domingo, 6 de julho de 2014

Versos de Um Crime (2013)


Certa vez, o poeta Allen Ginsberg disse que “Lou was the glue”, referindo-se a Lucien Carr, a tal “cola” dos escritores e poetas da geração beat. É justamente sob os olhos do autor de “Uivo” que o público de “Versos de um Crime” irá conhecer o responsável por apresentá-lo ao jovem William S. Burroughs, futuro autor de “Almoço Nu”, e levar ambos a conhecerem o promissor Jack Kerouac, antes do icônico romance “Na Estrada”.

O longa-metragem de estreia de John Krokidas na direção é uma espécie de “prequel” do movimento literário que desencadearia o fenômeno da contracultura entre meados da década de 1950 e início dos anos 1960. Isso porque o foco da produção é nos tempos em que Lucien Carr (Dane DeHaan) e seus três amigos frequentavam a Universidade de Columbia, em 1944, encontrando uns nos outros a mesma ânsia por liberdade. Já naquela época, eles defendiam não só uma escrita mais livre – vide a cena em que Allen Ginsberg (Daniel Radcliffe) discute com seu professor ao se opor contra a ditadura das rimas na poesia –, mas a transgressão de todas as regras impostas pela sociedade austera daquele período.

Ginsberg, que saiu da rotina caseira e tumultuada que compartilhava com o pai Louis (David Cross), também poeta, e a mãe com problemas mentais, Naomi (Jennifer Jason Leigh), encanta-se com a nova vida apresentada a ele pelo carismático Lucien. O colega de faculdade lhe mostra, por exemplo, a poesia de W. B. Yeats, especialmente com suas ideias cíclicas de “Uma Visão”, que serviria de inspiração para o quarteto de amigos criarem o manifesto “Nova Visão”, base do movimento beat.

Junto com o contido e “junkie” Burroughs (Ben Foster) e o expansivo e beberrão Kerouac (Jack Huston), Carr também o introduz na filosofia de sexo, drogas e... jazz. Lembre-se que este era o gênero musical mais revolucionário da época e o rock ’n’ roll ainda não existia. Porém, isso não impediu a seleção de canções de bandas de rock recentes, TV On The Radio, Bloc Party e The Libertines, na trilha sonora do filme, em uma liberdade artística interessante de Krokidas, mas que soa incompleta.

O diretor, que assina o roteiro com o iniciante Austin Bunn, falha ao não desenvolver mais as figuras de Burroughs e Kerouac, limitando-os a estereótipos. Consequentemente, a onipresente – especialmente nos lançamentos dos últimos meses – Elizabeth Olsen faz quase uma ponta no longa como Edie Parker, a então namorada de Jack. O retrato dos outros dois “beats”, ao menos, oferece mais nuances aos seus intérpretes, favorecidos pelos primeiros planos da fotografia de Reed Morano. Se Ginsberg remete, logo de início, o espectador ao passado de seu intérprete como Harry Potter por causa do figurino e dos óculos, Daniel Radcliffe consegue afastar o fantasma do bruxo de Hogwarts no decorrer do filme como o jovem que descobre o mundo e a si próprio; enquanto Dane DeHaan rouba a cena com a complexidade que imprime ao dúbio Carr, ardiloso, frágil e cativante ao mesmo tempo.

Apesar das irregularidades, Krokidas faz uma corajosa homenagem ao trabalho desses escritores ao tentar contaminar sua obra com a liberdade poética “beat”. Isso começa com o fato de que a relação e as ideias deles se sobrepõem ao próprio argumento do longa, que é a primeira tragédia que marcou essa geração – a segunda foi o assassinato acidental de Joan Vollmer Burroughs, esposa de William, morta com o tiro do próprio marido, como mostrado em “Beat” (2000). A delicada relação entre Carr e seu guardião e companheiro, David Kammerer (Michael C. Hall), um homem mais velho que o ajuda e persegue há anos, que fica mais abalada com a aproximação de Allen e Lucien, é apresentada de modo circular, mais para referenciar algumas de suas influências do que um mero recurso narrativo.

Deste modo, tudo é utilizado com o intuito de aprofundar e homenagear o poeta e os romancistas: desde o inteligente grafismo com as linhas do metrô junto ao som do trem, que destaca os principais locais que eles frequentaram, até as sequências de edição rápida, que emanam o espírito livre dos artistas. O melhor exemplo é aquela na qual é feita uma ode ao processo criativo da escrita, embalada ao som de jazz e do efeito de entorpecentes, atalhos que eles não temiam percorrer.

Mas, para além dessa busca pelo passado da geração “beat”, “Versos de um Crime” leva, inevitavelmente, o espectador a refletir nas escolhas e ações que determinam o rumo da vida de uma pessoa. O homem que era o mais louco do quarteto transgressor, Carr, preferiu a vida simples de jornalista que começou, após os desdobramentos da tragédia de 1944, e na qual continuou até sua morte, em 2005. É certo que nunca escreveu algo nos moldes dos “beats” e, mesmo mantendo contato com eles, impediu que o citassem em seus livros, até em dedicatórias, a fim de evitar a lembrança do que ocorreu.

Mas, ao ver as fotos dos quatro amigos juntos nos créditos finais, é difícil não pensar que Lucien Carr, que participou da gênese do movimento, não obteve a mesma fama dos colegas. Talvez esse filme não deverá dar-lhe a honra de marcar seu nome na história, mas não o deixará passar despercebido.

(Kill Your Darlings - 2013)

Spring Breakers: Garotas Perigosas (2012)


Quatro meninas da faculdade assaltam um restaurante fast food para juntar dinheiro e tirar férias na praia. Sendo presas logo que chegam no local, acabam sendo socorridas por um traficante de armas em troca de alguns trabalhinhos sujos.

Mais um filme ruim de James Franco.

(Spring Breakers - 2012)

sábado, 5 de julho de 2014

What's on Your Mind? (2014)


Um ótimo curta-metragem que retrata como utilizamos de uma imagem, muitas vezes falsa ou equivocada de nossas vidas, para chamar a atenção alheia para as nossas postagens em redes sociais.

Certamente será assistido por muitos com um senso crítico aguçado, pois nos leva a uma reflexão do que somos e do que aparentamos ser.



(What's on Your Mind - 2014)