domingo, 4 de dezembro de 2016
Gigante Adormecido (2015)
Neste trabalho de estreia do diretor e roteirista canadense Andrew Cividino, o espectador acompanha um trio de adolescentes em um verão no Lake Superior, em Ontario. Adam é um garoto reservado que está na cidade para passar o verão com seus pais. Ele acaba de conhecer Nate e Riley, primos que fazem parte de uma classe menos privilegiada que a dele e donos de um espírito de aventura (e crueldade) que assusta e ao mesmo tempo fascina Adam. Juntos, eles conversam sobre garotas, usam drogas, exploram a natureza local e dividem intimidades, sempre com certa agressividade típica de quem está definitivamente disposto a abandonar qualquer resquício de um espírito infantil.
Ao optar pelo retrato completo de seus protagonistas, Cividino faz do seu filme uma corajosa representação da adolescência através de três garotos de personalidades distintas, mas com a mesma dosagem de dubiedade moral. Mesclando atitudes que provocam, por vezes nostalgia, por vezes repulsa, o roteiro não se permite romantizar por inteiro a trajetória dos três protagonistas. Se em determinado momento o espectador se pega sorrindo ao contemplar o trio andando de skate pela rua à noite, em outro ele está balançando a cabeça enquanto escuta diálogos imaturos que revelam clara misoginia.
Como os hormônios pulsantes dos garotos, a câmera na mão traz ao longa a inquietude e a hiperatividade que os protagonistas tanto parecem buscar. O olhar de Cividino sobre suas figuras traz à tona a ambiguidade que casa com a narrativa: momentos guiados por um slow motion cujo resultado estético é certeiro dividem espaço com uma câmera documental preparada para registrar cada passo daqueles garotos com muita crueza – e muitas vezes, basta que algum deles abra a boca para que certa violência domine a cena.
Em paisagens que casam beleza e truculência, o diretor de fotografia James Klopko já de início presenteia o espectador com imagens do lago e os rochedos e florestas ao seu redor, como que adiantando a complexidade das figuras que o longa passa a apresentar logo em seguida. O trabalho tem destaque também em registros de internas, a exemplo de um momento decisivo dentro de uma atração de fliperama, que também serve para ilustrar a montagem rápida que não permite o descanso do espectador.
Ainda conduzido pelas performances bastante realistas dos seus atores centrais, Gigante Adormecido abdica que quase completamente de qualquer doçura para versar sobre a perda da inocência nesta fase de transição para a vida adulta. E por precisamente escolher representá-la a partir de três protagonistas masculinos, Cividino paraleliza ambos o fascínio e a crueldade do gênero.
(Sleeping Giant - 2015)
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