sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Guardiões da Galáxia (2014)


"Guardiões da Galáxia" é bem diferente de tudo que se viu nos últimos anos em termos de filmes de heróis baseados em quadrinhos. Ao mesmo tempo, ainda assim, não deixa de ser familiar. É aí que está a maior graça dessa comédia de ação e viagem espacial: não se levar a sério.

Ao centro, está o único humano da trupe, Peter Quill, que se autodenomina Senhor das Estrelas. Interpretado por Chris Pratt, ele é uma espécie de aventureiro mercenário galáctico, que vagueia pelo espaço em busca de relíquias que possa roubar e vender. O ponto de partida é o roubo de uma esfera poderosa, disputada por Ronan (Lee Pace).

A cena acontece ao som de “Come and Get Your Love”, da banda Redbone, que junto com outros clássicos dos anos 70 (Elvis Bishop, David Bowie, 10cc, The Jackson 5, Rupert Holmes) está numa fita cassete chamada Awesome Mix Tape 1, que a mãe de Quill lhe deixou antes de morrer, no prólogo do filme. Não por acaso, um obsoleto walkman é o bem mais precioso do rapaz – mais até do que a rentável esfera, cujos poderes, ainda desconhecidos, são cobiçados pelos poderosos do universo.

Para proteger a sua vida e o universo, Quill se une à alienígena Gamora (Zoe Saldana), o fortão Drax (Dave Bautista), Rocky Racum, um guaxinim geneticamente modificado e ciberneticamente aprimorado (dublado por Bradley Cooper) e Groot, uma espécie de árvore ambulante, capaz de se regenerar (dublado por Vin Diesel).

O excesso de personagens – quem é extraterrestre? quem é mutante? e vilão? – às vezes atrapalha, mas Gunn sabe como lidar ao manter a ação sempre girando em torno da relíquia misteriosa. Algumas participações parecem apenas uma introdução para as próximas sequências: como Glenn Close, uma conselheira da paz, ou coisa parecida, e Benicio Del Toro, chamado aqui de Colecionador, que mais parece um Liberace do espaço.

Nenhum dos coadjuvantes, no entanto, é uma ameaça concreta ao quinteto de protagonistas. Pratt se estabelece como herói, mas, num contexto bastante diferente do herói clássico, seu humor é genuíno. O ar de bad boy (um garoto humano raptado por uma nave após a morte da mãe) cabe ao personagem. Enquanto a dupla Rocky e Groot forma uma parceria inseparável, e Cooper está muito bem como dublador do roedor. Ajuda muito também o fato das duas figuras computadorizadas beirarem a perfeição e estarem bem inseridas na trama, assim como o dilema do guaxinim, que, em certos momentos, parece esquecer que não é humano.

"Guardiões da Galáxia" pode, ser no fundo, apenas uma fantasia de Quill, que tenta superar a perda da mãe. Mas, aos poucos, transforma-se numa ópera cômica espacial que nunca se leva a sério e até faz um comentário pertinente sobre a convivência harmônica entre seres de diversas origens.

Nomeado ao Oscar de Maquiagem e Efeitos Visuais.

(Guardians of the Galaxy - 2014)

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