segunda-feira, 25 de julho de 2011
A Bela Junie (2008)
O diretor Christophe Honoré (Em Paris, Canções de Amor) continua firme no seu esforço de reciclagem do cinema francês recente. Desta vez, ao lado do experiente roteirista Gilles Taurand, ele se empenha numa revisita a um clássico da literatura do século 17 - A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette – para extrair livremente o argumento deste drama romântico ambientado numa escola de classe média em Paris.
A chegada de uma nova aluna, a bela Junie (Léa Seydoux), abala a rotina. Prima de Mathias (Esteban Carvajal-Alegria), ela decidiu mudar de escola para enfrentar a depressão causada pela morte recente da mãe. No novo ambiente, a garota bonita e reservada causa paixões.
Menina que parece difícil de contentar, afinal ela aceita o pedido de namoro do mais tímido de seus pretendentes, Otto (Grégoire Leprince-Ringuet). Mas eles parecem feitos de natureza muito diferente. E Junie também atrai a paixão de um de seus professores, Nemours (Louis Garrel).
Italiano e professor de música, o não menos belo Nemours também desperta paixões tanto entre professoras quanto alunas – e costuma corresponder à maioria, não raro ao mesmo tempo. Junie parece afetá-lo de outra forma, especialmente porque não se mostra disposta a ceder à atração que também sente por ele.
Como sempre nos filmes de Honoré, a presença da música é ostensiva. Aqui, é carregada pelas baladas do cantor e compositor Nick Drake – que têm muito a ver com o clima e a trama. O ambiente coletivo da escola, afinal, é tão personagem quanto cada um dos alunos, cujos afetos, invejas e disputas estouram a todo momento.
O incidente envolvendo uma carta perdida, que remete a uma intriga que até então passou despercebida, lembra a origem da história no romance do século 17 e também espalha um aroma de Eric Rohmer. Tanto quanto a fragilidade do amor remete o tempo todo a François Truffaut, assim como a câmera fluida, colocada no trajeto dos personagens nos corredores e ruas de Paris.
Honoré aposta demais no belo rosto de Lea Seydoux para traduzir seu enigma e esta é justamente a maior fraqueza da história. A musa, catalisadora das paixões, afinal, precisaria de mais estofo dramático para ter plena expressão – inclusive mais e melhores falas. É um filme voyeur, que se enamora da indiscutível beleza de seus personagens e procura captar a fluidez da adolescência. Mas se contenta com bem pouco.
(La Belle Personne - 2008)
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