quinta-feira, 29 de março de 2012
Disque Butterfield 8 (1960)
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é atormentada por contraditórios impulsos de consciência e desejo. Vitimada por uma experiência traumática no início da adolescência, por uma mãe que se recusa a encarar os fatos, mas acima de tudo por sua própria moral irresponsável, ela vai de um caso ilícito até outro. Até que de repente ela se apaixona realmente por Weston Liggett (Laurence Harvey), um homem casado que tem vários tipos de problemas.
Elizabeth Taylor venceu o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação "Disque Butterfield 8" que também fora indicado ao prêmio de Melhor Fotografia.
(Butterfield 8 - 1960)
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terça-feira, 27 de março de 2012
A Invenção de Hugo Cabret (2011)
Sinceramente, para mim, entre os filmes que vi até agora, "A Invenção de Hugo Cabret" foi o melhor filme que concorreu a algum Oscar neste ano de 2012. Fiquei tão envolvido com esta história que meus olhos encheram-se de lágrimas! Filme incrível e envolvente, principalmente para aqueles que querem conhecer um pouco da história do cinema.
Após a morte de seu pai em um incêndio no museu onde trabalhava, Hugo passa a viver em uma estação de trem, onde tem por função dar cordas nos relógios daquele local. O pai de Hugo era relojoeiro e antes de morrer estava consertando com Hugo um boneco autômato. O pequeno Hugo acredita que caso consiga consertar o boneco, receberá uma mensagem de seu pai e assim não mais se sentirá sozinho. Para suprir as peças que faltam para consertar o autômato, Hugo comete pequenos furtos em uma loja de brinquedos da estação, e é lá que ele conhece o Papa Georges, ninguém menos que Georges Méliès.
É aí que nós, telespectadores, nos deliciamos na história da vida de Méliès. Na história do filme, era ele o antigo dono do autômato, e a mensagem escrita por ele era o desenho da lua de seu curta de 1902 "Viagem à Lua". Eu só assisti a este filme de Méliès e fiquei maravilhado com a visão deste diretor, ele tem uma lista de mais de 500 filmes, todos curta-metragem, que certamente devem valer a pena serem vistos. Mas, ver Hugo Cabret já é se deliciar um pouco com os filmes de Méliès! Só queria saber quais os fatos são reais e quais são ficção em Hugo Cabret, mas deixarei minha imaginação se desenvolver enquanto não descubro a verdade...
Vencedor de 5 Oscar: Direção de Arte, Fotografia, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Visuais. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Direção (Martin Scorsese), Figurino, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado.
(Hugo - 2011)
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Funny Girl - A Garota Genial (1968)
Não entendi como este filme, tão belo visualmente, não foi indicado ao Oscar de Direção de Arte e Figurino, para mim, os pontos fortes desta produção. Nem mesmo a interpretação de Barbra Streisand foi tão boa para merecer um Oscar. Além disso a história do filme é meio água com açúcar: cantora fica famosa e rica e se apaixona por um homem viciado em jogo... meio banal...
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Barbra Streisand; prêmio compartilhado com Katharine Hepburn). Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Kay Medford), Fotografia, Edição, Música, Trilha Sonora e Som.
(Funny Girl - 1968)
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sexta-feira, 23 de março de 2012
Alta Sociedade (1956)
Uma atuação em forma de musical da comédia romântica da classe alta de George Cukor, "Núpcias de Escândalo", "Alta Sociedade" une os talentos melódicos imbatíveis de Bing Crosby, Frank Sinatra e Louis Armstrong com a beleza de Grace Kelly em seu último papel no cinema antes de abandonar Hollywood e se tornar a princesa Grace de Mônaco.
A gélida e mimada Tracy (Kelly) está prestes a se casar com George (John Lund), um galã chato e previsível, porém, às vesperas das núpcias, seu ex-marido Dexter (Crosby) retorna para tentar impedir o casamento. A tiracolo para registrar as frivolidades do evento social do ano estão os jornalistas Liz (Celeste Holm) e Mike (Sinatra), com o gigante do jazz Armstrong (interpretando a si mesmo) oferecendo uma espécie de coral grego, deixando a plateia a par das confusões afetivas de Dexter e Tracy.
Seguindo inúmeros musicais hollywoodianos da década de 40 e do começo dos anos 50 que eram repletos de complexos musicais, o diretor Charles Walters encaixa perfeitamente nove interpretações básicas de canções de Cole Porter no filme, sem deixar que elas o dominem. Armstrong começa cantando "High Society", que explica a trama, do banco de trás da limusine lotada que divide com sua banda, enquanto a clássica "Who Wants to be a Millionaire" é cantada animadamente por Sinatra e Holm sozinhos em um quarto cheio dos vários presentes de casamento extravagantes de Tracy. Uma comédia musical leve, pueril e atemporal.
Indicado ao Oscar de Melhor Canção e Trilha Sonora.
(High Society - 1956)
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quinta-feira, 22 de março de 2012
O Discreto Charme da Burguesia (1972)
Particularmente não gostei deste filme, não entendi seu propósito e não encontrei um texto no qual o explicasse. O motivo pelo qual o tenha visto foi simplesmente pela sua premiação pela academia e por ser citado entre os 1001 filmes... Segue a crítica do livro:
“O Discreto Charme da Burguesia”, a obra prima cômica de Luis Buñuel – sobre três casais prósperos que tentam, mas nunca conseguem, sentar e comer juntos – é possivelmente o mais bem acabado e executado de todos os seus filmes franceses da última fase. O filme prossegue com interrupções diversas, digressões e interpolações que identificam os personagens, a sua classe e sua aparente indestrutibilidade com os processos de ilusão e continuidade da narrativa.
Uma coisa que torna “O Discreto Charme da Burguesia” encantador, apesar de seu radicalismo, e que ajudou Buñuel a ganhar seu único Oscar (pesquisei e descobri que Buñel, apesar de ter sido indicado duas vezes ao Oscar, não ganhou nenhuma estatueta, acredito que o que o autor quis dizer é que este filme ganhou o Oscar, não o diretor), é o elenco perfeito, no qual muitos dos artistas trazem associações quase míticas de filmes prévios. Desta forma, Delphine Seyrig nos faz pensar em “O Ano Passado em Marienbad (1961)”, Stéphane Audran evoca a alta burguesia do período intermediário de Claude Chabrol, a neurótica de Bulle Ogier se parece com uma versão leve e cômica da personagem louca interpretada por ela em “L’Amour Fou (1969)”, e mesmo Rey traz à mente “Operação França (1971)” quando exibe um pouco de cocaína.
Um pouco depois de este filme ter sido indicado ao Oscar, Buñuel foi entrevistado por repórteres em um restaurante mexicano e, quando lhe perguntaram se esperava ganhar, a sua resposta foi imediata: “É claro. Já paguei os 25 mil dólares que eles queriam. Os americanos podem ter seus pontos fracos, mas costumam cumprir as suas promessas”.
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Indicado ao Oscar de Roteiro Adaptado.
(Le Charme Discret de la Bourgeoisie - 1972)
quarta-feira, 21 de março de 2012
Viagem Insólita (1987)
Piloto participa de projeto secreto em que ele e sua nave são miniaturizados. Acidentalmente, ele acaba injetado no corpo de rapaz hipocondríaco, que acredita estar possuído por espírito maligno. A ideia foi inspirada no clássico da ficção científica ''Viagem Fantástica'', feita em 1966 por Richard Fleischer.
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais.
(Innerspace - 1987)
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sábado, 17 de março de 2012
A Árvore da Vida (2011)
Em sua interrogação cósmica sobre a origem do universo e o sentido da vida humana, “A Árvore da Vida” nunca esconde suas altas ambições. É um tipo de pensamento filosófico, portanto, que guia este roteiro que situa em seu centro o personagem Jack (interpretado na maturidade por Sean Penn, na adolescência por Hunter McCracken).
A narrativa, em boa parte, é uma viagem às memórias de Jack, que visitam particularmente a infância passada em Waco, Texas. Nessa infância, os protagonistas são a mãe (Jessica Chastain), o pai (Brad Pitt) e os irmãos menores, um dos quais morreu adolescente.
Essa morte do irmão assombra Jack e é um dos motores a levá-lo a uma indagação maior sobre o sentido do mundo e a existência de Deus, pois é certamente num mundo impregnado de cristianismo que ele cresceu. Mas, dentro de seu coração, lutam os dois caminhos que o filme aponta desde o começo como as margens do curso da vida: o caminho da graça (encarnado pela mãe) e o da natureza (simbolizado pelo pai).
Este microcosmo representado por esta família, que é um protótipo da América dos anos 50, mas não só – pode ser vista como um modelo de família de qualquer parte do mundo ocidental – é inserido no macrocosmo do mundo natural. Assim, as imagens de “A Árvore da Vida” levam não só Jack como todos os espectadores a visualizarem uma viagem no tempo, à origem da vida no planeta, com direito à passagem dos dinossauros.
Em sua parte central, o filme divaga por esplêndidas imagens de natureza, como uma erupção do Etna, as geleiras da Antártida, os oceanos, diversos animais. Essas imagens fazem sentido dentro daquilo a que a história se propõe, reavaliar a trajetória de um homem, um homem qualquer, por suas perguntas sobre si mesmo e sobre a vida.
Se há um perigo a respeito de “A Árvore da Vida” é ser interpretado como um filme religioso, o que não é. Sem dúvida, a religião faz parte da própria formação dos personagens. Entretanto, se o filme de Malick tem algum fundo espiritual, ou seja, anseia explorar além da matéria, é muito mais filosofia do que religião. Mas sempre haverá quem pense o contrário, especialmente numa sequência em que Sean Penn revê os personagens de seu passado numa praia. Aí, porém, a psicanálise parece uma referência melhor.
A “Árvore da Vida” é um filme belo, intenso e raro, pelo arco que se dispõe a atravessar, pelas camadas de sentido que suas imagens quase hipnóticas conseguem desdobrar a cada visão, ao mesmo tempo que criando personagens de uma densidade impressionante, capaz de torná-los simbólicos e transcendentes, universais ao menos no hemisfério ocidental.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Direção (Terrence Malick) e Fotografia.
(The Tree of Life - 2011)
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Missão Madrinha de Casamento (2011)
Eis que o namorado de Lilian (Maya Rudolph), Dougie (Tim Heidecker), a pede em casamento. Foi tão inesperado que ela, na verdade, achava que ele queria terminar tudo. Na verdade, ele só estava criando coragem para fazer a pergunta que ela tanto queria ouvir, e responder sim. Claro que a melhor amiga da noiva, Annie (Kristen Wiig), vai ser a principal madrinha de casamento, uma espécie de dama de honra.
O casamento de Lilian toma proporções que talvez nem a noiva quisesse, tudo por conta da megalomaníaca Helen (Rose Byrne), mulher do patrão de Dougie, que toma as rédeas da produção da cerimônia e rouba o posto de Annie como melhor amiga da noiva.
O que há de mais subversivo nessa comédia, é que, ao contrário da maioria dos filmes sobre casamento, as personagens femininas não estão em segundo plano, não são o detalhe, o degrau para que os noivos e seus amigos sejam os protagonistas, os caras engraçados. Aqui, os homens são mero acessório – quase uma desculpa. O filme é delas.
Kristen e Maya mostram que são capazes de transitar até por um humor beirando o escatológico, como algumas cenas de vômito e desinteria, depois de um almoço num restaurante brasileiro. É bom esclarecer antes que alguém reclame: o garçom do estabelecimento fala espanhol, mas isso não é desinformação do filme, na verdade é um detalhe que comprova o quanto é ruim este estabelecimento.
Além de Annie e Helen, o time das madrinhas é formado por Rita (Wendi McLendon-Covey), que já perdeu a paixão pelo marido e vive infernizada pelos filhos; Becca (Ellie Kemper), recém-casada e meio infantilizada, tanto que sua lua-de-mel foi na Disney; e Megan (Melissa McCarthy), irmã de Dougie. Cada uma delas é engraçada e bastante humana à sua maneira. O filme dá-se ao trabalho de delinear um perfil de cada uma delas, sem cair em estereótipos rasos ou justificativas para comportamentos. Elas são assim porque a vida as tornou assim. Juntas, elas riem, choram, brigam e acertam as diferenças.
Embora um casamento seja esperado como o clímax do filme, “Missão Madrinha de Casamento” vai corajosamente contra o padrão vigente de Hollywood no qual a mulher só pode ser feliz depois de se casar de véu e grinalda. O fato de Annie ser solteira não é causa dos seus problemas, nem tampouco o seu maior problema. A solteirice da protagonista é apenas um estado transitório – assim como ser madrinha de casamento.
Indicado ao Oscar de Atriz Coadjuvante (Melissa McCarthy) e Roteiro Original.
(Bridesmaids - 2011)
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Mickey Olhos Azuis (1999)
Michael Felgate (Hugh Grant) está apaixonado pela primeira vez na vida. Diretor de uma casa de leilões em Nova York, este inglês mal sabe aonde acaba de se meter.
Ao pedir a mão de Gina (Jeanne Tripplehorn) em casamento, recebe um sonoro ''não''. Inconformado, segue a moça até o restaurante de seu pai, Frank Vitale (James Caan). Descobre então, o porquê da recusa. Seu pai é um mafioso, e casar com ela significa entrar para a ''famiglia'', o que Gina gostaria de evitar para o bem de Michael.
Começam uma série de gags que envolvem a diferença cultural ítalo-americana e inglesa, além das óbvias referências aos filmes sobre mafiosos e seu estilo de vida.
(Mickey Blue Eyes - 1999)
segunda-feira, 12 de março de 2012
O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962)
Desde que ouvi falar em “O Que Terá Acontecido a Baby Jane” tive vontade de assisti-lo. Acho que pela interpretação de Bette Davis e também pelo estilo sombrio do filme. E realmente, o filme é um clássico, muito bom mesmo, e vale muito a pena ser visto e até mesmo revisto!
“Uma fatia épica de grand guignol à moda de Hollywood, que amplia consideravelmente o lado grotesco presente em “Crepúsculo dos Deuses” ao apresentar duas envelhecidas grandes damas do cinema que se destroçam, no sentido metafórico, no interior de uma mansão decadente. Baseado no livro de Henry Farrell e dirigido com humor negro por Robert Aldrich, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane” serve como veículo notável para o talento de Joan Crawford, no papel da superestrela dos anos 30 presa à cadeira de rodas e à mercê da irmã maluca. Bette Davis, no papel título, é uma artista mirim, agora na meia idade, que insiste em vestir o antigo figurino, cantar seu único sucesso (I’ve Written a Letter to Daddy) e ainda sonha com uma volta triunfal. O enredo se desenvolve em torno do acidente que deixou Blanche (Crawford) aleijada no auge da fama, muitos anos atrás, e desemboca em revelações verdadeiramente surpreendentes. Mas o prazer perverso proporcionado pelo filme advém do observar duas deusas da tela trocando farpas e veneno. E ainda há espaço para os coadjuvantes Maidie Norman, a descuidada empregada da casa, e Victor Buono, um oportunista que se candidata à vaga de acompanhante de Jane ao piano. Momento preferido: Bette servindo um rato cozido para Joan no jantar.”
Vencedor do Oscar de Figurino. Indicado ao Oscar de Melhor Atriz (Bette Davis), Ator Coadjuvante (Victor Buono), Fotografia e Som.
(What Ever Happened to Baby Jane? - 1962)
Tão Forte e Tão Perto (2011)
A tragédia das Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 é o pano de fundo da história sentimental de “Tão Forte e Tão Perto”.
A jornada central é do menino Oskar Schell (Thomas Horn). Aos 11 anos, ele sofre a morte do pai (Tom Hanks) no World Trade Center. Por mais que tente, a mãe, Linda (Sandra Bullock), não consegue comunicar-se com o filho, que ignora o quanto a magoa por essa espécie de indiferença emocional. É como se ele rejeitasse o fato de ter sido ela a sobrevivente, não o pai, que se ocupava tanto dele, criando uma infinidade de brincadeiras e tarefas criativas para a mente inquieta do menino – que pode ter a síndrome de Asperger, um distúrbio que afeta a socialização.
Para lidar com a dor da perda paterna, um trauma que tem sérias dificuldades para expressar, Oskar desenvolve sistemas engenhosos. Primeiro, montando uma espécie de oratório em sua homenagem, do qual consta, sinistramente, a gravação na secretária eletrônica que registrou as últimas ligações do pai, preso no World Trade Center em chamas – e que o menino escondeu da mãe. Depois, elaborando uma complexa estratégia para descobrir a serventia de uma misteriosa chave, encontrada no armário do pai.
A chave se encontrava num pequeno envelope, em que estava escrita a palavra “Black”. Oskar decide, então, empreender uma busca detetivesca pela cidade de Nova York. Na lista telefônica, encontrou 472 pessoas com o sobrenome Black, que passará a procurar daí em diante. Tudo sem informar à mãe, que aparentemente não sabe de nada.
O plano de Oskar parece bem arriscado, não só pelo tamanho da tarefa, como pelo fato de que decidiu cruzar a grande cidade a pé, sem usar transporte público, em busca dos Blacks. O risco de ser rechaçado é outro, mas já na primeira visita, a Abby Black (Viola Davis), parece que não será este o problema. Apesar de estar sendo abandonada naquele instante pelo marido, William (Jeffrey Wright), e debulhada em lágrimas, ela acolhe o menino. Mas não tem nenhuma informação sobre a chave.
A busca prossegue, infrutífera, enquanto Oskar vai aos quatro cantos da cidade, sem ser tocado por qualquer perigo, nem propriamente maltratado por ninguém. De repente, ele ganha até um companheiro de investigação, o misterioso inquilino de sua avó (Max von Sydow). Por algum motivo, ele não fala. Comunica-se por escrito e especialmente pelas mãos, numa das quais já escreveu “sim”, na outra, “não”.
Todos estes detalhes exóticos estabelecem um clima de fábula, que poderia funcionar melhor, caso contassem com uma disposição mais enxuta e fluente, ou uma preocupação menor do diretor de criar um clima edificante. Do modo como foi escrita e conduzida, a narrativa se artificializa cada vez mais, deixando escapar o drama real e profundo da desestruturação desta família por uma tragédia absurda, que atingiu milhares de outras em Nova York.
Mais simplicidade, mais intensidade soariam mais verdadeiros. Não dá para acreditar muito, por exemplo, na passividade da mãe de aceitar que o menino se arrisque pelas ruas de Nova York à procura de estranhos. Um detalhe mais adiante explica algo sobre essa atitude dela e com certeza se poderia ter suspeitado disso antes. Mas a explicação chega tarde. A esta altura, e não só por esse motivo, “Tão Forte e Tão Perto” já afundou num mar de truquezinhos, de artifícios. A genuína emoção ficou em algum lugar pelo caminho, apesar do talento do notável elenco envolvido.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme e Ator Coadjuvante (Max von Sydow).
(Extremely Loud & Incredibly Close - 2011)
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sexta-feira, 9 de março de 2012
Toda Forma de Amor (2010)
O filme é sobre as várias possibilidades de recomeço que se tem na vida e a forma como lidamos com os recomeço do outro, do próximo. “Toda Forma de Amor” é melancólico sem ser deprimente. É alegre sem ser hilário. Enfim, é sobre as escolhas que fazemos e o preço que pagamos por elas.
Oliver (Ewan McGregor) vive um período de melancolia após a dolorosa morte do pai. Alternando lembranças da infância marcada pela ausência do pai e pela solidão da mãe no casamento, com o período em que ele conhece Anna (Mélanie Laurent), uma atriz divertida, mas imprevisível.
Contudo, o charme do filme está no personagem e no talento de Christopher Plummer, o pai de Oliver, que após ficar viúvo, aos 75 anos, decide se assumir gay e viver o pouco tempo que lhe resta de uma maneira divertida, pois neste mesmo período ele descobre ter câncer em estágio avançado.
O filme não é baixo astral, ficando entre o sensível e o divertido e o que também contribui para isso é a presença dos pensamentos "humanos" do cachorro de Oliver que podem ser lidos através das legendas.
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Christopher Plummer).
(Beginners - 2010)
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Quatro Casamentos e um Funeral (1994)
Hugh Grant é o eterno padrinho de casamento nesta comédia inglesa muito bem sucedida do diretor Mike Newell e do roteirista de Blackadder, Richard Curtis, ambientada em vários eventos sociais.
Grant, no papel que o catapultou de personagens sisudos em filmes como "Lua de Fel" e "Vestígios do Dia" a mega-estrela de Hollywood, está perfeito no papel do cronicamente atrasado Charles, que se apaixona por Carrie (Andie MacDowell) em um casamento e então passa o resto do filme tentando desajeitadamente conquistar o seu amor. Nesse meio tempo, o olhar bem humorado do filme sobre a classe média alta inglesa, arrumada em chapéus e vestidos elegantes, exibe todos os pesadelos clássicos de casamentos (o padre chato, a gafe no brinde do padrinho, o constrangimento de sentar-se à mesa com todas as ex-namoradas). No entanto, é o funeral do título que dá ao filme seu coração.
Alguns dirão que a inexpressiva MacDowell foi mal escolhida como o alvo romântico (talvez para que os produtores ingleses pudessem ter um nome de Hollywood no filme). No entanto, ela sensatamente cede a vez ao maravilhoso elenco de personagens secundários, incluindo Simon Callow, John Hannah e Kristin Scott Thomas, que dão a "Quatro Casamentos e um Funeral" seus momentos mais charmosos e engraçados.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme e Roteiro Original.
(Four Weddings and a Funeral - 1994)
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quinta-feira, 8 de março de 2012
Drive (2011)
O protagonista de “Drive”, conhecido no filme apenas como Driver (motorista), é um homem de poucas palavras, que expressa no rosto neutro de seu intérprete (Ryan Gosling) sua incredulidade diante do mundo, das pessoas. Ele trabalha como dublê de filmes de ação nas cenas que envolvem carros e também como mecânico – e engorda o orçamento como piloto de fuga de assaltantes. Talvez seja o contrário, ele seja realmente piloto de fuga e ser dublê e mecânico, apenas bicos. Manter essa ambiguidade é um dos pontos fortes do enredo.
A ausência de nome para o personagem indica que é um filme sobre determinismo. O protagonista é o que e quem é por conta do trabalho que realiza e não o contrário.
Alguns diálogos dão conta de fatos importantes de seu passado, mas este não precisa ser explicitado. “Drive” é um filme sobre o presente, sobre o aqui e o agora do personagem e, exatamente por isso, não busca justificativas ou explicações para ele, o que injeta uma forte carga existencial no personagem. Sua solidão é idêntica à de alguns ícones do passado.
A ligação dele com sua vizinha, Irene (Carey Mulligan) e o pequeno filho dela são o sinal de que falta algo na vida de Driver. Uma família? Talvez nem tanto, seria mais exatamente essa necessidade de se conectar com pessoas de verdade, não apenas aos ladrões que ele conduz na fuga, ou diretores e agentes de cinema com quem trabalha. O vazio de sua vida está em cima das quatro rodas de seu carro. Mas Irene espera o marido (Oscar Isaac), que está preso. Isso, claro, irá atrapalhar os planos e futuro do protagonista – mas não da forma mais óbvia que se poderia imaginar.
A personagem feminina, Irene, é o contraponto, é a delicadeza e o sopro de ar fresco que faltam à vida do protagonista. Há também uma femme fatale (Christina Hendricks), envolvida num assalto que dá errado e que deixa atrás de si um rastro de sangue.
As performances de Gosling e Carrey trazem à tona o que há de mais humano em seus personagens, que poderiam facilmente cair em estereótipos. Mas, pela percepção dos dois atores – que expõem as fragilidades de cada um –, vemos que Driver e Irene são pessoas desiludidas que encontram força uma na outra. A inocência dela é o que o move em sua jornada para protegê-la.
Indicado ao Oscar de Edição de Som.
(Drive - 2011)
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segunda-feira, 5 de março de 2012
Rango (2011)
Atualmente diversos filmes de animação têm se pautado em uma única questão: a destruição da natureza. Em "Rango" isto não é diferente.
Aqui temos um camaleão, dublado por Johnny Depp, que adora trabalhar seus talentos teatrais enquanto vive em um aquário de vidro com um peixe de plástico e uma boneca sem cabeça. Como o disfarce é algo característico dos camaleões, esta é uma questão trabalhada de forma interessante no filme, pois ao invés de se disfarçar mudando sua coloração, Rango se disfarça interpretando outros personagens.
E é interpretando alguém que ele não é que ele passa a ser o xerife de "Dirt", a pequena cidade na qual vai parar após um acidente de carro que o distancia da família que o abriga naquele aquário de vidro. E é em Dirt que os problemas advindos da destruição da natureza se tornam o tema central dessa animação. Porque é lá que os personagens sofrem as consequências da falta de água que assolam a pequena cidade e que torna o prefeito ainda mais poderoso por controlar este escasso recurso.
Rango, junto com seus novos companheiros, tentará solucionar a falta de água desta cidade, descobrindo a verdadeira causa dessa escassez.
Vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação.
(Rango - 2011)
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A Morte e Vida de Charlie (2010)
O filme se inicia mostrando a estreita relação entre os irmãos Charlie e Sam, competindo como velejadores em uma pequena cidade norte-americana. Os irmãos são bem ligados um ao outro e o telespectador se sente até comovido com tanta cumplicidade. Mas, para que a trama se desencadeie, Sam é morto em um acidente de carro e Charlie sobrevive ao mesmo.
A partir daí Charlie abandona seu futuro promissor para ser coveiro e viver no jardim de um cemitério onde passa a encontrar Sam todos os dias ao pôr do sol, onde juntos jogam baseball (será que não havia mais nada de interessante para fazerem juntos?). E não é apenas o irmão morto que Charlie consegue ver, ele encontra outras pessoas que já faleceram e mantém algum diálogo com elas. Até que um dia ele utiliza deste poder para salvar uma garota que está quase morrendo após um acidente com um veleiro.
"A Morte e Vida de Charlie" não é um bom filme, apesar de contar com a beleza de Zac Efron, um roteiro água com açúcar adaptado de um livro de sucesso e toques de espiritismo, além da bela paisagem das locações utilizadas para esta produção. Nada além disso...
(Charlie St. Cloud - 2010)
O Artista (2011)
Há mais ou menos dois anos minha fixação pela cerimônia do Oscar e por todos os filmes indicados ao prêmio foi tanta que não hesitei em assistir a todas as produções antes mesmo da entrega dos prêmios. Atualmente não tenho me focado a isto, mesmo assim já estou garantindo algumas cópias destes filmes para quem sabe em algum momento assistí-los.
No entanto, não pude deixar de prestigiar o grande vencedor de 2012, intitulado “O Artista”.
Filme mudo, totalmente fotografado em preto-e-branco, esta película brinca com a transição da indústria cinematográfica do cinema mudo para o cinema falado. Este tema não é novo no cinema, visto que já havia sido mencionado em “Cantando na Chuva”.
Algumas cenas de “O Artista”, em minha humilde opinião, se tornarão clássicas, como aquela em que Bérénice Bejo contracena com um paletó pendurado em um cabide, inserindo seus braços nele e assim dando vida a esta peça de roupa imóvel.
Inicialmente o filme é bem interessante e chamou muito a minha atenção, todavia, a história se torna enfadonha devido à falência do “Artista” e sua tentativa de recuperação financeira. Mesmo assim vale muito a pena assistir a essa quase uma hora e meia de retorno aos primórdios da indústria cinematográfica.
Vencedor de 5 Oscar: Melhor Filme, Diretor (Michel Hazanavicius), Ator (Jean Dujardin), Figurino e Trilha Sonora. Indicado em mais 5 categorias: Direção de Arte, Fotografia, Edição, Roteiro Original e Atriz Coadjuvante (Bérénice Bejo).
(The Artist - 2011)
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