quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Logan (2017)


"Logan" é mais do que apenas uma ficção científica/filme de ação. É um neowestern, uma meditação sobre o envelhecimento e a fragilidade, o que o transforma em algo ainda maior ao ter como figura central um herói relutante no personagem-título, interpretado derradeiramente por Hugh Jackman. O personagem já não é mais o mesmo. Motorista de um serviço de limusines, está barbudo, desgrenhado, e suas garras não saltam com tanta rapidez como antes. Embora tiros continuam não o matando, ele já não cicatriza ou se recupera com tanta facilidade. O nonagenário professor Xavier (Patrick Stewart) não tem uma sorte muito diferente. Fragilizado e dado a ataques epiléticos que causam transtornos e estragos ao seu redor, mora num galpão, próximo à fronteira com o México, onde é cuidado por Caliban (Stephen Merchant), um mutante albino.

A ação de Logan é desencadeada quando o protagonista é procurado por uma enfermeira mexicana (Elizabeth Rodriguez), que cuida de uma garotinha com estranhos poderes, Laura (Dafne Keen), que serão revelados apenas mais tarde. Logan é um dos poucos mutantes que ainda estão vivos, e é objeto de fascínio e perseguição, por isso esse mantém sua identidade tão camuflada. Mas a chegada de Laura pode representar toda uma nova geração de mutantes para o futuro. Não à toa, ela é perseguida e cabe ao protagonista protegê-la.

Sem esquivar-se de sua própria mítica, o longa investe numa espécie de metalinguagem, uma vez que a maioria das personagens só descobriram a existência de Logan por meio dos quadrinhos dos X-Men, o que costuma irritá-lo, pois, para ele, os gibis são fantasiosos demais. Se existe uma certa dose de fantasia em Logan, ela está serviço, no entanto, de explicitar o que há de mais humano em nós. Dessa forma, as cenas de correria e ação são bastante boas, mas é quando investe no conteúdo humano que o filme mais cresce.

A relação entre Logan e Xavier é tocante. Chega a ser triste ver a figura paterna tão fleumática do professor fragilizada, definhando, mas sem perder o humor, numa grande interpretação de Patrick Stewart. O outro laço humano que ganha força é entre o protagonista e a pequena Laura, de 11 anos. Novamente, uma figura paterna entra em cena.

Ao longo de mais de 15 anos, Jackman aperfeiçoou-se na interpretação do mutante. Ocorreram altos e baixos, mas é aqui que ele encontra o topo do personagem, de sua atuação, de sua compreensão do que há de mais profundamente humano em alguém com poderes super-humanos. Por isso, seu belo final não apenas honra essa trajetória, como também comove.

Nomeado ao Oscar de Roteiro Adaptado.

(Logan - 2017)

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