quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Dama de Ferro (2011)


O foco do enredo está na humanização de Margaret Thatcher, que governou a Inglaterra com mão de ferro entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização de estatais, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando inclusive o salário mínimo.

Passando um tanto batido por boa parte desse contexto político, o filme retrata a ex-primeira ministra – que está viva, com 86 anos - na atualidade, como uma velha senhora abalada pela semi-senilidade, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Difícil não se sentir penalizado diante desta situação, ainda mais contando com uma intérprete do quilate de Meryl Streep para explorar suas nuances.

Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, que ela não raro discute com o fantasma do marido, Denis (Jim Broadbent) – uma sombra dos bons tempos que parece recusar-se a abandoná-la.

As lembranças trazem de volta as imagens de uma jovem de província. Filha de um comerciante, ela vem de baixo e vai abrindo seu caminho, à custa de muito trabalho e estudo, na prestigiada universidade de Oxford.

Por influência do pai e do marido, que foi um executivo da indústria petrolífera, Margaret entra para o reduto machista da política. Apesar disto, com persistência e seguindo conselhos de alguns aliados, muda de penteado e impõe seu estilo, para tornar-se a primeira mulher a alcançar o cargo de primeira-ministra na Inglaterra.

Dificilmente, não despertaria simpatia uma narrativa carregada deste tom feminista. O problema é que a época de Thatcher, como é de conhecimento geral, foi marcada por episódios cruciais, como a Guerra Fria, uma longa greve de mineiros, a Guerra das Malvinas com a Argentina e o enfrentamento com o Exército Republicano Irlandês (IRA) – que armou uma bomba para tentar matá-la, em 1984.

Sendo assim, o filme parece uma sombra pálida demais para retratar uma personagem assim complexa. “A Dama de Ferro” não dá conta nem de um mínimo da ambiguidade de sua importante protagonista.

Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Maquiagem.

(The Iron Lady - 2011)

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