quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)


Criado em 1939, por Bob Kane, Batman tem demonstrado um fôlego admirável. Isso acontece especialmente por sua capacidade de adaptação – se o Cavaleiro das Trevas nasceu na véspera da II Guerra Mundial, hoje ele se justifica num mundo niilista, descrente de ideologias e ameaçado pelo terrorismo.

“Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” fecha a trilogia do diretor inglês Christopher Nolan, que comandou também “Batman Begins” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, com esse aporte contemporâneo, sem perder de vista, especialmente neste terceiro filme, as origens e a natureza dúbia do próprio personagem. Recluso e altruísta, feroz e delicado, Batman/Bruce Wayne (Christian Bale) sai de um isolamento de anos, no começo desta história, para fazer frente à outra ameaça contra a sua Gotham, cidade amada e corrompida.

Neste início, Bane vem tomar da CIA um cientista russo, cuja importância em seu plano de megadestruição de Gotham só será entendida bem mais à frente.

Depois de acordar o público nesta cena inicial, enervante para quem tem medo de altura, a câmera encontra o bilionário Bruce Wayne entregue à solidão e isolamento em sua mansão. Transformado em vilão diante da opinião pública por assumir a responsabilidade da morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman saiu de cena. Wayne sofre também a dor da perda de sua amada Rachel Dawes (Maggie Gyllhenhaal).

Duas mulheres mexem com ele: a audaciosa ladra, Selina Kyle (Anne Hathaway), que se infiltra na mansão para roubar um colar da mãe de Wayne e alguma coisa mais; e a milionária Miranda Tate (Marion Cotillard), que deseja a parceria de Wayne para seus projetos de eco-energia.

Mas Bane força Batman a uma reaparição quando se descobre que o vilão ocupou os subterrâneos de Gotham, com uma estratégia implacável de dominação da cidade, movido por uma agenda de vingança. O comissário Gordon (Gary Oldman) nunca trabalhou tanto tempo fora de seu escritório, nem correndo tanto risco de vida.
As figuras paternais de Bruce Wayne/Batman, o mordomo Alfred (Michael Caine) e o especialista em tecnologia Lucius Fox (Morgan Freeman) estão a postos para a nova decolagem do heroi – Fox, inclusive, fornecendo-lhe uma nova moto, a Batpod, e um veículo aéreo, porque Batman vai precisar voar mais de uma vez.

Com o comissário Gordon enfrentando tantos problemas, um policial comum, mas muito dedicado, John Blake (Joseph Gordon-Levitt), aparece muito no apoio ao combate aos criminosos. E ser órfão é apenas uma das semelhanças que ele compartilha com Bruce Wayne.

Os combates físicos entre Bane, que tem um físico de gladiador e fôlego indestrutível – algo a ver com a máscara que ele usa, com certeza -, e Batman estão entre os momentos mais exasperantes do filme. Especialmente porque, apesar de os dois terem treinamento idêntico, um passado na Liga das Sombras, Bane sempre parece mais impiedoso e mais forte.

Por conta dos altos e baixos que enfrenta neste combate, Batman também muda de ambiente – um deles é uma prisão medonha, sepultada no interior profundo de uma montanha, onde ele terá que contar, mais do que nunca, com a redescoberta de uma força interior que se transforme em força física.

Com um roteiro tão parrudo quanto a ação, assinado por Nolan e seu irmão, Jonathan Nolan, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” esmera-se em não perder de vista que procura o entretenimento dos espectadores. Há alternância de ritmos, momentos emotivos, engraçados, pausa para o charme das moças, ainda que perigosas. Tanto Anne Hathaway quanto Marion Cotillard têm momentos generosos para mostrar ao que vieram na história, e não foi só para fazer figuração.

(The Dark Knight Rises - 2012)

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