sexta-feira, 9 de julho de 2010

Principe da Pérsia: As Areias do Tempo (2010)


Quando a ficção entra no campo da história oficial, nada impede que toda uma cultura seja reformulada para não desmentir o roteirista. Não diminui a legitimidade do filme, nem propriamente é prejudicial ao próprio povo selecionado para os caprichos de quem cria a trama. O limite é a clareza sobre o que se vê na tela.

“Príncipe da Pérsia” pode ser percebido como um exemplo disso. Já no início, enumera os feitos do grande império persa, para situar no tempo e espaço o espectador em uma fantasia repleta de engenhosos efeitos especiais.

O rei da Pérsia em questão é Sharaman (Ronald Pickup), um líder nato que tem como conselheiro seu irmão, Nizam (Ben Kingsley, de Ilha do Medo). Fictício, como todo o filme, o rei é pai de dois filhos Garsiv (Toby Kebbell, de RocknRolla) e Tus (Richard Coyle, de Um Bom Ano), o príncipe herdeiro.

No entanto, a família apenas se completa quando o rei adota Dastan, uma criança maltrapilha, que demonstra coragem e sabedoria ao defender um colega de rua. Como diz o narrador, ele é um predestinado e será decisivo para a história dessa civilização.

Depois de 15 anos, Dastan (agora, interpretado por Jake Gyllenhaal, de “O segredo de Brokeback Mountain”) se vê em meio a seus irmãos e tio numa difícil escolha: invadir ou não uma cidade sagrada que, segundo um espião persa, vende armas para os adversários de seu povo. Vencido no voto, o protagonista entra na cidade e captura a princesa Tamina (Gemma Arterton, de Fúria de Titãs).

No entanto, ela guarda um segredo, uma adaga que tem o poder de voltar no tempo. O artefato cai nas mãos do herói que, graças a um complô, é acusado de matar o próprio pai adotivo. Dastan e Tamina fogem para iniciar a jornada que selará o destino de ambos.

Com uma história confusa e repleta de pontos de interrogação, “Príncipe da Pérsia” é uma produção cujo valor cosmético é maior do que o entendimento claro sobre o que se passa nas cenas. Com lutas bem coreografadas, imagens rápidas e com pontos de humor assertivos, o final da projeção, porém, provoca questionamentos quase risíveis.

Um exemplo prático é o de Amar (Alfred Molina, de Educação), uma espécie de comerciante ilegal que, em determinado momento do filme afirma haver terças e quintas-feiras. Outro ponto de reflexão é a própria adaga, que necessita de uma espécie de areia divina para funcionar, inacessível aos humanos, mas de que a princesa possui até um refil.

É irrelevante a identidade do príncipe, que poderia ser persa ou de Marte, já que não há referências para sustentar a história. O diretor Mike Newell (de Amor nos Tempos do Cólera e Harry Potter e o Cálice de Fogo) se esforça, mas não consegue dar jeito no que já começou errado, a partir de um mau roteiro.

(Prince of Persia: The Sand of Time - 2010)

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