quinta-feira, 11 de junho de 2020
Delicatessen (1991)
Há anos tinha vontade de assistir Delicatessen, afinal este é um filme dirigido e roteirizado por Jean-Pierre Jeunet, criador de um de meus filmes favoritos: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Infelizmente, acho que fui com muita sede ao pote e o filme não me encantou. Não que seja um mal filme, mas não se apresentou como algo surpreendente, talvez porque após quase 30 anos de seu lançamento o filme tenha envelhecido um pouco...
Segue uma explicação sobre o filme que li e achei interessante:
Delicatessen é uma obra-prima de Jean-Pierre Jeunet que explica muitas coisas sobre a sociedade, mesmo que num cenário pós-apocaliptico. Uma cena icônica do filme é a Cena da Mola.
Antes de a analisar, é importante ressaltar que o filme tem um ritmo bastante rápido e dinâmico, de forma que as cenas acontecem, muitas vezes, simultaneamente. Uma cena influencia na outra, mostrando que nada no filme é irrelevante.
Em termos de denotação, a cena começa com Louison fazendo a tarefa de pintar o teto, enquanto Clapet (o açougueiro que manda na casa) tem a sua hora de prazer em seu quarto, com a mulher que havia comprado sua carne anteriormente. Os dois estão na cama e debaixo do colchão há muitas molas, que fazem barulho conforme eles se mexem.
Em outro cômodo, Julie toca seu violoncelo no ritmo que é formado pelo barulho das molas. Depois dela, é mostrado Madame T. batendo o tapete e Marcel enchendo o pneu da bicicleta acompanhando também.
As cenas das pessoas fazendo ações se alternam com a cena das molas sustentando o açougueiro, juntamente a novas cenas de um relógio que aparece contando o tempo, do Roger usando sua máquina e do Robert tentando acompanhar o som.
O ritmo muda, e eles seguem novamente. Até a avó aparece costurando dessa vez. Todos parecem estranhar o aceleramento e continuam tentando o seguir, até ele ficar rápido demais e, no auge do prazer do dono da casa, os inquilinos despencam nos seus afazeres, quebrando suas ferramentas e não conseguindo mais acompanhar.
Já falando de conotação, a cena representa toda a ideia que o filme quer passar.
As molas seriam os trabalhadores, que trabalham num ritmo para sustentar o prazer de seus superiores (o que acontece em cima do colchão). Isso se reforça com as pessoas da casa tentando acompanhar o ritmo e, conforme o tempo passa, mais pessoas entram tentando o acompanhar, que cada vez está mais acelerado até entrar em colapso.
Provavelmente foi isso que deixou o mundo num apocalipse mostrado no filme, tanto que, quando o açougueiro (representação dos homens que estavam num poder maior no mundo) morre, todos os problemas que estavam acontecendo são esquecidos e o filme pode finalmente acabar. É importante perceber que o ritmo dessa cena está muito de acordo com o ritmo dinâmico da obra como um todo, que é dinâmica, rápida, sempre em crescimento até o seu ápice, o seu fim.
Assim, a cena pode ser uma metonímia do filme, sendo uma parte que o representa como um todo.
(Delicatessen - 1991)
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