quinta-feira, 21 de abril de 2011
O Picolino (1935)
Não há nenhum clássico absoluto entre os musicais da década de 30 da dupla Fred Astaire-Ginger Rogers - todos são, no geral, maravilhosos, embora tenham defeitos cruciais -, mas "O Picolino" é provavelmente o que chega mais perto disso. Sua trama segue a fórmula básica da série de filmes: Fred Astaire se apaixona à primeira vista por Ginger, mas algum tolo mal entendido (aqui, ela o confunde com seu amigo casado) a mantém hostil até os últimos instantes.
O diretor é o subestimado Mark Sandrich, cujo toque impecavelmente superficial maximiza a sofisticada malícia tão essencial à serie. O mais famoso número do filme é "Top Hat", que conta com uma fantástica coreografia com bengalas entre Fred e um coro de homens de cartola; porém o coração de "O Picolino" está em dois grandes duetos românticos: "Isn't It a Lovely Day" e "Cheek to Cheek", o primeiro passado em um coreto em Londres durante uma tempestade e o segundo, nos brilhantes canais da pueril versão art déco de Veneza dos estúdios RKO. Essas danças, com sua progressão da relutância para a entrega, são a principal arma que Fred usa para ganhar Ginger; porém seria um erro interpretar esse processo como mera conquista sexual. Conforme o divertimento que Ginger esconde deixa claro, os dois personagens lidam com seus respectivos papéis de galã apaixonado e moça que se faz de difícil com brincalhona ironia, ajudando a prolongar e intensificar um deliciosamente elegante jogo erótico.
Indicado ao Oscar de Direção de Arte, Direção de Dança, Música e Melhor Filme.
(Top Hat - 1935)
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