_ Sim papai.
_ Então, seu marido morreu, você é uma viúva agora
_ Até quando papai?
Um diálogo inusitado, ainda mais se tratando de um diálogo entre uma pequena garota de 10 anos e seu pai.
Na Índia, é costume, devido a religião hindu, uma viúva permanecer sozinha até a morte, pois só assim garantirá sua salvação. Mas como garantir sua salvação durante a vida?
Deepa Mehta, diretora indiana, nos mostra em Water a dificuldade pela qual essas mulheres passam durante sua vida, pedindo esmolas e até mesmo se prostituindo para garantir sua salvação enquanto permanecem "vivas" na Terra.
O filme se passa em 1938, época em que Gandhi luta pacificamente pela independência da Índia e tenta inserir um novo modo de pensar ao povo indiano, porém, mesmo as leis beneficiando as viúvas ao permitir que elas se casem novamente, o costume e a religião imperam. Na verdade o filme demonstra que o que predomina mesmo é a questão do dinheiro, a família abandona essa nova viúva para se livrar de uma despesa a mais. Se essas mulheres devem permanecer intocáveis, porquê então elas são obrigadas a se prostituírem para sobreviver? Uma contradição que nos comove ao assistir ao filme, principalmente minutos antes de seu final.
Mulheres que se sentem só e tristes aqui no Brasil não se sentirão tão abandonadas ao assistirem e refletirem sobre essa bela história, principalmente porque muitas histórias como essa devem acontecer atualmente na Índia.
Para ver só no cine ou muito bem acompanhado!
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
(Water - 2005)
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