sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Paraísos Artificiais (2012)


“Paraísos Artificiais” é um retrato de geração de jovens em busca de utopias pessoais de prazer, embalados por drogas sintéticas e música eletrônica.  No filme é apresentado um grupo de personagens que buscam permanecer em estados alterados de consciência o máximo possível, às vezes por dias seguidos, em raves ou praias paradisíacas onde o tempo parece ser sempre o presente – enquanto durar o efeito do ecstasy.

Se há um vazio na tela, ele pertence à própria identidade de uma geração que absorve informações em ritmo alucinante e fragmentado, através de celulares, ipads, notebooks, muitas vezes sem conseguir prestar atenção a nada por mais que alguns minutos. Jovens que, na febre de definições da mídia, já foram chamados de “geração T”, por serem pessoas que testemunham as coisas, sem mergulhar em nenhuma.
 
O trabalho técnico do filme é todo de primeira, criando na tela essa espécie de universo paralelo dos delírios dos personagens, enquanto sob ação de substâncias sintéticas. Nem por isso o filme faz nem apologia nem discurso moralista sobre o seu uso, limitando-se a acompanhar as consequências de algumas escolhas na vida de cada um.

(Paraísos Artificiais - 2012)

domingo, 26 de agosto de 2012

Veludo Azul (1986)


"É um mundo estranho, não é?" O sombrio e perturbador filme de suspense quase onírico de David Lynch gerou controvérsias por conta da violência sexual vivida e da chocante encenação que Dennis Hopper faz de um psicopata sádico, mantendo como refém a família de uma cantora enquanto ela tolera ser brutalizada. A descrição que ele faz da crueldade e do horror que se esconde sob a superfície ascética da classe média dos Estados Unidos, em suas casas tranquilas com cercas pintadas de branco, não é exatamente sutil, mas implacavelmente absorvente, ousada e repleta de estilo. "Veludo Azul" combina um certo mistério distorcido com uma sátira irônica à cultura americana. O tom é, ao mesmo tempo, excêntrico, jovial e ligeiramente estilizado. A mesma mistura vitoriosa do bizarro e do familiar, do esperto e do inocente, fez das séries de Lynch para a TV (sobretudo Twin Peaks) um fenômeno cultural dos anos 90 e uma enorme influência para vários imitadores.

Kyle MacLachian e Laura Dern estão cativantes como Jeffrey Beaumont e Sandy Williams, os inocentes jovens enredados no grotesco relacionamento entre Hopper - que interpreta o desvairado sequestrador e assassino viciado no seu tanque de oxigênio Frank Booth (Hopper, cuspindo obscenidades, está muito perturbador, tendo gerado um dos psicopatas mais notáveis das telas) - e a maltratada Dorothy Valens, interpretada pela corajosa Isabella Rossellini. Dorothy é uma atormentada cantora de cabaré que fica à mercê de Booth, enquanto ele mantém seu marido e o filhinho cativos. Lumberton, onde o filme se passa, é radiante e sombria como qualquer outra cidade norte-americana, com seus gramados bem cuidados e canteiros de flores, um centro industrial e uma lanchonete sem graça. É na lanchonete que Jeffrey e Sandy se reúnem, formando uma dupla de detetives amadores à medida que o amor floresce. Mas tudo está fora dos eixos seja de forma leve ou infame, desde a descoberta de uma orelha humana num jardim pelo curioso universitário Jeffrey e suas aventuras perigosas e angustiantes como voyeur e investigador de crimes até sua chegada estupefata à estranha cena de morte.

A cena na qual Jeffrey, escondido no armário de Dorothy, testemunha Frank estuprar a vítima em um roupão de veludo azul é a principal causa de discussões em torno desse filme, mas também é um exemplo clássico e notável da audácia de Lynch. O uso inteligente de inocentes baladas pop (sobretudo a canção-título), entremeadas à trilha sonora de suspense de Angelo Badalamenti, aumenta a tensão. Apesar de aparecer em apenas uma cena (dublando "In Dreams", de Roy Orbison), o desempenho de Dean Stockewell como Ben, o aliado de Frank, quase se equipara à impressionante e sinistra anormalidade de Hopper.

Indicado ao Osca de Direção (David Lynch)

(Blue Velvet - 1986)

sábado, 25 de agosto de 2012

Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)


Em “Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres”, quando Lisbeth Salander (Rooney Mara) está em cena, é impossível desviar os olhos da tela. E, quando ela não está, é impossível não torcer para que ela volte logo. A personagem, ou a atriz (a essa altura já nem é mais possível separar uma da outra), se tornou um ícone cultural e sexual pós-ciberpunk de nossa era, hacker e, ao menos tempo, uma garota frágil. Seu visual, às vezes, andrógino, que abusa dos piercings e roupas de couro preto, é um convite à curiosidade – mas, ao cair esse verniz externo, encontra-se uma garota fragilizada, desesperada em busca de proteção e, uma vez, que não encontra isso, precisa se defender sozinha.

O sucesso da personagem é bastante justificado – não apenas porque ela mostra-se capaz de penetrar nos computadores mais remotos e protegidos, enquanto boa parte da humanidade encontra dificuldade em lidar com a senha do e-mail, mas porque ela representa a fragilidade e força que existem dentro de cada pessoa. No filme de David Fincher, Rooney Mara, assim como a atriz sueca Noomi Rapace (que fez a personagem na trilogia original), encontra a dimensão humana exata dessa figura enigmática. É curioso como as duas intérpretes trilham caminhos um tanto diferentes para a mesma figura.

Isso se deve muito à direção de cada um dos filmes. A versão de 2009, dirigida pelo dinamarquês Niels Arden Oplev, embora repleta de energia, parece um piloto de série de televisão perto do filme de Fincher, que expõe a alta voltagem sexual que, às vezes, ficava no subtexto dos romances. O roteiro de Steven Zaillian (Gangues de Nova York), porém, nem sempre consegue driblar os problemas narrativos do original, seguindo procedimentos tão comuns quanto banais no gênero – como A Grande Explicação que o vilão dará na cena climática. Ou a ingenuidade de Larsson em se tratando do mundo da mídia, embora ele tenha trabalhado como jornalista até sua morte, aos 50 anos em 2004. Por outro lado, apesar de poder desagradar aos mais puristas, Fincher e Zaillian conseguiram transformar a conclusão da história em algo mais cinematográfico, mudando algumas personagens do livro.

Ainda assim, a trama estabelece um diálogo entre passado (nazismo) e presente (ciberespaço). O elo é um jornalista abelhudo que acaba de ser condenado por calúnia – mas esse veredicto, como ele tentará provar, é injusto. Mikael Blomkvist é interpretado pelo atual James Bond, Daniel Craig. Por mais esforçado que seja, perto de Lisbeth/Rooney ele é uma figura pálida – mais por culpa do personagem do que do ator. No ostracismo depois de afastar-se da revista Millennium, Mikael aceita um trabalho de detetive, contratado por um ricaço (Christopher Plummer) que procura uma sobrinha desaparecida há quatro décadas.

A trama envolvendo o mundo jornalístico e o processo de Mikael se cruza com a investigação, quando o contratante oferece como pagamento provas contra o sujeito a quem o jornalista acusou e foi condenado por calúnia. Este segmento, porém, nunca é bem resolvido. A história de Lisbeth, órfã que depende de um tutor (Yorick van Wageningen) pouco escrupuloso, que libera o dinheiro da garota em troca de favores sexuais, encontra Mikael no meio de investigação e ela se torna uma figura fundamental.

A sobrinha desaparecida faz parte da família Vanger, que tem em seu armário mais esqueletos do que muitos cemitérios da Suécia. Nesse clã de pessoas estranhas, ricas e esnobes, Mikael trava contato apenas com Martin (Stellan Skarsgård), empresário que assumiu o lugar do tio ricaço e irmão da desaparecida. Os demais são seres que beiram o fantasmagórico – quase sempre se materializando do nada e trazendo um conselho para o jornalista abandonar a investigação.

Neva sempre e muito em “Os homens que não amavam as mulheres”. Neva o tempo todo. A tela, muitas vezes, está coberta do branco gélido que parece também se impregnar nos personagens. Nesse sentido, Lisbeth é um palito de fósforo aceso (comparação que fará mais sentido nos próximos filmes), derretendo a carapaça dessas pessoas. Fincher, que é dado a uma direção estilosa e elegante, não decepciona, mas, às vezes, se contamina pelo frio, distanciando-se de emoções que, a certa altura, irão incendiar a hacker e o jornalista.

Em outro filme de Fincher sobre procedimentos investigativos, Zodíaco (2007), o diretor trazia à tona cada prova de forma meticulosa, quase meditativa. Aqui, as evidências surgem na velocidade com que Lisbeth invade um computador, um e-mail ou uma conta bancária. Nas mãos dela, esquecemos que esses atos são criminosos. Ela é nossa garota, nossa heroína, aquela por quem torcemos e com quem nos tornamos detetives montando um quebra cabeças bizarro e perigoso.

Depois de um pequeno prólogo, entra em cena uma abertura tão bela quanto impressionante – assinada por Tim Miller, ao som de uma versão de Trent Razor e Karen O para “Immigrant Song”, do Led Zeppelin. A sequência, um pesadelo envolvendo cabos, teclados, óleo e várias das tatuagens de Lisbeth, estabelece, logo de saída, um patamar tão alto para o filme que Fincher, às vezes, tem dificuldade em manter. A excelente fotografia valoriza a paisagem gélida do norte da Suécia.

Como toda boa adaptação de um romance, “Os homens que não amavam as mulheres” toma como base a obra original, mas deixa-a de lado ao longo do processo, recriando em forma de cinema a trama literária. Por mais talentoso e técnico que Fincher seja, há algumas limitações da narrativa de que ele não consegue se livrar, como os exageros dos livros de Larsson. Porém, o diretor de “Clube da Luta” faz um filme honesto com base no material original. Sabe que, no fundo, está lidando com uma trama policialesca e rocambolesca. Ao centro está o horror – nas mais diversas formas – especialmente quando se materializam os homens citados no título.

Indicado ao Oscar de Fotografia, Edição de Som, Mixagem de Som e Melhor Atriz (Rooney Mara). Vencedor do Oscar de Edição.

(The Girl with the Dragon Tattoo - 2011)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Monsieur Lazhar (2011)


Baseado na peça “Bachir Lazhar” de Evelyne de la Chénelière, “Monsieur Lazhar” é um filme sensível, profundo, tocante, bonito e bom de se assistir!

A trama se passa em Québec, no Canadá, e conta a história de um imigrante argelino de meia idade – Sr. Lazhar (Mohamed Saïd Fellag) – que se apresenta para substituir uma jovem professora de Ensino Fundamental que decide dar fim a sua vida na sala de aula da escola.

O Sr. Lazhar entra, assim, abruptamente na vida deste grupo de crianças (de 11, 12 anos), em um período extremamente delicado para elas, em que a maioria, ao se deparar pela primeira vez com a morte, tenta encontrar repostas, explicações e culpados para o acontecido. Cada um a sua maneira, naturalmente! Uns sofrendo mais, outros menos, mas todos de certa maneira “tocados” pelo sentimento de perda.

Enquanto isso, sem que as crianças nem ninguém mais saiba, o próprio professor Lazhar passa, ele também, por uma experiência semelhante de perda e de busca por respostas e culpados, vivendo um tão dolorido – ou ainda maior – período de luto. Se é que se pode falar em uma medida para a dor da perda de um ser querido.

Assim, sem que nenhuma das partes esteja plenamente consciente, elas vão se ajudando, uma funcionando como o porto seguro de que a outra precisa para atravessar este momento de tormenta.

Ao contrário do que se possa imaginar, portanto, “Monsieur Lazhar” não é mais um daqueles filmes que mostram um professor aparentemente durão, que, não sendo aceito no princípio pela turma, consegue, por meio de seu método diferente, inovador e infalível, mudar o rumo de toda uma turma de alunos mal criados e violentos. Nada disso! A trama deste filme gira, na verdade, muito mais em torno de questões como morte, luto, culpa, abandono, compreensão, perdão, etc., do que em torno de metodologias de ensino ou de receitas infalíveis para “domar” alunos rebeldes.

Não que não haja também um certo olhar atento para o choque cultural entre as maneiras de ensinar no Québec da jovem professora Martine e na Argélia do “démodé” Professor Lazhar. Mas certamente não é este o tema central do filme. “Monsieur Lazhar” é, então, um filme que fala do ser humano como ele é: capaz de mentir, de sofrer, de se indignar, de amar, de perdoar, de perder, de se desesperar, de ir ao fundo do poço, de erguer a cabeça e de continuar a viver.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Canadá).

(Monsieur Lazhar - 2011)

Pina (2011)


Lançado no Festival de Berlim de 2011, o documentário Pina, do premiado diretor alemão Wim Wenders, mostrou na prática como o 3D pode ser um recurso excepcional também para filmes de arte. No caso, foi a ferramenta ideal para dar uma textura original na tela às coreografias da alemã Pina Bausch (1940-2009), um dos maiores nomes da dança contemporânea.

A ousadia de demarcar este novo território para o 3D, habitualmente pensado apenas para aventuras e filmes de ação, também enfrentou seus obstáculos e não foram propriamente técnicos. O maior deles foi a morte repentina da coreógrafa, de câncer, em junho de 2009, dois dias antes do início das filmagens.

A tragédia interrompeu momentaneamente o projeto, que fora idealizado justamente sobre a presença de Pina à frente de todo o processo. Originalmente, o filme acompanharia não só os ensaios e montagens de seus trabalhos, mas também uma excursão de sua companhia, a Tanztheater Wuppertal, ao exterior, incluindo o Brasil – e que acabou acontecendo em 2011, já sem sua mentora.

Por insistência dos parentes de Pina e dos próprios bailarinos da trupe que ela dirigiu por mais de 30 anos, na cidade de Wuppertal, o filme ressuscitou sob novo conceito. Na versão que vingou na tela, reconstituem-se algumas de suas coreografias mais impactantes, não só no cenário habitual do teatro, mas em locações externas, na rua, num parque, numa piscina, num galpão envidraçado e, uma das mais originais, a bordo de um monotrilho.

Dispensando informações biográficas, Pina registra fragmentos de coreografias como A Sagração da Primavera, sob música de Igor Stravinsky, num palco coberto de terra, onde interagem uma trupe toda masculina, outra toda feminina; Café Mueller, com música de Henry Purcell, e conduzida por bailarinos de olhos fechados, num cenário abarrotado de cadeiras; Kontakhof, justapondo sua execução por bailarinos de diversas idades; e Vollmond, que se desenvolve em torno de uma queda d’água no palco, com bailarinos brincando alegremente molhados; e até um divertido solo em cima da canção O Leãozinho, de Caetano Veloso.

Cineasta premiado com o troféu de melhor direção em Cannes 1987 por seu drama poético “Asas do Desejo”, ultimamente Wenders vem refinando seu talento em documentários, caso dos musicais “Buena Vista Social Club” (1999) e “A Alma de um Homem” (2003). Mais uma vez, é o que faz aqui, ao encontrar cenários inusitados para as criações de Pina, que introduzia terra, água e outros elementos inesperados no ambiente normalmente asséptico do palco.

Mostra-se também um acerto não realizar entrevistas. Alguns bailarinos falam espontaneamente de seu relacionamento com Pina – inclusive a brasileira Regina Advento, na companhia desde 1993 (há outra brasileira no grupo, Ruth Amarante). Outros preferem simplesmente ficar em silêncio, olhando a câmera. Seus sentimentos estão na dança criada por Pina, que fala por si.

Indicado ao Oscar de Documentário.

(Pina - 2011)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)


Criado em 1939, por Bob Kane, Batman tem demonstrado um fôlego admirável. Isso acontece especialmente por sua capacidade de adaptação – se o Cavaleiro das Trevas nasceu na véspera da II Guerra Mundial, hoje ele se justifica num mundo niilista, descrente de ideologias e ameaçado pelo terrorismo.

“Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” fecha a trilogia do diretor inglês Christopher Nolan, que comandou também “Batman Begins” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, com esse aporte contemporâneo, sem perder de vista, especialmente neste terceiro filme, as origens e a natureza dúbia do próprio personagem. Recluso e altruísta, feroz e delicado, Batman/Bruce Wayne (Christian Bale) sai de um isolamento de anos, no começo desta história, para fazer frente à outra ameaça contra a sua Gotham, cidade amada e corrompida.

Neste início, Bane vem tomar da CIA um cientista russo, cuja importância em seu plano de megadestruição de Gotham só será entendida bem mais à frente.

Depois de acordar o público nesta cena inicial, enervante para quem tem medo de altura, a câmera encontra o bilionário Bruce Wayne entregue à solidão e isolamento em sua mansão. Transformado em vilão diante da opinião pública por assumir a responsabilidade da morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman saiu de cena. Wayne sofre também a dor da perda de sua amada Rachel Dawes (Maggie Gyllhenhaal).

Duas mulheres mexem com ele: a audaciosa ladra, Selina Kyle (Anne Hathaway), que se infiltra na mansão para roubar um colar da mãe de Wayne e alguma coisa mais; e a milionária Miranda Tate (Marion Cotillard), que deseja a parceria de Wayne para seus projetos de eco-energia.

Mas Bane força Batman a uma reaparição quando se descobre que o vilão ocupou os subterrâneos de Gotham, com uma estratégia implacável de dominação da cidade, movido por uma agenda de vingança. O comissário Gordon (Gary Oldman) nunca trabalhou tanto tempo fora de seu escritório, nem correndo tanto risco de vida.
As figuras paternais de Bruce Wayne/Batman, o mordomo Alfred (Michael Caine) e o especialista em tecnologia Lucius Fox (Morgan Freeman) estão a postos para a nova decolagem do heroi – Fox, inclusive, fornecendo-lhe uma nova moto, a Batpod, e um veículo aéreo, porque Batman vai precisar voar mais de uma vez.

Com o comissário Gordon enfrentando tantos problemas, um policial comum, mas muito dedicado, John Blake (Joseph Gordon-Levitt), aparece muito no apoio ao combate aos criminosos. E ser órfão é apenas uma das semelhanças que ele compartilha com Bruce Wayne.

Os combates físicos entre Bane, que tem um físico de gladiador e fôlego indestrutível – algo a ver com a máscara que ele usa, com certeza -, e Batman estão entre os momentos mais exasperantes do filme. Especialmente porque, apesar de os dois terem treinamento idêntico, um passado na Liga das Sombras, Bane sempre parece mais impiedoso e mais forte.

Por conta dos altos e baixos que enfrenta neste combate, Batman também muda de ambiente – um deles é uma prisão medonha, sepultada no interior profundo de uma montanha, onde ele terá que contar, mais do que nunca, com a redescoberta de uma força interior que se transforme em força física.

Com um roteiro tão parrudo quanto a ação, assinado por Nolan e seu irmão, Jonathan Nolan, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” esmera-se em não perder de vista que procura o entretenimento dos espectadores. Há alternância de ritmos, momentos emotivos, engraçados, pausa para o charme das moças, ainda que perigosas. Tanto Anne Hathaway quanto Marion Cotillard têm momentos generosos para mostrar ao que vieram na história, e não foi só para fazer figuração.

(The Dark Knight Rises - 2012)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Lula, o Filho do Brasil (2009)


Este filme percorre a trajetória de Lula desde a infância, saindo de Caetés (PE) em pau-de-arara em 1952, com a mãe, dona Lindu (Glória Pires), e irmãos, rumo a Santos (SP). Lá, reencontram-se com o pai, Aristides (Milhem Cortaz), alcoólatra e violento, que anos depois é abandonado pela mulher. Em seguida, ela e os filhos rumam para São Paulo, depois São Bernardo do Campo, onde Lula (na fase adulta, interpretado pelo ótimo estreante em cinema Rui Ricardo Dias) tornou-se operário e sindicalista, antes de entrar para a política.

É visível que o foco da história está no indivíduo Lula, procurando-se uma abordagem emotiva, que coloca em primeiro plano suas relações familiares com três mulheres – além da figura forte da mãe, sua primeira mulher, Lourdes (Cléo Pires), que morreu grávida de oito meses, e a segunda, Marisa Letícia (Juliana Baroni).

Quando retrata o sindicalismo, a opção do roteiro é colocar Lula como um líder hesitante – que a princípio não quer saber de política, o que é a mais pura verdade em sua biografia – mas em formação, que emerge de um ambiente dominado por alguns pelegos, como Feitosa (Marcos Cesana). Em nenhum momento, o filme cita a formação do Partido dos Trabalhadores, que evoluiu das greves de metalúrgicos lideradas por Lula no ABC paulista, no final dos anos 1970.

Ao retratar essas greves, eventualmente se recorre a imagens documentais – sempre tendo o cuidado de evitar mostrar o rosto do Lula real. Uma atitude que só é abandonada no final, quando se menciona a eleição presidencial de 2002, a primeira vencida por ele, e Lula é mostrado ao lado de dona Marisa no seu primeiro desfile, em carro aberto, por Brasília.

(Lula, o Filho do Brasil - 2009)

Um Homem de Sorte (2012)


Assistir a um filme com o Zac Efron intitulado "Um Homem de Sorte" para mim é um tanto quanto inusitado, afinal eu ainda o vejo como o garoto dançante de "High School Musical" e não como o homem de sorte do título.

Aqui Efron interpreta um fuzileiro naval de 25 anos, que em meio à guerra, encontra a fotografia de uma mulher desconhecida. A atitude de se levantar do local em que estava sentado para pegar esta foto o salva de ser atingido por uma bomba. A partir disto ele acredita que a moça da foto foi a responsável por salvar sua vida.

Quando retorna aos Estados Unidos, ele passa a procurá-la e quando a encontra vive um romance água com açúcar que pode agradar a muitos. Na minha sincera opinião, o filme não é tão ruim, mas poderia ter sido melhor explorado caso a atriz que faz o par romântico com Efron fosse mais conhecida e se a trilha sonora do filme tivesse sido mais explorada.

(The Lucky One - 2012)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jogos Vorazes (2012)


Em “Jogos Vorazes”, o futuro visto na tela tem mais a ver com o presente do que com qualquer outra época.

Numa história futurista repleta de cinismo, os reality shows chegaram a outro nível: mais do que lutar por um prêmio em dinheiro, luta-se pela vida. Ao invés de mandar os concorrentes ao paredão, os colegas de confinamento mandam flechas na testa uns dos outros, armam bombas ou simplesmente esfaqueiam-se mutuamente. Bem-vindo ao mundo onde uma vida humana vale alguns pontos de audiência de pessoas vidradas em aparelhos de televisão gigantescos, espalhados por todos os lados, mostrando cada momento dos Jogos Vorazes - que são disputados por adolescentes entre 12 e 18 anos, sorteados numa loteria um tanto macabra.

Pode-se depreender que, num futuro pós-apocalíptico, os EUA foram divididos em distritos e cada um deles deve ceder um casal de jovens para os Jogos – cada dupla será conhecida como Tributo. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) mora com a mãe e a irmã pequena, numa cidade de mineiros, no Distrito 12, onde as condições de vida não parecem muito diferentes daquelas da época da Grande Depressão, há quase um século.
Quando sua irmã é sorteada para os Jogos Vorazes, Kat aceita tomar o lugar da garota. Não custa muito para ela e seu parceiro de Distrito 12, Peeta Mellark (Josh Hutcherson), se tornarem a sensação dessa edição do programa . Ambos passam por um processo de embelezamento, que os torna mais midiáticos – alguém com quem o público se identifique e possa torcer por um deles, até porque ambos também competirão entre si.
Seria quase uma transformação à la My fair lady, se o resultado final fosse uma moça graciosa apenas. Mas Kat precisa ser tudo, menos delicada, para sobreviver na selva onde é jogada com outros 23 concorrentes lutando por suas vidas – e milhões de espectadores torcendo por sangue.

O visual do futuro em “Jogos Vorazes” tem um quê de retrô nas roupas, maquiagens e perucas de cores espalhafatosas que, às vezes, estariam muito confortáveis naquele futuro também distópico de “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick. Há um contraponto interessante entre esse visual que beira o lúdico de uma suposta elite e os tons escuros – muito cinza e marrom – das populações dos distritos que mandam seus filhos para a batalha dos Jogos Vorazes.

(The Hunger Games - 2012)

Os Suspeitos (1995)


Vencedor dos Oscar de Ator Coadjuvante (Kevin Spacey) e Roteiro Original.

(The Usual Suspects - 1995)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sobrenatural (2010)


Uma família se muda para uma casa nova, em seguida, enfrenta um verdadeiro calvário nas mãos dos espíritos que ali habitam. No entanto, não é bem o local que é assombrado, mas sim a família.

A situação começa a ficar mais séria quando o jovem Dalton simplesmente não acorda, para espanto dos médicos – que não encontram um diagnóstico ou cura – e dos pais, e Renai. Uma espécie de coma, aparentemente. Enquanto Dalton dorme, estranhos acontecimentos cercam sua família. Portas se abrem, ouvem-se passos, figuras assustadoras encaram os moradores pelos cantos, escutam-se gritos, vultos assustam a todos. Enfim, todas aquelas conhecidas fórmulas do gênero, que inclui a trilha sonora para potencializar tensão.

Como Josh é reticente sobre a real existência de espíritos, e evita voltar para casa, sobra para a esposa Renai o pior dos papéis, o de conviver dia-a-dia com as assombrações. No entanto, como o espectador verá mais adiante, Josh tem mais a ver com toda essa história do que ele imagina, graças à intervenção de sua mãe e da médium Elise.

(Insidius - 2010)

Mad About You - Primeira Temporada (1992)


Eu estava com saudades de ouvir essa musiquinha de abertura...



Eu também estava com saudades de ver cenas como essas...



O seriado é de 1992, mas eu devo te-lo assistido em 1997 quando eu já tinha uns 15 anos e a Rede Bandeirantes o exibia com o título traduzido como "Louco Por Você". Logo depois Helen Hunt ganhou o Oscar de Melhor Atriz por "Melhor é Impossível", desbancando a Kate Winslet em "Titanic" e mostrando suas qualidades como atriz. Não posso deixar de mencionar o esperto Murray, o cachorro do casal, que dá um toque especial ao seriado. Simplesmente está sendo muito bom rever este seriado que me divertia e que ainda me faz rir muito!

(Mad About You - The Complete First Season - 1992)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Fantasma da Ópera (1943)


Eu já havia assistido ao "Fantasma da Ópera" de 2004 e por esta razão me decepcionei um pouco em relação a esta antiga versão. Só a direção de arte e a canção do filme de 2004 desbanca qualquer versão desta história.

Aqui o filme não tem graça, a narrativa é um tanto parada, além disso, falta música nesse filme...

Indicado ao Oscar de Som e Trilha Sonora. Vencedor dos Oscar de Direção de Arte e Fotografia.

(Phantom of the Opera - 1943)

domingo, 5 de agosto de 2012

Carros 2 (2011)


Em “Carros 2” a ação expande os horizontes e transforma-se digna de um filme de James Bond, com cenas em Tóquio, Paris, Londres – e, claro, na terra natal dos personagens, Radiator Springs, no interior dos EUA, onde Mate, com seu jeito simples e ingênuo, vive de guinchar carros quebrados e exibir suas ferrugens e batidas, que são as lembranças de momentos alegres de sua vida.

Ao contrário dele, Trovão McQueen, campeão de corridas, não apresenta um risco em sua lataria, e seu motor é poderoso. Essa diferença não impede que sejam grandes amigos, nem que o piloto leve Mate para um campeonato para o qual foi desafiado. A equipe, que inclui uma Kombi hippie e um par de italianos, vai para o Japão, onde participam da primeira prova. Em Tóquio, aliás, acontecem alguns dos momentos mais engraçados de “Carros 2”, quando a ingenuidade do guincho coloca-o em diversas situações embaraçosas, das quais ele não se dá conta.

O campeonato automobilístico cruza com a trama de espionagem, quando o próprio Mate é confundido com um espião disfarçado, com quem Finn McMíssil e Holley Caixadibrita devem trabalhar. A trama, claro, vai envolver uma série de mal-entendidos, perseguições e vilões assustadores. Já McQueen deve lidar com um carro italiano arrogante, que garante que irá ganhar o Grande Prêmio.

(Cars 2 - 2011)

Fama (1980)


Oito talentosos adolescentes tentam uma vaga na Escola de Artes de Nova Iorque e através da música, dança e teatro desfilam os problemas de uma geração em busca de si mesma.

Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora e Canção Original (por "Fame"). Indicado nas categorias: Edição, Canção Original (por "Out Here on My Own"), Som e Roteiro Original.

(Fame - 1980)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Ovo da Serpente (1977)


Um filme um tanto quanto fraco de Ingmar Bergman. "O Ovo da Serpente" retrata a história de um artista americano judeu que vive na Alemanha no entre guerras. O "ovo" do título seria uma menção ao processo de consolidação do nazismo neste período e a "serpente" seria o nazismo em si.

O filme em sua trajetória não chamou a minha atenção. No entanto, em seus minutos finais achei bem interessante a colocação de um personagem sobre a "criação" do nazismo e de como o povo alemão, devido ao seu sofrimento, ganharia forças para legitimar este governo totalitarista que nascia com a intenção de mudar a realidade alemã.

(The Serpent's Egg - 1977)