sábado, 17 de fevereiro de 2018

The Post: A Guerra Secreta (2017)


"The Post: A Guerra Secreta" é uma crônica substancial dos dilemas dos anos 1970, quando os EUA viviam a interminável Guerra do Vietnâ, que consumia orçamentos, armas e muitas, muitas vidas. O foco da história se desenha quando um analista militar, Daniel Ellsberg (Matthew Rhys), depois de uma visita ao Vietnã, decide vazar para a imprensa o que ficou conhecido como os Papeis do Pentágono – cerca de 7.000 páginas de documentos ultrassecretos que, em última análise, mostravam que diversos presidentes norte-americanos, incluindo John Kennedy, Lyndon Johnson e o próprio Richard Nixon, vinham mentindo há anos ao seu povo sobre aquela guerra.

Em 1971, o The Washington Post vivia dias cruciais. Oito anos depois do suicídio de seu marido, Phil Graham, a dona do jornal, Katharine Graham (Meryl Streep), tomava a decisão de abrir o capital do jornal, lançando ações na Bolsa. Era uma forma de capitalizar a empresa que, apesar de importante, era uma publicação regional, ao contrário do The New York Times, cuja influência atingia os quatro cantos do país.

Por isso, não foi surpresa que parte dos Papeis do Pentágono chegassem primeiro ao NY Times, que publicou o furo – indignando o editor-chefe do Post, Ben Bradlee (Tom Hanks), que, como todo jornalista que se prezasse, queria ter posto as mãos naquilo antes. Mas o assunto estava longe de encerrado, não só porque o Times publicara apenas parte dos documentos secretos, como porque o governo Nixon entrara na justiça para bloquear outras divulgações, alegando riscos à segurança do Estado.

Meryl Streep injeta em sua personagem uma mistura sutil de insegurança, delicadeza e coragem, encarnando uma mulher num momento de virada, de transformação, da herdeira nascida rica e não preparada para assumir a chefia de seu jornal (posto que pertencia a seu marido morto) para a líder que tem que afiar seus instintos para impor-se, desafiando a mistura de condescendência e desconfiança de seus diretores, advogados e de seu próprio editor.

Mas está, justamente, nos embates entre Kay e Bradlee, um homem um tanto rude, mas nada bobo nem injusto, o grande interesse de uma sequência de acontecimentos que requer o engajamento total de ambos. Esta dinâmica é um prazer de se acompanhar, em mais de um sentido. Não só pela qualidade destes afinados atores, como pelos fatos que descreve.

Nomeado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep).

(The Post - 2017)

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