quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
A Última Ceia (2001)
Um naturalismo extremo, despojado até os ossos, orienta o clima deste drama, em que uma história de amor inusitada invade um campo antes propício apenas ao racismo e à morte. Não é, portanto, um detalhe acidental deste roteiro que se chame Grotowski - nome do mestre do teatro polonês defensor da interpretação descarnada e minimalista - a família que coloca em movimento a máquina de execuções de uma certa prisão na Louisiana, sul dos EUA.
São três gerações de Grotowski na carreira de agentes penitenciários que comandam o funcionamento da cadeira elétrica local. O patriarca, Buck (Peter Boyle), está aposentado, morrendo de enfisema, mas não cede um milímetro no seu racismo feroz - em que a mínima intrusão em seu quintal por meninos negros é tida como ofensa passível de ser recebida a bala. O filho, Hank (Billy Bob Thornton), segue sua cartilha e tenta endurecer seu próprio filho, Sonny (Heath Ledger), que já vestiu o uniforme, mas não parece talhado nem para perseguir negros nem para apertar botões de execução.
Neste sombrio ritual de passagem de um sinistro bastão profissional, a morte de mais um condenado (Sean Combs) parece mero detalhe - exceto pelo fato de que foi Sonny e não o preso quem vomitou na ante-sala da cadeira elétrica. O incidente deflagra uma crise entre pai e filho que levará a uma perda irremediável - que, ironicamente, Hank poderá compartilhar com a garçonete Leticia (Halle Berry), a viúva do preso executado.
Quando se encontram, nem Hank nem Leticia têm qualquer ideia das coincidências fatais que costuram seu passado. A descoberta, primeiro por um, depois pelo outro, será distribuída ao longo da história, alimentando um suspense que terá um bom efeito no final, carregado de silêncio e possibilidades.
O filme é todo construído na carne destes personagens sofridos, banhados numa luz suja, de modo a desglamourizar totalmente seus atores. O recurso permite-lhes entrar consistentemente em cenas de uma crueza exemplar - caso da surra de Leticia no filho obeso (o ótimo estreante Coronji Calhoun) e de uma ousada cena de sexo que recebeu cortes na versão exibida nos EUA.
Dirigido pelo alemão radicado na América, Marc Forster, o filme fornece um inesperado contraponto a “Entre Quatro Paredes”. Enquanto aquele drama insere o tema do direito à vingança, este abre um leque de oportunidades de conciliação, criado pura e simplesmente pela aproximação dos opostos na escala racial e social. Pela extrema rudeza de seus personagens, que se comunicam por poucas palavras, nunca esta redenção corre o risco de tornar-se excessiva nem bom-mocista - e aproxima os dilemas de Hank e Leticia de uma humanidade plausível.
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Halle Barry) e Indicado ao Oscar de Roteiro Original.
(Monster's Ball - 2001)
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terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Ed Wood (1994)
Ed Wood é um produtor e diretor de filmes trash e ficção científica, que usa da inventividade para fazer frente aos parcos recursos técnicos e orçamentários dos quais dispõe. A história passa-se na década de 1950, quando Ed se envolve com um grupo de atores desajustados, entre os quais estava Bela Lugosi, já em final de carreira.
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Martin Landau) e Maquiagem.
(Ed Wood - 1994)
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
The Rocky Horror Picture Show (1975)
O singular musical de teatro de Richard O’Brien, adaptado para o cinema em 1975, foi um fiasco ao ser lançado. No entanto, quando um cinema de Nova York começou a exibi-lo em sessões à meia-noite, rumores logo se espalharam sobre a bizarra paródia de ficção científica e horror. O filme se tornou cult e até hoje detém o recorde de maior tempo em cartaz, tendo sido exibido no mesmo cinema em Munique, na Alemanha, durante todas as semanas por mais de 27 anos.
Susan Sarandon e Barry Bostwick, muito jovens, estrelam como Janet e Brad, um casal inocente cujo carro enguiça em uma noite de tempestade, forçando-os a procurar abrigo em um castelo nas redondezas, sem saber que o mesmo pertence ao travesti de meia-calça e suspensórios Frank-N-Furter e seus amigos da Transilvânia, incluindo o sinistro Riff Raff e Magenta. Na mansão também moram o motociclista Eddie, uma criação malsucedida de Frank-N-Furter, e Rocky, seu substituto/melhoria de bronzeado perfeito.
Narrado pelo Dr. Everett Scott, embalado por glam rock, o filme é uma celebração da sexualidade: Frank-N-Furter e sua trupe tentam seduzir os virginais Brad e Janet ao som de músicas memoráveis como “touch-a touch-a touch me”, “sweet transvestite” e, é claro, “time warp”. A mistura de sexualidade descarada, tiradas irônicas, figurinos alucinantes e frases de duplo sentido é diferente de tudo o que já foi feito no cinema. É fácil entender por que as canções fáceis de decorar e os diálogos altamente citáveis se tornaram um sucesso tão grande entre os fãs, sendo que os mais entusiasmados se vestem como os personagens, encenam partes do filme – por exemplo, jogam arroz na cena do casamento. “The Rocky Horror Picture Show” pode não ser um filme para se assistir com toda a família, mas ainda assim é uma fantástica diversão kitsch.
(The Rocky Horror Picture Show - 1975)
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Atraídos Pelo Destino (1994)
Não há nada melhor do que uma boa comédia romântica para fazer com que nos sintamos de bem com a vida. É realmente gostoso acompanhar uma história leve, divertida, cheia de boas intenções. É agradável assistir “Atraídos pelo Destino”.
Charlie Lang (Cage) é um honesto policial de Nova York. Ele é casado com a ambiciosa Muriel (Perez), que anseia urgentemente por uma vida mais confortável. Certa manhã, Muriel diz ter sonhado com o falecido pai e manda o marido comprar um bilhete da loteria estadual. Depois de cumprir com sua `obrigação`, Charlie (e seu parceiro de ronda) para em uma lanchonete a fim de tomar café. Na hora de pagar, uma surpresa desagradável: ele não tem dinheiro para deixar uma gorjeta para a garçonete que o atendeu, a bela Yvonne Biasi (Fonda).
Para remediar a situação, Charlie faz um acordo com a moça: se ganhar na loteria, metade do prêmio fica para ela. Se não ganhar, ele volta no outro dia e deixa uma gorjeta de todo o jeito. Para sua surpresa, no entanto, ele ganha 4 milhões de dólares e se vê em uma encruzilhada: deve cumprir ou não com o trato que fez na véspera? Sua esposa Muriel, é claro, fica irritada quando descobre a promessa do marido e diz que ele não deve dar 2 milhões de dólares de gorjeta para uma total desconhecida.
Mas é claro que Charlie, sendo o herói, resolve honrar sua palavra: `Promessa é promessa.`, diz ele. A imprensa, quando descobre o que aconteceu, faz uma festa: todos os jornais passam a contar a história sobre o policial que deu 2 milhões de dólares de gorjeta. Charlie e Yvonne passam a se encontrar regularmente e, é claro, acabam se apaixonando. Porém, nem tudo são flores para o casal: Muriel resolve pedir o divórcio e, o que é pior, quer ficar com todo o dinheiro para ela - mesmo a parte da garçonete.
O trio principal está muito bem: Cage realmente convence como o policial íntegro e de bom coração que fica cansado das futilidades da esposa. Fonda, sempre uma gracinha, faz de sua Yvonne uma moça meiga, carente e despojada. Mas a grande atuação é de Rosie Perez, que faz uma vilã deliciosa. Sua fala rápida, seu sorriso forçado e sua ambição desmedida nos fazem realmente odiar aquela mulher. Chega a dar vontade de entrar no filme e dar uns bons cascudos na antipática Muriel.
(It Could Happen to You - 1994)
Arizona Nunca Mais (1987)
O segundo filme excepcionalmente criativo dos irmãos Coen deixa para trás o lado noir de "Gosto de Sangue". Temos, em vez disso, esta comédia exagerada (e com um enredo igualmente intricado), em estilo caricato, quase como um desenho animado. Nicholas Cage é um ladrão de lojas de conveniência, sempre entrando e saindo da prisão até se apaixonar e casar com a policial Holly Hunter. Seu casamento feliz um tanto improvável, com os dois morando em um trailer, é arrasado quando ela descobre que é estéril. Para fazê-la feliz, ele sequestra um dos quíntuplos de um magnata da indústria de móveis do lugar. Como se não fosse ruim o bastante que o pai dos bebês tenha contratado um motociclista infernal para trazer de volta a criança e se vingar dos sequestradores, o destino de Cage fica ainda pior. Sua mulher fica muito zangada quando ele recebe a visita de dois fugitivos, os ex-companheiros de cela John Goodman e William Forsythe, que têm planos próprios para o famoso bobê desaparecido.
As probabilidades farsescas de "Arizona Nunca Mais" desaparecem diante da absurda e superpoética narrativa em off que os Coen conceberam, com maestria, para seus azarados, e das variações de frases pretensiosas e não muito brilhantes usadas pelo herói. O filme é tão intenso e inteligentemente apaixonado por excessos cafonas como qualquer coisa que Preston Sturges pudesse imaginar. Na verdade, parte da pirotecnia da câmera pode distrair a atenção do diálogo vivo e delicioso, mas a aura geral de frenética histeria é sustentada com habilidade, em especial nas persuasivas atuações.
(Raising Arizona - 1987)
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Feitiço da Lua (1987)
Um tributo delicioso do diretor Norman Jewison à família ítalo-americana, "Feitiço da Lua" é estrelado por Cher, a cantora que virou atriz, como a viúva Loretta Castorini, que está para se casar com o seguro e confiável (leia-se chato e sem graça) Johnny Cammareri (Danny Aiello). Enquanto ele está longe cuidando de sua mãe moribunda, Loretta se encarrega de entrar em contato com Ronny (Nicholas Cage), o irmão com quem Johnny está brigado, e convidá-lo para o casamento, mas, quando eles se conhecem, apaixonam-se.
A história de amor no centro desta comédia romântica é divertida e espirituosa graças às excelentes atuações principais de Cage e, sobretudo, de Cher. Ela tem a oportunidade de ser uma Cinderela moderna, transformando-se de patinha feia em rainha glamourosa após uma ida ao cabelereiro. Mas o elenco de apoio acrescenta ainda mais graça à empreitada - especialmente Vincent Gardenia como Cosmo, o pai mulherengo de Loretta, e Olympia Dukakis como Rose, mãe dela - dando um charme especial às palavras do roteirista John Patrick Shanley. Uma pequena joia.
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Cher), Atriz Coadjuvante (Olympia Dukakis) e Roteiro Original. Indicado a mais 3 Oscar: Ator Coadjuvante (Vincent Gardenia), Diretor (Norman Jewison) e Melhor Filme.
(Moonstruck - 1987)
Interiores (1978)
Quando Arthur (E.G. Marshall) decide abandonar sua esposa Eve (Geraldine Page), ele revira sua família de cabeça para baixo, agravando ainda mais os problemas de relacionamento que suas três filhas tinham entre si e o resto da família.
Indicado a 5 Oscar: Atriz (Geraldine Page), Atriz Coadjuvante (Maureen Stapleton), Direção (Woody Allen), Direção de Arte e Roteiro Original.
(Interiors - 1978)
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Anjo de Vidro (2004)
Então é Natal... A aproximação de uma data que deveria despertar o melhor nas pessoas não raro dá origem a diversos filmes bem duvidosos. É o caso deste. Sob a capa de história sentimental, revela-se um roteiro mal-estrututurado, preguiçoso, de imaginação pobre, com personagens que fariam mais sentido na ante-sala de um psicanalista. Só piora as coisas a direção dura e sem nenhuma inspiração do ator Chazz Palminteri (que faz uma ponta como um sem-teto violento e maluco).
Rose (Susan Sarandon, talento desperdiçado como nunca) é uma editora de livros ultra-solitária. Divorciada e sem filhos, ela se divide entre o trabalho e o hospital, onde sua mãe vive totalmente ausente da realidade, por conta do mal de Alzheimer. No quarto ao lado, um outro paciente nunca recebe visitas, chamando a atenção de Rose. Um dia, ela acaba vendo um visitante, que vem a ser um ex-padre que perdeu a fé, Charlie (Robin Williams).
O que promete ser o casal feliz do filme, Nina (Penelope Cruz) e Mike (Paul Walker), passa o tempo todo discutindo o ciúme incontrolável do rapaz, que é policial - outro chavão. Falando neles, por que é que Hollywood insiste em assinalar a origem étnica de algumas pessoas, como a latinidade de Penelope Cruz? Não tem a menor importância para a história e ainda parece politicamente incorreto.
O segundo personagem mais bizarro do filme é Jules (Marcus Thomas), rapaz obcecado pelo único Natal feliz de sua vida: quando ele tinha 14 anos e o passou num pronto-socorro. Como alguém pode entrar na vida adulta com uma fixação destas? O pior é o que ele faz para tentar passar o próximo Natal num outro pronto-socorro... O campeão no quesito esquisitice, porém, é Artie (Alan Arkin) - um velho viúvo que cisma que o policial Mike é a reencarnação de sua mulher morta, o que dá ensejo a toda uma seqüência de piadinhas sobre homossexualismo totalmente insípidas. Não, não é mesmo fácil fazer um bom filme sobre o Natal.
(Noel - 2004)
Como Treinar Seu Dragão (2010)
Esqueça lagartos ou iguanas. Cães e gatos, então, não terão a menor chance. A moda agora será ter o seu próprio dragão de estimação – ao menos se você for uma criança viking. Esses seres mitológicos, gigantescos e perigosos ganham ares de criaturas fofinhas na animação “Como Treinar o Seu Dragão”.
Baseada numa série de livros de Cressida Cowell, a animação dirigida por Dean DeBlois e Chris Sanders (a mesma dupla de “Lilo & Stitch”) parece o primeiro longa de uma franquia que tem tudo para uma vida longa se agradar ao seu público-alvo: meninos ávidos por aventuras. Embora existam algumas personagens femininas, o universo aqui é dos vikings do sexo masculino, grandalhões, barbudos e com chifres pontiagudos em seus elmos.
Os vikings-mirins são educados para substituir seus pais na batalha contra os grandes dragões que assolam a Ilha de Berk, onde o grupo mora – um lugar antigo, mas com casas novas que são reconstruídas após sucessivos ataques. É impossível exterminar os animais, pois, para isso, seria necessário saber onde fica o seu ninho.
Soluço é o filho do chefe da tribo Stoico, O Imenso (Gerard Butler, de Gamer), mas não leva o menor jeito para ser um grande viking. Pequeno e desajeitado, o garoto não tem o porte físico para enfrentar dragões, como seu pai.
Como toda boa animação voltada para o público infanto-juvenil, “Como Treinar o Seu Dragão” mostra que as aparências enganam e que se Soluço olhar bem para dentro de si mesmo irá descobrir tudo de que é capaz. Se, por um lado, a história do longa não inova e é possível prever o final sem esforço, por outro, o visual e a forma como a narrativa se desenrola dão conta de espantar o tédio.
É bom saber que, embora para leigos dragões sejam todos iguais, existem vários tipos diferentes. Um deles é capaz de lançar água fervendo em seus inimigos, ao invés da tradicional chama. Outros, por sua vez, possuem duas cabeças, e cada uma com uma função diferente. O que o Manual dos Dragões não ensina, e Soluço irá descobrir sozinho, é que essas criaturas assustadoras podem ser dóceis, amigáveis e companheiras.
A jornada de Soluço começa quando ele captura um temido dragão do tipo Fúria da Noite. Como o garoto não tem coragem de matar o animal, laços de amizade nascem entre os dois – mas isso ainda é um segredo, que o menino guarda muito bem, pois sabe que a descoberta do dragão colocará em risco a vida do animal, a quem dá o nome de Banguela.
Aos poucos, Soluço descobre como domar um dragão sem feri-lo, ou muito menos matá-lo. Torna-se uma celebridade na aula de Treino com Dragões e, posteriormente, um ídolo em sua ilha. Quando seu pai volta de viagem, espanta-se com a novidade, mas só tem a comemorar.
A partir de então, o filme facilmente estabelece seus temas e aprofunda o perfil de seus personagens, como Astrid, uma menina corajosa, melhor aluna do Treino com Dragões, e os gêmeos Cabeçaquente e Cabeçadura.
Indicado ao Oscar de Trilha Sonora e Animação.
(How to Train Your Dragon - 2010)
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Baby Love (2008)
A julgar pela comédia dramática “Baby Love”, a França é um país de paradoxos. Aborto é legalizado e acessível, mas um casal de homossexuais, mesmo que dentro de uma união estável e financeiramente bem não pode adotar uma criança. Como diz uma personagem, a Espanha, que é um país muito mais beato, já resolveu essa questão.
Escrito e dirigido por Vincent Garenq, o filme não pretende levantar nenhuma bandeira, mas fazer uma crônica em torno da causa - o que acaba sendo muito mais eficiente. A questão é que o pediatra Manu (Lambert Wilson, de Missão Babilônia) sente uma urgência em ser pai, mas seu companheiro Phillippe (Pascal Elbé) nem pensa no assunto. Para poder adotar uma criança, o médico terá de se passar por heterossexual durante a visita de uma assistente social que pode aprovar o seu processo.
Se por um lado isso incita a comédia, o gay se passando por hétero para enganar uma pessoa, “Baby Love” nunca descamba para uma baixaria ou a falta de respeito. O teatro armado por Manu é por uma boa causa, mas não dura muito. A verdade vem à tona e a assistente social recusa a aprovar o processo de adoção. Nesse meio tempo, o médico perdeu de vez seu namorado, que não concorda com a forma como as coisas aconteceram e continua não querendo adotar nenhuma criança.
A solução para os problemas pode ser a argentina Fina (Pilar López de Ayala), uma imigrante ilegal que precisa obter cidadania francesa, para estudar e trabalhar no país. Ou seja, Fina pode ser a mãe de aluguel do bebê de Manu, e ele, o marido de fachada de que ela precisa.
Mas o diretor e roteirista resolve colocar uma série de obstáculos na vida de seus personagens - não basta casar e engravidar, é um longo caminho até o nascimento da criança, cheio de meandros e reviravoltas.
“Baby Love” trata de um tema complexo e delicado de forma honesta sem cair na caricatura - o que poderia acontecer facilmente. O universo dos personagens do filme situa-se longe dos problemas sociais que afetam a França atualmente - em especial, as tensões entre nativos e imigrantes. Mas o paradoxo que expõe não deixa de fazer sentido, afinal, esse país tão avançado culturalmente elegeu um conservador como Sarkozy para presidente.
(Comme les autres - 2008)
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar (1972)
Woody Allen ultrapassa as fronteiras da comédia consolidando sua sensibilidade tresloucada e sua irreverência maliciosa e divertida com a crescente predisposição para o humor visualmente cativante. Allen revela-se um cineasta "inteligente, sofisticado e com visão cômica".
Allen arrasa com diversas vinhetas hilárias que satirizam as questões mais complicadas da sexualidade! Os afrodisíacos mostram-se eficazes para um bobo da corte (Allen) que consegue a chave do coração da Rainha (Lynn Redgrave), mas que descobre que a chave do seu cinto de castidade poderia ser mais útil.
Atos não naturais tornam-se selvagens e felpudos quando um bom doutor (Gene Wilder) apaixona-se por uma caprichosa ovelha. Jack Barry trabalha com o fetichismo em 20 perguntas num show de TV maluco chamado "Qual Minha Perversão?" A pesquisa sobre a sexualidade é vista à luz do microscópio quando um cientista louco (John Carridine) libera um seio monstruoso e predador. E o absurdo atinge seu clímax com Tony Randall, Burt Reynolds e Allen como espermatozóides... refletindo sobre a ejaculação!
(Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask - 1972)
O Pássaro Azul (1940)
O filme “O Pássaro Azul”, dirigido por Walter Lang, é um clássico em Technicolor para crianças, mas que também emociona os pais. O típico filme da Sessão da Tarde que costuma reunir a família toda em frente à Tv. O longa-metragem, que foi baseado numa peça de Maurice Maeterlinck, escrita em 1908, ainda hoje consegue êxito ao contar a história da menina Myltyl Tyl (Shirley Temple) e sua busca pelo Pássaro Azul da Felicidade.
Embora “O Pássaro Azul” não tenha alcançado um sucesso financeiro na época do seu lançamento e tenha sido citado por muitos críticos da como uma cópia barata de “O Mágico de Oz”, acredito que esta obra foi meio injustiçada ao longo dos anos e poderia ser vista como muito mais do que uma resposta da Fox ao Leão da MGM. Walter Lang consegue conservar a ingenuidade e fantasia necessárias para agradar as crianças e a fotografia e os Efeitos Visuais são um prato cheio para os adultos que gostam do gênero.
O filme narra a história da família Tyl, cujo patriarca (Russell Hicks) é convocado para combater Napoleão e precisa deixar os filhos em casa sozinhos. A garota Mytyl e seu irmão Tytyl (Robin Macdougall) passam a viver algumas aventuras depois que acordam e se empenham em capturar o conhecido "pássaro azul da felicidade" para seguir as ordens da fada Berylune (Jessie Ralph). Assim, seguindo a Luz, os meninos são enviados, juntamente com o seu gato Tyllete e cachorro Tylo, transformados em humanos, em busca do pássaro azul através do passado, do presente e do futuro.
Durante a viagem por muitos reinos com fadas, magias e personagens enigmáticos, as crianças passam pelas mais inusitadas situações, e vão sofrendo transformações — relacionadas às mudanças da infância para a juventude — e transformam os lugares por onde passam, como a emocionante cena em que Mytyl se despede dos avós, já mortos, e que voltam a dormir num banquinho porque só acordavam quando alguém lembrasse deles. A menina ainda consegue ver a irmã caçula que está para nascer em outros dos mundos. Quando voltam para casa, encontram um lugar muito diferente do início da aventura.
A cena em que as árvores se reúnem para combater as crianças, atiçadas pela traiçoeira gatinha Tylette e a fuga das crianças da casa luxuosa dos XXXx dão ao Pássaro Azul um pouco de ação.
Indicado aos Oscar de Fotografia e Efeitos Especiais.
(The Blue Bird - 1940)
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O Dorminhoco (1973)
Homem é congelado em 1973 e acorda depois de 200 anos. O mundo, agora bastante diferente e dominado por um ditador, é o motivo para uma sucessão de piadas. A trilha sonora foi composta por Allen e interpretada pela Preservation Hall Jazz Band, New Orleans Funeral e Ragtime Band.
(Sleeper - 1973)
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Cimarron (1960)
Baseado no romance de Edna Ferber, “Cimarron” retrata a vida de um casal tentando superar todas as dificuldades para sobreviver em Oklahoma, no período entre 1890 e 1915. São 25 anos de mudanças e lutas, transformando o território selvagem do Velho Oeste americano em um lugar respeitável. O filme é um remake da obra homônima do diretor Wesley Ruggles, gravada em 1931, a qual contou com Richard Dix (Yancey Cravat) e Irene Dunne (Sabra Cravat), nos papéis agora desempenhados por Glenn Ford e Maria Schell, respectivamente.
Indicado aos Oscar de Direção de Arte e Som.
(Cimarron - 1960)
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domingo, 5 de dezembro de 2010
Bananas (1971)
O Telecine Cult está exibindo todas às quartas-feiras dois filmes do diretor, ator e roteirista Woody Allen, e semana passada foram exibidos os filmes “Bananas” e “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar” que, aliás, eu ainda não assisti. Achei “Bananas” um filminho legal, mas não muito. É engraçado, tenta ser político, mas é um tanto insosso (bananas são mais saborosas!).
Neste filme Woody Allen interpreta Fielding Mellish, um homem que trabalha testando novos instrumentos feitos por uma empresa bizarra e que não vive de modo intenso. Certo dia, quando está em sua casa, uma garota bate a sua porta, pedindo que ele assine um abaixo assinado para que o ditador de um país sul-americano, chamado San Marcos, seja deposto. Fielding logo se interessa pela garota, a convida para sair e a partir daí passam a namorar. No entanto, depois algum tempo, a garota decide romper o relacionamento, já que para ela algo faltava.
Para recuperar o amor da ex-namorada ele vai até San Marcos, se envolve com guerrilheiros e, após matarem o ditador, ele se torna presidente deste país, afinal era o único alfabetizado. Mas, como presidente, ele precisa de recursos para governar San Marcos, que tem como único produto de exportação bananas. A decisão tomada é visitar os Estados Unidos e pedir dinheiro para financiar os projetos de desenvolvimento do pequeno país fictício sul-americano.
(Bananas - 1971)
Como Era Verde Meu Vale (1941)
Embora John Ford seja obviamente mais famoso por seus faroestes, ele também tinha uma predileção por tudo que envolvesse a Irlanda. Não que esta adaptação do romance de Richard Llewellyn tenha sido transportada pelo Mar da Irlanda de sua ambientação nos vales mineradores do País de Gales; em vez disso, o filme é imbuído do mesmo tipo de nostalgia das necessidades excêntricas da vida em família no Velho Continente que caracterizava “Depois do Vendaval”, de 1952. O País de Gales de Ford, na verdade, é tanto um país imaginário quanto o era sua amada Irlanda (pelo menos na maneira como é representada na tela ou invocada em palavras) isso explica porque a vila mineradora belamente projetada por Richard Day, mesmo com o excruciante nível de detalhe aplicado à sua construção nos terrenos da Fox, parece mais uma representação onírica de um arquétipo daquela região do que um vilarejo de verdade.
Isso, no entanto, combina perfeitamente com o clima de nostalgia que alimenta “Como Era Verde o Meu Vale” do início ao fim. A história é narrada por um homem que reflete sobre sua infância já longínqua, na qual, como o caçula da família Morgan, ele observava o pai e seus quatro irmãos subirem a pé diariamente a colina a trabalho, a ameaça da pobreza, o frio e a fome – e das mortes trágicas como também do senso de comunidade caloroso e terno que imperava nas vidas tanto da família quanto da vila como um todo. Contudo, essa unidade feliz se perdeu para sempre quando cortes salariais acarretaram greves e conflitos entre os patriarcas amáveis, porém tradicionais, e os filhos ligeiramente mais militantes, o que resultou na partida dos filhos para a Terra Prometida da América – onde mais? –, em busca de trabalhos mais bem remunerados.
O filme todo é permeado por recordações agridoces: da morte do pai, da inocência infantil, do país de origem e de um pai rígido, porém justo. Ford, sem dúvida, idealiza o mundo que retrata, entretanto, é isso que o torna tão eficaz. Sim, o filme é feito para arrancar lágrimas, repleto de clichês (os mineradores nunca param de cantar) e os sotaques são uma estranha mistura de todas as partes do Reino Unido e da Irlanda – mas os sonhos não são sempre assim?
Indicado aos Oscar de Atriz Coadjuvante (Sara Allgood), Edição, Música, Som e Roteiro. Vencedor nas categorias de Melhor Filme, Direção de Arte, Fotografia, Direção (John Ford) e Ator Coadjuvante (Donald Crisp).
(How Green Was My Valley - 1941)
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Were the World Mine (2008)
O filme é uma adaptação do clássico de Shakespeare: "A Midsummer Night’s Dream" (Sonhos de Uma Noite de Verão) em versão gay. Na história, um adolescente se apaixona pelo melhor jogador de rugby da escola. A chance para Thimoty (Tanner Cohen) conquistar o coração de Jonathon (Nathaniel David Becker) em uma cidade homofóbica revela-se na aula de teatro com a encenação de uma peça. O jovem escolhido para o papel de Puck descobre uma poção mágica que o leva à realização de seus sonhos noturnos. Depois da mágica, as pessoas da cidade passam a aceitar a relação dos dois e ser gay torna-se uma coisa comum no pequeno povoado como um conto de fadas gay.
(Were the World Mine - 2008)
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
A Rede Social (2010)
Um nerd sem habilidades sociais, mas querendo se tornar descolado. Um par de gêmeos mauricinhos com dinheiro e ideias, mas não espertos o bastante para executá-las. Um brasileiro estudando em Harvard com mau gosto para roupas e movido pelo eterno impulso de satisfazer o pai. Bem-vindo à era das relações de mentirinha de “A Rede Social”, em que as emoções e expressões estão apenas a um toque de distância.
Dirigido por David Fincher (“O Curioso Caso de Benjamin Button”, “Clube da Luta”), a partir de um roteiro de Aaron Sorkin (“Jogos de Poder”), baseado no livro “Bilionários por Acaso”, de Ben Mezrich, o filme tem como mote o nascimento do Facebook, mas seria reducionista demais dizer que trata apenas dos bastidores da criação de um site. “A Rede Social” aspira, e consegue em boa parte do tempo, ser o retrato de uma geração que nasceu com o boom da internet e, ao chegar à idade adulta, descobre que a interação humana não é necessária para haver interatividade.
O filme começa com diálogos incessantes e pouco importa o que se depreende deles. O objetivo é entender que os jovens se interessam por informação – em alta quantidade, independente de sua qualidade ou profundidade. O mesmo se aplica aos relacionamentos, sejam amorosos ou simples amizades. Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg, de Zumbilândia) difama sua namorada Erica (Rooney Mara) na internet depois de levar um fora dela. Não bastasse isso, inventa um site onde garotas “competem” por votos para serem escolhidas as mais bonitas de Harvard.
O que começa com uma brincadeira torna-se alvo de um processo milionário, envolvendo a criação de um site de relacionamentos que mais tarde viria – e é até hoje – a ser conhecido como Facebook. Ele enfrenta os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss (Armie Hammer) e o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), sempre com a mesma pose parte blasé, parte nerd.
Zuckerberg é uma figura paradoxal. Com pouco trato para laços sociais, torna-se o criador do site de relacionamentos mais usado do mundo. Apesar de manter os nomes reais dos personagens, o filme de Fincher não se preocupa em ir, no que se refere à questão de biografia, além daquilo que já se conhece da repercussão da criação do site, dos processos e tudo o que os envolvem. O diretor cria “A Rede Social” como um thriller sobre disputas intelectuais e relacionamentos reduzidos a códigos de computação.
Logo de início, é Eduardo quem ganha a simpatia do público como um personagem frágil e sempre preocupado em não decepcionar seu pai. Mark, ao contrário, é sutilmente arrogante. Com olhar soturno, parece não deixar de analisar nenhum ângulo de qualquer situação – o que parece transformá-lo numa figura fria e calculista.
Só com a entrada de Sean Parker (Justin Timberlake), Mark vai se convencer da possibilidade de ganhar dinheiro com o site. Sean, um dos criadores do Napster, que revolucionou a forma como as pessoas distribuem música, ganha a confiança de Mark com seu modo divertido e bon vivant e se tornam parceiros.
Fincher sempre foi um diretor de apuro técnico o que, muitas vezes, esfria seus filmes ou deixa as emoções enterradas bem lá no fundo. Aqui essas características são bem pertinentes. Os jovens criadores do Facebook são herdeiros – ou porque não filhos? – daqueles yuppies depressivos de “Clube da Luta”. Se distribuir socos era uma forma de interação social no filme de 1999, aqui, uma conexão com a internet pode trazer efeitos ainda mais perigosos do que uma noite de troca mútua de sopapos.
“A Rede Social” é um daqueles filmes que chegam a ser assustadores pela capacidade de captar com tanta sagacidade o momento em que vivemos. Daqui a alguns anos, quando outras obras se debruçarem novamente sobre esse período, provavelmente o retratarão com senso mais crítico – mas sem o frescor de levar para a tela a vida do lado de fora do cinema naquele momento.
8 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção (David Fincher), Ator (Jesse Eisenberg), Fotografia, Edição, Trilha Sonora, Edição de Som e Roteiro Adaptado. Vencedor de 3 estatuetas: Edição, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado.
(The Social Network - 2010)
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Vencedor do Oscar
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
O Solista (2009)
Depois do sucesso com o premiado “Desejo e Reparação”, o diretor John Wright volta às telas com uma história sobre compreensão e amizade. Baseado em fatos reais, o roteiro de “O Solista” mostra como se deu a amizade entre o morador de rua Nathaniel (Jamie Foxx), esquizofrênico e gênio musical, e o jornalista do L.A. Times, Steve Lopez (Robert Downey Jr.).
Em busca de histórias curiosas sobre sua cidade, Los Angeles, Lopez passa o tempo escrevendo sobre fatos cotidianos para o jornal - como um acidente de bicicleta e o atendimento no hospital. Ele vê um grande furo quando encontra Nathaniel tocando violino em uma praça e fica ainda mais impressionado ao descobrir que o aparente vagabundo louco foi aluno da prestigiosa escola de música Juilliard.
O faro jornalístico leva-o a estar cada vez mais presente na vida de Nathaniel. Apesar de a música incidental inserida nas cenas querer demonstrar o início de uma amizade, é mais do que claro que o jornalista está atrás de uma grande reportagem e, no fim, de um livro reunindo os artigos sobre seus encontros.
A roteirista Susannah Grant (de Erin Brockovich) escreve uma obra de luta, que tem como pano de fundo a precarização do trabalho do jornalista. Com tantos companheiros sendo demitidos, aproximar-se de um personagem tão emblemático é uma escolha ou necessidade?
Pelas lentes de John Wright, que explora toda a sensibilidade de Susannah, trata-se de uma amizade que transcende a relação jornalista e entrevistado. Lopez é levado a uma verdadeira mudança que, de tão profunda, torna-o mais humano em suas relações com os demais.
Sem dúvida, “O Solista” é uma edificante história moderna sobre superação e responsabilidade social, bem realizada pelo competente diretor inglês. No entanto, como uma sobremesa muito doce, o resultado da receita pode levar quem está na mesa a largar o garfo antes da porção final. Demasiadamente sentimental, chega a colocar em dúvida a real relação entre eles.
(The Soloist - 2009)
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Between Love & Goodbye (2008)
Marcel e Kyle estão namorando e foi amor à primeira vista. Mesmo que não possam legalmente casar-se, eles vão encontrar uma maneira de fazer o relacionamento dar certo. Juntos, podem superar qualquer obstáculo, qualquer barreira. Só que ao longo do filme, o casal perfeito cai precipitadamente em possessividade, inveja e raiva.
(Between Love & Goodbye - 2008)
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Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010)
O que é pior: enfrentar Voldemort (Ralph Fiennes) ou a ebulição dos hormônios da adolescência? Para Harry Potter e sua turma, ambas as tarefas se mostram árduas. No sétimo – e penúltimo (ufa!) – filme da série, “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o bruxo (novamente interpretado por Daniel Radcliffe) completa 17 anos e está a um passo de entrar para o mundo adulto. Mas, antes disso, ao lado de seus melhores amigos, Ron (Ruppert Grint) e Hermione (Emma Watson), precisa superar crises internas e externas.
A descoberta do amor – não da sexualidade, pois, no filme, os personagens são assexuados, afinal, essa é uma franquia também voltada para o público infantil - é complicada e envolve todos os problemas que os não-bruxos – também conhecidos como trouxas, – enfrentam, como a insegurança, o ciúmes e a rivalidade. Ao longo dos quase 10 anos que se passaram desde o primeiro filme, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, vimos os atores se transformarem de crianças em adultos, assim como seus personagens criados pela escritora inglesa J. K. Rowlings.
Em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o roteirista Steve Kloves, adaptando a série pela sexta vez, centra o foco na ação. O filme é correria do começo ao fim, sem muito espaço para explicações ou desenvolvimentos. A espinha dorsal é, como em toda a série, o jovem bruxo fugindo do lorde das trevas.
O mundo mágico está um caos, porque Voldemort está matando indiscriminadamente – ele também assassina trouxas. Harry é a causa disso e, como se antecipou desde o começo, o embate entre os dois personagens deve ser o clímax da série, prevista para acabar em meados de 2011, com “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”.
Harry é perseguido e, com a ajuda do polissuco, consegue fugir e se esconder na casa de Ron. Porém, durante um casamento, ele é encontrado e os Comensais da Morte têm a ordem de levá-lo vivo. A única chance de escapar ileso é destruindo as Horcruxes, que parecem ser o segredo do poder de Voldemort.
A única explicação para a divisão do livro em dois filmes está na possibilidade da Warner – estúdio produtor e distribuidor das adaptações – faturar em dobro. Em filmes anteriores acontecimentos e personagens foram sacrificados para que a trama do livro coubesse num filme de cerca de duas horas. Aqui, não se justifica alongar cenas e acontecimentos para gerar dois longas, em outras palavras, bilheteria em dobro.
Harry, Hermione e Ron fogem e se escondem em florestas na maior parte do tempo. As cenas são desnecessariamente longas, sem que muito aconteça. Eles conversam, leem e discutem o presente e o futuro. E David Yates – que dirige a série pela terceira vez – não se esforça muito para tornar o falatório mais atraente em termos visuais. Exceto por uma cena em animação, o longa segue o padrão dos filmes anteriores com alto orçamento, baixa criatividade e muita explicação.
Yates, ao contrário de Alfonso Cuarón, que assina o terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, faz um filme desprovido de personalidade, limitando-se a traduzir em imagens tudo o que já está descrito em detalhes no filme. Como diretor contratado, Yates se limita a não estragar a história, mas sem a preocupação de imprimir uma assinatura pessoal.
“Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, como era de se esperar, termina numa cena de suspense, deixando um gancho para o próximo filme. Agora, só resta esperar pelo capítulo final, prometido para o ano que vem, quando Harry Potter e sua turma encontrarão um merecido descanso depois de tantas batalhas.
Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Efeitos Visuais.
(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 - 2010)
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Brincando nos Campos do Senhor (1991)
"Brincando nos Campos do Senhor" se passa na floresta Amazônica. Os personagens principais são dois aventureiros norte-americanos, quatro missionários fundamentalistas e os selvagens índios niarunas. A história se desenrola a partir de conflitos fanáticos entre os personagens principais sobre o destino dos niarunas.
Uma aeronave usada para "pequenos combates e demolições" aterrisa em Mãe de Deus, nome irônico de um vilarejo localizado no mais remoto afluente remanso da floresta Amazônica. Os dois aventureiros que pilotam o avião são Lewis Moon (Tom Berenger), um mestiço índio Cheyenne, e Wolf (Tom Waits).
O funcionário do governo no vilarejo, Camandante Guzman (José Dumont), recusa o pedido de gasolina e confisca os passaportes dos pilotos e os documentos do avião, os quais ele só devolveria mediante a realização de um pequeno serviço: os aventureiros teriam que bombardear os niarunas, uma tribo primitiva, cujas terras são cobiçadas por razões econômicas.
Wolf e Moon são consolados por bebidas e prostitutas no hotel Anaconda, onde eles encontram um casal de missionários fundamentalistas: o rígido Leslie Huben (John Lithgow) e sua mulher, Andy Huben (Daryl Hannah). Leslie alimenta uma desaprovação aguda pela "oposição" católica: padre Xantes (Nelson Xavier).
Outro casal de missionários norte-americanos chega com seu pequeno filho para se juntar aos Huben em seus esforços evangélicos. Martin Quarrier (Aidan Quinn) combina o genuíno sentimento religioso com uma aguçada simpatia pelas questões indígenas, além de ter fascinação por sua língua e cultura. Sua mulher, Hazel (Kathy Bates), é tão dura e inflexível quanto Leslie Huben sobre sua religião.
Apesar de Martin tentar dissuadir Moon de bombardear os niarunas, Moon e Wolf deixaram Mãe de Deus na manhã seguinte. Durante a tentativa de bombardeio, eles sobrevoaram a aldeia Niaruna, uma pequena clareira no meio da vastidão da floresta. Vendo um jovem índio atirar flechas no avião, Moon passou por uma dramática transformação, marcada por seus profundos sentimentos de parentesco e identificação com os índios. Mesmo sob ameaça da faca de Wolf, Moon retorna a Mãe de Deus sem bombardear a aldeia.
(At Play in the Fields of the Lord - 1991)
domingo, 14 de novembro de 2010
Obrigado Por Fumar (2005)
Aaron Eckhard especializou-se em ser o ator com cara de galã que menos leva este seu atributo a sério. Ficou famoso justamente interpretando cafajestes abomináveis, em filmes como “Na Companhia dos Homens” (1997), de Neil LaBute, por mais que tenha limpado um pouco sua barra como o marido legal de “Erin Brokovich” (2000). Aqui, ele usa esta sua experiência para compor um personagem cínico, enrolador e fundamental para que toda esta comédia de humor negro e politicamente incorreto funcione.
Se alguma coisa não encaixa bem, não foi culpa de Aaron. Ele está ótimo na pele de Nick Naylor, o implacável porta-voz da Big Tobacco, a união dos fabricantes de cigarros americanos. Numa América obcecada pelo antibatabagismo, em pânico pelas estatísticas que apontam 1.200 mortes diárias por causa do fumo, é de se imaginar que Nick tem trabalho de sobra. E o desempenha muito bem. Bonitão e cheio de lábia, ele enfrenta debates, simpósios e programas de TV com uma cara de pau de valer medalha olímpica, se nas Olimpíadas existisse a modalidade do contorcionismo verbal. Em geral, ele não perde nenhuma discussão. Quando tudo está perdido para o seu lado, Nick saca de outra arma – a generosidade hipócrita. E lá vai a Big Tobacco, liderada por um chefão caquético e mafioso (Robert Duvall), liberar mais alguns milhões de dólares para uma campanha de prevenção ao fumo entre os jovens que, todos sabem, vai ser boa para o marketing, sem nenhum resultado concreto. E nem era essa a intenção desde o começo.
Uma das melhores sacadas está nos hilariantes almoços em que os lobistas dos setores mais satanizados nos EUA, Nick, Polly (Maria Bello), representante dos fabricantes de bebidas alcoólicas, e Bobby Jay (David Koechner), dos fabricantes de armas, comparam seus problemas e compartilham estratégias.
Não escapa ao sedutor encanto da lábia de Nick seu próprio filho, Joey (Cameron Bright, de “Reencarnação”). O garoto logo se encanta pela máxima do papai – “se você debater direito, nunca está errado”. Uma filosofia capaz de absolver o assalto à mão armada e Adolf Hitler. Ou seja, tudo.
Mesmo sendo uma comédia sem altas pretensões, “Obrigado por Fumar” aproveita bem o material do bestseller que lhe deu origem, do escritor Christopher Buckley, e mostra-se um bom retrato de uma era cínica – em que valores e causas políticas foram devorados pelo império avassalador do marketing e das relações públicas. No fundo, o que importa é a imagem. O que dá o que pensar, por mais que o filme faça rir.
(Thank You For Smoking - 2005)
sábado, 13 de novembro de 2010
Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas (2009)
Para atrair mais pessoa ao cinema do que “Os Normais – O Filme”, o diretor José Alvarenga Jr. e os roteiristas Fernanda Young e Alexandre Machado resolveram apimentar e soltar o verbo de vez. Se muita gente achava a série da televisão (exibida entre 2001 e 2003) e o primeiro filme despudorados – não sabe o que vem pela frente em “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas”.
O conceito é simples: o noivado de 13 anos de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres) está em crise. Pelas contas dela, eles transam umas 40 vezes por ano. Para que o relacionamento não apague de vez, ela topa realizar um sonho dele: um ménage a trois. Então, o casal passa a noite toda indo atrás de mulheres que topem cair na cama com eles.
Não há bem uma trama, mas uma série de esquetes numa comédia de erros. A primeira tentativa é a prima de Vani, Silvinha (Drica Moraes); depois entram na lista Débora (Claudia Raia), Clara (Daniele Suzuki), uma francesa (Mayana Neiva) e por aí segue.
Para quem gostava da série, que saiu do ar em 2003, essa é a chance de rever os personagens que marcaram época na televisão com jeito desbocado e falando de sexo sem pudor algum. Para quem não acompanhou o programa, Os Normais é uma comédia como outra qualquer – não é necessário um conhecimento prévio para embarcar no filme.
Para agradar ao público, tanto o leigo quanto o iniciado, “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas” joga as suas fichas num humor ligeiro, às vezes verbal, outras físico. Muitas das piadas se apoiam em preconceitos – contra idosos e nordestinos, por exemplo. Mas é tudo feito de uma forma quase ingênua, sem parecer ofender, até porque o politicamente correto nunca foi o forte de Rui e Vani.
Guimarães e Fernanda mantêm a química e o timing como se não tivessem deixado um dia sequer de interpretar os personagens neuróticos. A graça do filme, obviamente, está na dinâmica da dupla que se envolve em situações bizarras (entalados numa banheira com Claudia Raia, ou na cama com um bicho preguiça), e as encarar como se fosse algo normal.
(Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas - 2009)
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Nowhere (1997)
Jovens bonitos, ansiosos e confusos em busca de amor e diversão. Podia ser um episódio de Barrados no Baile… só que numa viagem de ácido. Foi assim que o escritor e diretor Gregg Araki definiu “Nowhere”, retrato da juventude americana alienada e problemática dos anos 90. Gregg Araki conquistou reputação internacional com seus filmes independentes sobre os costumes e a cultura da juventude dos anos 90.
Americano de Los Angeles, Califórnia, ele é um nome seminal do New Queer Cinema, gênero de filmes radicais na forma de lidar com a efervescência cultural, política e identidade gays do começo daquela década. “Nowhere” faz parte dessa categoria e encerra um ciclo conhecido como “Teenage Apocalypse Trilogy”, formada por “Totally F***Ed Up” (1993), crônica das vidas disfuncionais de seis adolescentes homossexuais e “The Doom Generation” (1995), comédia negra que transborda violência, simbolismo cultural e erotismo. Por sua vez, “Nowhere” acompanha um dia na vida de um grupo de amigos em torno dos 18 anos que sofrem com os dilemas inerentes à juventude, em um contexto que envolve drogas, popularidade, desordens alimentares, promiscuidade, agressividade, estupro e suicídio.
Representado pelo ator James Durval, muso de Araki e protagonista também dos outros filmes da trilogia, Dark Smiths é um estudante de cinema obcecado pelo fim do mundo e por achar o seu verdadeiro e eterno amor. Dark precisa, mas raramente recebe o apoio emocional de sua namorada, Mel (Rachel True), que também está envolvida com a amiga Lucifer (Kathleen Robertson). Incentivado pela falta de compromisso de Mel, Dark começa a sentir atração por outras pessoas, como o angelical Montgomery (Nathon Bexton) e a dupla de dominatrix Kriss (Chiara Mastroianni) e Kozy (Debi Mazar). Melhor amigo de Dark, Cowboy (Guillermo Diaz) também tem seus problemas, já que seu namorado e companheiro de banda Bart (Jeremy Jordan) anda abusando das drogas e passa a maior parte do tempo com o traficante Handjob (Alan Boyce).
Enquanto isso, Dingbat (Christina Applegate), a inteligente da turma, gosta de Ducky (Scott Caan), que por sua vez quer Alyssa (Jordan Ladd), que prefere Elvis (Thyme Lewis), com quem protagoniza cenas calientes de sexo. O grupo inclui ainda Egg (Sarah Lassez), em um rolo inesperado com um famoso ídolo teen (Jason Simmons), e dois casais felizes: o irmão menor de Mel, Zero (Joshua Gibran Mayweather), e sua namorada, Zoe (Mena Survari), e a sexual Lilith (Herather Grahan) e seu par, Shad (Ryan Phillip), o irmão gêmeo de Alyssa. Em uma série de fatos que têm largada na cafeteria clássica da turma, o dia dessa teia de amigos voa numa montanha russa de sexo, drogas alucinógenas, desentendimentos românticos e violência, encerrando-se com acontecimentos pesados em uma selvagem festa na casa do descolado Jujyfruit, vivido por Gibby Haynes, figura popular também na vida real, como líder da banda Butthole Surfers.
Esta poderia realmente ser a sinopse de qualquer história sobre jovens. O que faz a diferença é o distinto estilo do diretor, que expressa esse universo ácido e sexualmente ativo de uma maneira muito visual – e é aí que entram as drogas alucinógenas. Dark e seus amigos passam o tempo com distrações comuns a muitos adolescentes: fazendo sexo, usando drogas, indo a festas… e também assistindo a abduções alienígenas. Fatos psicodélicos como esse não são estranhos no universo pop de Araki. Assim como muitos de seus títulos, “Nowhere” é um filme pop, desde as cenas inusitadas, coloridas e alucinógenas que o compõem à escolha do elenco, formado por sobreviventes de séries de TV norte-americanas como Melrose Place e Barrados no Baile (a exemplo de Kathleen Robertson e Shannen Doherty) e por astros de Hollywood (como Ryan Phillip e Cristina Applegate).
(Nowhere - 1997)
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Rosas Selvagens (1994)
Este maravilhoso e magistral filme de André Téchiné, seu décimo segundo, é um dos melhores de uma excelente série de filmes da televisão francesa sobre adolescentes dos anos 60 ao início dos anos 80.
Assim como “Souvenirs d’em France”, do próprio Téchiné, este filme evoca de algumas formas o Bernardo Bertolucci de “O Conformista”, o retrato de jovens vivendo no Sudoeste da França em 1962, no final da Guerra da Argélia, tem algo do sentimento, lirismo e doçura do filme de Bertolucci “Antes da Revolução”. “Rosas Selvagens”, no entanto, é claramente o trabalho de alguém mais velho e sábio.
Os personagens principais estão completando o equivalente ao “vestibular” em um internato. Dentre eles incluem um menino que luta contra seu desejo homossexual por um amigo íntimo, um estudante mais velho que é um oponente de direita do nacionalismo argelino e a filha comunista de um dos professores, que faz amizade com o rapaz homossexual e se apaixona pelo estudante mais velho apesar de suas diferenças políticas.
Passamos a considerar esses personagens como velhos amigos, e a maneira como Téchiné aborda a ambientação campestre é tão delicada quanto sua compreensão do período.
“Rosas Selvagens” foi o vencedor de vários prêmios César, incluindo o de Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Revelação Feminina (Élodie Bouchez).
(Les Roseaux Sauvages - 1994)
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Dream Boy (2008)
Uma história de amor sensual desenvolve rapidamente entre os dois, que depois têm que esconder seu amor de erguer os olhos de uma profundamente religioso, profundo da comunidade do Sul em meados da década de 1970. Nathan também tem de enfrentar seus demônios e ensurdecedor a violência que prevalece dentro da sua própria família. Adaptado do romance de Jim Grimsley, Dream Boy é um filme sensível sobre o amor, tabus e o fim da inocência.
(Dream Boy - 2008)
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domingo, 7 de novembro de 2010
Planeta 51 (2009)
O Planeta 51 parece a Terra dos anos de 1950. Com suas casinhas elegantes, eletrodomésticos combinando, os habitantes usam a moda daquela época e ouvem músicas e dançam como se vivessem 50 anos atrás. Eles seriam iguais a nós se não fosse o fato de serem verdes e terem anteninhas em suas cabeças. Ou seja, eles são alienígenas.
Ou melhor, nós somos alienígenas, na visão deles. Como nos Estados Unidos dos anos de 1950, o Planeta 51 vive em constante estado de alerta, medo de uma invasão de seres de outro mundo que iriam destruir a tudo e todos. Assim, a animação “Planeta 51” subverte os clichês do gênero, transformando os terráqueos em invasores.
Ao centro da história está o adolescente Lem, de pouco mais de 15 anos, que acaba de conseguir o emprego de assistente do curador do planetário de sua cidade. Muito certinho, ele segue sua vida sem quebrar regras. Por isso mesmo, tem dificuldades em convidar para sair sua vizinha, Neera, sua paixão desde a infância.
Esse cenário irá mudar quando o maior medo dos habitantes do Planeta 51 se concretiza: a chegada de um terráqueo. Trata-se do astronauta Chuck Baker – um americano em missão espacial cuja nave aterrissa no quintal da casa de Neera. Assustado com o que vê, o humano também foge e vai parar no planetário onde Lem trabalha.
Os personagens vivem naquela paranoia típica dos Estados Unidos da década de 1950, e por isso, Chuck é visto como uma ameaça, e quem o ajuda como um subversivo. Ainda assim, Lem fica ao lado do astronauta e passa a ser perseguido com ele. Seu melhor amigo, Skiff, é obcecado por teorias da conspiração e vê no terráqueo uma grande ameaça até que descobre que ele é legal, e também o ajuda. Mas o poderoso General Grawl não pensa assim e quer acabar com o invasor.
A amizade que surge entre os dois personagens é uma das mensagens do filme. Como toda animação infantil, há uma lição a ser aprendida: se superarmos as diferenças, juntos poderemos fazer muito mais do que separados. Assim, Lem e Chuck vão mudar mutuamente a vida um do outro. O extraterrestre será menos tímido e nerd, enquanto o humano, primeiro conseguirá se esconder daqueles que o perseguem, para depois voltar para casa.
(Planet 51 - 2009)
sábado, 6 de novembro de 2010
Lucky Blue (2007)
Muitas vezes somos colocados diante de filmes que nem sabemos do que se trata de antemão. Movidos pela curiosidade da capa ou pela indicação de amigos, somos surpreendidos pelo conteúdo, seja ele por ser muito bom ou por nem valer a pena. E quando se trata de curtas, ai é mais fácil o acesso (ou não?). Curtas têm a vantagem de serem rápidos de ver, mas possuem a desvantagem de deixaram um “gosto de quero mais” se forem bons. Dificilmente se encontra curtas em DVDs para locação, ou você ver ele como bônus de outro filme, ou baixa da internet, ou ainda ver no YouTube, caso o vídeo seja pequeno, não é o caso de Lucky Blue.
Lucky Blue é um curta com 30 minutos de duração, escrito e dirigido pelo sueco Håkon Liu. O elenco é formado por Tobias Bengtsson, Tom Lofterud, Britta Andersson e Johan Friberg, que dão vida aos personagens desse drama amoroso, e romântico. De início somos apresentados a Olle (Tobias Bengtsson) que está organizando um festival anual de música, que acontece em todo verão, em um pacato vilarejozinho no interior da Suécia. Vindo como convidado pela tia, que aparenta ter uma forte relação com o pai de Olle, chega Kevin (Tom Lofterud) , um rapaz, que a principio dá uma idéia de grosso, fechado e mal humorado.
Com o decorrer (rápido) dos fatos, eles por acaso (será? O começo pode refutar isso) se aproximam e se tornam amigos, e um incidente com o pássaro (Lucky Blue) da tia de Kevin que acaba fugindo da gaiola, torna-os cúmplices, uma cumplicidade que evolui em algo mais, algo que os deixa confusos e cheios de dúvidas. Lucky Blue, o pássaro que “se liberta” e depois faz as próprias escolhas, como por exemplo, voltar pra casa, pode até ser visto como analogia, mas é meramente interpretativa de cada um. O que nota-se de interessante, é uma mudança de atitudes nada convencional, Olle o menino do interior, de quem se espera as atitudes grotescas, é quem assume o papel mais sentimental, deixando as patadas por conta de Kevin, de quem se suporia a origem do tal sentimentalismo.
O final não é nada surpreendente, mas o filme tem por si só uma justificativa, não se pode dizer que seja inverossímil, pois se fosse assim estaríamos julgando com a vivência que temos na nossa cultura. O filme também encanta pela música, fotografia e pelo ar poético que permeia nas composições de falas e imagens. Talvez agrade até quem considera esse tipo de relação um antiromantismo.
(Lucky Blue - 2007)
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Dança, Paixão e Fama (2000)
Sean e Mitch são dois irmãos que adoram dançar, mas vivem numa pequena cidade industrial da Austrália, sem grandes perspectivas para o futuro. Sean decide rumar para Sydney e conseguir trabalho em algum musical. Porém, devido ao seu gênio difícil e arrogante, ele acaba sendo dispensado. Voltando à sua cidade-natal, ele reúne um grupo de amigos e, juntos, eles formarão o seu próprio grupo de dança.
(Bootmen - 2000)
Amantes Constantes (2005)
O preto-e-branco muito contrastado evoca o clima de um álbum de fotografias. E é com esse afeto, às vezes temperado pelo distanciamento, que o diretor-roteirista francês Philip Garrel visita seu baú de lembranças de Paris em 1968. Não há pressa neste mergulho intenso e delicado, que ocupa três horas na vida de seus espectadores. Ao final da sessão, eles poderão ter tido a sensação de uma viagem num túnel do tempo, compartilhando as sensações dos dias em que a revolução dos jovens sonhou quebrar a corrente do poder do mundo e os rumos a que conduziu sua desilusão na entrada da vida adulta.
Fora o tema, um mesmo ator, Louis Garrel, filho deste diretor, faz a ponte entre este filme e “Os Sonhadores” (2003), em que o italiano Bernardo Bertolucci construía suas próprias memórias de 1968. Este parentesco une dois trabalhos que são, no entanto, bem diferentes no seu tom e intenções. O foco de Bertolucci está naquele momento presente, o de 68, num trio de personagens que se encerra num huis clos ao invés das ruas, ainda que sua vivência corresponda em tudo àquilo que acontece lá fora. O foco de Garrel, por sua vez, reside na angústia que toma conta de seus participantes no dia seguinte à descoberta de que a utopia das ruas já terminou.
Como uma peça de teatro, a história evolui em atos bem marcados. O primeiro é o momento da guerra campal nas ruas, batizado de “Esperanças de Fogo”. E são repletos de chamas os cenários em que estudantes e policiais se enfrentam. Há um mundo antigo terminando nessas cinzas, soterrado por paralelepípedos arrancados das ruas e carros destroçados. Nos seus escombros, jovens e idealistas que não sabem dizer como tudo começou, nutridos pelas ideologias da época, de Marx a Mao, se desgastam em assembleias.Tentam fazer a revolução, ainda que seja apesar do proletariado em nome de quem dizem falar.
No próximo ato, “Esperanças Fuziladas”, a vida adulta começa à força. François (Louis Garrel), jovem poeta que escapou à convocação do serviço militar, deve dar satisfações à justiça. Corre o risco de prisão e alguém, cinicamente, lembra que Baudelaire e Rimbaud, poetas maiores da França, precisaram ser presos para afiar sua arte. François, no entanto, consegue ficar solto. E conhece Lilie (Clotilde Hesme), a escultora com quem vive uma história de amor.
A luz estoura quando os amantes se encontram, ao som da música de piano. Mas não porque a história conduza a uma explosão romântica. É muito mais um filme existencialista, que encarna um distanciamento de 68 que a Nouvelle Vague poderia ter filmado, se não tivesse acontecido antes. “Os Amantes Constantes” é certamente uma homenagem a esse espírito da Nouvelle Vague. Tem a mesma urgência do movimento liderado por Truffaut e Godard de capturar o presente, o presente da história que se procura contar, como se ela estivesse acontecendo agora mesmo. Só que usa um tom de elegia, dando tempo aos personagens de pensar, com mais palavras e mais afeto do que Antonioni colocaria num enredo assim. Não chega a ser um réquiem nem um lamento. É como aquele retrato na parede que, como diria Drummond, dói quando a gente olha. Mas a gente não quer arrancar de lá nem deixar de olhar.
(Les Amants Réguliers - 2005)
sábado, 30 de outubro de 2010
O Grande Gatsby (1974)
Um novo rico chega à vizinhança, e seu estilo de vida – despreocupado, festeiro e com passado misterioso – gera curiosidade e fascínio.
Vencedor dos Oscar de Figurino e Trilha Sonora.
(The Great Gatsby - 1974)
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Os Vampiros que se Mordam (2010)
Os vampiros que se cuidem! Atualmente, são as criaturas mais superexpostas da mídia, com filmes, séries de televisão, enxurrada de livros (novos e antigos) e afins. A comédia "Os Vampiros que se mordam" chega para aumentar a lista – sem trazer nada de novo, engraçado ou que justifique sua existência.
O filme é uma sátira da série "Crepúsculo", escrita e dirigida por Jason Friedberg e Aaron Seltzer, que já tentaram satirizar comédias românticas, com “Uma comédia nada romântica”, épicos (Espartalhões), filmes de desastre (Super-Herois – A Liga da Injustiça) e ainda não conseguiram convencer Hollywood de que não têm talento, por isso continuam achando quem banque seus projetos.
Ignorando que a ideia das criaturas vampirescas é mais antiga do que Crepúsculo, “Os vampiros que se mordam” concentra-se no primeiro e segundo filmes da série, refazendo muitas das cenas e da trama de forma exagerada – como se precisasse muito esforço para isso, uma vez que em Crepúsculo personagens e tramas são exagerados por natureza.
A jovem Becca (Jenn Proske) muda-se para uma pequena cidade para morar com o pai, um xerife local (Diedrich Bader). Na escola tem poucos amigos, mas acaba conhecendo e se apaixonando pelo pálido e estranho Edward Sullen (Matt Lanter, de Super-Herois – A Liga da Injustiça).
A propensão que Bella, personagem do filme original, tem para se martirizar é potencializada aqui – e algo que, por natureza, seria engraçado não consegue gerar qualquer fagulha de humor em "Os vampiros que se mordam". A culpa disso é, em boa parte, por conta da falta de tato da dupla Friedberg e Seltzer – para quem espancar um cadeirante por minutos a fio deve parecer engraçado. Para eles, também é divertido quando Becca solta gases na cara de Edward, ou Jacob (Chris Riggi), o menino-lobisomem, urina numa árvore.
Becca, por sua vez, sofre por não conseguir perder a virgindade. Afinal um dos pretendentes prometeu ser celibatário e o outro prefere perseguir gatos. É a vida! Ou melhor, é a vida dos mortos, à qual Becca tem que se acostumar caso queira se casar com Edward.
Com menos de uma hora e meia, Os vampiros que se mordam parece mais longo e cansativo do que uma maratona da série “Crepúsculo”. Com um acúmulo de referências pop – Lady Gaga, Lindsay Lohan, Gossip Girl, Buffy, Alice no País das Maravilhas–, o enredo revela-se incapaz de produzir algo realmente engraçado. Por outro lado, a estreante Jenn Proske faz uma imitação quase perfeita da verdadeira Bella, Kristen Stewart – pena que isso aconteça num filme tão pouco inspirado e ainda menos divertido.
(Vampires Suck - 2010)
Glee - Primeira Temporada (2009)
Depois de tanto ouvir críticas, boas ou más, sobre este seriado, não resisti a curiosidade, baixei todos seus episódios pela internet, inclusive aqueles já lançados na segunda temporada e assisti.
O que achei?! Bem, vamos às criticas que ouvi.
Primeiro me disseram que “Glee” era o seriado do momento, ótimo, musical, diversificado, divertido, algo novo e inusitado na TV. Bem, o seriado ganhou o Globo de Ouro de melhor seriado musical/comédia.
Em segundo lugar, vamos às críticas negativas. Perguntei a um amigo meu gay se ele assistia a Glee, e ele me respondeu: “De jeito nenhum! Aquele seriado é muito gay!” (isto porque este meu amigo é gay!). Depois li um comentário em um certo perfil do facebook: “Quem foi que inventou essa droga de seriado chamado Glee?!” Sem contar que todos aqueles que assistem/gostam de “Glee” são motivos de chacota!
Se gostei?! Não muito... as performances musicais são bem divertidas, mas o seriado peca pelo excesso de bulling e ameaças ao Glee Club, pois a todo momento o grupo musical corre o risco de acabar, e isso cansa. O que deveria ser feito é dar uma continuidade na qual o grupo conquista a simpatia de todos e deixem de ser às vitimas sofridas do momento.
(Glee - Season 1 - Road to Sectionals - 2009)
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Hannah Montana - O Filme (2009)
"Hannah Montana: O Filme" é na medida certa para aqueles que gostam de uma diversão cinematográfica cheia de boas mensagens. Como na série de TV homônima, a cantora e sensação pop Miley Cyrus vive a jovem Miley Stewart e seu alter ego famoso, Hannah Montana.
Miley Stewart é uma garota que leva uma vida aparentemente normal, não fosse pelo fato de ter uma identidade secreta famosa, conhecida como Hannah Montana, uma verdadeira pop star. Esse detalhe parece tomar conta de sua vida, em meio à alta roda de Los Angeles, composta por gente descolada. Ela deixa que sua assessora Vita (Vanessa Williams) cuide de sua vida.
Aos poucos, Miley abandona sua vida pessoal, sua família – perde até a despedida do irmão (Jason Earles) quando ele vai para a faculdade – e dá mais atenção ao lado glamouroso das coisas. Seu pai, Rob Ray Stewart (vivido pelo pai verdadeiro de Miley Cyrus, o cantor country Billy Ray Cyrus), fica preocupado e decide que é hora de lembrar à filha suas verdadeiras raízes.
A gota d’água é quando Miley briga com outra garota por causa de um par de sapatos numa loja e acaba flagrada por paparazzi. Preocupado, o pai inventa a desculpa de que ela vai para Nova York, onde se apresentará. Mas, na verdade, leva-a para Crowley Corners, no Tennessee.
Em sua cidade natal, Miley vai reencontrar não apenas suas origens, mas também pessoas de seu passado, como sua avó Ruby (Margo Martindale, de Menina de Ouro). Um repórter bisbilhoteiro começa a fazer perguntas na cidade, o que poderá colocar a identidade secreta de Hannah Montana em risco.
Ao contrário da série, "Hannah Montana: O Filme" mostra como tudo começou, as origens da protagonista, ao levá-la de volta à sua pequena cidade no sul dos Estados Unidos.
Escrito por Daniel Berendsen e dirigido por Peter Chelsom (Dança Comigo?, Escrito nas Estrelas), "Hannah Montana: O Filme" é feito na medida para as fãs da série da televisão, mostrando mais um capítulo na vida da jovem estrela que, às vezes, tenta levar uma vida normal.
(Hannah Montana - The Movie - 2009)
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Cartas Para Julieta (2010)
Palco do romance impossível entre Romeu e Julieta, a bela cidade de Verona, na Itália, volta a ser cenário de novas e sensíveis histórias de amor em “Cartas para Julieta". Inspirada na famosa obra de William Shakespeare, esta produção é assinada por Jose Rivera, indicado ao Oscar pelo roteiro de "Diários de Motocicleta" e estrelado por Vanessa Redgrave.
O ponto de partida do filme é a lua de mel do casal Sophia (Amanda Seyfried, de Mamma Mia!) e Victor (Gael García Bernal, de Diários de Motocicleta) para Verona. Apesar de romântica, a viagem começa a fazer água quando ele se mostra mais interessado nas atrações culinárias da região do que na companhia de sua esposa.
É nesse momento em que Sophia visita o balcão de Julieta, atração turística da cidade, onde mulheres de todas as nacionalidades deixam cartas sobre amores perdidos ou impossíveis para a amada de Romeu (daí o título). Quando começa a retirar as cartas a pedido de um grupo de senhoras que trabalham no local, ela descobre acidentalmente uma mensagem deixada ali há mais de 50 anos por Claire Smith (Vanessa Redgrave).
Ao ler a carta, descobre que a jovem Claire, numa viagem de férias, apaixonou-se por um rapaz italiano, mas temendo a reação da família, decidiu voltar à Inglaterra. Penalizada, Sophia escreve uma resposta à agora senhora, que meio século depois decide reencontrar seu grande amor, com a ajuda da jovem americana.
Trata-se, enfim, de uma jornada em busca do que se perdeu. Enquanto o objetivo de Claire é mais palpável, encontrar Lorenzo (Franco Nero), Sophia deve resgatar o amor, que acredita ter acabado em sua relação com Victor. Para isso, a jovem contará com a ajuda de Charlie (Christopher Egan, de Eragon), neto de Claire, que a contragosto passa a acompanhá-las.
Apesar do roteiro um tanto previsível, há humor e sensibilidade o bastante para tornar "Cartas para Julieta" um romance envolvente. Deve-se muito, claro, à presença da veterana Vanessa Redgrave, que dá peso a qualquer obra de que participe. O carisma de Amanda Seyfried também é vital para fazer rodar os dramas que aparecem pelo caminho.
O resultado final do filme, dirigido por Gary Winick (de Noivas em Guerra), é equilibrado, com sua acertada trilha sonora e fotografia. Claramente voltado mais ao público feminino, não deixa, no entanto, de ter atrativos para outras plateias.
(Letters to Juliet - 2010)
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Comer Rezar Amar (2010)
Há uma grande contradição em “Comer, Rezar, Amar”: em alguns momentos, a protagonista Liz Gilbert arrisca muito em suas opções pessoais; sua intérprete, Julia Roberts, ao contrário, não arrisca nada neste papel, pura rotina para ela.
Escritora de sucesso de livros de viagem, Liz deixa o marido depois de oito anos, Stephen (Billy Crudup), envolve-se com um ator mais jovem e dado ao misticismo hindu (James Franco) e arremata a virada por uma longa viagem de um ano, entre a Itália, Índia e Bali. Na verdade, a viagem representou muito menos uma aventura do que parece, já que a escritora, na vida e na tela, financiou-a com um adiantamento pelo futuro livro – e que tirou a sorte grande ao tornar-se um bestseller lançado em cerca de 30 países, inclusive no Brasil.
Julia pode ter-se identificado com a personagem, enxergando corretamente o alto potencial da história para tornar-se um veículo para sua volta a um papel feminino de alto impacto – e sabe-se que estes papeis não sobram por aí, mesmo para atrizes do cacife de La Roberts, sempre no topo das mais bem-pagas de Hollywood.
A falta de elementos realmente novos está em todos os detalhes. Embora não seja assim tão comum uma mulher bem-sucedida jogar para o alto um casamento estável, como faz Liz com o apaixonado Stephen, nem por isso sua personagem chega a ser uma heroína feminista. Com roteiro assinado pelo diretor Ryan Murphy (de Correndo com Tesouras e da série Glee) e por Jennifer Salt, a ação decola quando Liz desembarca na Itália.
Essas viagens da protagonista preenchem a função de encher os olhos do espectador – não faltam belas paisagens, com direito a todos os cartões postais que uma Roma ensolarada pode oferecer. Mas nem tudo a respeito dos romanos é real, muito menos positivo. Liz aluga um quarto numa velha casa na capital italiana que nem água quente tem: para um banho morno, ela precisa esquentar a água numa chaleira no fogão, em plenos anos 2000. A imprensa italiana chiou bastante, alegando que isso poderia ter ocorrido, no máximo, durante a II Guerra Mundial, há mais de 60 anos...
Os clichês de praxe sobre a Itália estão todos lá: homens conquistadores e bons vivants, todo mundo envolvido no dolce far niente, ou seja, na boa e velha vagabundagem. E o que mais se faz é comer... Haja espaguete! Um momento divertido é quando Liz e sua nova amiga em Roma, a sueca Sofi (Tuva Novotny), mandam às favas a ditadura da boa forma, caem de boca na pizza napolitana e resolvem comprar calças maiores.
A passagem pela Índia é a parte mais chata. Fica difícil acreditar no engajamento de Liz no misticismo hindu, morando num ashram onde Liz limpa o chão, acorda de madrugada para meditar e leva broncas de outro americano amargurado, Richard (Richard Jenkins) – o que parece mais uma temporada no inferno do que uma jornada em busca da paz interior.
Finalmente, chega o capítulo do amor, na paradisíaca Bali, que Liz já visitou antes, conhecendo o seu velho guru, Ketut (Hadi Subiyanto). Nesta segunda viagem, a coisa começa mal, com Liz sendo atropelada quando andava de bicicleta, por um distraído brasileiro, Felipe (Javier Bardem). Um acidente que se transforma, mais tarde, em namoro firme entre dois divorciados, olhem que sorte. Para nós brasileiros, causa estranheza o sotaque sofrível do ótimo ator Bardem quando arranha algum português e a afirmação, feita por Liz a partir de conversas com o namorado, de que por aqui é normal e corriqueiro que os pais beijem os filhos na boca (!). Enfim, o forte de “Comer, Rezar, Amar” não é mesmo um retrato fiel dos países que visita.
A melhor coisa sobre o Brasil é incorporar à trilha sonora música e músicos de alta qualidade, fazendo uma ponte com a Bossa Nova. Estão lá o belo Samba da Benção, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, na voz de Bebel Gilberto, e Wave, de Tom Jobim, cantada por João Gilberto. O cantor baiano, aliás, é ouvido também interpretando ‘S Wonderful, de George & Ira Gershwin, com arranjo de Gilberto.
Ao final da projeção – um tanto longa, já que o filme se prolonga por 140 minutos -, fica a sensação de que faltou muita coisa. A ação fica excessivamente centrada na protagonista e sua interminável crise de identidade – que dura tempo demais. Os clichês sobre as pessoas e povos que ela encontra terminam por comprometer a credibilidade toda da história, por mais que se permita piadas e, vá lá, licenças poéticas. No final, Liz parece apenas percorrer as etapas previamente demarcadas de um roteiro de auto-ajuda, superficial como todos. Sorte da escritora Elizabeth Gilbert, que deve estar rindo à toa com o sucesso do livro e agora do filme.
(Eat Pray Love - 2010)
domingo, 10 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
Eurotrip (2004)
Quando os amigos que se conhecem apenas por cartas decidem se conhecer pessoalmente, Scott (Scott Mechlowicz) fica com medo. Mas ele descobre que sua amiga alemã é atraente e decide encontrá-la junto com três amigos, após sua formatura. Enquanto viajam pela Europa para o grande encontro, vivem as mais variadas e engraçadas aventuras.
(Eurotrip - 2004)
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