quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010)


O que é pior: enfrentar Voldemort (Ralph Fiennes) ou a ebulição dos hormônios da adolescência? Para Harry Potter e sua turma, ambas as tarefas se mostram árduas. No sétimo – e penúltimo (ufa!) – filme da série, “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o bruxo (novamente interpretado por Daniel Radcliffe) completa 17 anos e está a um passo de entrar para o mundo adulto. Mas, antes disso, ao lado de seus melhores amigos, Ron (Ruppert Grint) e Hermione (Emma Watson), precisa superar crises internas e externas.

A descoberta do amor – não da sexualidade, pois, no filme, os personagens são assexuados, afinal, essa é uma franquia também voltada para o público infantil - é complicada e envolve todos os problemas que os não-bruxos – também conhecidos como trouxas, – enfrentam, como a insegurança, o ciúmes e a rivalidade. Ao longo dos quase 10 anos que se passaram desde o primeiro filme, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, vimos os atores se transformarem de crianças em adultos, assim como seus personagens criados pela escritora inglesa J. K. Rowlings.

Em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o roteirista Steve Kloves, adaptando a série pela sexta vez, centra o foco na ação. O filme é correria do começo ao fim, sem muito espaço para explicações ou desenvolvimentos. A espinha dorsal é, como em toda a série, o jovem bruxo fugindo do lorde das trevas.

O mundo mágico está um caos, porque Voldemort está matando indiscriminadamente – ele também assassina trouxas. Harry é a causa disso e, como se antecipou desde o começo, o embate entre os dois personagens deve ser o clímax da série, prevista para acabar em meados de 2011, com “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”.

Harry é perseguido e, com a ajuda do polissuco, consegue fugir e se esconder na casa de Ron. Porém, durante um casamento, ele é encontrado e os Comensais da Morte têm a ordem de levá-lo vivo. A única chance de escapar ileso é destruindo as Horcruxes, que parecem ser o segredo do poder de Voldemort.

A única explicação para a divisão do livro em dois filmes está na possibilidade da Warner – estúdio produtor e distribuidor das adaptações – faturar em dobro. Em filmes anteriores acontecimentos e personagens foram sacrificados para que a trama do livro coubesse num filme de cerca de duas horas. Aqui, não se justifica alongar cenas e acontecimentos para gerar dois longas, em outras palavras, bilheteria em dobro.

Harry, Hermione e Ron fogem e se escondem em florestas na maior parte do tempo. As cenas são desnecessariamente longas, sem que muito aconteça. Eles conversam, leem e discutem o presente e o futuro. E David Yates – que dirige a série pela terceira vez – não se esforça muito para tornar o falatório mais atraente em termos visuais. Exceto por uma cena em animação, o longa segue o padrão dos filmes anteriores com alto orçamento, baixa criatividade e muita explicação.

Yates, ao contrário de Alfonso Cuarón, que assina o terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, faz um filme desprovido de personalidade, limitando-se a traduzir em imagens tudo o que já está descrito em detalhes no filme. Como diretor contratado, Yates se limita a não estragar a história, mas sem a preocupação de imprimir uma assinatura pessoal.
“Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, como era de se esperar, termina numa cena de suspense, deixando um gancho para o próximo filme. Agora, só resta esperar pelo capítulo final, prometido para o ano que vem, quando Harry Potter e sua turma encontrarão um merecido descanso depois de tantas batalhas.

Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Efeitos Visuais.

(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 - 2010)

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