domingo, 5 de abril de 2020

O Poço (2019)


A premissa do filme é uma prisão vertical onde os detentos que se encontram nos níveis inferiores alimentar-se-ão das sobras de comida daqueles que se encontram nos níveis superiores. Não se sabe quantos níveis constituem a prisão, mas se tem o conhecimento de que a cada mês os presos mudarão de nível. 

Apesar de todo o cuidado no preparo dos alimentos para os detentos, e da abundância e da qualidade destes, a partir do momento em que são postos na plataforma que servirá-los aos prisioneiros, não há regras a serem seguidas. O sistema dentro da prisão é anárquico e aqueles que se encontram nos níveis superiores comem avidamente sem pensar naqueles que também necessitam comer.

Goreng (Ivan Massagué) é o personagem principal desta história e é aquele que leva consigo um livro para o acompanhar, o título escolhido é Dom Quixote. Trimagasi (Zorion Eguileor) é o companheiro de cela de Goreng e ele leva consigo uma faca para dentro da prisão. Creio que aqui se encontra a analogia entre a sabedoria e a força ou entre a diplomacia e a guerra. E é esta diplomacia que inicialmente Goreng quer propagar ao sistema em que está inserido. Ele quer que cada prisioneiro se conscientize das necessidades do outro e que coma apenas o suficiente. No entanto, não é isso que ocorre.

Logo depois ele abandona a cordialidade e tenta impor à força sua forma socialista de pensar e o que vemos aqui é o ponto de vista realista dos roteiristas, onde os seres humanos se deixam possuir por sua maldade, não colaborando para o alcance de um ambiente melhor e mais justo.

"O Poço" é uma diversão reflexiva e instigante e com seu final aberto a interpretações.



(El Hoyo - 2019)

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