quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Biutiful (2010)
O eixo de “Biutiful” é Uxbal (Javier Bardem), pai que tem a custódia de dois filhos pequenos, lidando com o desequilíbrio emocional da ex-mulher, Marambra (Maricel Alvarez). Tanto quanto a vida pessoal, a vida profissional de Uxbal é um tumulto incessante – ele trabalha como intermediário em negócios envolvendo o trabalho ilegal de chineses e africanos. Mas ele mesmo, europeu, não tem uma qualidade de vida muito melhor do que a deles.
Longe de constituírem apenas um aspecto marginal, as situações dos chineses e africanos se fortalecem na história na medida em que, nos dois grupos, há personagens de verdade, não tipos unilaterais. Com isso e o reforço a um lado ético na personalidade de Uxbal, apesar de tudo, o painel humano do drama ganha uma autenticidade impressionante, que sinaliza a todo momento para a eterna possibilidade da descoberta de algum tipo de fraternidade entre as pessoas.
Onipresente na história, a morte permeia toda a narrativa – pendente sobre Uxbal, que se descobre doente, o que o angustia pela dependência dos filhos; sobre o trabalho cotidiano dos imigrantes ilegais, inseguro como seus alojamentos. Existe mesmo um aspecto sobrenatural de Uxbal, que supostamente é capaz de falar com os mortos e por isso é chamado por muitas pessoas. Essa particularidade, longe de proporcionar-lhe qualquer alívio espiritual, é mais um tormento para o homem, especialmente quando se envolve num sério incidente com seus imigrantes.
Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Javier Bardem) e Melhor Filme Estrangeiro.
(Biutiful - 2010)
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