domingo, 6 de março de 2016
Mistress América (2015)
Em ¨Mistress América¨, Tracy (Lola Kirke) é caloura na faculdade, não tem amigos e está em uma cidade estranha, Nova Iorque. Tracy não é o que se pode chamar de aluna aplicada, mas tem uma ambição: entrar para um grupo seleto de escritores formado pelos próprios alunos da faculdade onde estuda, mas para isso ela precisa de uma boa história. Na sua primeira tentativa não foi aceita e desanimada ela liga para a mãe que a incentiva a encontrar sua futura-meia-irmã, Brooke (Greta Gerwig) – o pai de Brooke irá se casar em breve com a mãe de Tracy -, que também mora em Nova Iorque, é mais velha, e pode mostrar algumas coisas da cidade para ela.
Mesmo um pouco sem graça, Tracy marca de se encontrar com ela, e para a sua surpresa, Brooke é a personificação de tudo o que Tracy gostaria de ser, ela é moderna, popular, bem sucedida, divertida e autossuficiente. Todavia, não demora muito para que Tracy perceba que a pessoa que Brooke aparenta ser, na verdade, não existe. Brooke é uma construção dela mesma.
Em tempos de redes sociais, aparentes “vidas perfeitas”, ou o que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chama de Modernidade Líquida, o diretor Noah Baumbach parece ser bastante cínico a respeito dessa geração de pessoas que nasceram no meio de onde é mais importante mostrar para os outros que você é tudo o que eles gostariam de ser, ao invés de aceitar a realidade e tentar ser uma versão melhor de si mesmo com o que se tem.
De forma até mesmo caricata, os personagens de ¨Mistress América¨ nos fazem rir das situações em que se encontram no filme, e também pela relação que há entre eles. Desta forma, mesmo que aparentemente Tracy e Brooke sejam amigas, a diferença de idade entre elas faz com que sejam pessoas completamente diferentes. Noah Baumbach nos traz no filme o retrato de um adulto que acabou de passar dos 30 anos, mas que ainda não se sente forte o suficiente para encarar essa nova realidade, e que por ironia do destino acaba aceitando-a por consequência de experiências com pessoas mais novas. E é exatamente neste ponto que me identifico...
(Mistress America - 2015)
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