segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Solista (2009)


Depois do sucesso com o premiado “Desejo e Reparação”, o diretor John Wright volta às telas com uma história sobre compreensão e amizade. Baseado em fatos reais, o roteiro de “O Solista” mostra como se deu a amizade entre o morador de rua Nathaniel (Jamie Foxx), esquizofrênico e gênio musical, e o jornalista do L.A. Times, Steve Lopez (Robert Downey Jr.).

Em busca de histórias curiosas sobre sua cidade, Los Angeles, Lopez passa o tempo escrevendo sobre fatos cotidianos para o jornal - como um acidente de bicicleta e o atendimento no hospital. Ele vê um grande furo quando encontra Nathaniel tocando violino em uma praça e fica ainda mais impressionado ao descobrir que o aparente vagabundo louco foi aluno da prestigiosa escola de música Juilliard.

O faro jornalístico leva-o a estar cada vez mais presente na vida de Nathaniel. Apesar de a música incidental inserida nas cenas querer demonstrar o início de uma amizade, é mais do que claro que o jornalista está atrás de uma grande reportagem e, no fim, de um livro reunindo os artigos sobre seus encontros.

A roteirista Susannah Grant (de Erin Brockovich) escreve uma obra de luta, que tem como pano de fundo a precarização do trabalho do jornalista. Com tantos companheiros sendo demitidos, aproximar-se de um personagem tão emblemático é uma escolha ou necessidade?

Pelas lentes de John Wright, que explora toda a sensibilidade de Susannah, trata-se de uma amizade que transcende a relação jornalista e entrevistado. Lopez é levado a uma verdadeira mudança que, de tão profunda, torna-o mais humano em suas relações com os demais.

Sem dúvida, “O Solista” é uma edificante história moderna sobre superação e responsabilidade social, bem realizada pelo competente diretor inglês. No entanto, como uma sobremesa muito doce, o resultado da receita pode levar quem está na mesa a largar o garfo antes da porção final. Demasiadamente sentimental, chega a colocar em dúvida a real relação entre eles.

(The Soloist - 2009)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Between Love & Goodbye (2008)



Marcel e Kyle estão namorando e foi amor à primeira vista. Mesmo que não possam legalmente casar-se, eles vão encontrar uma maneira de fazer o relacionamento dar certo. Juntos, podem superar qualquer obstáculo, qualquer barreira. Só que ao longo do filme, o casal perfeito cai precipitadamente em possessividade, inveja e raiva.

(Between Love & Goodbye - 2008)

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010)


O que é pior: enfrentar Voldemort (Ralph Fiennes) ou a ebulição dos hormônios da adolescência? Para Harry Potter e sua turma, ambas as tarefas se mostram árduas. No sétimo – e penúltimo (ufa!) – filme da série, “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o bruxo (novamente interpretado por Daniel Radcliffe) completa 17 anos e está a um passo de entrar para o mundo adulto. Mas, antes disso, ao lado de seus melhores amigos, Ron (Ruppert Grint) e Hermione (Emma Watson), precisa superar crises internas e externas.

A descoberta do amor – não da sexualidade, pois, no filme, os personagens são assexuados, afinal, essa é uma franquia também voltada para o público infantil - é complicada e envolve todos os problemas que os não-bruxos – também conhecidos como trouxas, – enfrentam, como a insegurança, o ciúmes e a rivalidade. Ao longo dos quase 10 anos que se passaram desde o primeiro filme, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, vimos os atores se transformarem de crianças em adultos, assim como seus personagens criados pela escritora inglesa J. K. Rowlings.

Em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o roteirista Steve Kloves, adaptando a série pela sexta vez, centra o foco na ação. O filme é correria do começo ao fim, sem muito espaço para explicações ou desenvolvimentos. A espinha dorsal é, como em toda a série, o jovem bruxo fugindo do lorde das trevas.

O mundo mágico está um caos, porque Voldemort está matando indiscriminadamente – ele também assassina trouxas. Harry é a causa disso e, como se antecipou desde o começo, o embate entre os dois personagens deve ser o clímax da série, prevista para acabar em meados de 2011, com “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”.

Harry é perseguido e, com a ajuda do polissuco, consegue fugir e se esconder na casa de Ron. Porém, durante um casamento, ele é encontrado e os Comensais da Morte têm a ordem de levá-lo vivo. A única chance de escapar ileso é destruindo as Horcruxes, que parecem ser o segredo do poder de Voldemort.

A única explicação para a divisão do livro em dois filmes está na possibilidade da Warner – estúdio produtor e distribuidor das adaptações – faturar em dobro. Em filmes anteriores acontecimentos e personagens foram sacrificados para que a trama do livro coubesse num filme de cerca de duas horas. Aqui, não se justifica alongar cenas e acontecimentos para gerar dois longas, em outras palavras, bilheteria em dobro.

Harry, Hermione e Ron fogem e se escondem em florestas na maior parte do tempo. As cenas são desnecessariamente longas, sem que muito aconteça. Eles conversam, leem e discutem o presente e o futuro. E David Yates – que dirige a série pela terceira vez – não se esforça muito para tornar o falatório mais atraente em termos visuais. Exceto por uma cena em animação, o longa segue o padrão dos filmes anteriores com alto orçamento, baixa criatividade e muita explicação.

Yates, ao contrário de Alfonso Cuarón, que assina o terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, faz um filme desprovido de personalidade, limitando-se a traduzir em imagens tudo o que já está descrito em detalhes no filme. Como diretor contratado, Yates se limita a não estragar a história, mas sem a preocupação de imprimir uma assinatura pessoal.
“Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, como era de se esperar, termina numa cena de suspense, deixando um gancho para o próximo filme. Agora, só resta esperar pelo capítulo final, prometido para o ano que vem, quando Harry Potter e sua turma encontrarão um merecido descanso depois de tantas batalhas.

Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Efeitos Visuais.

(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 - 2010)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Brincando nos Campos do Senhor (1991)



"Brincando nos Campos do Senhor" se passa na floresta Amazônica. Os personagens principais são dois aventureiros norte-americanos, quatro missionários fundamentalistas e os selvagens índios niarunas. A história se desenrola a partir de conflitos fanáticos entre os personagens principais sobre o destino dos niarunas.

Uma aeronave usada para "pequenos combates e demolições" aterrisa em Mãe de Deus, nome irônico de um vilarejo localizado no mais remoto afluente remanso da floresta Amazônica. Os dois aventureiros que pilotam o avião são Lewis Moon (Tom Berenger), um mestiço índio Cheyenne, e Wolf (Tom Waits).

O funcionário do governo no vilarejo, Camandante Guzman (José Dumont), recusa o pedido de gasolina e confisca os passaportes dos pilotos e os documentos do avião, os quais ele só devolveria mediante a realização de um pequeno serviço: os aventureiros teriam que bombardear os niarunas, uma tribo primitiva, cujas terras são cobiçadas por razões econômicas.

Wolf e Moon são consolados por bebidas e prostitutas no hotel Anaconda, onde eles encontram um casal de missionários fundamentalistas: o rígido Leslie Huben (John Lithgow) e sua mulher, Andy Huben (Daryl Hannah). Leslie alimenta uma desaprovação aguda pela "oposição" católica: padre Xantes (Nelson Xavier).

Outro casal de missionários norte-americanos chega com seu pequeno filho para se juntar aos Huben em seus esforços evangélicos. Martin Quarrier (Aidan Quinn) combina o genuíno sentimento religioso com uma aguçada simpatia pelas questões indígenas, além de ter fascinação por sua língua e cultura. Sua mulher, Hazel (Kathy Bates), é tão dura e inflexível quanto Leslie Huben sobre sua religião.

Apesar de Martin tentar dissuadir Moon de bombardear os niarunas, Moon e Wolf deixaram Mãe de Deus na manhã seguinte. Durante a tentativa de bombardeio, eles sobrevoaram a aldeia Niaruna, uma pequena clareira no meio da vastidão da floresta. Vendo um jovem índio atirar flechas no avião, Moon passou por uma dramática transformação, marcada por seus profundos sentimentos de parentesco e identificação com os índios. Mesmo sob ameaça da faca de Wolf, Moon retorna a Mãe de Deus sem bombardear a aldeia.

(At Play in the Fields of the Lord - 1991)

domingo, 14 de novembro de 2010

Obrigado Por Fumar (2005)


Aaron Eckhard especializou-se em ser o ator com cara de galã que menos leva este seu atributo a sério. Ficou famoso justamente interpretando cafajestes abomináveis, em filmes como “Na Companhia dos Homens” (1997), de Neil LaBute, por mais que tenha limpado um pouco sua barra como o marido legal de “Erin Brokovich” (2000). Aqui, ele usa esta sua experiência para compor um personagem cínico, enrolador e fundamental para que toda esta comédia de humor negro e politicamente incorreto funcione.

Se alguma coisa não encaixa bem, não foi culpa de Aaron. Ele está ótimo na pele de Nick Naylor, o implacável porta-voz da Big Tobacco, a união dos fabricantes de cigarros americanos. Numa América obcecada pelo antibatabagismo, em pânico pelas estatísticas que apontam 1.200 mortes diárias por causa do fumo, é de se imaginar que Nick tem trabalho de sobra. E o desempenha muito bem. Bonitão e cheio de lábia, ele enfrenta debates, simpósios e programas de TV com uma cara de pau de valer medalha olímpica, se nas Olimpíadas existisse a modalidade do contorcionismo verbal. Em geral, ele não perde nenhuma discussão. Quando tudo está perdido para o seu lado, Nick saca de outra arma – a generosidade hipócrita. E lá vai a Big Tobacco, liderada por um chefão caquético e mafioso (Robert Duvall), liberar mais alguns milhões de dólares para uma campanha de prevenção ao fumo entre os jovens que, todos sabem, vai ser boa para o marketing, sem nenhum resultado concreto. E nem era essa a intenção desde o começo.

Uma das melhores sacadas está nos hilariantes almoços em que os lobistas dos setores mais satanizados nos EUA, Nick, Polly (Maria Bello), representante dos fabricantes de bebidas alcoólicas, e Bobby Jay (David Koechner), dos fabricantes de armas, comparam seus problemas e compartilham estratégias.

Não escapa ao sedutor encanto da lábia de Nick seu próprio filho, Joey (Cameron Bright, de “Reencarnação”). O garoto logo se encanta pela máxima do papai – “se você debater direito, nunca está errado”. Uma filosofia capaz de absolver o assalto à mão armada e Adolf Hitler. Ou seja, tudo.

Mesmo sendo uma comédia sem altas pretensões, “Obrigado por Fumar” aproveita bem o material do bestseller que lhe deu origem, do escritor Christopher Buckley, e mostra-se um bom retrato de uma era cínica – em que valores e causas políticas foram devorados pelo império avassalador do marketing e das relações públicas. No fundo, o que importa é a imagem. O que dá o que pensar, por mais que o filme faça rir.

(Thank You For Smoking - 2005)

sábado, 13 de novembro de 2010

Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas (2009)


Para atrair mais pessoa ao cinema do que “Os Normais – O Filme”, o diretor José Alvarenga Jr. e os roteiristas Fernanda Young e Alexandre Machado resolveram apimentar e soltar o verbo de vez. Se muita gente achava a série da televisão (exibida entre 2001 e 2003) e o primeiro filme despudorados – não sabe o que vem pela frente em “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas”.

O conceito é simples: o noivado de 13 anos de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres) está em crise. Pelas contas dela, eles transam umas 40 vezes por ano. Para que o relacionamento não apague de vez, ela topa realizar um sonho dele: um ménage a trois. Então, o casal passa a noite toda indo atrás de mulheres que topem cair na cama com eles.

Não há bem uma trama, mas uma série de esquetes numa comédia de erros. A primeira tentativa é a prima de Vani, Silvinha (Drica Moraes); depois entram na lista Débora (Claudia Raia), Clara (Daniele Suzuki), uma francesa (Mayana Neiva) e por aí segue.

Para quem gostava da série, que saiu do ar em 2003, essa é a chance de rever os personagens que marcaram época na televisão com jeito desbocado e falando de sexo sem pudor algum. Para quem não acompanhou o programa, Os Normais é uma comédia como outra qualquer – não é necessário um conhecimento prévio para embarcar no filme.

Para agradar ao público, tanto o leigo quanto o iniciado, “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas” joga as suas fichas num humor ligeiro, às vezes verbal, outras físico. Muitas das piadas se apoiam em preconceitos – contra idosos e nordestinos, por exemplo. Mas é tudo feito de uma forma quase ingênua, sem parecer ofender, até porque o politicamente correto nunca foi o forte de Rui e Vani.

Guimarães e Fernanda mantêm a química e o timing como se não tivessem deixado um dia sequer de interpretar os personagens neuróticos. A graça do filme, obviamente, está na dinâmica da dupla que se envolve em situações bizarras (entalados numa banheira com Claudia Raia, ou na cama com um bicho preguiça), e as encarar como se fosse algo normal.

(Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas - 2009)

Nowhere (1997)



Jovens bonitos, ansiosos e confusos em busca de amor e diversão. Podia ser um episódio de Barrados no Baile… só que numa viagem de ácido. Foi assim que o escritor e diretor Gregg Araki definiu “Nowhere”, retrato da juventude americana alienada e problemática dos anos 90. Gregg Araki conquistou reputação internacional com seus filmes independentes sobre os costumes e a cultura da juventude dos anos 90.

Americano de Los Angeles, Califórnia, ele é um nome seminal do New Queer Cinema, gênero de filmes radicais na forma de lidar com a efervescência cultural, política e identidade gays do começo daquela década. “Nowhere” faz parte dessa categoria e encerra um ciclo conhecido como “Teenage Apocalypse Trilogy”, formada por “Totally F***Ed Up” (1993), crônica das vidas disfuncionais de seis adolescentes homossexuais e “The Doom Generation” (1995), comédia negra que transborda violência, simbolismo cultural e erotismo. Por sua vez, “Nowhere” acompanha um dia na vida de um grupo de amigos em torno dos 18 anos que sofrem com os dilemas inerentes à juventude, em um contexto que envolve drogas, popularidade, desordens alimentares, promiscuidade, agressividade, estupro e suicídio.

Representado pelo ator James Durval, muso de Araki e protagonista também dos outros filmes da trilogia, Dark Smiths é um estudante de cinema obcecado pelo fim do mundo e por achar o seu verdadeiro e eterno amor. Dark precisa, mas raramente recebe o apoio emocional de sua namorada, Mel (Rachel True), que também está envolvida com a amiga Lucifer (Kathleen Robertson). Incentivado pela falta de compromisso de Mel, Dark começa a sentir atração por outras pessoas, como o angelical Montgomery (Nathon Bexton) e a dupla de dominatrix Kriss (Chiara Mastroianni) e Kozy (Debi Mazar). Melhor amigo de Dark, Cowboy (Guillermo Diaz) também tem seus problemas, já que seu namorado e companheiro de banda Bart (Jeremy Jordan) anda abusando das drogas e passa a maior parte do tempo com o traficante Handjob (Alan Boyce).

Enquanto isso, Dingbat (Christina Applegate), a inteligente da turma, gosta de Ducky (Scott Caan), que por sua vez quer Alyssa (Jordan Ladd), que prefere Elvis (Thyme Lewis), com quem protagoniza cenas calientes de sexo. O grupo inclui ainda Egg (Sarah Lassez), em um rolo inesperado com um famoso ídolo teen (Jason Simmons), e dois casais felizes: o irmão menor de Mel, Zero (Joshua Gibran Mayweather), e sua namorada, Zoe (Mena Survari), e a sexual Lilith (Herather Grahan) e seu par, Shad (Ryan Phillip), o irmão gêmeo de Alyssa. Em uma série de fatos que têm largada na cafeteria clássica da turma, o dia dessa teia de amigos voa numa montanha russa de sexo, drogas alucinógenas, desentendimentos românticos e violência, encerrando-se com acontecimentos pesados em uma selvagem festa na casa do descolado Jujyfruit, vivido por Gibby Haynes, figura popular também na vida real, como líder da banda Butthole Surfers.

Esta poderia realmente ser a sinopse de qualquer história sobre jovens. O que faz a diferença é o distinto estilo do diretor, que expressa esse universo ácido e sexualmente ativo de uma maneira muito visual – e é aí que entram as drogas alucinógenas. Dark e seus amigos passam o tempo com distrações comuns a muitos adolescentes: fazendo sexo, usando drogas, indo a festas… e também assistindo a abduções alienígenas. Fatos psicodélicos como esse não são estranhos no universo pop de Araki. Assim como muitos de seus títulos, “Nowhere” é um filme pop, desde as cenas inusitadas, coloridas e alucinógenas que o compõem à escolha do elenco, formado por sobreviventes de séries de TV norte-americanas como Melrose Place e Barrados no Baile (a exemplo de Kathleen Robertson e Shannen Doherty) e por astros de Hollywood (como Ryan Phillip e Cristina Applegate).

(Nowhere - 1997)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Rosas Selvagens (1994)


Este maravilhoso e magistral filme de André Téchiné, seu décimo segundo, é um dos melhores de uma excelente série de filmes da televisão francesa sobre adolescentes dos anos 60 ao início dos anos 80.

Assim como “Souvenirs d’em France”, do próprio Téchiné, este filme evoca de algumas formas o Bernardo Bertolucci de “O Conformista”, o retrato de jovens vivendo no Sudoeste da França em 1962, no final da Guerra da Argélia, tem algo do sentimento, lirismo e doçura do filme de Bertolucci “Antes da Revolução”. “Rosas Selvagens”, no entanto, é claramente o trabalho de alguém mais velho e sábio.

Os personagens principais estão completando o equivalente ao “vestibular” em um internato. Dentre eles incluem um menino que luta contra seu desejo homossexual por um amigo íntimo, um estudante mais velho que é um oponente de direita do nacionalismo argelino e a filha comunista de um dos professores, que faz amizade com o rapaz homossexual e se apaixona pelo estudante mais velho apesar de suas diferenças políticas.

Passamos a considerar esses personagens como velhos amigos, e a maneira como Téchiné aborda a ambientação campestre é tão delicada quanto sua compreensão do período.

“Rosas Selvagens” foi o vencedor de vários prêmios César, incluindo o de Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Revelação Feminina (Élodie Bouchez).

(Les Roseaux Sauvages - 1994)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dream Boy (2008)



Uma história de amor sensual desenvolve rapidamente entre os dois, que depois têm que esconder seu amor de erguer os olhos de uma profundamente religioso, profundo da comunidade do Sul em meados da década de 1970. Nathan também tem de enfrentar seus demônios e ensurdecedor a violência que prevalece dentro da sua própria família. Adaptado do romance de Jim Grimsley, Dream Boy é um filme sensível sobre o amor, tabus e o fim da inocência.

(Dream Boy - 2008)

domingo, 7 de novembro de 2010

Planeta 51 (2009)


O Planeta 51 parece a Terra dos anos de 1950. Com suas casinhas elegantes, eletrodomésticos combinando, os habitantes usam a moda daquela época e ouvem músicas e dançam como se vivessem 50 anos atrás. Eles seriam iguais a nós se não fosse o fato de serem verdes e terem anteninhas em suas cabeças. Ou seja, eles são alienígenas.

Ou melhor, nós somos alienígenas, na visão deles. Como nos Estados Unidos dos anos de 1950, o Planeta 51 vive em constante estado de alerta, medo de uma invasão de seres de outro mundo que iriam destruir a tudo e todos. Assim, a animação “Planeta 51” subverte os clichês do gênero, transformando os terráqueos em invasores.

Ao centro da história está o adolescente Lem, de pouco mais de 15 anos, que acaba de conseguir o emprego de assistente do curador do planetário de sua cidade. Muito certinho, ele segue sua vida sem quebrar regras. Por isso mesmo, tem dificuldades em convidar para sair sua vizinha, Neera, sua paixão desde a infância.

Esse cenário irá mudar quando o maior medo dos habitantes do Planeta 51 se concretiza: a chegada de um terráqueo. Trata-se do astronauta Chuck Baker – um americano em missão espacial cuja nave aterrissa no quintal da casa de Neera. Assustado com o que vê, o humano também foge e vai parar no planetário onde Lem trabalha.

Os personagens vivem naquela paranoia típica dos Estados Unidos da década de 1950, e por isso, Chuck é visto como uma ameaça, e quem o ajuda como um subversivo. Ainda assim, Lem fica ao lado do astronauta e passa a ser perseguido com ele. Seu melhor amigo, Skiff, é obcecado por teorias da conspiração e vê no terráqueo uma grande ameaça até que descobre que ele é legal, e também o ajuda. Mas o poderoso General Grawl não pensa assim e quer acabar com o invasor.

A amizade que surge entre os dois personagens é uma das mensagens do filme. Como toda animação infantil, há uma lição a ser aprendida: se superarmos as diferenças, juntos poderemos fazer muito mais do que separados. Assim, Lem e Chuck vão mudar mutuamente a vida um do outro. O extraterrestre será menos tímido e nerd, enquanto o humano, primeiro conseguirá se esconder daqueles que o perseguem, para depois voltar para casa.

(Planet 51 - 2009)

sábado, 6 de novembro de 2010

Lucky Blue (2007)



Muitas vezes somos colocados diante de filmes que nem sabemos do que se trata de antemão. Movidos pela curiosidade da capa ou pela indicação de amigos, somos surpreendidos pelo conteúdo, seja ele por ser muito bom ou por nem valer a pena. E quando se trata de curtas, ai é mais fácil o acesso (ou não?). Curtas têm a vantagem de serem rápidos de ver, mas possuem a desvantagem de deixaram um “gosto de quero mais” se forem bons. Dificilmente se encontra curtas em DVDs para locação, ou você ver ele como bônus de outro filme, ou baixa da internet, ou ainda ver no YouTube, caso o vídeo seja pequeno, não é o caso de Lucky Blue.

Lucky Blue é um curta com 30 minutos de duração, escrito e dirigido pelo sueco Håkon Liu. O elenco é formado por Tobias Bengtsson, Tom Lofterud, Britta Andersson e Johan Friberg, que dão vida aos personagens desse drama amoroso, e romântico. De início somos apresentados a Olle (Tobias Bengtsson) que está organizando um festival anual de música, que acontece em todo verão, em um pacato vilarejozinho no interior da Suécia. Vindo como convidado pela tia, que aparenta ter uma forte relação com o pai de Olle, chega Kevin (Tom Lofterud) , um rapaz, que a principio dá uma idéia de grosso, fechado e mal humorado.

Com o decorrer (rápido) dos fatos, eles por acaso (será? O começo pode refutar isso) se aproximam e se tornam amigos, e um incidente com o pássaro (Lucky Blue) da tia de Kevin que acaba fugindo da gaiola, torna-os cúmplices, uma cumplicidade que evolui em algo mais, algo que os deixa confusos e cheios de dúvidas. Lucky Blue, o pássaro que “se liberta” e depois faz as próprias escolhas, como por exemplo, voltar pra casa, pode até ser visto como analogia, mas é meramente interpretativa de cada um. O que nota-se de interessante, é uma mudança de atitudes nada convencional, Olle o menino do interior, de quem se espera as atitudes grotescas, é quem assume o papel mais sentimental, deixando as patadas por conta de Kevin, de quem se suporia a origem do tal sentimentalismo.

O final não é nada surpreendente, mas o filme tem por si só uma justificativa, não se pode dizer que seja inverossímil, pois se fosse assim estaríamos julgando com a vivência que temos na nossa cultura. O filme também encanta pela música, fotografia e pelo ar poético que permeia nas composições de falas e imagens. Talvez agrade até quem considera esse tipo de relação um antiromantismo.

(Lucky Blue - 2007)

Dança, Paixão e Fama (2000)



Sean e Mitch são dois irmãos que adoram dançar, mas vivem numa pequena cidade industrial da Austrália, sem grandes perspectivas para o futuro. Sean decide rumar para Sydney e conseguir trabalho em algum musical. Porém, devido ao seu gênio difícil e arrogante, ele acaba sendo dispensado. Voltando à sua cidade-natal, ele reúne um grupo de amigos e, juntos, eles formarão o seu próprio grupo de dança.

(Bootmen - 2000)

Amantes Constantes (2005)


O preto-e-branco muito contrastado evoca o clima de um álbum de fotografias. E é com esse afeto, às vezes temperado pelo distanciamento, que o diretor-roteirista francês Philip Garrel visita seu baú de lembranças de Paris em 1968. Não há pressa neste mergulho intenso e delicado, que ocupa três horas na vida de seus espectadores. Ao final da sessão, eles poderão ter tido a sensação de uma viagem num túnel do tempo, compartilhando as sensações dos dias em que a revolução dos jovens sonhou quebrar a corrente do poder do mundo e os rumos a que conduziu sua desilusão na entrada da vida adulta.

Fora o tema, um mesmo ator, Louis Garrel, filho deste diretor, faz a ponte entre este filme e “Os Sonhadores” (2003), em que o italiano Bernardo Bertolucci construía suas próprias memórias de 1968. Este parentesco une dois trabalhos que são, no entanto, bem diferentes no seu tom e intenções. O foco de Bertolucci está naquele momento presente, o de 68, num trio de personagens que se encerra num huis clos ao invés das ruas, ainda que sua vivência corresponda em tudo àquilo que acontece lá fora. O foco de Garrel, por sua vez, reside na angústia que toma conta de seus participantes no dia seguinte à descoberta de que a utopia das ruas já terminou.

Como uma peça de teatro, a história evolui em atos bem marcados. O primeiro é o momento da guerra campal nas ruas, batizado de “Esperanças de Fogo”. E são repletos de chamas os cenários em que estudantes e policiais se enfrentam. Há um mundo antigo terminando nessas cinzas, soterrado por paralelepípedos arrancados das ruas e carros destroçados. Nos seus escombros, jovens e idealistas que não sabem dizer como tudo começou, nutridos pelas ideologias da época, de Marx a Mao, se desgastam em assembleias.Tentam fazer a revolução, ainda que seja apesar do proletariado em nome de quem dizem falar.

No próximo ato, “Esperanças Fuziladas”, a vida adulta começa à força. François (Louis Garrel), jovem poeta que escapou à convocação do serviço militar, deve dar satisfações à justiça. Corre o risco de prisão e alguém, cinicamente, lembra que Baudelaire e Rimbaud, poetas maiores da França, precisaram ser presos para afiar sua arte. François, no entanto, consegue ficar solto. E conhece Lilie (Clotilde Hesme), a escultora com quem vive uma história de amor.

A luz estoura quando os amantes se encontram, ao som da música de piano. Mas não porque a história conduza a uma explosão romântica. É muito mais um filme existencialista, que encarna um distanciamento de 68 que a Nouvelle Vague poderia ter filmado, se não tivesse acontecido antes. “Os Amantes Constantes” é certamente uma homenagem a esse espírito da Nouvelle Vague. Tem a mesma urgência do movimento liderado por Truffaut e Godard de capturar o presente, o presente da história que se procura contar, como se ela estivesse acontecendo agora mesmo. Só que usa um tom de elegia, dando tempo aos personagens de pensar, com mais palavras e mais afeto do que Antonioni colocaria num enredo assim. Não chega a ser um réquiem nem um lamento. É como aquele retrato na parede que, como diria Drummond, dói quando a gente olha. Mas a gente não quer arrancar de lá nem deixar de olhar.

(Les Amants Réguliers - 2005)