domingo, 26 de dezembro de 2010

Arizona Nunca Mais (1987)


O segundo filme excepcionalmente criativo dos irmãos Coen deixa para trás o lado noir de "Gosto de Sangue". Temos, em vez disso, esta comédia exagerada (e com um enredo igualmente intricado), em estilo caricato, quase como um desenho animado. Nicholas Cage é um ladrão de lojas de conveniência, sempre entrando e saindo da prisão até se apaixonar e casar com a policial Holly Hunter. Seu casamento feliz um tanto improvável, com os dois morando em um trailer, é arrasado quando ela descobre que é estéril. Para fazê-la feliz, ele sequestra um dos quíntuplos de um magnata da indústria de móveis do lugar. Como se não fosse ruim o bastante que o pai dos bebês tenha contratado um motociclista infernal para trazer de volta a criança e se vingar dos sequestradores, o destino de Cage fica ainda pior. Sua mulher fica muito zangada quando ele recebe a visita de dois fugitivos, os ex-companheiros de cela John Goodman e William Forsythe, que têm planos próprios para o famoso bobê desaparecido.

As probabilidades farsescas de "Arizona Nunca Mais" desaparecem diante da absurda e superpoética narrativa em off que os Coen conceberam, com maestria, para seus azarados, e das variações de frases pretensiosas e não muito brilhantes usadas pelo herói. O filme é tão intenso e inteligentemente apaixonado por excessos cafonas como qualquer coisa que Preston Sturges pudesse imaginar. Na verdade, parte da pirotecnia da câmera pode distrair a atenção do diálogo vivo e delicioso, mas a aura geral de frenética histeria é sustentada com habilidade, em especial nas persuasivas atuações.

(Raising Arizona - 1987)

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