domingo, 18 de fevereiro de 2018
Sem Amor (2017)
"Sem Amor" conta com pais e um filho ao centro. Boris e Zhenya (Alexey Rozin e Maryana Spivak) formam um casal que se odeia de uma maneira doentiamente explosiva. Estão em vias de se divorciar, mas antes disso, seu filho de 12 anos, Alyosha (Matvey Novikov), presencia, sem que eles saibam, uma discussão violenta. No dia seguinte, o garoto desaparece. Teria sido raptado? Teria fugido para nunca mais voltar? Ou apenas fugido por algumas horas, algo grave aconteceu, impedindo-o de voltar para casa?
Aos poucos, "Sem Amor" constrói essas duas figuras. Quando Zhenya liga para Boris e diz que há dois dias o filho não aparece na escola e que irá chamar a polícia, ele responde: “Você está exagerando”. Mas nenhum dos dois são planos, só bons ou apenas maus – existem nuances nessas caracterizações.
Boris e Zhenya são incapazes de se unir, nem na dor, nem no esforço comum de encontrar o pequeno desaparecido. O ódio mútuo é intoxicante – tal qual o filme, que com esses personagens representa alguns dos fracassos da Rússia de Putin: o vazio emocional que tenta ser aplacado pelo consumismo, a moral dúbia, a apatia burocrática. Enquanto isso, ao fundo, quase que casualmente – mas nada é casual aqui –, telejornais dão conta do estado das coisas.
Nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Rússia).
(Nelyubov - 2017)
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