domingo, 1 de agosto de 2010

Shrek Para Sempre (2010)


Shrek está cansado! E não parece estar sozinho. Em seu novo filme, “Shrek para Sempre”, o quarto da série, o ogro enfrenta uma séria crise da meia-idade, enquanto seus roteiristas e diretor enfrentam uma crise de criatividade. O longa consegue ser um pouco melhor do que o terceiro, lançado em 2007, mas, ainda assim, passa um tanto longe da magia, sagacidade e originalidade do primeiro filme, de 2001.

Em Shrek para sempre há algo de errado no Reino de Tão Tão Distante. Afinal, não faz muito sentido um filme infantil que tem como tema central a crise da meia-idade. Em todo caso, o novo Shrek segue a linha dos dois últimos filmes, ou seja, vai pela cartilha da animação fofinha, com uma piadinha aqui e outra ali, dezenas de referências pop e olho grande na bilheteria.

O que o primeiro filme trazia de inovador, de audacioso ao revirar o mundo dos contos de fadas e, por consequência, da mentalidade dos desenhos da Disney perdeu-se ao longo de quase 10 anos. Embora os quatro filmes mantenham uma forte identidade visual, a audácia já não faz parte do repertório.

A história, creditada a Walt Dohrn – que também dubla o vilão na versão em inglês –, pega emprestado o mote central de A felicidade não se compra, com a pergunta: como seria o mundo se Shrek não tivesse beijado Fiona? A resposta vem do acordo que Shrek (voz de Mike Myers, de Bastardos Inglórios, na versão legendada) faz com o traiçoeiro Rumpelstiltskin – um personagem cooptado de um conto dos irmãos Grimm. Aqui, ele é conhecido por seus acordos com letras minúsculas no rodapé, que, no final das contas, transformam-se em grandes problemas.

Durante a festa de um ano de seus três filhos, Shrek surta. Está cansado de ser marido, pai, motivo de zombaria e não assustar mais ninguém. E enquanto vaga sem rumo encontra Rumpelstiltskin, Rumple, para os íntimos. Seu acordo consiste em dar ao ogro novamente um dia de glória, como ele tinha no passado, aterrorizando pessoas e correndo como uma fera doida por aí. Em troca, Shrek dá outro dia de sua vida. Nesse acordo mefistofélico, porém, Rumple consegue reverter toda a história. Shrek não beija Fiona, portanto, ela continuará a sofrer sua maldição (princesa durante o dia, ogra durante a noite). E o próprio Rumple se torna rei de Tão Tão Distante, transformando o local, que parece viver numa eterna Idade Média, num Halloween eterno, um paraíso para bruxas e outras criaturas malignas.

Os ogros vivem no subterrâneo e Fiona (no original dublada por Cameron Diaz, de A caixa) é uma espécie de líder da resistência, que vive planejando uma revolta para tomar o poder. O Gato de Botas (Antonio Banderas, de “A lenda do Zorro”) está mais gordo do que nunca e é seu confidente.

Com esses elementos, o diretor Mike Mitchell (Super-escola de heróis) extrai uma animação meio engraçada, meio sonolenta, às vezes exageradamente emocional, que quase nunca faz lembrar o primeiro filme. Intacta na série parece estar apenas a trilha sonora, com canções pop, com destaque para “Top of the world”, na versão original dos Carpenters, usada na cena quando Shrek recupera o seu ‘mojo’, como diria Austin Powers, outro personagem imortalizado por Myers.

(Shrek Forever After - 2010)

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