segunda-feira, 28 de junho de 2010

Amor Sem Fim (1981)


A história de um dramático romance entre dois adolescentes. David (Martin Hewitt), de 17 anos, e Jade (Brooke Shields), de 15, se apaixonam. Mas os pais dela temem a intensidade do namoro e tentam por um fim, proibindo a presença do rapaz na casa deles. David está obcecado e, para tentar ganhar a confiança dos sogros, arma um plano que inclui incendiar a casa deles, para depois salvá-los. O plano dá errado e ele é preso, mas isso não impede que o romance siga de maneira turbulenta.

Indicado ao Oscar de Melhor Canção.

(Endless Love - 1981)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Vida Íntima de Pippa Lee (2009)


São poucos os diretores que conseguem reunir um elenco tão afinado para contar uma história tão simples. Em "A Vida Íntima de Pippa Lee", a diretora Rebecca Miller teve o privilégio de dispor de astros como Robin Wright Penn, Alan Arkin, Keanu Reeves, Monica Bellucci, Julianne Moore e Winona Ryder para conquistar a empatia do espectador com o que se passa na tela.

Sem estrelismos, cada um representa seu papel na medida e no tom exatos exigidos pelo denso, mas bem humorado, romance de Rebecca Miller, que a própria autora adaptou para o cinema. Para quem gosta de histórias de superação e, principalmente, de guinadas radicais na vida, o filme de Rebecca é uma pequena joia.

Pippa Lee (Robin Wright Penn) é uma mulher madura, ainda bonita, que se dedica em tempo integral ao marido, o editor de livros Herb (Alan Arkin), 30 anos mais velho. Como ele passou por recentes problemas cardíacos, ela está sempre atenta, medindo sua pressão periodicamente e ministrando seus remédios. Ela cuidou também para que o marido abandonasse suas atividades diárias no escritório e passasse a trabalhar numa casa confortável, num ritmo menos intenso.

Mas durante um jantar para um grupo de amigos (sempre os mesmos), ela passa a questionar o modelo de vida que leva e busca nas memórias da infância, adolescência e fase adulta pistas para definir sua personalidade atual. Algo não vai bem, mas ela ainda não conseguiu identificar o que falta para completar sua vida.

E a vida de Pippa não foi muito certinha. Ao contrário, fugiu da casa dos pais (a mãe era viciada em antidepressivos) para viver com uma tia (que descobriu depois ser lésbica), sumiu de novo para morar com hippies durante o período do “paz e amor”, se embebedou e se drogou até, finalmente, conhecer o editor Herb, numa agitada festa com intelectuais e artistas na casa dele.

As coisas entram nos eixos após o casamento, com Pippa anulando todo seu potencial criativo para viver em função do marido. É ela quem sempre dá conselhos e tenta, diplomaticamente, fazer com que os opostos se entendam. E é isso que ela não suporta mais fazer.

Simultaneamente, Pippa conhece um homem mais novo (Keanu Reeves), que acabou de se separar da mulher e voltou a viver na casa dos pais, vizinhos de Pippa. Há algo de misterioso nesse personagem, que tentou ser padre e mandou tatuar uma enorme imagem de Jesus Cristo no peito, de braços abertos. Ambos, que parecem tão disfuncionais, têm muita coisa em comum, que começarão a descobrir aos poucos.

E também aos poucos o espectador acompanhará a jornada de Pippa em busca do autoconhecimento, da superação, e talvez de uma nova oportunidade de vida. Mesmo não querendo ser mais diplomata, conseguirá, ao seu modo, que as peças se encaixem no enorme quebra-cabeças armado à sua volta.

(The Private Lives of Pippa Lee - 2009)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Golpista do Ano (2010)


“O golpista do ano” não é uma típica comédia ao estilo de Jim Carrey, como as que o tornaram famoso (“O mentiroso”, “O Máscara” ou “Débi e Lóide”). O longa também não se encaixa na categoria de drama, gênero em que o ator também tem uma carreira bastante relevante como “O Mundo de Andy” e “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”.

O novo filme, um tanto ousado para os padrões americanos, é uma combinação de comédia de humor negro com policial – mas o que realmente pode assustar o público de Carrey é que seu personagem é notoriamente gay e vive um romance com o personagem de Rodrigo Santoro (“Cinturão Vermelho”) e depois com o de Ewan McGregor (“O escritor fantasma”).

Quando o filme começa, o personagem de Carrey, Steven, está em seu leito de morte. Boa parte do filme transcorre como um longo flashback. Primeiro, ele conta como foi um policial que abandonou a mulher e a filha, assumiu sua homossexualidade (até então vivia “dentro do armário”), e caiu no mundo com namorado (Santoro) a tiracolo. Um acidente de carro que quase o mata faz o protagonista repensar sua vida.

Mas ele logo descobre que ser gay, fashion e viver uma vida de luxo não é nada barato. Ele começa a dar pequenos golpes que, num efeito bola de neve, vão se tornando cada vez maiores até levá-lo à prisão – onde ele irá conhecer seu grande amor: Philip Morris (McGregor), um sujeito doce e um tanto ingênuo. O amor é à primeira vista. Mas nem com o novo namorado Steven consegue manter sob controle seu impulso mentiroso, o que só complica a situação.

Fora da prisão e com uma vida repleta de mentiras dos mais variados tamanhos, Steven consegue manter um alto padrão de vida. Obtém bons empregos, salários gigantescos e uma vida de luxo, dando um golpe depois do outro. Quando a verdade vier à tona, poderá ser tarde demais.

O humor em “O golpista do ano” vem mais do absurdo das situações, cada vez mais insólitas, do que das caretas de que Carrey não abre mão quando faz comédia. A ideia do filme não é que seu personagem seja engraçado. A graça reside na bola de neve, nas mentiras cada vez maiores e nas situações nada convencionais do romance entre Phillip e Steven.

(I Love You Phillip Morris – 2010)

domingo, 13 de junho de 2010

O Garoto Irlandês (2000)


Brendan Behan, republicano de 16 anos, está numa missão bombista da Irlanda para Liverpool durante a Segunda Guerra Mundial. É apanhado, preso pelos britânicos e enviado para "Borstal", uma reforma institucional para jovens delinquentes em East Anglia, Inglaterra e é forçado a viver cara a cara com aqueles que ele via como "inimigos", um confronto que o obriga a um auto-exame traumático e revelador. Tudo isso muda quando Brendan fica amigo da filha do diretor e se apaixona por um estudante exilado gay.

(Borstal Boy - 2000)

Ele não está tão a fim de você (2009)



Quem acompanhou o seriado Sex and the City , produzido entre 1998 a 2004, pode lembrar do personagem Jack Berger (vivido por Ron Livingston), um escritor bacana com quem Carrie (Sarah Jessica Parker) começa a sair. Se o relacionamento dá certo é um detalhe, mas o fato é que Berger trava um diálogo muito simples com as amigas de Carrie, finalmente dando uma visão masculina à série: se o cara não liga após o encontro ou não dá sinais de interesse, a coisa é simples, ele não está a fim. O fato é que o episódio, exibido em 2003, deu origem ao livro de auto-ajuda – um pouco menos quadrado, mas tão otimista e cheio de conselhos quanto as publicações que dividem a mesma prateleira nas livrarias - Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você , escrito por Greg Behrendt e Liz Tuccillo, roteiristas da série de TV. Com uma linguagem direta, diagramação e estrutura narrativa similar a uma seção de revista feminina, o livro, publicado em 2005, conquistou não somente as leitoras, mas também Hollywood, que deu nomes, personalidades e atores famosos às situações exploradas na obra literária, transformando-a na simpática comédia romântica “Ele Não Está Tão a Fim de Você”.

As vozes de Behrendt e de Berger, o personagem, que representam a visão masculina da paquera e dos relacionamentos amorosos, é incorporada no longa-metragem por Alex (Justin Long), um aparentemente bem-resolvido gerente de bar que fica amigo de Gigi (Ginnifer Goodwin). Por sua vez, ela é a personificação de tudo que as mulheres fazem de errado em se tratando de amor. Ou encontrar um amor. Ansiosa, insegura e autodepreciativa, Gigi vira uma espécie de projeto para Alex, que a adota como um cão abandonado e serve de conselheiro para as investidas amorosas da pobre moça. Mas Gigi não é a única a passar pelos percalços românticos de “Ele Não Está Tão a Fim de Você”. Tem a mulher casada e insegura após anos de relação (Jennifer Connelly), a sedutora que se comporta como um homem e ameaça casamentos (Scarlett Johansson) – o tipo de mulher que você nunca quer que atravesse o seu caminho, se você for do sexo feminino -; a mulher que namora há muitos anos, mas não consegue fazer com que o namorado a peça em casamento (Jennifer Aniston); aquele que não acredita em casamento (Ben Affleck); aquela que só consegue se relacionar por meio de sites, recados na secretária eletrônica, webcam e outras ferramentas modernas e nada “orgânicas” (Drew Barrymore).

Cada um desses muitos personagens representam o tipo de visão que cada um tempo em relação ao amor, esse sentimento tão superestimado. Nesta comédia romântica, todos estão à procura de sua alma gêmea, o que me parece um pouco simplista, mas esta não é a maior preocupação de filmes deste gênero. Mesmo assim, os personagens de “Ele Não Está Tão a Fim de Você” e as relações que desenvolvem entre si são interessantes principalmente por representarem contrapontos de atitudes tipicamente femininas e masculinas. Neste sentido, os personagens de Scarlett e de Kevin Connolly - o homem apaixonado capaz de se humilhar num relacionamento raso e inseguro – representam uma troca de papéis. Ou de gêneros, no caso. Alguns diálogos lembram o grande clássico do gênero “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro” e essa abordagem no roteiro do longa é uma das coisas mais interessantes que ele traz – diálogo que, aliás, também existe no livro original.

Na eterna guerra dos sexos, “Ele Não Está Tão a Fim de Você” não se posiciona em nenhum lado da trincheira, passeando entre ambas nas situações que apresenta. Ao traduzir de forma tão honesta o comportamento feminino em relação ás expectativas amorosas que elas mesmas criam em suas mentes – por conta de histórias que sempre contamos ou filmes românticos que sempre vemos -, trata-se de um filme tipicamente feminino também por ser capaz de dialogar melhor com esse público, que, naturalmente, já recebe o gênero com maior aceitação. Em meio a tantos lugares comuns explorados por comédias românticas, “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, dirigido por Ken Kwapis ( Licença Para Casar ) ainda é capaz de trazer um certo frescor, ao mesmo tempo em que é capaz de fazer com que as mulheres reavaliem a forma como encaram o amor, embora ainda termine de uma forma otimista. Afinal, é isso que as mulheres querem: um final feliz. Mesmo que ele fique somente no cinema.

(He's Just Not That Into You - 2009)

Ilha do Medo (2010)


Martin Scorsese entra no centro da paranoia em A Ilha do Medo, onde há um protagonista num local isolado. E os acontecimentos a cada momento fogem ao seu controle, vislumbrando-se uma espiral crescente de loucura. A platéia, por sua vez, é convidada a uma viagem ao inferno. No que se pode acreditar?

Aqui o protagonista é Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio), um agente do FBI que, junto com o parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), é chamado para uma investigação no manicômio judiciário de Ashecliffe, que fica num local completamente isolado, na rochosa ilha de Shutter, perto de Boston. Ali só se entra e sai por meio de uma balsa, com o acesso severamente vigiado por guardas armados de fuzis.

Teddy e Chuck vêm investigar o desaparecimento misterioso de uma interna, Rachel Solando (Emily Mortimer), que teria afogado seus três filhos. Ela conseguiu sair de uma cela trancada, sem levar sapatos, num clima que é de constante tempestade e frio. Difícil imaginar como. Difícil esperar que possa estar viva.

Os psiquiatras atuantes no hospital, o Dr. Cawley (Ben Kingsley) e o Dr. Naehring (Max von Sydow), são reticentes e não permitem o livre deslocamento dos agentes. Ao mesmo tempo, Teddy sente-se cada vez mais perturbado e indisposto. Ele carrega consigo o peso de um passado doloroso, em que se misturam experiências traumáticas de guerra – ele participou da liberação do campo de concentração de Dachau – e a morte trágica da mulher, Dolores (Michelle Williams), num incêndio.

A noite de Teddy é povoada de pesadelos, em que vê os fantasmas da mulher e também das crianças afogadas, misturando tudo numa espiral de angústia que parece minar sua energia. Ao seu lado, Chuck, o parceiro com quem atua pela primeira vez, tenta ser compreensivo e conversar. Então, Chuck descobre que Teddy tem uma agenda própria na ilha, onde procura desvendar uma suposta operação clandestina para o esmagamento de esquerdistas, no auge das atividades do temível Comitê de Atividades Antiamericanas do senador Joseph McCarthy, em 1954.

(Shutter Island - 2010)