segunda-feira, 25 de julho de 2011
Frenesi (1972)
Alfred Hitchcock voltou à Inglaterra em 1972 para colaborar com o dramaturgo Anthony Shaffer em uma versão filmada do romance de Arthur La Bern Goodbye Peccadilly, Farewell Leicester Square, que ressuscita muitas das convenções do primeiro grande sucesso do diretor, "O Pensionista" (1926). Mais uma vez, Londres é atormentada por um serial killer similar a Jack, o Estripador, e o personagem principal só complica a sua situação agindo de forma tão estranha que se torna o principal suspeito.
Hitchcock obtém uma mistura exata de fascinação lasciva e horror genuíno ao mostrar a atitude inglesa diante dos assassinados - algo que também é uma grande parte de sua própria obsessão. Um amargurado ex-piloto da RAF, Richard Blaney (Jon Finch) é um alcólatra que trabalha como garçom em um bar de Covent Garden, reduzido a limpar a mesa de sua perspicaz ex-namorada Brenda (Barbara Leigh-Hunt), que, ironicamente, dirige uma próspera agência matrimonial. Em uma das mais horripilantes e explícitas cenas que o Mestre do Suspense já dirigiu, Brenda é visitada pelo rústico e bonachão distribuidor de frutas no mercado de Coventry Garden, Bob Rusk (Barry Foster), cujas exigências especiais não reveladas, porém perversas, ela não deseja cumprir profissionalmente. Rusk então revela ser o notório Assassino da Gravata estuprando a mulher e estrangulando-a com sua gravata estampada.
"Frenesi" prossegue entrecortando a narrativa do herói anti-social, desagradável e sem dignidade - reduzido a dormir em um abrigo para mendigos, a certa altura - e do vilão encantador, atraente e bem-sucedido, que torna a perturbar Blaney assassinando a sua namorada esporádica (Edith Massey), uma garçonete animadinha. Como em "Psicose" e "Pacto Sinistro", Hitchcock dirige uma sequência de suspense aliciando nossa cumplicidade na tentativa de um assassino de encobrir seu crime, mostrando Rusk atrapalhando com um cadáver nu em um saco de batatas no porta-malas de uma van para recuperar o seu predendor de gravata incriminatório. Hitchcock tira proveito da censura mais branda do período para ser mais explícito em relação ao sexo e à violência, embora ele também saiba quando um afastamento longo e lento, tirando a nossa atenção de um assassinato, transmitirá mais horror do que outro close de violência e estrangulamento. Há um veio de comédia estilo "Mike Leigh", sobre constrangimento social, no enredo secundário de um inspetor de polícia (Alec McCowen) cuja esposa (Vivien Merchant) está sempre lhe servindo pavorosas refeições "gourmet".
(Frenzy - 1972)
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A Bela Junie (2008)
O diretor Christophe Honoré (Em Paris, Canções de Amor) continua firme no seu esforço de reciclagem do cinema francês recente. Desta vez, ao lado do experiente roteirista Gilles Taurand, ele se empenha numa revisita a um clássico da literatura do século 17 - A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette – para extrair livremente o argumento deste drama romântico ambientado numa escola de classe média em Paris.
A chegada de uma nova aluna, a bela Junie (Léa Seydoux), abala a rotina. Prima de Mathias (Esteban Carvajal-Alegria), ela decidiu mudar de escola para enfrentar a depressão causada pela morte recente da mãe. No novo ambiente, a garota bonita e reservada causa paixões.
Menina que parece difícil de contentar, afinal ela aceita o pedido de namoro do mais tímido de seus pretendentes, Otto (Grégoire Leprince-Ringuet). Mas eles parecem feitos de natureza muito diferente. E Junie também atrai a paixão de um de seus professores, Nemours (Louis Garrel).
Italiano e professor de música, o não menos belo Nemours também desperta paixões tanto entre professoras quanto alunas – e costuma corresponder à maioria, não raro ao mesmo tempo. Junie parece afetá-lo de outra forma, especialmente porque não se mostra disposta a ceder à atração que também sente por ele.
Como sempre nos filmes de Honoré, a presença da música é ostensiva. Aqui, é carregada pelas baladas do cantor e compositor Nick Drake – que têm muito a ver com o clima e a trama. O ambiente coletivo da escola, afinal, é tão personagem quanto cada um dos alunos, cujos afetos, invejas e disputas estouram a todo momento.
O incidente envolvendo uma carta perdida, que remete a uma intriga que até então passou despercebida, lembra a origem da história no romance do século 17 e também espalha um aroma de Eric Rohmer. Tanto quanto a fragilidade do amor remete o tempo todo a François Truffaut, assim como a câmera fluida, colocada no trajeto dos personagens nos corredores e ruas de Paris.
Honoré aposta demais no belo rosto de Lea Seydoux para traduzir seu enigma e esta é justamente a maior fraqueza da história. A musa, catalisadora das paixões, afinal, precisaria de mais estofo dramático para ter plena expressão – inclusive mais e melhores falas. É um filme voyeur, que se enamora da indiscutível beleza de seus personagens e procura captar a fluidez da adolescência. Mas se contenta com bem pouco.
(La Belle Personne - 2008)
Um Lugar ao Sol (1951)
Ao adaptar Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser, para as telas, o diretor George Stevens se deparou com a dificuldade de tornar a história cruelmente naturalista de luta de classes algo interessante para uma plateia da década de 1950, mais ávida por entretenimento do que por doutrinação política. Sua solução foi de uma eficácia brilhante: dar destaque ao desejo sexual de George Eastman (Montgomery Clift) pela bela Angela Vickers (Elizabeth Taylor). Parente pobre de um industrial rico, George é enviado a ele pela mãe para vencer na vida. No entanto, dominado por sentimentos de privação e exclusão, George não demonstra disposição ou iniciativa para sair da sarjeta através do trabalho. Na verdade, ele é tão fraco que, mal começa a trabalhar na fábrica, viola uma de suas regras fundamentais. Ao sair com uma colega, acaba engravidando a pobre mulher, pela qual logo perde o interesse.
Interpretado com uma ingenuidade patética por Clift, os maiores bens de George passam a ser sua beleza e docilidade. Assim, "Um Lugar ao Sol" se tornou um dos romances mais comoventes e trágicos da Hollywood clássica, resultado da maneira cuidadosa como George Stevens dirigiu os protagonistas (que foram instruidos a enfatizar a linguagem corporal, e não o diálogo) e de sua manipulação habilidosa de dois estilos contrastantes. O encontro de conto de fadas de George com a inocente Angela é dominado por um trabalho de câmera intimista, com closes sobrepostos de forma especialmente cuidadosa em uma fotografia borrada. As cenas na fábrica, com a namorada Alice (Shelley Winters), e posteriormente no tribunal, no entanto, são fotografadas no estilo de filme noir, enfatizando a iluminação chiaroscuro e composições instáveis que expressam belamente a ameaça que as circunstâncias representam ao desejo de George por seu "lugar ao sol".
Grávida, Alice ameaça entregar George a sua família se ele não se casar com ela; ele é salvo desse destino somente porque a prefeitura está fechada por causa de um feriado quando o casal chega. George sugere um passeio no lago em um pequeno barco; sua intenção é que ocorra um "acidente" e Alice se afogue. Não consegue levar a cabo o assassinato, porém Alice, assustada, cai na água. Ela se afoga porque ele não tenta salvá-la e George para com a vida pela sua indiferença. Stevens, no entanto, o torna mais memorável como amante trágico do que como objeto de lição política.
Vencedor de 6 Oscar: Fotografia, Figurino, Direção (George Stevens), Edição, Trilha Sonora e Roteiro. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Montgomery Clift) e Melhor Atriz (Shelley Winters).
(A Place in the Sun - 1951)
As Confissões de Schmidt (2002)
É um tipo raro de comédia a produção americana “As Confissões de Schmidt”, do diretor independente Alexander Payne. Até porque não é uma comédia em sentido estrito. Mas a verdade é que, independente da discussão sobre o gênero do filme, os veteranos Jack Nicholson e Kathy Bates fazem um dueto em ótima forma, numa história que conta a guinada de 180 graus na vida de um viúvo, Warren Schmidt (Nicholson). Metódico até a medula, o sessentão acaba de se aposentar como agente de seguros. Passou toda a sua vida entre as quadro paredes de uma sala asséptica, da empresa Woodmen, repetindo funções monótonas, dia após dia, mas mantendo o papel de pai de família que todos esperam que ele seja. Mal tem tempo de fazer reflexões amargas sobre como detesta as manias e mesmo o cheiro de sua mulher, Helen (June Squibb), com quem está casado há 42 anos, quando ela morre de ataque cardíaco, pouco tempo antes do casamento da única filha dos dois, Jeannie (Hope Davis).
O futuro reserva ao viúvo algumas aventuras na estrada a bordo de um ônibus-trailer e o contato com a excêntrica família do futuro genro, Randall (Dermot Mulroney), onde se destaca a figura da desinibida mãe dele, Roberta (Kathy Bates). Coisa raríssima, Kathy mostra-se nua (algo só visto antes em Brincando nos Campos do Senhor, de Hector Babenco, numa situação intensamente dramática). Aqui, a assanhada Kathy está tentando seduzir o hesitante futuro sogro de seu filho, que está numa banheira - uma sequência hilariante, verdadeiro show de bola de dois veteranos completamente à vontade.
Nem tudo no filme é tão engraçado. Há diversos momentos em que Schmidt olha de frente a sua devastadora solidão. Tanto neles, quanto nas situações cômicas, sobressai a enorme qualidade da atuação de Jack Nicholson. Ele transpira em cada detalhe a total entrega ao personagem, com um entusiasmo que nem sempre devota aos seus trabalhos, apesar do seu indiscutível talento. Aqui, é visível que o ator abraçou por inteiro seu papel, entregando ao espectador um pungente retrato de um homem comum. Um detalhe curioso na história está nas cartas que o protagonista escreve para um garoto de 6 anos na Tanzânia, Ngudu, que ele ajuda com US$ 22 por mês, dentro de um programa humanitário da organização Childreach. Essa organização realmente existe e o menino, cuja foto até aparece nas imagens do filme, chama-se Abdallah Mtulu na vida real.
Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Atriz Coadjuvante (Kathy Bates)
(About Schmidt - 2002)
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Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão (1982)
Três casais se reúnem em uma casa de campo para um casamento e acabam discutindo sobre sexo e seus sentimentos. Os donos da casa têm problemas de identidade sexual, um outro casal é composto por um professor que vai se casar em breve com uma mulher muito mais nova e o terceiro casal é formado por um médico que conheceu uma enfermeira há pouco tempo.Nesta pequena reunião sexo e amor são discutidos e seus sentimentos vem à tona. "Sonhos Eróticos Numa Noite de Verão" foi baseado em "Sorriso de uma Noite de Amor", lançado por Ingmar Bergman em 1955.
(A Midsummer Night's Sex Comedy - 1982)
Meia-Noite em Paris (2011)
Recorrendo mais uma vez à magia que inspirou alguns de seus melhores roteiros, como “A Rosa Púrpura do Cairo” e “Simplesmente Alice”, e sem por isso chegar à ficção científica, Woody elege o improvável Owen Wilson como o passageiro de uma viagem no tempo, rumo aos inquietos anos 20 em sua nova e deliciosa comédia, “Meia-Noite em Paris”, que abriu o último Festival de Cannes.
Transformar Wilson, ator de algumas comédias muito duvidosas, como a recente Passe Livre, no intérprete convincente desta história criativa, aliás, foi a primeira mágica do diretor. Na pele do roteirista Gil Pendler, cujo sonho é trocar Hollywood pela literatura, o ator assume seu costumeiro ar entre ingênuo e abobado, que cai bem, no entanto, a um personagem que descobre por acaso essa porta fantástica no tempo, que lhe permite trocar figurinhas com uma lista invejável de alguns dos maiores artistas da História. Entre eles, Scott e Zelda Fitzgerald (Tom Hiddleston e Alison Pill), Ernest Hemingway (Corey Stoll), Gertrude Stein (uma impagável Kathy Bates), Pablo Picasso (Marcial Di Fonzo Bo), Henri Matisse (Yves-Antoine Spoto) e Salvador Dalí (uma breve e inspirada participação de Adrien Brody).
A porta mágica fica dentro de um calhambeque Peugeot, onde Gil embarca numa noite em que se perdeu pelas ruas de Paris – depois de deixar a noiva Inez (Rachel Adams) sair com outro casal de amigos, em que um deles é Paul (Michael Sheen), um pseudo-intelectual pedante que Gil simplesmente não aguenta mais ver pela frente.
Cabe a ninguém menos do que a primeira-dama francesa, Carla Bruni, abalar a pose de Paul, bem no momento em que ele montava um discurso com algumas imprecisões sobre a vida de Auguste Rodin. Carla interpreta a guia do museu da obra do célebre escultor, um dos locais mais belos de Paris, e tem três cenas no filme, duas ali mesmo, outra num banco diante da catedral de Notre-Dame.
Para quem ama Paris, como o diretor e a maioria da humanidade, o filme é um prazer desde as primeiras sequências, que percorrem alguns dos pontos cardeais da paisagem afetiva da cidade que já foi descrita como uma festa. Esse foi o título, aliás, de um livro do próprio Hemingway, um dos expatriados americanos em Paris que participam ativamente da fantasia viva de Gil.
É numa personagem fictícia, no entanto, Adriana (Marion Cottilard), musa de Picasso, que o filme sintetiza a fantasia romântica que abala Gil mais profundamente, levando-o a reavaliar seu noivado com Inez – a quem cabe, o tempo todo, a função de desmancha-prazeres do noivo sonhador.
Nenhum elemento desta boa receita funcionaria, no entanto, sem um equilíbrio entre a beleza, a poesia, o humor e umas pitadas de discussão sobre o sentido da vida, de estarmos aqui, nesta época, sonhando sempre com outra, geralmente no passado e que idealizamos o bastante para acreditar que foi melhor. Brincando com essa ideia simples, embalada em várias músicas de Cole Porter, “Meia-Noite em Paris” soa afinado como um violino e nunca esquece de fazer sorrir. Às vezes, faz rir muito das piadas com um perfume intelectual, nada pedante, que Woody sempre soube fazer tão bem.
Desta vez, ele acertou em cheio. Se bem que, para aproveitar mesmo a série de boas piadas do roteiro – entre elas, uma em que Gil sugere uma ideia cinematográfica a Luis Buñuel (Adrien de Van) -, o espectador precisa ter um mínimo de informação sobre esta rica galeria de artistas do passado encontrados neste benvindo túnel do tempo. Nada que o público habitual de Woody Allen não possa dar conta.
Vencedor do Oscar de Roteiro Original. Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Diretor (Woody Allen) e Direção de Arte.
(Midnight in Paris - 2011)
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O Corvo (1963)
O feiticeiro Dr. Erasmus Craven está em luto e sofrendo com a morte de sua esposa, Lenore, há mais de dois anos para o descontentamento de sua filha, Estelle. Em uma noite ao receber a visita de um corvo, o qual descobre ser outro mago,o Dr. Bedlo, que havia sido transformado em um duelo injusto segundo ele, Erasmus descobre que o fantasma de Lenore havia sido visto dentro do castelo de seu maior inimigo, o bruxo Dr. Scarabus. Cada um em sua busca pessoal eles se juntam a Rexford, o filho de Bedlo, e vão ao castelo de Scarabus onde são recebidos com uma hospitalidade obviamente falsa pelo bruxo. Tanto para Bedlo como para Erasmus e Rexford, aquele seria o cenário de uma guerra épica entre dois feiticeiros infalíveis e outro nem tanto, tudo levando a uma terrível descoberta.
(The Raven - 1963)
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Hannah e Suas Irmãs (1986)
O último e mais abrangente longa-metragem de uma primorosa série de filmes de Woody Allen que começou com "Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão", este filme, talvez inspirado em Bergman, mas com tonalidades que lembram Renoir, revela a influência dos dois mestres sobre Allen ao traçar as mudanças em vários relacionamentos complicados durante o espaço de um ano. Centrado, como alguns de seus outros filmes, na parte artística e privilegiada de Manhattan, o filme focaliza três irmãs (Mia Farrow, Barbara Hershey e Dianne Wiest), os parceiros das duas primeiras (Michael Caine e Max von Sydow), o ex-marido da primeira (Allen) e alguns amigos e colegas que entram em cena para complicar a ciranda romântica. O próprio Allen está menos à frente do que de hábito e sua neurose hipocondríaca habitual consome menos tempo e empatia do que Caine, que deixa de lado sua fidelidade a Farrow por conta de uma paixonite pela Hershey mais nova. Na verdade, um dos prazeres do filme é a maneira como Allen lida com o escopo da narrativa, maior do que o tradicional. Os personagens são, no mínimo, mais bem acabados do que os anteriores, mesmo quando a abrangência ampliada nos dá um sentido de um mundo maior que é externo ao outro mundo, o que constitui o núcleo ficcional do filme.
Em muitos aspectos, é claro, são as mesmas velhas situações, tipos, até mesmo as piadas antigas, e apesar disso há algo de Checov no filme: a delicada tristeza de vários dos dilemas emocionais, a consciência da dor muito real subjacente às piadas, o amargo e inevitável fato de a morte pairar subentendida no ar o tempo todo, enquanto Woody, o bobo da corte ansioso, encara questões médicas. As piadas não são apenas tiradas espirituosas, mas totalmente plausiveis em termos de personagens e enredo, fazendo justiça a um dos melhores elencos que Allen já reuniu. Ao contrário de outros filmes, sente-se em "Hannah e Suas Irmãs" um sincero tributo às boas coisas que quase fazem com que a vida valha a pena, ao invés da percepção de que a sensação foi forçada (embora Allen houvesse, de fato, chegado a pensar em um final mais sombrio). Um filme "de bem com a vida", no melhor sentido da expressão.
Vencedor de 3 Oscar: Ator Coadjuvante (Michael Caine), Atriz Coadjuvante (Dianne Wiest) e Roteiro Original.
Indicado nas categorias: Melhor Filme, Direção, Edição e Direção de Arte.
(Hannah and Her Sisters - 1986)
terça-feira, 5 de julho de 2011
A Era do Rádio (1987)
No início da Segunda Guerra Mundial em Nova York, uma simples família judia tem seus sonhos inspirados nos programas de rádio da época. Em virtude de ainda não existir televisão, as famílias se reuniam ao redor do rádio e cada membro da família tinha seu programa preferido.
Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Roteiro Original.
(Radio Days - 1987)
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segunda-feira, 4 de julho de 2011
De Ilusão Também Se Vive (1947)
“De Ilusão Também se Vive” é um trabalho surpreendentemente eficaz, baseado no romance de Valentine Davies. Andando pelas luxuosas ruas de Nova York, o doce senhor Kriss Kringle (Edmund Gwenn) é visto confirmando a uma criança que é realmente o verdadeiro Papai Noel. Pode parecer reconfortante, mas o velhinho também tem um incrível orgulho medieval: ao ver o Papai Noel da loja de departamentos Macy’s bebendo uísque em um desfile de rua, tira-lhe as renas e toma seu posto no trenó, de forma tão impressionante que a executiva da loja, Doris Walker (Maureen O'Hara), o contrata.
A fila para vê-lo aumenta impressionantemente, até que ele é processado por ser um impostor e é defendido por Fred Gailey (John Payne) que acredita na identidade do bom velhinho. Esse não é seu único julgamento, pois também tem de convencer a precoce Susan Walker (Natalie Wood), uma menina de seis anos, filha de Doris, de que ele é o verdadeiro Papai Noel, tendo de entregar-lhe um pai, uma casa e um irmão de presente de natal. Kris Kringle pode ou não ser o genuíno Papai Noel, mas acaba convencendo Susan de que as coisas nem sempre são aquilo que parecem ser.
“De Ilusão Também se Vive” é um filme filosófico. Como provar que Papai Noel existe? É uma coisa meio difícil – como o filme -, baseada em crença. O filme é notadamente feito para crianças, mas tem elementos suficientes para agradar toda a família. O apelo deve estar na figura de Papai Noel, muito bem interpretada por Edmund Gwenn, como um avô de fantasia – com o bolso sem fim.
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Edmund Gwenn), Roteiro e Roteiro Original. Indicado ao Oscar de Melhor Filme.
(Miracle on 34th Street - 1947)
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Anticristo (2009)
Com duas mutilações, morte de uma criança, sexo explícito, o aborto de um animal e uma raposa falante, “Anticristo” apresenta um cardápio variado para todos os paladares. Os elementos supostamente estranhos do filme podem parecer mero sensacionalismo e desviar o foco de algo mais interessante: até onde alguém pode chegar para lidar com a dor? A resposta: veja “Anticristo”. Von Trier criou o longa quando passava por uma depressão profunda e o filme realmente é o trabalho de alguém emocionalmente perturbado. Algumas pessoas livram suas neuras em sessões de análise. Outras, fazendo arte. Ainda bem que von Trier pertence ao segundo caso.
Esse drama psicossexual conta apenas com dois personagens, Ele (Willen Dafoe, que já foi o próprio Jesus no filme de Scorsese, A Última Tentação de Cristo) e Ela (Charlotte). Num belo prólogo, rodado em uma câmera ultralenta, num preto-e-branco límpido, eles transam enquanto o filho pequeno passeia pela casa e mergulha para a morte ao cair de uma janela – não sem antes derrubar pequenas estátuas de três mendigos, chamados de Dor, Luto e Desespero.
Combinando iguais doses de polêmica e genialidade, Von Trier cria imagens tão belas quanto assustadoras como essas que abrem o filme. Mas isso é só o começo. Ao longo de mais de 100 minutos, o longa será construído em cima de opostos, ele/ela, natureza/homem, escuridão/luz e, especialmente, imagens de uma beleza hipnótica contrastando com horrores de revirar o estômago.
A personagem feminina, Ela, é incapaz de lidar com a perda do filho e cai deprimida. O marido, que é psicanalista, pretende tratá-la. Isolados numa cabana numa floresta, chamada Éden (ironia, claro, pois o lugar está mais próximo do inferno), espera que ela supere a dor e o medo. Ele explica que o momento requer “a coragem de estar na situação que te apavora para ver que o medo não é perigoso”. Ela é uma intelectual estudiosa das maldades cometidas contra as mulheres ao longo dos séculos, especialmente o feminicídio – se alguém tem alguma dúvida do que é isso, von Trier o mostrará em close num momento climático.
Embrenhado no Éden infernal, o casal é abduzido por seus demônios pessoais, especialmente quando a natureza – para Ela, “a igreja do diabo” – se volta contra eles. Promovendo atividades para a ajudá-la a superar seu trauma, o marido não será poupado – embora ela culpe mais a si mesma pela morte negligente da criança. O sexo e o prazer sexual, para ela, estão claramente associados à morte, daí a justificava para as mutilações.
Em suas obras mais importante, como “Ondas do Destino” (1996) e “Dançando no Escuro” (2000), von Trier nos mostra que a bondade pode ser punida. Os personagens intrinsecamente bons pagam por sua generosidade. Em “Dogville” (2002) e, mais tarde, na sua sequência, “Manderlay” (2005), o diretor muda esse discurso. Os bons podem se tornar perigosos quando seus atos não são reconhecidos. Aqui, há uma subversão de tudo isso: o mal também é passível de punição.
A natureza é uma força devastadora, assim como uma mãe que sofre com a morte de seu filho. Como diz o trecho da ópera Rinaldo, de Handel, na abertura e encerramento do filme, a personagem feminina pede “deixe-me chorar pelo meu destino cruel (...), que a dor possa romper os laços da minha angústia”. É a personagem se punindo com um sofrimento ainda maior do aquele que ela não consegue superar. Ninguém deve subestimar uma mãe em luto – nem um cineasta depressivo.
(Antichrist - 2009)
sábado, 2 de julho de 2011
Transformers: A Vingança dos Derrotados (2009)
Diante de um robô gigantesco – na verdade, um alienígena – um militar atônito se pergunta, apontando para a geringonça: “Se Deus nos fez à imagem e semelhança Dele, quem fez isso aí?”. Essa mesma perplexidade que passa pela cabeça do personagem pode atingir algumas pessoas durante “Transformers: A Vingança dos Derrotados. Dirigido por Michael Bay que traz no currículo além do primeiro “Transformers” (2007) também “A Ilha” (2005) e “Pearl Harbor” (2001), o longa investe pesado nas cenas de ação e destruição, deixando de lado qualquer fiapo de história ou personagens que pudessem distrair a atenção do público. Este é, aliás, um diretor que já demonstrou gosto por pancadaria e correria pelo simples fato de fazer piruetas com a câmera e usar cortes rápidos – alguns mais rápidos do que um piscar de olhos. Por isso, não existe muita diferença entre ver um embate entre dois Transformers – o que acontece mais vezes do que o necessário ao longo das infindáveis duas horas e meia de filme – e um engavetamento numa rodovia qualquer.
Com seus malabarismos e pirotecnias, ironicamente, Bay dificulta que se aprecie o que em princípio seria o forte de “Transformers: A Vingança dos Derrotados”: os efeitos visuais. É tudo tão rápido que em nenhum momento ele se dá ao trabalho de revelar os detalhes. O que lhe interessa são latarias gigantescas se atracando, perto das quais os humanos somem de tão pequenos e inúteis.
Personagens continuam a não ter muita função no segundo longa da série. O protagonista-humano é o jovem Sam Witwicky (Shia LaBeouf, de “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”), que no primeiro filme, ao lado dos Autobots (os Transformers do bem, por assim dizer) salvaram o mundo dos Deceptions (os Transformers do mal). Ele tem um carro amarelo, seu ‘robô-guardião’, que atende pelo nome simpático de Bumblebee.
Sam está de partida para a faculdade e abandonará não apenas os pais, como seu carro e sua namorada, Mikaela (Megan Fox, de “Um Louco Apaixonado”), com quem pretende manter um relacionamento pela internet. Mas ele tem problemas mais sérios desde que tocou um pedaço do Cubo. Além de provocar-lhe distúrbios mentais, o incidente desperta Transformers adormecidos. Agora, Sam passa a ter visões com símbolos estranhos, que ele não identifica mas os Deceptions sabem ser um código que influenciará numa batalha entre os bonzinhos e os vilões.
Essa perseguição que os Decpections promovem contra Sam impulsiona as cenas de briga e transformação dos carros em robôs. Eletrodomésticos também ganham vida quando expostos a algum fragmento do Cubo, proporcionando ao liquidificador a possibilidade de vingar-se dos anos que passou apenas batendo maionese ou fazendo vitaminas. Esses Transformers que estão entre os humanos há anos são protegidos por uma equipe militar especializada, que inclui entre seus membros Josh Duhamel (Turistas).
A partir de um roteiro que leva a assinatura de três escritores, Bay faz as suas pirotecnias de costume, com a câmera girando em 360º, às vezes, lentamente também. Da mesma forma, recorre eventualmente à pieguice que lhe é típica quando tenta injetar drama ou romance ao enredo. Fora isso, além de destruir Xangai e o Cairo, aparentemente só pelo prazer de ver as criaturas acabando com as cidades, “Transformers: A Vingança dos Derrotados” é um típico fruto de sua época, com militares norte-americanos intervindo em qualquer guerra e jovens ultrainteligentes do mesmo país salvando o mundo. Se há um subtexto político no longa, porém, ele logo é enterrado. Alguém menciona de passagem que durante o cataclisma, que “o presidente Obama escondeu-se num bunker no meio dos Estados Unidos”.
Indicado ao Oscar de Melhor Som.
(Transformers: Revenge of the Fallen - 2009)
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Eu e o Cara da Piscina (2011)
O filme “Eu e o Cara da Piscina” conta a história de Guilherme, um menino que sente-se atraído por seu melhor amigo, mas tem medo de dizer isso a ele. Através da internet, ele descobre uma maneira de concretizar o seu desejo.
O curta-metragem, que fala sobre a relação de dois jovens garotos e seus desejos mais íntimos em torno de uma piscina, além do prêmio de melhor direção, levou, também, os prêmios de melhor montagem para Denise Marchi e melhor direção de arte para Lívia Santos.
(Eu e o Cara da Piscina - 2011)
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Bailão (2009)
A memória de uma geração visitada por seus personagens. O cenário é o centro de uma grande cidade; o enredo a urgência da vida. E o Bailão o ponto de convergência dessas histórias.
(Bailão - 2009)
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Um Amor na Trincheira (2003)
Este filme é baseado na história real do soldado Barry Winchell que se apaixona pela transexual Calpernia Addams e é assassinado pelos colegas de quartel.
(Soldier's Girl - 2003)
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