sábado, 18 de janeiro de 2014
O Tempo e o Vento (2013)
O consagrado diretor de novelas, Jaime Monjardim, que estreou no cinema em 2004, com "Olga", entrega exatamente o filme que podia se esperar de um diretor com seu perfil: repleto de paisagens, closes, diálogos reiterativos e ritmo arrastado. Sua versão de "O Tempo e o Vento" adapta apenas a primeira parte da trilogia de Érico Veríssimo sobre a formação do Rio Grande do Sul, O continente. Um de seus maiores problemas está no ritmo. Tenta-se comprimir tantas histórias e tantas personagens que não se permite a nenhum deles ter um desenvolvimento orgânico, ou tempo suficiente para amadurecer na tela – tudo se atropela.
O filme começa com Bibiana (Fernanda Montenegro) idosa, numa noite de disputa entre sua família, os Terra-Cambará, e seus maiores inimigos, os Amaral. Enquanto espera passar essa “noite de vento, noite dos mortos”, recebe a visita do espírito de seu marido, o Capitão Rodrigo (Thiago Lacerda), e conta-lhe toda a saga de sua família – como se ele não a conhecesse. Essa estratégia serve para amarrar as diversas histórias e cobrir com a narração da personagem fatos importantes para a trama que não estão no filme.
O tom de Fernanda Montenegro é professoral, didático, explicando cada uma das cenas e relembrando todo tempo quem são as personagens – é raro ela se referir, por exemplo, a Ana Terra sem o aposto “minha avó”. Esta é, aliás, a primeira história. Ana Terra (Cléo Pires) vive numa estância com seus pais, onde ela conhece Pedro Missioneiro (Martin Rodriguez).
Anos mais tarde, um certo Capitão Rodrigo chega à cidade de Santa Fé, onde disputa o amor de Bibiana (agora interpretada por Marjorie Estiano) com Bento Amaral (Leonardo Medeiros), de cuja família se tornará inimigo mortal. Seguem-se, então, alguns anos de amor e guerra – onde vale tudo, como diz o ditado.
Jaime Monjardim privilegia o melodrama, deixando de lado o que há de épico na obra de Veríssimo. Assim, Fernanda Montenegro, além de Bibiana, é uma espécie de professora responsável por narrar fatos históricos. É tanta informação, que, a certa altura, dá vontade de levantar a mão e perguntar: “Professora, isso cai na prova?”.
(O Tempo e o Vento - 2013)
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