúncia à polícia (mais uma vez, evite-se os detalhes). O que cabe dizer é que Elle é um filme de gênero que escapa de muitas armadilhas habituais justamente por pescar em águas sombrias e ser eficaz em seu suspense, humor negro e drama de gênero. A personagem foi feita à imagem e semelhança dos recursos de Isabelle, sempre crível quando é feroz. Essa consistência na composição da personagem é que impede que a história se torne misógina (embora sempre possa haver quem tenha essa interpretação). Provocativa ela é, e muito.
Nomeado ao Oscar de Melhor Atriz (Isabelle Huppert).
(Elle - 2016)
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