quinta-feira, 18 de abril de 2013

Alfie - O Sedutor (2004)


Ele é bonito e atraente e sua maior motivação é conquistar as mulheres. Gaba-se de seu irresistível charme e seus "certeiros" métodos de sedução. Mas, claro, tem pavor de compromisso. Esse é Alfie, personagem interpretado pelo bonitão Jude Law no filme "Alfie, O Sedutor", de Charles Shyer. Se este estereótipo de homem é comum nos dias de hoje, é sinal que, apesar das transformações culturais, ele resiste ao tempo. Aliás, essa é a premissa do próprio filme, remake de "Alfie, Como Conquistar as Mulheres", de 1966.

Na nova versão, a história foi transferida de Londres para uma agitada Manhatan, mas sem perder a principal característica: a do garanhão que narra e partilha com o espectador seus relacionamentos, dúvidas e angústias, seguindo o modelo da peça teatral em que se baseia, de autoria de Bill Naughton. Logo na primeira cena, Alfie nos conta suas artimanhas usadas no jogo da sedução, como por exemplo, a maneira ideal de usar um perfume e combinar um terno cinza com uma camisa rosa.

Com seu jeito de galã inglês, ele não tem escrúpulos para escolher seus pares. Pode ser a namorada do melhor amigo (Nia Long), uma moça casada (Jane Krakowski), uma mãe solteira (Marisa Tomei), ou ainda uma mulher mais madura (Susan Sarandon). Para Alfie o importante é seduzi-las e satisfazer seu desejo.

Alfie julga essas mulheres descartáveis, mas acredita também que são um "meio" para que ele possa subir na vida. Todavia, os acontecimentos revelam o oposto, como uma espécie de "a vida cobra" ou "você colhe o que planta". É aí que Alfie entra em conflito e começa a rever suas relações. As crises vão desde um período de impotência causado por estresse emocional até uma revisão mais profunda de sua conduta.

Vale ressaltar que esse tema ganha uma atualização muito mais leve e divertida do que a fita original. O personagem da década de 60, interpretado por Michael Caine (papel que o levou à primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator), era bem mais pernicioso do que o atual. Perde-se o cafajeste e aparece o descomedido. O Alfie de agora é simpático e suas confusões parecem mais ligadas a uma imaturidade emocional. Se esse foi um recurso do diretor para abraçar o gênero comédia romântica, acertou. As cenas pesadas do primeiro filme foram amenizadas, como as que falavam de temas como o aborto e a paternidade. Mesmo que nos dias de hoje o modus vivendi mais livre - dada a maior liberdade sexual - seja mais comum, quem faz parte deste grupo e morre de medo de compromissos pode sair do cinema com um desconforto: a constatação de que o tempo passa.

(Alfie - 2004)

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