segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Broadway Danny Rose (1984)
No Carnegie, um restaurante nova-iorquino, estão sentados em volta de uma mesa alguns comediantes que recordam histórias de Danny Rose (Woody Allen), um ex-comediante que por não fazer sucesso se tornou um empresário que só tinha clientes fadados ao fracasso.
Entretanto, havia um cantor ítalo-americano, Lou Canova (Nick Apollo Forte), que tinha sido colocado no ostracismo por ter fama de temperamental e beberrão. Danny acreditava que com o retorno da onda de nostalgia a carreira de Lou pudesse tomar novo impulso e assim se dedica à carreira de Canova de corpo e alma, escolhendo suas roupas e seu repertório e até mesmo tendo suas refeições com ele. Gradativamente Lou vai ganhando espaço, até que quando Danny descobre que Milton Berle (Milton Berle) estava produzindo um show-nostalgia para a NBC e consegue convencê-lo de que Canova poderia fazer parte do espetáculo.
Assim, Berle iria assisti-lo no Waldorf, sendo que nesta noite nada poderia dar errado. Mas acontece que Lou tinha uma amante, Tina Vitale (Mia Farrow), e queria que no dia da apresentação Danny a levasse ao Waldorf para dar sorte, fingindo ser seu namorado ou algo parecido, pois Teresa (Sandy Richman), a mulher de Lou, estaria lá. Porém, no dia do show Tina teve uma séria briga com Lou e, muito irritada, disse para Danny que não iria. A situação foi ficando cada vez mais complicada e Lou abusa da bebida, enquanto Danny vai atrás de Tina, que tinha ido para uma festa, para tratar da situação com velhos amigos (seguindo o conselho de uma cartomante). Lá Tina encontra Johnny Rispoli (Edwin Bordo), que é apaixonado por ela e diz publicamente que Danny a roubou dele.
No entanto, Danny tinha conseguido que Tina se acalmasse e fizesse as pazes com Lou. Quando iam conversando para o Waldorf tudo parecia estar resolvido, sem saber que logo que eles saíram da festa houve uma reunião com os irmãos de Johnny, Joe (Frank Renzulli) e Vito (Paul Greco), que são capangas da Máfia. Assim, a mãe e os irmãos de Johnny decidem matar Danny, mas logo Tina percebe a gravidade da situação e alerta Danny do caso, fazendo com que ambos fujam de Joe e Vito.
Indicado ao Oscar de Roteiro Original e Direção (Woody Allen)
(Broadway Danny Rose - 1984)
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Onde o Amor Está (2010)
Kelly Canter (Gwyneth Paltrow) era uma estrela da música country, mas o vício da bebida destruiu sua carreira. Agora que ela saiu da clínica de reabilitação, seu produtor e marido James (Tim McGraw) a quer de volta aos palcos de onde nunca deveria ter saído.
Porém, esse recomeço pode ser difícil para ela e, para sair em turnê, os dois contratam jovens artistas para novos trabalhos e abertura de shows. Assim, Beau Hutton (Garret Hedlund) e Chiles Stanton (Leigthon Meester) entram para a trupe. É quando alguns conflitos começam a surgir e o medo de uma recaída vem à tona, mas o brilho de uma estrela nunca se apaga. Filme horrível, não perca seu tempo assintindo!
Indicado ao Oscar de Melhor Canção.
(Country Strong - 2010)
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sábado, 25 de fevereiro de 2012
Histórias Cruzadas (2011)
A luta pelos direitos civis dos negros dos anos 1960 nos EUA ganha um viés intimista e predominantemente feminino em “Histórias Cruzadas”.
Emma Stone interpreta a jovem Skeeter Phelan, que volta para sua casa, em Jackson, Mississippi, depois de cursar a universidade. Disposta a reverter a tradição sulista que destina às mulheres não mais do que o casamento e uma porção de filhos, Skeeter quer tornar-se jornalista. No jornal local, porém, não encontra mais o que fazer do que uma coluna de dicas sobre limpeza doméstica.
Por ironia, Skeeter encontra justamente neste trabalho o grande projeto que mudará sua vida e a de algumas empregadas negras da cidade, oprimidas por relações de trabalho, dominadas por leis segregacionistas que não se distanciam tanto assim da escravidão. Conversando com elas para a sua coluna, Skeeter decide revelar a história dessas mulheres – o que pode garantir-lhe um emprego em Nova York, onde tem contato com uma editora (Mary Steenburgen).
Aibeleen (Viola Davis), a primeira empregada que fala com Skeeter, torna-se a real protagonista da história, como símbolo da opressão que a história procura resgatar. Mãe de um filho que morreu jovem, Aibeleen é o modelo de muitas dessas empregadas, criando os filhos das patroas atrás do outro, arcando com todo o trabalho de limpeza e cozinha e nem por isso podendo usar sequer os mesmos pratos, talheres muito menos o mesmo banheiro da família. Sua patroa, Elizabeth Leefolt (Ahna O’Reilly), inclusive construiu um tosco toalete de madeira exclusivo para ela.
Nenhuma patroa encarna melhor a sordidez destas relações quanto Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard). Amiga de Elizabeth e Skeeter, ela é a líder dessa comunidade de donas-de-casa no fundo submissas aos maridos que descontam suas frustrações nesse exército de servidoras negras, tidas até legalmente como cidadãs de segunda classe.
Vilã contra a própria mãe ligeiramente esclerosada (Sissy Spacek), Hilly será objeto de uma vingança por parte da empregada Missy (Octavia Spencer), mais rebelde do que Aibeleen. Apesar de suas diferenças, serão estas duas as maiores aliadas para o êxito do livro secreto de Skeeter.
Fica muito claro desde a primeira cena que o diretor optou por não levar o confronto da história até as últimas consequências. Deste modo, embora se mencione o risco real que correm as empregadas somente por falarem às escondidas com Skeeter, de modo nenhum isto se materializa na tela.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz (Viola Davis), Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain). Vencedor do Oscar de Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer).
(The Help - 2011)
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
A Dama de Ferro (2011)
O foco do enredo está na humanização de Margaret Thatcher, que governou a Inglaterra com mão de ferro entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização de estatais, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando inclusive o salário mínimo.
Passando um tanto batido por boa parte desse contexto político, o filme retrata a ex-primeira ministra – que está viva, com 86 anos - na atualidade, como uma velha senhora abalada pela semi-senilidade, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Difícil não se sentir penalizado diante desta situação, ainda mais contando com uma intérprete do quilate de Meryl Streep para explorar suas nuances.
Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, que ela não raro discute com o fantasma do marido, Denis (Jim Broadbent) – uma sombra dos bons tempos que parece recusar-se a abandoná-la.
As lembranças trazem de volta as imagens de uma jovem de província. Filha de um comerciante, ela vem de baixo e vai abrindo seu caminho, à custa de muito trabalho e estudo, na prestigiada universidade de Oxford.
Por influência do pai e do marido, que foi um executivo da indústria petrolífera, Margaret entra para o reduto machista da política. Apesar disto, com persistência e seguindo conselhos de alguns aliados, muda de penteado e impõe seu estilo, para tornar-se a primeira mulher a alcançar o cargo de primeira-ministra na Inglaterra.
Dificilmente, não despertaria simpatia uma narrativa carregada deste tom feminista. O problema é que a época de Thatcher, como é de conhecimento geral, foi marcada por episódios cruciais, como a Guerra Fria, uma longa greve de mineiros, a Guerra das Malvinas com a Argentina e o enfrentamento com o Exército Republicano Irlandês (IRA) – que armou uma bomba para tentar matá-la, em 1984.
Sendo assim, o filme parece uma sombra pálida demais para retratar uma personagem assim complexa. “A Dama de Ferro” não dá conta nem de um mínimo da ambiguidade de sua importante protagonista.
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Maquiagem.
(The Iron Lady - 2011)
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Uma Vida Melhor (2011)
Um jardineiro mexicano em Los Angeles luta para manter o seu único filho longe das gangues do subúrbio e dos agentes de imigração. Mas a sua difícil realidade contrasta com o seu dia a dia, em que ele percorre a cidade para realizar o trabalho de paisagismo nas casas dos mais ricos proprietários. Toda a sua dedicação e seu esforço são para garantir o melhor futuro para seu filho.
Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Demián Bichir)
(A Better Life - 2011)
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Indicado ao Oscar
A Estranha História de Não Pergunte Não Fale (2011)
A turbulenta evolução da legislação DADT: Da proibição de homossexuais durante a Segunda Guerra Mundial ao "Não pergunte, não conte" de 1993 que obrigou os soldados a mentirem sobre sua sexualidade.
(The Strange History of Don't Ask, Don't Tell - 2011)
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A Canção da Vitória (1942)
Seria extremamente fácil formular uma perspectiva pós-moderna, politicamente correta e sofisticada para classificar "A Canção da Vitória" como propaganda ultranacionalista. De fato, esta cinebiografia na forma de extravagância musical, que detalha a vida do patriota showman George M. Cohan - um americano de origem irlandesa e o primeiro artista a receber a Medalha de Honra do Congresso -, é repleta de números musicais sentimentais e simplistas, caracterizados invariavelmente pelo estilo de dança sem ginga, exaltado e impetuoso que era a marca registrada de Cohan, e que defendem através de suas letras as mais rígidas instituições americanas, como, por exemplo, "Grand Old Flag", "Give My Regards to Broadway", "Over There" e a canção do título original. O filme é um flashback - contado por um modesto Cohan a Franklin Delano Roosevelt - que termina com uma propaganda descarada da intervenção dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial: "Eu não me preocuparia com este país se fosse o senhor. Vai ser moleza. Em que outro lugar do mundo um cara normal como eu pode chegar e bater um papo com o presidente?"
Contudo, uma leitura tão cínica assim cometeria a terrível falha de ignorar algo surpreendente, tocante e grandioso que atravessa "A Canção da Vitória" como um rio límpido: a magnífica sinceridade de James Cagney no papel principal. Isso fica claro no seu jeito de sorrir sem acanhamento para frisar suas ideias; no seu tom de voz tranquilo e civilizado; no extraordinário virtuosismo da sua dança - com seu estilo persuasivo e original -, que é de um atletismo incansável e ao mesmo tempo infantil, brincalhona e distanciamento alienado tomou conta das atuações de Hollywood: a total e apaixonada crença de Cagney em tudo o que faz. A direção de Michael Curtiz jamais o ofusca, a fotografia em preto e branco exuberante de James Wong Howe jamais deixa de mostrar cada nuance da sua postura e expressão com uma iluminação bem articulada. E, quando seu pai sapateador (Walter Houston) está morrendo, com Georgie ao lado do seu leito de morte, Cagney se rende a um sincero arroubo emocional que o leva às lágrimas. Na verdade, nos importamos tanto com aquele homem que esquecemos que estamos diante de uma interpretação. Cagney se torna Cohan. Mais do que nunca, ele se torna o espírito otimista na tela.
Vencedor do Oscar de Melhor Ator (James Cagney), Trilha Sonora e Som. Indicado nas categorias: Melhor Filme, Direção (Michael Curtiz), Ator Coadjuvante (Walter Huston), Edição e Roteiro Original.
(Yankee Doodle Dandy - 1942)
Biutiful (2010)
O eixo de “Biutiful” é Uxbal (Javier Bardem), pai que tem a custódia de dois filhos pequenos, lidando com o desequilíbrio emocional da ex-mulher, Marambra (Maricel Alvarez). Tanto quanto a vida pessoal, a vida profissional de Uxbal é um tumulto incessante – ele trabalha como intermediário em negócios envolvendo o trabalho ilegal de chineses e africanos. Mas ele mesmo, europeu, não tem uma qualidade de vida muito melhor do que a deles.
Longe de constituírem apenas um aspecto marginal, as situações dos chineses e africanos se fortalecem na história na medida em que, nos dois grupos, há personagens de verdade, não tipos unilaterais. Com isso e o reforço a um lado ético na personalidade de Uxbal, apesar de tudo, o painel humano do drama ganha uma autenticidade impressionante, que sinaliza a todo momento para a eterna possibilidade da descoberta de algum tipo de fraternidade entre as pessoas.
Onipresente na história, a morte permeia toda a narrativa – pendente sobre Uxbal, que se descobre doente, o que o angustia pela dependência dos filhos; sobre o trabalho cotidiano dos imigrantes ilegais, inseguro como seus alojamentos. Existe mesmo um aspecto sobrenatural de Uxbal, que supostamente é capaz de falar com os mortos e por isso é chamado por muitas pessoas. Essa particularidade, longe de proporcionar-lhe qualquer alívio espiritual, é mais um tormento para o homem, especialmente quando se envolve num sério incidente com seus imigrantes.
Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Javier Bardem) e Melhor Filme Estrangeiro.
(Biutiful - 2010)
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Indicado ao Oscar
Setembro (1987)
Uma casa isolada em um local pacífico, uma mãe que consumiu a felicidade da filha em benefício próprio e o conseguinte trauma são laivos de “Sonata de Outono” em “Setembro” (1987), filme emocionalmente trágico de Woody Allen.
Lane (Mia Farrow) é uma mulher retraída, o sofrimento está estampado em seu rosto por causa dos abalos psicológicos provocados por uma incrível tragédia. Nova York, a queridinha do diretor, é a salvação de sua protagonista. Na cidade inspiradora, Lane pretende recomeçar a vida ao lado de Peter (Sam Waterston), um charmoso escritor em crise.
Sua adolescência, fase da vida naturalmente conturbada, foi maculada com o sangue do amante de sua desatinada mãe Diane (Elaine Stritch). A solução do mistério que envolve o assassinato é deixada para depois, no ápice de uma altercação. Stephanie (Dianne Wiest), amiga de Lane, sofre comedidamente por um casamento sem romantismo. Quando resolveu buscar a paz na casa da amiga em Vermont, Stephanie não imaginou que um homem incitaria impiedosamente sua turbulência interior. Howard (Denholm Elliott) é um professor de francês apaixonado. Ao conviver prazenteiramente com Lane, pôde perceber o aparecimento de um sentimento surpreendente, sua viuvez não foi proibitiva. Lane, por sua vez, somente reconhece a gentileza em Howard. Ela está perdidamente apaixonada por Peter, cujos olhos só enxergam com paixão uma única pessoa — Stephanie. O físico Lloyd (Jack Warden) também se encontra, acompanhando a namorada Diane.
Uma tempestade furiosa anuncia a escuridão. A luz da residência desaparece e a eletricidade dos relâmpagos ilumina precariamente os personagens. No próximo plano, uma vela esforça-se para iluminar uma pequena parte da casa com sua chama bruxuleante. Na penumbra, todos emitem uma espécie de luz própria. Howard expõe seu amor, e Lane, com cuidado para não lhe machucar, cita a paixão que mantém por Peter. Lloyd, apoiado em seus conhecimentos, fala sobre a triste realidade do universo. Aleatório e perfunctório. Diane, levemente afetada pela bebida, adentra na imensidão do passado. Para Stephanie a fuga é a única opção sensata, seu desejo por Peter é diminuto diante da enorme dimensão dos problemas. Peter e Lane dialogam, ela inocentemente crê que a incapacidade dele em concretizar um relacionamento amoroso é consequência do período delicado em que vive. A conversa termina com sorrisos sinceros. Com Stephanie ao piano, a luz retorna sem aviso.
A maturidade está presente inclusive na filmagem, Allen revelou que nunca filmaria da mesma maneira em suas primeiras películas. O que vemos na tela é uma reinvenção. Não satisfeito com a primeira versão, o diretor optou por uma nova filmagem. É possível sentir o desenvolvimento da complexidade na aparente simplicidade de “Setembro”. A psique humana é composta por caminhos sinuosos, apenas habilidade é insuficiente para explorá-la com segurança. Aqui, a diversidade do amor ― o amor próprio, o irrefreável e o extremamente puro e simultaneamente não correspondido ― merece uma análise minuciosa. O título do filme deixa bem evidente a importância do futuro. Stephanie comenta que o mês de Setembro está próximo e diz que tudo vai dar certo. O espetáculo é encerrado após uma concreta sensação de ambiguidade. Afinal, o universo é aleatório.
“Penso que o filme Setembro é o melhor filmado por mim até então. Foi feito com mais sofisticação porque estávamos todos naquela casa e a câmera estava constantemente em movimento e havia montes de coisas a acontecer além da câmera. Nos meus primeiros filmes nunca filmaria desta maneira.” – Woody Allen em 1987
(September - 1987)
Em Busca do Ouro (1925)
"Em Busca do Ouro" vem corroborar a crença de Charles Chaplin de que tragédia e comédia nunca estão muito distantes uma da outra. Essa improvável inspiração dupla lhe veio depois de ver alguns slides sobre as privações sofridas pelos garimpeiros na corrida do ouro no Klondike entre 1896-1989 e ler um livro sobre a tragédia da expedição de Donner, de 1946, em que um grupo de imigrantes preso pela neve na Sierra Nevada é obrigado a comer seus próprios sapatos e os cadáveres dos companheiros mortos. A partir desse tema sinistro e árido, Chaplin criou alta comédia. O conhecido vagabundo se torna um garimpeiro, juntando-se à massa de homens corajosos e otimistas para enfrentar os perigos do frio, da fome, da solidão e dos ursos que, vez por outra, podiam aparecer.
O filme foi, em todos os aspectos, o projeto mais elaborado da carreira de Chaplin. A equipe passou semanas filmando em locação nas geleiras de Truckee, na região castigada pela neve de Sierra Nevada. Lá, Chaplin recriou a imagem histórica dos garimpeiros lutando para atravessar a passagem de Chilkoot. Cerca de 600 figurantes, muitos deles andarilhos e vagabundos de Sacramento, foram levados de trem para escalar a passagem de 700m através da neve da montanha. Para a tomada principal, a equipe voltou para o estúdio em Hollywood, onde uma cordilheira em miniatura muito convincente foi feita com madeira, tela de arame, estopa, argamassa, sal e farinha. Além disso, os técnicos do estúdio criaram maquetes primorosas para produzir os efeitos especiais exigidos por Chaplin, como a cabana dos garimpeiros, que é levada por uma tempestade até a beira de um precipício, em uma das mais longas sequências de suspense cômico do cinema. Muitas vezes, é impossível perceber as passagens de maquete para cenário em tamanho real.
"Em Busca do Ouro" é repleto de cenas cômicas que se tornaram clássicas. O horror histórico da fome dos pioneiros do século XIX inspirou a sequência em que Carlitos e seu parceiro Big Jim (Mack Swain) ficam presos na neve e famintos. Aos olhos do delirante Big Jim, o amigo se transforma intermitentemente em um frango assado - um triunfo tanto do cinegrafista, que teve que fazer o complexo truque funcionar apenas com a câmera, quanto de Chaplin, que assume, como num passe de mágica, as características de um pássaro.
O sonho do garimpeiro solitário de oferecer um jantar de Ano Novo para a bela garota do salão de dança (Georgia Hale, que substituiu Lita Grey, de 16 anos, quando esta ficou grávida e se casou com Chaplin) dá a oportunidade para outro famoso número de Chaplin: a dança dos pãezinhos. A brincadeira não era inédita no cinema, porém Chaplin confere uma personalidade única às pernas dançantes feitas de garfos e pães.
Hoje, "Em Busca do Ouro" é considerado uma das mais perfeitas realizações de Chaplin. Embora seu gosto pelo próprio trabalho tenha mudado com o tempo, no fim da vida ele declararia diversas vezes que este era o filme pelo qual gostaria de ser lembrado.
Indicado ao Oscar de Trilha Sonora e Som.
(The Gold Rush - 1925)
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Kagemusha, a Sombra de um Samurai (1980)
No século XVI o Japão passou por uma guerra civil. Os chefes de clã ansiavam alcançar a Kyoto, a capital, cuja conquista significava a soberania sobre o Japão. Entre os mais fortes há três rivais: Shingen Takeda (Tatsuya Nakadai), Nobunaga Oda (Daisuke Ryu) e Ieyasu Tokugawa (Masayuki Yui).
Em 1572, Shingen marcha em direção a Kyoto. Nobunaga e Ieyasu juntam-se para impedi-lo e são repelidos. Então Shingen cerca o forte de Ieyasu, o castelo Noda. Após dois anos de cerco, a luta ainda continua e em breve virá um inverno inclemente, que não poupará nenhum dos lados.
No meio desta guerra há um segredo que poucos conhecem: trata-se de um ladrão comum que, por causa da semelhança surpreendente com Shingen, foi escolhido para fazer se passar por ele enquanto o verdadeiro Shingen fica a salvo. Porém, Shingen resolve presenciar a queda do castelo Noda e é alvejado. Surgem rumores que Shingen está morto, mas o que aconteceu é que ele foi ferido e ordenou aos seus conselheiros que, se ele vier a falecer, que sua morte seja ocultada por pelo menos três anos, que os domínios deles sejam guardados tendo o cuidado de nunca se deslocar, pois se ignorarem estas ordens e atacarem será o fim do clã Takeda. Ele pede que considerem isto como seu testamento. Seus exércitos abandonam o cerco e, enquanto retornavam, Shingen vê Kyoto e morre.
Assim seu desejo é mantido e, para que seus inimigos não ataquem e as tropas se mantenham motivadas, seu sósia devidamente treinado toma seu lugar como chefe do clã. Assim por um período de três anos o kagemusha, seu sósia, é tratado por todos, inclusive pelo filho e pela amante, como se fosse o real Shingen. Só os conselheiros mais íntimos sabem a verdade, pois é importante que amigos e inimigos acreditem que Shingen está vivo.
Seu sósia, que no início fazia esta tarefa com bastante insegurança, gradativamente vai aprendendo todos os sutis detalhes que compunham o modo de ser de Shingen. Assim ele cria respeito no clã Takeda e medo nos inimigos, que crêem que o grande guerreiro está vivo.
Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Melhor Filme Estrangeiro.
(Kagemusha - 1980)
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Drácula (1931)
Embora o livro do vampiro de Bram Stoker tivesse sido filmado por F.W. Murnau em 1922 como Nosferatu e o diretor Tod Browning tivesse escalado Lon Chaney como falso vampiro no mudo London After Midnight, este filme precocemente sonoro - filmado no final de 1930 e lançado no dia dos namorados de 1931 - foi o que inaugurou de fato o terror como gênero e as histórias de vampiro como seu mais popular subgênero.
O fotógrafo Karl Freund tinha uma grande experiência com o jogo de sombras do expressionismo alemão, enquanto Browning era o rei do grotesco americano, de modo que o filme representa uma síntese das duas principais correntes do horror mudo. Como "O Gato e o Canário", "A Mansão do Morcego" e outras marcas registradas do terror americano, este "Drácula" chega às telas não através das páginas da literatura gótica clássica, e sim vindo diretamente dos palcos: o roteiro tem como base principal duas adaptações teatrais do romance de Stoker, uma de Hamilton Deane e outra de John L. Balderson. O primeiro astro do novo gênero é Bela Lugosi, que havia interpretado Drácula na Broadway e foi finalmente escalado para o filme depois da morte prematura de Chaney, o ator favorito do diretor. É possível que a perda de Chaney tenha tirado um pouco o brilho da direção de Browning, que é menos inspirada do que o trabalho de George Melford na versão espanhola, filmada simultaneamente (e, ainda por cima, nos mesmos cenários) - no entanto, o segundo sofre com a falta de um Drácula icônico e com o fato de seguir à risca o roteiro, enquanto o Drácula falado em inglês foi consideravelmente reduzido por uma edição que cortou 20 minnutos de excessos.
Pré-histórico em suas técnicas cinematográficas e preso a um roteiro limitado, o filme de Browning ainda consegue conservar boa parte de sua atmosfera decadente e sinistra ao jogar luz (literalmente, através de pequenos feixes luminosos que apontam para seus olhos malévolos) sobre a atuação de Lugosi como o vampiro, que transforma cada sílaba em uma ameaça com seu sotaque húngaro em frases como: "Crianças da noite, consegue ouví-las?" ou "Eu nunca bebo vinho!". O filme começa de forma magnífica, com um trecho de "O lago dos cisnes" e uma carruagem caindo aos pedaços que leva o agente imobiliário Renfield (Dwight Frye) para o castelo infestado de teias de aranhas e animais (como um tatu dentro de uma cripta). Drácula passa por uma cortina de teias, contorcendo-se de desejo por sangue quando seu convidado abre um talho no dedo ao cortar um pão, e três vampiras sem alma atacam o desprevenido visitante.
Depois que o roteiro resolve de forma decepcionante uma perigosa viagem marítima (trechos de imagens de arquivo) e o conde fixa residência em Londres, Lugosi se acalma. Porém Edward Van Sloan convence como o professor Abraham Van Helsing, o matador de vampiros, Helen Chandler está graciosa como Mina, a heroína que tem seu sangue sugado e é quase vampirizada, e Frye rouba absolutamente todas as cenas quando Reinfield se transforma em um gargalhante maníaco comedor de moscas. O castelo de Drácula - com seus cinco andares de janelas góticas - é o destaque da direção de arte, porém as cenas de Londres oferecem uma impressionante escadaria e catacumbas para o covil inglês do conde. Browning, no entanto, desaponta no último minuto, com um clímax fraco em que o vampiro é derrotado com muita facilidade, sua morte representada por um grunhido em off depois de ele ser empalado.
(Dracula - 1931)
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Um Peixe Chamado Wanda (1988)
Um inglês chamado George (Tom Georgeson), sua namorada americana Wanda (Jamie Lee Curtis), o amante americano desta, Otto (Kevin Kline), e o ajudante de George, o gago Ken (Michael Palin), roubam juntos o cofre de uma joalheria. Desconfiados e nada confiáveis, todos são criminosos amadores com segundas intenções secretas e alianças internas. Wanda e Otto traem George e o incriminam, mas Ken inadvertidamente intercede e esconde o tesouro no aquário que tem em casa.
Quando George é julgado e defendido por Archie (John Cleese), um advogado frustrado, Wanda resolve seduzir o nobre causídico para descobrir o paradeiro secreto das joias roubadas por sua gangue. As confusões se multiplicam rapidamente e talvez nenhuma seja mais agressivamente engraçada do que as várias tentativas de Ken para matar a senhora Coady (Patrícia Hayes), dona de um cachorrinho, a única testemunha que pode ligar George ao crime. Misturados a tudo isso estão Otto, que finge passar cantadas gays em Ken, a vida caseira tediosa de Archie, o caso de amor crescente entre Archie e Wanda, que é interrompido constantemente pelos arroubos de ciúmes de Otto, e um final no aeroporto com um voo para um futuro tranquilo como o prêmio desejado por todos.
Uma divertida comédia de costumes e choques culturais anglo-americanos nada sutis, o sucesso de “Um Peixe Chamado Wanda”, de Charles Crichton, está em seu tratamento dos estereótipos de gângsteres. Primeiro há o absurdo tema central, apoiado na (in)capacidade de comunicação de um homem que sempre foi gago (Ken). Depois, o matador psicótico (Otto), apresentado como um paspalhão ultra-sensível manipulado por uma femme falale (Wanda) com um fraqueza erótica pelo idioma italiano. Por fim, há o heroi certinho (Archie), um homem recatado com grandes paixões, mas também com um fraco quase patológico para ir parar no lado ruim de situações de azar.
Risadas à parte, Wanda proporciona uma reciclagem triunfante da ex-rainha dos filmes de terror, Curtis, como uma atriz cômica, ao mesmo tempo que serve como trampolim para a ascensão de Kline ao círculo dos críticos como um ator digno de prêmios. Sem fazer força e sobretudo com muito humor, o filme também levantou as carreiras de John Cleese e Michael Palin, integrantes do Monty Python, tornando-os estrelas de Hollywood no gênero.
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Kevin Kline). Indicado ao Oscar de Direção (Charles Crichton) e Roteiro Original.
(A Fish Called Wanda - 1988)
Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo (2003)
Na história vemos o capitão Jack comprometido com os esforços bélicos do Império Britânico, cujas ordens são deter e capturar o maior navio da armada francesa, o Acheron. No entanto, a empreitada torna-se difícil quando percebem que a nau é maior, mais equipada e com mais tripulantes do que o H.M.S. Surprise. A sorte piora quando são atacados de surpresa pelo Acheron, deixando-os quase à deriva pelo Atlântico.
Embora os livros não tragam realmente uma investigação adequada para agregar um peso intelectual convincente, Weir conseguiu criar uma agreste descrição de como poderia ter sido o cotidiano das lutas marítimas ocorridas em meados do século XIX. E juntamente a essa grande qualidade, Weir acrescentou a realidade do cinema moderno - catastrofismo e barbárie frente à construção poética, emotiva ou concisa da história.
Desta forma, é possível entender a cisma da crítica mundial sobre o filme.
O espectador que for ao cinema apenas para desfrutar as cenas de luta, que povoam inteiramente o trailer (a da batalha pura e dura) se sentirá bem recompensado ao final da sessão. A notável fotografia de Russel Boyd reconstrói o ambiente febril das guerras napoleônicas, que contextualizam toda a trama. Ainda mais quando se vê o trabalho por meio planos rápidos de batalha, que fazem simplesmente as cadeiras do cinema tremer.
Não se pode negar também o excepcional trabalho de Russel Crowe. Embora não seja necessário grande eloqüência dramática, o ator possui todas as habilidades para se tornar o herói da trama. E está também muito bem assessorado pelo ator Paul Bettany, no papel do médico e cientista Stephen Maturin, que rouba muitas cenas ao lado do ator-mirim Max Pirkis.
Vencedor dos Oscar de Fotografia e Edição de Som. Indicado em mais 8 categorias: Melhor Filme, Direção (Peter Weir), Direção de Arte, Figurino, Edição, Maquiagem, Som e Efeitos Visuais.
(Master and Commander: The Far Side of the World - 2003)
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Indicado ao Oscar,
Vencedor do Oscar
Neblina e Sombras (1991)
Woody é como todo bom mágico: todo mundo acha que ele sempre faz a mesma obra indefinidamente ao longo de toda a sua carreira, mas sempre encontra algum meio de parecer totalmente novo aos nossos olhos. É assim mais uma vez com “Neblinas e Sombras”, filme que mesmo sendo uma homenagem ao expressionismo alemão, não foge ao estilo Allen de produção: ótica ateísta, personagens complexos e complicados, humor afiado e sempre com aquela velha pontinha de desconforto…
Assim, não se trata de mera cópia ou homenagem vazia em si, mas apenas um terno novo na vasta coleção do realizador. Assim como já vestiu o manto de Bergman em “Interiores” ou se cobriu de Fellini em “Memórias” e jamais pareceu derivativo, com Woody, o expressionismo alemão renasce como uma comédia de personagens, e não de ação.
Em uma história que envolve a busca por um assassino, o humor é negro, seco, cruel. Não há matadores atrapalhados, investigadores imbecis, nem gags visuais. Pelo contrário; apesar de ainda possuir um texto afiado e hilário, é um dos filmes mais opressivos de Woody. O riso nervoso vem das próprias enrascadas em que indivíduos perdidos em seus próprios problemas têm de lidar com um criminoso, provavelmente louco, à solta nas ruas.
Em outros filmes, todos esqueceriam seus próprios problemas para caçar ou fugir da figura que parece onipresente em todos os cantos. Mas o universo de Woody é outro. Entram aqui a engolidora de espadas sentimental, o palhaço cheio de dilemas, o escriturário covarde e puxa-saco que desfilam pelo cenário de época de Santo Loquasto enegrecido pela fotografia personalíssima e sombria de Carlo Di Palma. Tudo isso deixa o filme a um passo do puro desespero: normalmente, problemas pessoais e situações de perseguição vêm em filmes separados. Juntos, nos dá a ideia de como somos vulneráveis e frágeis. Como sobreviver naquela noite fatídica?
A neblina do título engole e cospe para a câmera piadas sexuais, questionamentos existenciais e relacionamentos complicados; nunca se sabe com o que iremos nos deparar quando virarmos a esquina: uma nova paixão, um novo grilo na cabeça, uma lâmina reluzente. É nesse turbilhão de vida com sua carga forte de entropia presente que o diretor brinca de prestidigitador e mostra ao seu espectador o seu cinema-mentira: é engano e encanto o tempo todo.
De tão complicado que se tornou, o filme só poderia acabar mesmo em um passe de mágica. Afinal, este é o mundo dos 24 quadros por segundo e só mesmo Woody para depois de enforcar quem assiste por dezenas de minutos seguidos com dilemas claustrofóbicos e situações de puro pânico e ainda lançar um humor jocoso por cima, completar a cereja do bolo com aquele típico final ambíguo e puramente cinematográfico que só ele saberia criar. Esperança e pessimismo ao mesmo tempo, indissolúveis.
(Shadows and Fog - 1991)
Hamlet (1948)
Hamlet, príncipe dinamarquês (Laurence Olivier) procura vingar a morte do pai, pois o fantasma do rei narra que foi assassinado pelo irmão (Basil Sydney), que assumiu o trono e casou-se com a mãe de Hamlet (Eileen Herlie).
Vencedor do Oscar de Melhor Filme, Ator (Laurence Olivier), Direção de Arte e Figurino. Indicado aos Oscar de Direção (Laurence Olivier), Atriz Coadjuvante (Jean Simmons) e Trilha Sonora.
(Hamlet - 1948)
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Sexo, Mentiras e Videotape (1989)
O roteirista e diretor Steven Soderbergh – agora mais conhecido por “Erin Brockovich” e pelo ganhador do Oscar “Traffic” – teve uma estreia marcante com este drama que ganhou a Palma de Ouro e o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 1989.
Escrito em apenas oito dias e filmado em cinco semanas com um orçamento de 1,2 milhões de dólares, “Sexo, Mentiras e Videotape” recebeu o crédito de transformar a indústria do cinema independente, levando os espectadores do cinemão a ver filmes de pequena escala, que antes não teriam assistido. E este filme é certamente imperdível, uma visão ardilosa, sexy e inteligente dos relacionamentos modernos passada no tórrido Sul dos EUA.
Andie MacDowell, em seu primeiro principal papel depois de aparecer em “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” e “Greystoke: A Lenda de Tarzan”, estreia como Ann Millaney, uma esposa perfeita presa em um casamento tedioso e quase sem sexo com John (Peter Gallagher), um advogado egoísta. Escondido de Ann, John está tendo um caso com a irmã briguenta dela, Cynthia (Laura San Giacomo), mas todos os segredos e mentiras em seus relacionamentos recíprocos são revelados quando Graham (James Spader), um colega de escola de John, chega à cidade, forçando todos a encarar verdades sobre os outros e sobre si mesmos. Graham, é claro, tem suas próprias surpresas a revelar – ele trouxe uma mala cheia de fitas de vídeo, cada uma com uma mulher falando abertamente sobre seus segredos sexuais. Mas como conseguiu que tantas mulheres se abrissem com ele?
Os diálogos de Soderbergh são espantosamente francos e ele enche seu filme de atores talentosos que interpretam suas falas com brilho. A ex-modelo MacDowell está ótima como a flor arrumadinha sulista e San Giacomo é um achado como irmã desinibida. Mas o filme é realmente de Spader – um ex-ator de filmes adolescentes “A Garota de Rosa Shocking”, “Abaixo de Zero”, que mostra aqui uma profundidade e uma sensibilidade inesperadas em seu retrato do personagem mais interessante do quarteto reprimido de Soderbergh.
Indicado ao Oscar de Roteiro Original.
(Sex, Lies, and Videotape - 1989)
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Contos de Nova York (1989)
Na primeira história, "Lições de Vida" (Life Lessons), dirigida por Martin Scorsese, Lionel Dobie (Nick Nolte), um famoso artista plástico, fica arrasado quando Paulette (Rosanna Arquette), sua namorada e assistente, planeja abandoná-lo. Na segunda, "A Vida Sem Zoe" (Life Without Zoe), dirigida por Francis Ford Coppola, Zoe (Heather McComb), uma menina, vive esquecida em um hotel de luxo enquanto seus famosos pais viajam o mundo. Na terceira, "Édipo Arrasado" (Oedipus Wrecks), dirigida por Woody Allen, Sheldon Mills (Woody Allen) é um advogado que não consegue se libertar da mãe dominadora.
(New York Stories - 1989)
O Mundo da Fantasia (1954)
A saga da família Donahue, que sempre se dedicou ao mundo dos espetáculos. A filha deseja ser uma grande estrela, um dos filhos decidiu ser padre, mas o outro, um dançarino, se apaixona por uma jovem que sonha ardentemente em ser cantora e não está disposta a perder nenhuma oportunidade que possa prejudicar seu grande objetivo.
Indicado ao Oscar de Figurino, Trilha Sonora e Roteiro.
(There's No Business Like Show Business - 1954)
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sábado, 4 de fevereiro de 2012
Robin Hood (2010)
Um rei populista, um heroi comunista e um frei apicultor. Bem vindo à Idade Média de Ridley Scott. O filme se interessa pelos anos de formação do personagem; é praticamente o making of de um heroi fora da lei. Ao filme, não importa no que Robin Longstride se tornou, mas como ele se transformou em lenda. Ou seja, tal qual todos os primeiros filmes das séries recentes de personagens famosos, reinventa-se suas origens.
Russell Crowe é Longstride, um arqueiro que pertence ao exército do rei Ricardo (Danny Huston), que logo é morto em batalha contra os franceses. A consequência disso é que sobra para o arqueiro – sob a identidade de Sir Loxley, que também morreu nas mãos dos inimigos - e seus companheiros levarem a coroa para Londres, onde será colocada na cabeça do príncipe João (Oscar Isaac). Este, assim que sobe ao trono, dispensa o conselheiro real, William Marshall (William Hurt), para aceitar as sugestões de seu amigo Godfrey (Mark Strong), que o trai fazendo jogo duplo com os franceses.
Enquanto os nobres estão empenhados em fazer alianças e novos inimigos, Longstride precisa assumir completamente sua identidade falsa, o que inclui a de filho Loxley (Max von Sydow) e marido de Lady Marion (Cate Blanchett), inclusive dividindo a cama com ela. De princípio, ela não gosta muito do plano do sogro, mas acaba aceitando, para que os Loxley não percam suas terras por causa da morte do verdadeiro marido de Marion.
(Robin Hood - 2010)
O Sol da Meia Noite (1985)
Nikolai Rodchenko (Mikhail Baryshnikov) é um bailarino da União Soviética exilado nos Estados Unidos que é aprisionado pela KGB quando seu avião sofre uma pane e pousa em território soviético. Lá tem contato com um bailarino americano, que desertou do exército na época da Guerra do Vietnã, foi morar em Moscou e está casado com uma russa.
Vencedor do Oscar de Melhor Canção por "Say You, Say Me" e indicado ao Oscar nesta mesma categoria por "Separate Lives (Love Theme from White Nights)".
(White Nights - 1985)
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O Céu Pode Esperar (1978)
Joe é um quarterback em preparação para o superbowl que quase morre em um acidente. Um anjo ansioso o leva para o céu para somente depois perceber, tarde demais (quando o corpo de Joe já havia sido cremado), que ele não deveria estar ali. Agora Joe reencarna no corpo de um milionário, o que dá início a muitos problemas.
Ganhou o Oscar de Direção de Arte. Indicado em outras 8 categorias: Melhor Filme, Ator (Warren Beatty), Ator Coadjuvante (Jack Warden), Atriz Coadjuvante (Dyan Cannon), Fotografia, Direção, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado.
(Heaven Can Wait - 1978)
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I'm Here (2010)
Sheldon (Andrew Garfield) é o protagonista de “I’m Here”. Nessa história, humanos vivem com robôs. Estes, por sua vez, são desprezados. A eles estão reservados os serviços mais menosprezados da sociedade: motorista de ônibus, peão de obra, frentista e outras tantas ocupações braçais.
Ele é bibliotecário. Cumprimenta todos, é gentil e simpático com quem cruza na rua. Ninguém o percebe – a sua natureza de robô não permite que ele seja alguém. Sua vida se resume ao trabalho e ao lar, onde repousa recarregando a bateria. Ele não parece muito feliz, mas também não é triste. Sua vida monótona ganha brilho quando conhece Francesca (Sienna Guillory), uma robozinha muito charmosa, cheia de atitude e que começa a gostar do rapaz. Eles passam a namorar da maneira mais bela e romântica, que a gente gosta de ver no cinema. Ele é todo travadinho, ela, espevitada. Eles se complementam, se misturam. Tanto que Sheldon será capaz de doar a Francesca seu membros, seu coração. “I’m Here” é sobre doação, sobre o amor que está além do físico, do carnal. Do corpo.
(I'm Here - 2010)
Annie (1982)
A órfã Annie sonha com a vida fora do orfanato e vive tentando escapar, sendo impedida pela megera Srta. Hannigan. Escolhida para passar uma semana na casa de um milionário, ela acaba sendo convidada a ficar, enquanto a Srta. Hannigan planeja raptá-la. Adaptação da peça musical de Thomas Meehan.
Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Trilha Sonora.
(Annie - 1982)
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Surpresa em Dobro (2009)
Parceiros numa firma de marketing esportivo, Charlie (Travolta) e Dan (Williams), estão para fechar o negócio de suas vidas com uma firma japonesa. Bem nessa hora, reaparece Vicki (Kelly Preston), com quem Dan teve um casamento-relâmpago em Las Vegas, sete anos atrás. O motivo: ela vai ficar presa duas semanas por um contravenção menor, e não tem com quem deixar os gêmeos que Dan, sem saber, concebeu, Emily (Ella Bleu Travolta) e Zach (Conner Rayburn).
Sem nenhum jeito com crianças, os dois sócios vão se enrolar todos. Vão ficar também na pior com os japoneses. Até aí, tudo bem – afinal, toda comédia pode aproveitar uma série de desastres.
(Old Dogs - 2009)
Burlesque (2010)
Ali, a loirinha divertida e repleta de planos, que joga para o ar o avental de garçonete num bar em Iowa, para viver o sonho de ser cantora em Los Angeles, é a história de muitas jovens. Mesmo trabalhando como garçonete no Burlesque, um bar de strip-tease em Los Angeles (emprego que conseguiu na marra), a incansável Ali não sossega até convencer a proprietária, Tess (Cher), a contratá-la como dançarina de sua companhia, que diverte os frequentadores do bar.
O passo seguinte é convencê-la de que pode cantar. Só a personagem de Cher tem esse privilégio. As demais coristas apenas interpretam os números coreografados por Tess com figurinos de Sean (Stanley Tucci).
(Burlesque - 2010)
Pro Dia Nascer Feliz (2006)
Que o Brasil é cheio de contrastes sociais e que o ensino no país anda defasado há muito tempo não é nenhuma novidade. Ainda assim, o documentarista João Jardim (Janela da Alma) encontrou algo novo a dizer sobre essas duas questões. Em seu “Pro Dia Nascer Feliz” o diretor mostra como os dois problemas estão intimamente ligados e que ainda é possível construir um país melhor.
“Pro Dia Nascer Feliz” retrata dois extremos e o abismo que existe entre eles. De um lado, uma pequena escola do interior de Pernambuco. Dentre seus estudantes está a adolescente Valéria, que aos 16 anos quer continuar os estudos apesar das dificuldades que enfrenta na região onde mora - longe da escola e com poucas perspectivas de um futuro melhor. Isso não a impede de compor poemas e dizer que ‘deveria ter uma péssima impressão da vida, se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver’.
Num outro extremo está uma escola de elite na cidade de São Paulo. Jovens ricas que demonstram uma consciência social – ao menos algumas delas – mas que ainda estão preocupadas demais com seus estudos ou com suas outras atividades, como natação, ioga e vida amorosa.
São dois retratos distintos, que Jardim traça com honestidade sem ridicularizar ou tomar partido. Em vista das circunstâncias, não fica difícil aderir a Valéria, torcer para que ela vença as adversidades que parecem não lhe dar muitas opções no futuro.
Jardim não deixa de lado o que há entre esses extremos. Como toda escola de elite é parecida, o documentarista volta-se para as escolas da periferia dos grandes centros, onde os problemas são iguais e ao mesmo tempo distintos. No Rio de Janeiro, uma professora diz que seu aluno tem potencial, mas o tráfico é tentador demais. Já na Grande São Paulo, uma professora reclama de falta de estímulo e diz que ‘o professor perdeu a dignidade para trabalhar’. Ela não está exagerando. Cenas de discussão entre alunos e professores chegam a assustar aqueles que já saíram da escola há muitos anos.
Com um sutil diálogo entre diversas realidades, o documentarista questiona, entre outras coisas, o determinismo que prega uma estagnação do indivíduo na classe social na qual nasceu.“Pro Dia Nascer Feliz” prova que a educação pode ser ferramenta tanto de ascensão quanto de dominação. Curioso que numa das cenas na escola da elite, na aula de literatura, os alunos discutam o romance O Cortiço, de Aluízio Azevedo. Uma das obras mais importantes do naturalismo, o livro revela a complexa relação social entre dominadores e dominados, proprietários e inquilinos, ricos e pobres. Sintomático que pouca coisa tenha mudado desde quando o livro foi publicado, no final do século XIX. Isso Jardim mostra claramente.
“Pro Dia Nascer Feliz” prima não apenas por sua abordagem, mas também por imagens que comprovam seu olhar apurado para compor quadros visuais, não apenas painéis discursivos. Impossibilitado de mostrar o rosto de menores infratores, Jardim evita a surrada saída de usar a sombra do entrevistado ou o contra-luz, optando por imagens poéticas que contrastam com a triste realidade que os jovens contam.
“Pro Dia Nascer Feliz” termina com uma certa nota de otimismo – o que prova que nem tudo está perdido, que ainda é possível mudar essa realidade e a mudança tem que começar com os mais jovens. Por suas idéias e honestidade, é um filme poderoso.
(Pro Dia Nascer Feliz - 2006)
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Amor e Outras Drogas (2010)
Gyllenhaal é Jamie, ovelha-negra de uma família de médicos. Ele tem jeito mesmo para ser vendedor e arranjar encrencas.Enquanto trabalha como representante comercial da Pfizer, ele coleciona conquistas (secretárias de médicos) e inimigos (médicos e concorrentes), até conhecer Maggie (Anne), jovem artista que sofre de Parkinson precoce. Eles resolvem viver um caso com muito sexo, algum romantismo e nenhuma ligação emocional. Como se isso fosse fácil. Quando se descobrem apaixonados, cada um reage de uma forma.
Maggie não quer criar vínculos por causa de sua doença. Ela crê que em pouco tempo estará totalmente debilitada – apesar dos fortes remédios que toma. Jamie se esforça para ser o namorado perfeito, mas é difícil conseguir quando sua amada está tentando se livrar dele.
O filme se passa em 1996 – apenas 15 anos e parece tão longínquo –, quando a internet ainda não era tão popular e o Viagra surgia para causar uma espécie de segunda revolução sexual. Jamie torna-se o maior vendedor do produto, o que lhe garante status e situação financeira. A doença de Maggie, no entanto, agrava-se cada vez mais.
(Love and Other Drugs - 2010)
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