terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Carrie, a Estranha (1976)


Em meados dos anos 1970, Brian De Palma já tinha passado mais de uma década aperfeiçoando suas influências díspares, reunindo Alfred Hitchcock, rock'n'roll e sátira política. Mas Carrie foi seu primeiro grande sucesso. É um melodrama de horror operístico que reúne o gótico, o sobrenatural e filmes para adolescentes. Continua sendo a melhor adaptação já feita para o cinema de um livro de Stephen King.

O filme inaugurou a tendência de Brian De Palma de ir sem aviso da fantasia à realidade, como na abertura, que passa de uma fantasia levemente pornográfica com meninas tomando banho para a real menstruação de Carrie, o primeiro sinal de "estranheza" que a colocará à margem, como um monstro, da comunidade de mentalidade fechada onde vive.

Toda a opressão que Carrie sofre tanto em casa (sua mãe fanaticamente religiosa é interpretada por Piper Laurie) quanto na escola cria uma tensão abrasiva que toma a forma de poderes telecinéticos. Observamos com ambivalência como as fantasias de vingança de Carrie se transformam em assassinatos em massa descontrolados na cena do baile de formatura (um tour de force de Brian De Palma).

Sissy Spacek está fantástica no papel-título. Seu rosto e seu corpo se contorcem como um efeito especial vivo para exprimir as contradições insuportáveis da experiência de Carrie, bem como a transição da personagem de uma garotinha tímida e Rainha da Morte.

Nomeado a 2 Oscar: Melhor Atriz (Sissy Spacek) e Melhor Atriz Coadjuvante (Piper Laurie).

(Carrie - 1976)

Feitiço do Tempo (1993)


O ator de comédias Bill Murray tem o que talvez seja o melhor e mais terno desempenho de sua carreira nesta comédia genial - possivelmente a melhor dos anos 90 - dos roteiristas Harold Ramis (que também a dirige) e Danny Rubin.

Murray é Phil Connors, um mal-humorado apresentador de previsão do tempo na TV que é enviado com a produtora Rita (Andie MacDowell) e o câmera Larry (Chris Elliot) à simpática pequena cidade de Punxsutawney, na Pensilvânia, para testemunhar a cerimônia anual do Dia da Marmota. Uma marmota chamada Phil de Punxsutawney emerge e, dependendo de ver ou não ver a sua sombra, prediz se a cidade terá mais algumas semanas de inverno. Esnobe e egocêntrico, Phil quer dar o fora de lá - então, quando acorda no dia seguinte e descobre que está revivendo o Dia da Marmota, ele não fica nenhum pouco feliz. Sobretudo quando continua revivendo aquele mesmo dia no dia seguinte e no outro, sendo aparentemente a única pessoa que está vivendo os mesmos eventos repetidamente e lembrando-se deles.

É um conceito excelente (que nunca é explicado, o que torna a história ainda melhor) que a princípio leva o esperto Phil a tirar vantagem da situação. Ele pergunta a uma mulher em um dia o que ela procura em um homem, e no dia seguinte encarna todos esses atributos para a moça inocente. Em seguida, no entanto, desesperado com sua situação, ele tenta o suicídio de várias formas (até descobrir que invariavelmente acorda vivo na manhã seguinte, sempre a mesma). Aos poucos, começa a melhorar seu comportamento e sua maneira de lidar com as pessoas, em um esforço para se redimir aos olhos de Rita, que o vê somente como o chato que sempre foi. Enquanto isso, há deliciosas gags repetidas, como acordar todos os dias com o mesmo toque do despertador e a canção de Sonny e Cher (I've got you babe) e encontrar Stephen Tobolowky em uma rápida porém divertida atuação como o irritante vendedor de seguros Ned Ryerson, já sabendo o que acontecerá logo em seguida.

"Feitiço do Tempo" é ao mesmo tempo inteligente e engraçado; há poucas comédias tão perfeitas assim.

(Groundhog Day - 1993)

Até que a Sorte nos Separe (2012)


Partindo de um livro de autoajuda, "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", de Gustavo Cerbasi, a comédia "Até que a Sorte nos Separe" tem como protagonistas Tino (Leonardo Hassum) e Jane (Daniele Winits), casal pobre que ganha na loteria e enriquece, mas 15 anos depois gastou todo o dinheiro sem guardar ou investir nada.

Seus vizinhos, pelo contrário, formam um casal certinho que sabe muito bem o que fazer com o dinheiro, uma vez que o marido, Amauri (Kiko Mascarenhas), é consultor financeiro. Sua mulher, Laura (Rita Elmôr), quer ter mais um filho, mas ele faz de tudo para evitar a gravidez e novos gastos.

Jane, por sua vez, está grávida e, como é uma gestação de risco, o marido é informado pelo médico de que ela não pode receber nenhuma notícia ruim ou ter problemas financeiros. Então, Tino fará de tudo para que mulher não saiba que estão pobres novamente. Esse poderia ser um bom pretexto para criar momentos cômicos na trama – mas isso não acontece.
Na falta de boas piadas no roteiro, o ator e comediante Leandro Hassum se esforça, se vira como pode e, quando seu repertório se esgota, apela para o histrionismo. O resultado é uma infinidade de caras, bocas e berros.

Quase dolorosamente, o longa percorre todos os caminhos previsíveis. É uma exaltação ao consumismo desenfreado do mundo contemporâneo, que Santucci dirige sem qualquer inspiração. Não fossem alguns raros momentos de Hassum, seria praticamente insuportável.

(Até que a Sorte nos Separe - 2012)

O Diário de Tati (2012)


No filme "O Diário de Tati" há uma cena que não tem tanta importância para a narrativa, mas, em si, é chave para a credibilidade da história. A protagonista está atrasada para a aula, o carro da mãe não funciona e ela acaba embarcando na perua das crianças do primário. Quando a atriz Heloísa Périssé, que vive uma adolescente, sai do veículo no meio dos pimpolhos, pode soar estranho, mas ela mais parece um deles do que a adulta que atualmente vive Monalisa, na novela Avenida Brasil.

Pode ser uma prova da competência da atriz, de 46 anos, ou mais um truque do cinema. A questão é que ela funciona como a personagem. Heloísa, evidentemente mais velha do que os demais atores que interpretam os colegas de Tati, está confortável e segura, especialmente porque não se coloca num pedestal nem olha os adolescentes de cima para baixo. Não existe também nenhuma caricatura da adolescência, só um olhar sobre a geração do presente.

Ainda assim, o filme se ressente um pouco do fato de ter sido feito há mais de cinco anos. Não que isso o invalide, mas deixa de contemplar alguns elementos da adolescência do nosso tempo – especialmente a comunicação ininterrupta com celulares e internet. O computador de Tati, por exemplo, parece jurássico. Se detalhes como esse forem deixados de lado, “O Diário de Tati” tem algo a dizer e pode divertir.

Não se deve esperar muito mais do que uma extensão do quadro do dominical “Fantástico”, no qual a personagem ganhou mais destaque – apesar de criada no teatro e ter participado da Escolinha do Professor Raimundo. Ainda assim, Heloísa (que coescreve o roteiro com Tiza Lobo e Paulo Cursino) e o diretor Mauro Farias estão cientes do tamanho do filme, e não ambicionam mais do que a personagem pode dar conta. Por isso, funciona.

Há um elemento cômico, mas também de ternura e respeito, quando Heloísa interpreta uma adolescente. É impossível nunca ter conhecido uma “Tati” (ou mesmo ter sido uma) ao longo da vida. Aquela ansiedade em que cada dia parece ser o último e os seus desejos, medos e sofrimentos os maiores do mundo. O jeito de falar, o uso de gírias e trejeitos dão o tom e a veracidade à personagem.

A trama se abre como uma crônica da juventude – descompromissada e praieira, como a personagem, afinal o filme não tem (e nem deve ter mesmo) qualquer ambição antropológica. Tati e toda a sua classe ficam em recuperação de matemática. Para tentar não perder o ano, ela assiste a aulas particulares com o amigo de seu irmão (Pedro Neschling), Maurinho (Marcelo Adnet).

No ambiente escolar surgem as disputas com sua rival, Camila (Thais Fersoza), pela atenção do menino mais popular, Zeca (Thiago Rodrigues) e os laços de amizade. Em casa, são as interações de Tati com a mãe (Louise Cardoso, sempre excelente) que conduzem as relações familiares. É claro que O Diário de Tati tem mais a dizer ao público adolescente e potencial e, com ele, travar um diálogo saudável.

(O Diário de Tati - 2012)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Celeste e Jesse Para Sempre (2012)


Celeste e Jesse se conhecem desde o ensino médio. Namoraram, casaram, fizeram tudo juntos. Mas o encanto passou. Eles resolvem se divorciar, mas firmemente decididos a manter-se amigos. Isso funciona até o dia em que Jesse começa a namorar de novo...

(Celeste & Jesse Forever - 2012)

Anna Karenina (1948)


(Anna Karenina - 1948)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Seinfeld - Quarta Temporada (1992)


(Seinfeld - Season 4 - 1992)

sábado, 14 de dezembro de 2013

Paris-Manhattan (2012)


Woody Allen, que nunca escondeu ter pedido a benção a seus mestres cinematográficos, como Ingmar Bergman, para construir sua obra, é, por sua vez, o homenageado da comédia romântica francesa "Paris-Manhattan" – em que a diretora estreante Sophie Lellouche mostra-se uma humilde aprendiz do diretor norte-americano.

Sophie elege como heroína de sua história uma musa que Woody aprovaria: a bela e confusa Alice (Alice Taglioni). Loura, esbelta, pinta de modelo, ela é uma farmacêutica entrando nos 30 anos, inacreditavelmente sem sorte no amor. Depois de cada desilusão, ela desabafa as mágoas para a enorme fotografia de Woody Allen que há anos emoldura sua parede: “ouvindo” dele conselhos, na verdade, uma habilidosa montagem de falas do ator e diretor retiradas de diversos de seus filmes.

A própria ideia de falar com seu ídolo, aliás, vem da obra de Woody, mais especificamente de uma peça dele, que ele mesmo roteirizou no filme "Sonhos de um Sedutor" (1972), de Herbert Ross, em que Woody recebia conselhos do fantasma de Humphrey Bogart.

A ligação de Alice com o cineasta é tamanha que ela chega a receitar a visão de seus filmes a alguns de seus clientes. Até em casos extremos, como no dia em que um rapaz tenta assaltar sua farmácia, é dissuadido por ela e ainda leva para casa "Crimes e Pecados" e "Um Misterioso Assassinato em Manhattan".

Este último filme, aliás, merece uma homenagem à parte dentro do enredo, quando Alice, seus pais (Michel Aumont e Marie-Christine Adam) e um fã seu, Victor (Patrick Bruel), fuçam o apartamento de sua irmã (Marine Delterme) à procura de provas da suposta infidelidade de seu marido, Pierre (Louis-Do de Lancquesaing). Naquele filme de Woody, ele mesmo e a mulher (Diane Keaton) invadiam o apartamento de um vizinho, à procura de evidências de um crime.

O ponto alto de "Paris-Manhattan" certamente é o segmento em que o próprio Woody entra em cena, realizando aquele tipo de fantasia poética que eleva a história alguns patamares. É muito bem-filmada a sequência em que Alice, dentro de um vestido vermelho, pilota um patinete pelas ruas de Paris, tentando chegar a tempo de ver Woody. Ela foi chamada por Victor, que trabalha com alarmes e segurança e casualmente salvou o diretor de uma situação.

Certamente, trata-se de um trabalho de estreante, com não poucas hesitações e quebras de ritmo. Mas Sophie parece estar no caminho certo. Pelo menos, em termos de mestres e inspirações.

(Paris-Manhattan - 2012)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinco Câmeras Quebradas (2011)


Nomeado ao Oscar de Melhor Documentário.

(5 Broken Cameras - 2011)

Nota de Rodapé (2011)


O drama israelense “Nota de Rodapé” arma sua trama no insolúvel conflito entre pai e filho, ambos estudiosos do Talmud, livro sagrado dos judeus. O pai é Eliezer Shkolnik (Shlom Bar-Aba), que passou sua vida investigando as mínimas divergências nas diversas versões do Talmud, esforçando-se num trabalho árduo, minucioso e, até sua maturidade, com escasso reconhecimento. O máximo que ele conseguiu foi ser mencionado numa nota de rodapé da obra magistral de um grande especialista.

Com seu filho, Uriel (Lior Ashkenazi), acontece justamente o contrário. Sua vida é passada sob os holofotes, recebendo um prêmio atrás do outro por seus livros, muitas vezes bestsellers.

O contraste entre a carreira dos dois termina por envenenar o relacionamento entre pai e filho, cujas personalidades não escondem uma ponta de crueldade, que vem à tona na primeira oportunidade, apesar dos esforços de suas mulheres para aliviar a tensão.

Um dia, chega pelo correio uma carta, anunciando para Eliezer que ele, finalmente, venceu o cobiçado Prêmio Israel. A amargura de toda uma vida de humilhação é repentinamente substituída por um inédito sentimento de euforia, que contamina também o filho. Afinal, vai ficar para trás o ressentimento de toda uma vida.

Mas a alegria dura pouco. O comitê de premiação cometeu um terrível engano e Eliezer, agora, terá que participar da solução de um dilema bem complicado. O drama de Uriel, que parecia resolvido, ganha um novo e decisivo capítulo.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Israel).

(Hearat Shulayim - 2011)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Doce de Mãe (2012)


(Doce de Mãe - 2012)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Thor (2011)


Conhecido por seus trabalhos shakespearianos, como Henrique V (1989) e Hamlet (1996), o ator e diretor irlandês Kenneth Branagh fez sua primeira investida no universo pop, dirigindo a aventura Thor. Baseado na graphic novel lançada pela Marvel em 1962 – de autoria de Stan Lee, Jack Kirby e Larry Lieber -, o filme reinventa a lenda do famoso heroi da mitologia nórdica.

Interpretado pelo ator australiano Chris Hemsworth (Star Trek), Thor é o impulsivo herdeiro do mítico reino de Asgard, que há muito ganhou a sangrenta guerra contra o mundo gelado de Jotunheim, sob o comando do rei Odin (Anthony Hopkins). O gênio aguerrido de Thor tem um contraponto no irmão, Loki (Tom Hiddleston), mais calmo e discreto, que vive à sua sombra.

Tanta paz no reino entedia Thor. Por isso, uma repentina invasão de Asgard por três habitantes de Jotunheim, rapidamente dominados, dá-lhe o pretexto para ir tomar satisfação do rei local, Laufey (Colm Feore). Sempre escudado por uma fiel trupe de guerreiros e pelo irmão, sem nunca abandonar seu poderoso martelo mágico, Thor faz um estrago no reino vizinho e dá pretexto para o reinício da guerra.

Como castigo, Odin expulsa Thor de casa. Envia-o à Terra, privando-o também de seus títulos, poderes e do martelo mágico. O poderoso martelo também é jogado na Terra, ficando encravado no meio do deserto mexicano, onde atrai a atenção tanto de aventureiros como de uma unidade do serviço secreto americano, a Shield. Thor só recuperará o domínio do artefato quando tomar juízo.

A chegada de Thor à Terra é testemunhada também por uma equipe de cientistas, a dra. Jane Foster (Natalie Portman), o professor Erik Selvig (Stelan Skarsgard) e a estagiária Darcy (Kat Dennings). Como todo mundo fala inglês, não há qualquer dificuldade de compreensão entre eles. A dificuldade de relacionamento geral fica por conta da fúria de Thor, que leva um tempo para se acalmar e entender o processo de amadurecimento pretendido por seu pai.

Em Asgard, por sua vez, há problemas. Logo depois da expulsão de Thor, seu pai caiu numa espécie de coma e o reino fica sob o comando de Loki – que revela uma ambiguidade cada vez maior, a seguir à descoberta da verdade sobre o seu nascimento.

Esse tipo de rivalidade entre irmãos, as sucessivas intrigas envolvendo os dois reinos, além do princípio de romance entre Jane e Thor, devem ter tido o seu papel para instigar Branagh a aceitar a direção de uma história, em princípio, tão diferente de suas tramas shakespearianas e onde ele não encontra oportunidade de imprimir uma marca pessoal.

Ainda assim, não há, a rigor, uma real semelhança entre o mundo de Shakespeare e o mundo de Stan Lee e associados. Thor evolui bem mais de acordo com as regras do universo pop dos quadrinhos, enfileirando confrontos, guerras, lutas e destruições, algumas impressionantes.

(Thor - 2011)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

No (2012)


“No”, de Pablo Larraín, encerra uma trilogia de exorcismo político da herança maldita da ditadura de Augusto Pinochet. O diretor havia abordado o tema em Tony Manero (2008) e Post Mortem (2010). Em “No”, Larraín escalou o mexicano Gael García Bernal para estrelar uma ficção que reconstitui o histórico plebiscito de 1988, convocado por pressão internacional e em que Pinochet pretendia conseguir um aval popular para sua continuidade no poder depois de 15 anos do golpe. Mas acabou derrotado, abrindo caminho à redemocratização.

Gael interpreta René Saavedra, um publicitário, filho de um exilado, que cresceu longe do país e foi convidado pela esquerda para orientar a campanha do “não” ao regime. Habilmente, o roteiro de Pedro Peirano desenvolve as diversas posições em jogo, dentro de uma esquerda extremamente dividida, mas que acaba cedendo aos apelos de René no sentido de dar uma roupagem mais moderna e otimista à campanha. Ou seja, criando jingles mais leves e deixando em segundo plano os slogans políticos clássicos e a cobrança pelos mortos e desaparecidos, o que obviamente gera polêmica. Mas esse tom é decisivo para a conquista dos indecisos e a derrota de Pinochet.

Encabeçar a campanha do “não” à ditadura é uma decisão arriscada para René. Não só porque os mecanismos repressivos do regime estão todos em vigor, como pelo fato de que seu patrão, Lucho Guzmán (Alfredo Castro), orienta a campanha oposta. Habilmente, o filme mostra como o plebiscito foi abrindo caminho à queda de Pinochet – que não acreditava na possibilidade de ser derrotado. Quando o governo acordou para o sucesso da campanha oposicionista e o risco real de uma derrota, recorreu a golpes baixos, intimidações, perseguições. Sem sucesso.

Larraín permite ao espectador contemporâneo mergulhar naquele período usando, por exemplo, muitos trechos da campanha televisiva real. Ao mesmo tempo, mantém a uniformidade de cores e textura na fotografia total do filme mesmo nas cenas realizadas recentemente, recorrendo ao antiquado formato U-Matic. Utilizando uma velha câmera da época, arrematada no site Ebay, o diretor garante uma reprodução convincente da estética dos anos 80 que fortalece a impressão de autenticidade da história – instaurando um clima de urgência, como se os fatos realmente estivessem ocorrendo aqui e agora, o que contribui muito para o envolvimento do público.

O roteiro partiu de uma peça inédita de Antonio Skármeta, El Plebiscito, mas dependeu muito de pesquisas adicionais e entrevistas com as pessoas que viveram aqueles dias. Embora fosse menino na época (tinha 12 anos por ocasião do plebiscito), o próprio cineasta Pablo Larraín tem um envolvimento familiar com a questão: é filho de um senador de direita, Hernán Larraín, que apoiou a campanha do “sim” a Pinochet. Sua mãe, Magdalena Matte, é ex-ministra do atual presidente direitista do Chile, Sebastián Piñera. Apesar desta origem familiar, os filmes de Pablo Larraín nunca deixam dúvida de seu inequívoco engajamento contra o passado pinochetista.

Nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Chile).

(No - 2012)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas (2013)


O futuro em que se situa “Jogos Vorazes: Em chamas”, embora não pareça de forma explícita, é uma figuração do nosso presente. O mundo distópico de Panem, cuja Capital domina e subjuga os 12 distritos, explorando-os e deles retirando seus meios de sobrevivência, chega bem perto de um retrato de nosso mundo global, cujas forças imperialistas impõem suas necessidades e anseios sobre a periferia.

Se no primeiro filme, “Jogos Vorazes” (2012), era necessário um tempo para apresentar os personagens e o cenário, para só depois introduzir a ação de verdade, aqui, o diretor Francis Lawrence não precisa perder tempo com isso. O segundo filme começa de onde seu antecessor parou: Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson), vencedores da última edição dos Jogos Vorazes, são celebridades e começam um tour da vitória por todos os distritos, até chegar à Capital.

Baseado numa trilogia de livros da americana Suzanne Collins, a série Jogos Vorazes não é a típica franquia adolescente. A protagonista, por exemplo, não luta pelo amor do macho-alfa, mas por algo bem mais complexo e importante: sua sobrevivência. Se, por um lado, a violência quase explícita chama a atenção, por outro é o seu discurso rebelde que traz mais força aos livros e aos filmes – até agora adaptados com bastante fidelidade. A série combina elementos que fazem uma leitura bastante certeira de nosso presente, desde o totalitarismo radiografado em “1984”, de George Orwell, e a violência de “Laranja Mecânica”, o livro de Anthony Burgess e o filme de Stanley Kubrick, até chegar às simulações de filósofos como Jean Baudrillard, passando pela sociedade do espetáculo de Guy Debord.

Como nos reality shows – que de reais têm muito pouco –, os Jogos Vorazes são um espetáculo midiático, cujo maior prêmio é a sobrevivência. Todo ano, os distritos mandam dois “tributos’” (palavra muito irônica), que são sorteados entre os jovens. Katniss e Peeta, que se fingiram apaixonados, representaram o 12º distrito e venceram, pois ameaçaram se matar, ao invés de um deles matar o outro, como previa a regra.

Aparentemente, essa atitude rebelde semeou a contestação e o levante em diversos distritos, fazendo o presidente Snow (Donald Sutherland) procurar Katniss. Sabendo que matá-la seria criar uma mártir, Snow ameaça a família da garota, que no Tour da Vitória tem de demonstrar que o amor por Peeta é real. Na primeira parada, porém, ela percebe que não poderá voltar atrás, devendo levar adiante a transformação de sua personagem, que é simbolizada por um pássaro, o tordo. E, logo mais, ela e Peeta deverão voltar a correr perigo em mais um torneio, idealizado pelo novo Idealizador dos Jogos, Plutarch (Philip Seymour Hoffman), disputado apenas por vencedores de outras edições.

Como bem lembra Haymitch (Woody Harrelson), antigo vencedor dos jogos e mentor de Katniss e Peeta, a Capital precisa do romance deles para que os distritos esqueçam seus reais problemas. Os Jogos Vorazes nada mais são que um espetáculo para desviar a atenção das reais dificuldades de ordem econômica e política, aproveitando para vender uma ideologia do medo. É a grande questão que fica para o terceiro e quarto filmes (o terceiro romance da série será divido em dois longas) resolver, embora o caminho já tenha sido construído no segundo.

No primeiro filme, Katniss se transforma na “Garota em Chamas”, e, agora, no Tordo. Encantando-se com ela e torcendo por sua vitória e pelo romance com Peeta, as pessoas da Capital não percebem que estão simpatizando com a destruição de seu próprio modo de vida, que se tornou desumano. O primeiro passo é derrotar o sistema – e, conforme diz um personagem, “o sistema tem falhas”, como qualquer outro. São nessas fissuras que devem se embrenhar os germes da mudança. É notável quando essas se materializam no próprio jogo.

É intrigante, no entanto, em “Jogos Vorazes” a ausência de elementos que poderiam servir como ferramenta de opressão, como a religião. Os jogos servem, entre outras coisas, para substituir essas narrativas. É uma sociedade completamente materialista essa em que os livros e os filmes se situam, governada pela lógica da exposição e da dominação.

Em “A Sociedade do Espetáculo” (1967), o pensador francês Guy Debord diz que “o espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade e como instrumento de unificação”. Ao concentrar “o olhar e a consciência” dentro de Panem (cujo nome vem da expressão romana “panem et circenses”, pão e circo), os Jogos Vorazes são o lugar da falsa consciência, no qual a ideologia da meritocracia se potencializa e expande . Suzanne Collins e o diretor Francis Lawrence fizeram algo raro, um blockbuster com ideias bastante sérias, e uma tremenda crítica ao nosso mundo contemporâneo.

(The Hunger Games: Catching Fire - 2013)

sábado, 23 de novembro de 2013

O Guru do Amor (2008)


(The Love Guru - 2008)

Professora Sem Classe (2011)


Há uma cena em “Professora Sem Classe” na qual dois personagens fazem algo que parece estar se tornando moda nos Estados Unidos – uma prática chamada “dry humping”, que, no bom português, quer dizer transar a seco. A suposta diversão consiste em duas pessoas fazerem sexo vestidas. O que é frustrante e sem graça para a maioria da humanidade deve soar engraçado na cabeça das pessoas envolvidas no filme, como o diretor Jake Kasdan e a protagonista Cameron Diaz. Só isso para explicar a cena na comédia.

“Professora Sem Classe” é um “dry humping” cinematográfico – frustrante, supostamente ousado, mas, no fundo, bem careta. O bom trocadilho do título nacional é a única coisa minimamente sagaz que há no filme. Então, melhor ficar apenas admirando o pôster. Cameron Diaz é uma professora chamada Elizabeth. Ela odeia seu trabalho, mas vê nele o trampolim para uma vida melhor quando chega um novo colega na escola, o professor Scott (Justin Timberlake), herdeiro de uma fortuna de fabricantes de relógios.

O único objetivo na vida de Elizabeth é conseguir dinheiro para o seu implante de silicone nos seios. E, para isso, não mede esforços – especialmente envolvendo seus alunos. Seu maior empecilho é a professora caxias Amy (Lucy Punch). Por outro lado, o treinador bonachão Russell (Jason Segel) pode ajudá-la em seus planos, graças à sua paixão platônica por ela.

Quem se destaca mesmo é a inglesa Lucy Punch, que já havia roubado cenas como a namorada burrinha de Anthony Hopkins em “Você vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”, de Woody Allen. Cabe a ela a tarefa de injetar um pouco humor a “Professora Sem Classe”, no papel da rival de Elizabeth no trabalho e no coração de Scott. Ela seria uma espécie de vilã boazinha no filme – mas como Cameron e seu personagens são tão chatos, Amy tem alguns dos melhores momentos.

Com seu senso de humor equivocado e escassez de boas piadas, a suposta audácia de “Professora Sem Classe” é um tiro no pé. O filme quer ser engraçado, mas nunca se joga de vez na sua ousadia. É engraçadinho, mas, ao mesmo tempo, quer garantir nota por bom comportamento.

(Bad Teacher - 2011)

A Casa dos Fundos (2012)


"A Casa dos Fundos" consegue ser um filme tão ruim e ridículo que nos propomos assisti-lo até o final apenas para ver como o diretor e o roteirista conseguiram finalizar tamanha nonsense.

Uma família de classe média aluga a casa dos fundos da sua para um homem que se diz escritor. A partir disso este homem passa a ser inconveniente e perturbá-los. Da inconveniência ele se torna sequestrador e assassino e o pior disso tudo é a razão pela qual ele comete todos estes atos...

Filme pra lá de ruim!

(The Cottage - 2012)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Casa Silenciosa (2011)


Sarah (Elizabeth Olsen) está com seu pai John (Adam Trese) e seu tio Peter (Eric Sheffer Stevens) em uma casa de campo. Aparentemente eles estão esvaziando a casa pois desejam vendê-la. A casa encontra-se sem energia elétrica e por esta razão Peter sai da casa para encontrar alguém que resolva o problema. Quando pai e filha estão sozinhos, a garota começa a ouvir barulhos na casa e fatos estranhos começam a acontecer. O pai é golpeado e amarrado em uma cadeira.

Até este momento, nós telespectadores que desejamos nos assustar, não sabemos o que atemoriza a garota. Inicialmente imaginamos ter algum homem na casa além de Sarah e John, depois acreditamos que espíritos amaldiçoados infestam a casa, pois outros seres passam a entrar em cena. Mas não é nada disso.

Na verdade, a culpada de todo o terror é a própria Sarah, que ao retornar à casa onde havia sido violentada por seu pai, passa a ter surtos psicóticos e cria toda esta situação. Sim, contei o final do filme para economizar o tempo de quem se propõe a assistir algo tão ruim e mal dirigido!

(Silent House - 2011)

domingo, 17 de novembro de 2013

Cães de Aluguel (1992)


Um autoproclamado viciado em vídeos, Quentin Tarantino tinha apenas 28 anos quando escreveu o roteiro para seu filme revolucionário cujo título original, "Reservoir Dogs", aparentemente, veio de uma referência de um cliente da loja de video onde Tarantino trabalhava, uma frase da qual gostou tanto que decidiu usá-la em seu primeiro filme como diretor.

Repleto de diálogos memoráveis e interpretações esplêndidas do elenco quase totalmente masculino, "Cães de Aluguel" conta a história das consequências sangrentas de um roubo de diamantes que deu errado. Em flashback, vemos os criminosos no momento em que são reunidos por Joe Cabot (Lawrence Tierney) - nenhum deles conhece as identidades reais dos outros (tornando impossível para qualquer um denunciar seus cúmplices)- e quando recebem novos apelidos: o Sr. Marrom (Tarantino), o estúpido Sr. Rosa (Steve Buscemi), o jovem Sr. Laranja (Tim Roth), o entediado Sr. Branco (Harvey Keitel) e o violento Sr. Louro (Michael Madsen, em um desempenho hipnótico e assustador). Em uma série de cenas reveladoras, passamos a conhecer os eventos que levaram ao clímax sangrento do filme em um armazém.

Mas não é só a trama inteligente o que torna este filme um grande clássico da década de 90. Como o segundo filme dirigido por Tarantino, "Pulp Fiction - Tempo de Violência" (1994), este também teve uma escalação de elenco habilidosa (Madsen, Keitel e Roth com interpretações brilhantes) e é recheado de cenas notáveis que se tornaram parte da história do cinema, cada uma contendo referências à cultura pop que agora são reconhecidas como uma marca registrada de seus roteiros. Quer seja uma cena em que os homens - reunidos em uma cafeteria antes do roubo - discutem tudo, desde a etiqueta de gorjetas até o real significado de Like a Virgin de Madonna (a conclusão deles é impublicável aqui), ou a cena chocante da orelha com Madsen (destaque para o uso do inesquecível clássico do Steeler's Wheel, Stuck In The Middle With You), Tarantino escolhe suas palavras e ações de maneira tão inteligente que ficamos sabendo muito sobre as características de cada personagem, não importando a trivialidade do que falam. Uma magnífica estreia de um dos talentosos mais originais a surgir no cinema na década de 1990.

(Reservoir Dogs - 1992)

sábado, 16 de novembro de 2013

O Preço do Amanhã (2011)


Escrito e dirigido por Andrew Niccol, responsável também por “Gattaca - Experiência Genética”, o filme “O Preço do Amanhã” é uma aventura futurista que se rende à expressão “tempo é dinheiro”. No mundo criado pelo cineasta, as pessoas negociam quanto tempo têm de vida como moeda. Quer ir de ônibus para o trabalho? Pague duas horas do seu dia ao motorista. Literalmente.

A situação leva a uma lógica robótica: ao completar 25 anos a pessoa pára de envelhecer, mas um cronômetro em contagem regressiva (de um ano) é acionado no seu pulso. Não há como parar a contagem, mas é possível trabalhar para conseguir mais tempo como pagamento. Caso o relógio marque zero, o azarado morre imediatamente.

Muito perto dessa situação está Will Salas (Justin Timberlake), que vive contando minutos como operário de fábrica. Como vive na periferia, estranha ao ver Henry Hamilton (Matt Bomer), dono de séculos de vida, bebendo por ali. Quando o ricaço está prestes a ser morto por Fortis (Alex Pettyfer), Will consegue salvá-lo.

Quando estão fora de perigo, Henry revela ao protagonista algumas verdades sobre o mundo em que vivem e como aqueles que têm mais tempo controlam a vida dos que não o têm. Prevendo um futuro heroico para o seu salvador, Henry doa seus anos para que Will combata as injustiças daquele lugar.

Trata-se de uma luta de classes, em que existe o vilão milionário, Philippe Weis (Vincent Kartheiser), o policial a serviço do opressor, Raymond (Cillian Murphy), a vítima precoce do sistema, Rachel (Olivia Wilde) e a pobre menina rica, Sylvia (Amanda Seyfried), como par romântico do herói. Cada um com seu papel para Will conseguir mudar a economia.

Embora parta de um pressuposto interessante, o desenrolar desta história causa certo estranhamento pela falta de coerência. Simplesmente, não se entende como as pessoas não envelhecem, tal como pode ser questionada a falta de contemporaneidade deste futuro. Will trabalha visivelmente de forma obsoleta nos dias de hoje e ninguém parece ter acessórios mais evoluídos, principalmente eletrônicos, o maior sinal de futuro em qualquer obra.
Outro ponto de atenção é o pouco cuidado do roteiro com os personagens. Embora o ator Cillian Murphy seja competente, sua atuação não sobrevive ao desfecho de Raymond. O mesmo se pode dizer de Alex Pettyfer, um fio solto desta trama.

Com uma carreira em ascensão, o polivalente Justin Timberlake buscou em “O Preço do Amanhã” se lançar também como astro de filmes de ação. O caminho é muito natural para um artista tão assediado quanto ele. No entanto, é imprescindível escolher um bom projeto para chegar a esse propósito, diferentemente desta produção.

(In Time - 2011)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Um Método Perigoso (2011)


Em “Um Método Perigoso”, David Cronenberg voltou-se para Sigmund Freud e Carl Gustav Jung. Partindo da peça The Talking Cure, de Christopher Hampton – também corroteirista -, realizou uma densa ficção que focaliza o encontro entre o pai da psicanálise e um de seus mais criativos discípulos, antes que diferenças inconciliáveis os separassem.

A narrativa começa com Carl Jung (Michael Fassbender) atuando numa clínica psiquiátrica em Zurique e encarregando-se do caso de uma jovem paciente histérica, Sabina Spielrein (Keira Knightley). É um caso complicado e que requer enorme esforço do médico, descobrindo por trás do caso da moça evidências de uma história familiar complicada, que acarretou um comportamento autodestrutivo.

Trabalhando pela terceira vez com o diretor, o ator norte-americano Viggo Mortensen encarna Freud, o pioneiro da psicanálise que, em Viena, influenciou diversos profissionais, inclusive Jung. O jovem médico suíço encontra-se com seu mentor, quarenta anos mais velho, e inicia-se uma ativa troca de correspondência e experiências.
Aos poucos, afirmam-se as diferenças entre os dois – não só de idade, classe social, religião (Freud era judeu, Jung, protestante) e personalidade. E, partir de um certo momento, divergem especialmente em sua postura profissional diante de aspectos cruciais na determinação da psique humana – como a sexualidade.

A sexualidade, não na teoria, e sim na prática, cria uma das muitas discordâncias entre Jung e Freud, a partir do momento em que o primeiro, casado e com filhos, envolve-se com sua ex-paciente, Sabina, que se tornou psicanalista também. E, na vida íntima, mais do que atenuar algumas perversões de Sabina, passa a participar delas também.

Um grande mérito do filme está em não sucumbir ao peso habitual das produções de época – que Cronenberg frequenta pela quarta vez -, permitindo que seus personagens se movimentem e reajam de forma natural em seus ambientes. O diretor também enfrenta a contento o desafio de humanizar dois mitos do nível de Freud e Jung, tornando palpáveis tanto suas contradições quanto seus sentimentos.

Da mesma forma, tornam-se claros alguns dos principais conflitos entre o pensamento dos dois, desde o papel supremo defendido por Freud para a sexualidade como determinante do comportamento humano – que Jung contrapõe com uma procura também do transcendente, que o levará ao conceito do inconsciente coletivo.

(A Dangerous Method - 2011)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Grande Motim (1935)


Sintetizando o espírito hollywoodiano clássico, “O Grande Motim”, de Frank Lloyd, é uma obra-prima do cinema de estúdio. A cenografia suntuosa, o caráter de relato de viagem e a moral central resultam em uma aventura de extraordinária beleza. Obviamente, para apreciar essas qualidades é preciso fazer vista grossa a um estilo de atuação há muito abandonado. E também ao fato de um elenco americano imbuir esta fábula moralizante inglesa de um otimismo típico da Grande Depressão. Ainda assim, essas críticas pontuais servem para sustentar quão bem produzido é o filme, levando em conta o estilo dos estúdios MGM, que almejavam ao mesmo tempo lucro, escapismo e entretenimento da forma mais abrangente possível.

No fim do século XVIII, no auge do controle do Império Britânico sobre sua Marinha, a tripulação do navio Bounty se amotina depois de meses de maus-tratos. Liderados por Fletcher Christian (Clark Gable), eles jogam o cruel capitão Bligh (Charles Laughton) no mar, porém ele consegue voltar para terra em um esforço nada menos que espetacular. No seu encalço, o Bounty segue para o Pacífico Sul, perseguido por várias complicações.

Aqui, Gable aparece sem seu bigode, e os lábios carnudos de Laughton se agitam com rígida disciplina. Em meio a isso existe uma série de pequenas subtramas, embora o filme talvez seja mais memorável como um marco primordial para a arte do desenho de produção.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme. Indicado aos Oscar de: Melhor Ator (Clark Gable), Ator Coadjuvante (Charles Laughton), Ator Coadjuvante (Franchot Tone), Diretor (Frank Lloyd), Roteiro, Edição e Trilha Sonora.

(Mutiny on the Bounty - 1935)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Minha Máxima Culpa: Silêncio na Casa de Deus (2012)


(Mea Maxima Culpa: Silence in the House of God - 2012)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Seinfeld - Terceira Temporada (1991)


(Seinfeld - Season 3 - 1991)

Skins - Sétima Temporada (2013)


(Skins - Volume 7 - 2013)

New Girl - Segunda Temporada (2012)


(New Girl - The Complete Second Season - 2012)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Behind the Candelabra (2013)


Steven Soderbergh já foi premiado com o Oscar de direção por "Traffic", além disso, chegou a ser indicado nesta mesma categoria por "Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento", como também pelo roteiro de "Sexo, Mentiras e Videotape". Certamente Soderbergh seria indicado ao Oscar novamente pela direção de "Behind the Candelabra" caso este filme não fosse feito para a TV. Na verdade, não apenas Soderbergh, como Michael Douglas e Matt Damon seriam nomeados, pois estão excelentes em suas atuações, respectivamente, Liberace e Scott Thorson.

"Behind the Candelabra" foi baseado na biografia de Scott Thorson, onde retrata os anos em que viveu ao lado do pianista Liberace. Scott é apresentado inicialmente como um garoto simples que sonhava em ser veterinário, até se transformar no homem que se submeteu à plásticas para que seu rosto ficasse parecido com o de Liberace, tudo por influência do mesmo. Depois disto se vicia em medicamentos para emagrecer e cocaína, e tem sua vida abalada com o término do relacionamento.

Este filme retrata um Liberace excêntrico e pouco humanista e um Scott basicamente explorado sexualmente por seu "benfeitor", exploração esta disfarçada de paternalismo, pois afinal Liberace gostava mesmo era de conviver ao lado de jovens garotões que lhe satisfizessem sexualmente. Esta exploração de certa forma é de embrulhar o estômago, isto porque há muita manipulação disfarçada de carinho e atenção, digo disfarçada porque nada é verdadeiro. Quando Scott já não tem mais o vigor da juventude e está dependente de drogas é substituído por outro e jogado no lixo como um objeto sem serventia.

Quando se tem infinitos recursos financeiros, muitos acreditam poder comprar de tudo, inclusive pessoas, as quais são enganadas sem ter consciência disso. Pessoas "coisificadas" e tratadas como objetos que são "valorizados" (não no sentido moral da palavra) passam a não ter valor algum. Esta foi a vida de Scott Thorson ao lado de Liberace.

(Behind the Candelabra - 2013)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Gravidade (2013)


Seria o título “Gravidade” devido ao grave perigo de morte que a personagem Ryan Stone (Sandra Bullock) passa em sua viagem ao espaço, ou seria devido à falta de gravidade existente no espaço? Pode ser as duas coisas.

O que importa é que este novo filme de Alfonso Cuarón é excelente e me deixou sem fôlego ontem no cinema, onde tive a oportunidade de assisti-lo em 3D. Grandes efeitos especiais, história simples e tocante e imagens esplêndidas do Planeta Terra. Tudo perfeito. Lógico que há questionamentos em relação ao roteiro, mas como já ouvi dizer: “Pura licença poética”.

Solidão, medo, vontade de viver, reflexão... todos os sentimentos e angústias transmitidos pela personagem de Bullock justifica algumas falhas do roteiro que Cuarón escreveu com seu filho Jonás Cuarón. Acredito que “Gravidade” seja a grande aposta do Oscar 2014, principalmente nas categorias Melhor Filme, Direção, Atriz, Roteiro, Efeitos Especiais, Edição, Edição de Som e Efeitos Sonoros. Mesmo que não ganhe, acredito que seja nomeado.

Vencedor de 7 Oscar: Direção (Alfonso Cuarón), Efeitos Visuais, Fotografia, Edição, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som. Nomeado nas categorias de Melhor Filme, Atriz (Sandra Bullock) e Direção de Arte.

(Gravity - 2013)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cosmópolis (2012)


Escalar Robert Pattinson como protagonista de Cosmópolis – mais conhecido como o vampiro Edward, da série Crepúsculo – faz muito sentido a partir do momento que se conhece o personagem, Eric Packer, um vampiro de almas, cuja essência foi tomada pelo dinheiro há muito tempo.

No primeiro roteiro de que David Cronenberg escreve desde eXistenZ (1999), o cineasta canadense adapta o romance homônimo do norte-americano Don DeLillo, que em si é uma espécie de Ulysses do capitalismo tardio da pós-modernidade, em que tudo é transformado em mercadoria – especialmente as relações humanas – até que deixem de ter qualquer tipo de valor, especialmente financeiro.

Boa parte do dia de Eric acontece dentro de sua limusine, de onde comanda negociações, entre outras coisas. A linha que conduz a narrativa é o desejo do protagonista de cortar o seu cabelo do outro lado da cidade. Enquanto está preso no trânsito recebe assessores dentro do veículo - como o chefe de tecnologia (Jay Baruchel) e um analista financeiro (Philip Nozuka), como também sua amante (Juliette Binoche) e até mesmo recebe seu médico que lhe faz um exame de próstata. No seu entorno, as coisas que acontecem dão notícias do mundo real – como um grupo de manifestantes que usam ratos falsos como seus mascotes, ou um encontro com sua mulher Elise (Sarah Gadon).

Cosmópolis é mais calcado em diálogos que expõem ideias do que em ação propriamente dita. As falas e representações criadas por DeLillo vão, aos poucos, encontrando seu correspondente visual nas imagens de Cronenberg. Eric é a personificação do mundo pós-moderno – nossa era – no qual mede-se o valor de uma pessoa pelo seu grau de consumismo e capacidade de acumular capital. Nesse mundo, ele é soberano, apesar da pouca idade – apenas 28 anos.

A confinação do personagem ao seu carro, nos traz ao mesmo tempo um sentimento de intimidade com ele e frieza – talvez por conhecê-lo tão bem, queremos distância dessa pessoa. É o paradoxo de um filme que traz um protagonista intragável. Nessa dialética, surge então o personagem de Paul Giamatti – uma antítese completa de Eric, gorducho, infeliz, sem dinheiro, ou como os americanos facilmente rotulariam: um perdedor.

Cronenberg mantém um distanciamento de seu personagem, do mundo dele – que se encerra em seu olhar vago, que apenas observa enquanto é tragado, o que faz remeter à personagem de Debra Kara Unger em Crash – Estranhos prazeres, do mesmo diretor. É um olhar sem alma, de um vampiro cuja existência se resume a sugar a energia das pessoas – seja em forma de sangue ou dinheiro, e se entregar a esse seu único prazer.

(Cosmopolis - 2012)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Novela das 8 (2011)


Num tempo remoto quando a novela do horário nobre era conhecida como novela das 8 e começava mesmo às 8:30, Dancin’ Days fez história entre 1978 e 1979, ditando moda em figurino, trilha sonora, danças e gírias. O folhetim fazia um retrato da classe média carioca da época. No filme “A Novela das 8”, uma das maiores fãs do programa é Amanda (Vanessa Giácomo), prostituta que tenta marcar o horário de seus clientes de maneira a não perder o capítulo do dia.

Há dois pólos no filme. De um lado está Amanda, que, para usar um termo bem comum na época, era a alienada. E de outro, está Dora (Claudia Ohana), sua empregada, com um passado que a patroa desconhece. Ela foi guerrilheira, presa e torturada, teve de se mudar para São Paulo, usando uma identidade falsa, deixando para trás um filho, Caio (Paulo Lontra), criado pelos avós.

O roteiro, assinado pelo diretor Odilon Rocha, tem Dancin’ Days não apenas como um motivo de fundo, mas também como inspiração para tramas e o visual do filme e de personagens. Amanda e Dora são obrigadas a fugir para o Rio de Janeiro, onde a garota de programa sonha em badalar e conhecer a verdadeira boate Frenetic Dancin’ Days. Já a guerrilheira, tal qual a personagem de Sonia Braga na novela, se aproxima do filho, que não a conhece, fingindo ser outra pessoa. Nos figurinos também há a homenagem. Em uma cena, por exemplo, Amanda usa o mesmo visual de espanhola da personagem de Sandra.

Mas as boas ideias de “A Novela das 8” estão dispersadas ao longo do filme, ao qual falta força e unidade – apesar de ter duas excelentes atrizes como protagonistas. As tramas – especialmente aquela em que Caio quer assumir sua homossexualidade e se envolve com um diplomata em crise (Mateus Solano) -, muitas vezes parecem precisar de mais tempo para amadurecer. Em outras palavras, as deficiências do filme partem do seu alicerce: o roteiro.

Sobram homenagens – o personagem de Antonio Fagundes em Dancin’ Days também era um diplomata em crise, mas não era homossexual –, mas falta aprofundar os personagens para eles ganhem vida própria e deixem de ser a sobra daqueles da novela. O filme é um melodrama que poderia facilmente ganhar contornos almodovarianos com suas personagens femininas, mas falta exatamente aquela pulsação de vida dos filmes do espanhol, que lhe daria força e personalidade.

A novela das 8 propriamente dita – Dancin’ Days – mal aparece no filme, quando muito, se ouve a música de abertura. Faz falta, para aqueles que não conhecem o folhetim, assisti-lo um pouco mais para dimensionar a influência da novela. O filme tenta, até certo ponto, explorar o diálogo entre a realidade e a ficção. Mas do meio para o final sucumbe completamente à fantasia.

(A Novela das 8 - 2011)

O Turista (2010)


O Turista é uma promissora reunião de talentos e atrações: os astros Angelina Jolie e Johnny Depp juntos pela primeira vez na tela. Angelina Jolie é Elise, uma bela mulher que está sendo atentamente vigiada pela Scotland Yard em Paris. O motivo – seu ex-amante, Alexander Pearce, deu um golpe num banqueiro gângster, Reginald Shaw (Steven Berkoff), e sumiu com centenas de milhões. Todo mundo quer pegar Pearce e sabe que a bela mulher é a melhor pista.

Num determinado momento o esquivo ladrão manda notícias – e instrui, por carta, a amada a pegar um trem para Veneza, procurando iludir seus inevitáveis perseguidores de que algum homem a bordo é ele, já que seu rosto é desconhecido da maioria deles. Elise segue as instruções e elege um desconhecido solitário de ar inocente. Ele é Frank Tupelo (Johnny Depp), um professor de matemática do Wisconsin, em viagem de férias para curar uma decepção amorosa. Qualquer homem do mundo teria que estar cego para ser indiferente ao charme da longilínea mulher fatal que se senta diante dele e dá todas as dicas de querer companhia para o jantar. Resistir, quem há de?

A grande surpresa final se revelará não ser tão grande assim, apenas inevitável. E o cinema fica à espera de um melhor encontro entre Jolie e Depp. Desta vez, não valeu.

(The Tourist - 2010)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Grande Ditador (1940)


Nomeado a 5 Oscar: Melhor Filme, Ator (Charles Chaplin), Ator Coadjuvante (Jack Oakie), Roteiro Original e Trilha Sonora.

(The Great Dictator - 1940)

domingo, 20 de outubro de 2013

A Origem dos Guardiões (2012)


Em todo seu esplendor de luzes, brilhos, cores e barulho, “A Origem dos Guardiões” é uma animação bonita, que faz um bom uso do 3D, embora sua trama reflita bem o espírito do norte-americano predominante: ver-se como o centro do mundo. Os personagens, à exceção de Papai Noel e de um coelho da Páscoa, estão mais ligados à mitologia daquele país . Jack Frost, Sandman e a Fada dos Dentes são personagens com pouco sentido para o público brasileiro, embora, a certa altura, a trama faça o favor de explicar quem são.

Eles são guardiões da inocência das crianças, que com seu riso e alegria iluminam o mundo. Para que seus defensores não sumam, elas precisam acreditar neles, é claro. Assim, o grupo luta contra um tipo de bicho-papão, chamado Breu que pretende acabar com a inocência infantil e assim dominar o mundo. Se o ponto de partida da história é mais do mesmo, o diferencial está nos detalhes.

Papai Noel, cujo nome é Norte, foi um espadachim cossaco que recebeu a missão de cuidar das crianças. Nos seus braços, ele tem tatuadas as palavras “bom” e “mau”. Já o coelho da Páscoa não tem nada daquele animal pequeno e fofinho, conforme conta a lenda. Ele é grande, praticamente um guerreiro. Enquanto isso, a Fada do Dente é mais ou menos como aquela imagem vendida por Hollywood.

Já Jack Frost é uma figura difícil – como pessoa e como personagem – para ser compreendido. Ele é um menino capaz de gerar frio e congelar. Ninguém acredita em sua existência, mas, quando o mundo está ameaçado, é ele quem terá o poder de reverter a situação. O passado do rapaz é o momento realmente dramático do filme. Apesar do título do longa, só a origem dele é mesmo revelada.

Jack é, de certa forma, o único personagem a ter tido uma infância como as das crianças com quem todos tentam criar laços, por isso, fica mais fácil para ele tornar-se amigo dos pequeninos, desde que eles acreditem nele.

(Rise of the Guardians - 2012)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Hotel Transilvânia (2012)


O conceito da animação infantil “Hotel Transilvânia” é bem simples: cansado das perseguições dos humanos, o conde Drácula constrói um hotel escondido no meio de uma floresta onde monstros e outras criaturas estranhas podem se esconder e ter alguns dias de paz.

A execução do desenho não é ruim, mas, ainda assim, o filme não alcança todo o potencial que promete. A resposta está no roteiro, que tem dificuldades de ir além de seu bom ponto de partida. A narrativa deslancha a partir da chegada de Jonathan, garoto mochileiro, interessado em conhecer o mundo que, por acaso, encontra o hotel.

Drácula está preparando a festa de 118 anos para sua filha, Mavis, quando Jonathan chega procurando um quarto, curioso pelo aspecto tão inusitado do local. A presença de um humano pode acabar com os negócios do vampiro – afinal, trata-se de um oásis dos monstros. Por isso, ele disfarça o garoto como Frankenstein e diz para o verdadeiro monstrengo que o novato é primo do seu braço.
O garoto vai ensinar aos monstros a se divertir de verdade e também se apaixona por Mavis – que retribui a atração. A garota segue o estereótipo da adolescente rebelde contrariando as ordens do pai, curiosa por conhecer o mundo – mesmo quando Drácula diz que é perigoso, pois os humanos acabam com eles.

Os traços e o colorido do longa são atrativos e a riqueza de detalhes é impressionante – basta ver o interior da capa do Drácula: parece de verdade, com sua textura e brilho. Mas, em se tratando de roteiro (não se trata da ideia original, mas do desenvolvimento desta), seria preciso um esforço maior.

(Hotel Transylvania - 2012)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Seinfeld - Segunda Temporada (1990)


Começo a me acostumar com os personagens de "Seinfeld" e o episódio que mais me chamou a atenção nesta segunda temporada foi o que Elaine e Jerry, aqui revelados ex namorados e agora amigos, decidem fazer sexo e querem que isto não interfira na amizade dos dois. É claro que nada dá certo e a amizade fica abalada, principalmente pelas exigências de Elaine, que não aceita ser tratada de forma superficial, ou apenas como "amiga".

Acho que aos poucos vou me acostumar com esse seriado...

(Seinfeld - Season 2)

O Pequeno Nicolau (2009)


O personagem Pequeno Nicolau está para a as crianças francesas como o Menino Maluquinho está para as brasileiras. Ou seja, foi, e ainda é, o companheiro de infância de muita gente. Por isso, é de se estranhar que tenha levado tanto tempo para chegar ao cinema – isso aconteceu porque a pessoa que detém os direitos do personagem não gostava de nenhuma das sugestões de adaptação. “O Pequeno Nicolau” é baseado nas histórias criadas no final dos anos de 1950, pelo escritor René Goscinny (um dos autores de Astérix) e ilustrado por Jean-Jacques Sempé.

Dirigido por Laurent Tirard (As aventuras de Molière) – que assina o roteiro com o comediante Alain Chabat e Grégoire Vigneron – , o filme não é bem uma adaptação de nenhum dos livros da série, mas uma história original. O que o longa mantém, além de todos os personagens, é o espírito e a personalidade do menino Nicolau e daqueles que o cercam, seus pais e amigos de escola. O fio condutor da narrativa aqui é a possível gravidez da mãe do protagonista, bem como as tramoias do menino e seus colegas para se livrar de seu irmão, que não nasceu ainda.

Na verdade, a suposta gravidez da mãe (Valérie Lemercier) é fruto dos delírios infantis de Nicolau, interpretado pelo estreante Maxime Godart. Ele é o reizinho de sua casa, fazendo e desfazendo as coisas como bem entende. Por isso, a única ameaça seria a chegada de um irmão para tirar o seu posto de filho único. Segue-se uma comédia de erros, amparada nos medos do menino diante de situações corriqueiras, como a sugestão de um piquenique – o que ele imagina que poderia ser uma desculpa para que os pais o abandonem na floresta.

O que Tirard e seus corroteiristas fizeram muito bem foi capturar a essência dos personagens de Goscinny e Sempé. “O Pequeno Nicolau” é um filme que capta a nostalgia de uma infância delicada e um tanto ingênua, mas muito divertida, com este Nicolau de imaginação fértil e amigos atrapalhados. O longa usa dessa inocência diante das atribulações do mundo como a força que o impulsiona.

Como nos livros, a visão simples – mas não simplista, nem simplória – que as crianças têm do mundo dos adultos expõe as complicações desnecessárias que pais e professores são capazes de criar para suas próprias vidas. O filme segue a mesma linha ao observar a realidade do ponto de vista de uma criança, com sua ingenuidade e sinceridade, que pode ser assustadora.

Visualmente, o filme de Tirard às vezes faz lembrar as obras do norte-americano Wes Anderson, com suas cores pasteis, cenários estilizados e figurinos que nunca mudam. Em cena, Nicolau veste seu indefectível colete vermelho, gravata azul e cabelo desgrenhado. Seus coleguinhas também assumem estereótipos físicos e de personalidade, como o gorducho comilão, o queridinho da professora que usa óculos e é fracote, ou o menino que vive com a cabeça nas nuvens.

O status de ícone pop na França garantiu a “O Pequeno Nicolau” o sucesso de bilheteria. Fora de seu país natal, no entanto, talvez o filme não tenha a mesma sorte – o que seria uma pena, pois o personagem e seus amigos merecem ser descobertos por crianças e adultos. Alguns, com uma lembrança nostálgica de sua infância, os outros, com a possibilidade de descobrir como era crescer sem computadores ou qualquer bugiganga eletrônica.

(Le Petit Nicolas - 2009)

sábado, 12 de outubro de 2013

Will & Grace: Say Goodnight Gracie (2006)


(Will & Grace: Say Goodnight Gracie - 2006)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Invocação do Mal (2013)


"Invocação do Mal" é um daqueles filmes de terror clássico. Com casa mal assombrada, criancinhas inocentes, exorcismo, padres, objetos sinistros, etc. Tudo isto tomado pela atmosfera dos anos 1970, assim como em "O Exorcista".

O casal Perron se muda com suas cinco filhas para uma casa à beira de um lago. A partir daí coisas estranhas começam a acontecer com toda a família: manchas começam a surgir na pele da mãe, o cachorro da família morre inesperadamente, ruídos estranhos passam a ser ouvidos, até que a presença de espíritos é detectada.

O filme consegue fazer com que sintamos medo, sem sair da realidade. Tudo é trazido na medida certa para assustar o telespectador sem a presença de gosmas e outras coisas que possa nos fazer sentir nojo. É tensão pura e muito susto! Resumindo, é uma boa sessão de cinema.

(The Conjuring - 2013)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ni Una Sola Palabra de Amor (2013)


Uma secretária eletrônica comprada num mercado de pulgas em Buenos Aires trazia uma preciosidade escondida: dez mensagens gravadas por uma certa María Teresa, em grau crescente de desespero, que o dono original se esqueceu de apagar. Este áudio foi ilustrado por imagens pelo diretor El Niño Rodríguez e se transformou no curta "Ni Una Sola Palabra de Amor"



(Ni Una Sola Palabra de Amor - 2013)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Mal Posso Esperar (1998)


1998, Colegial. Locar filmes, assistir em casa com os amigos. Filmes "teenagers" só para passar o tempo, e "Mal Posso Esperar" foi um dos títulos. Lembrava-me tão pouco dessa história, os únicos lances que me vinham à memória era de que a Jennifer Love Hewitt era a atriz principal, tudo se passava em uma festa e que eu não conhecia os demais atores do filme!

Minha memória não está assim tão mal! Afinal o filme é basicamente isto! Todos os atores principais, com exceção de Jennifer Love Hewitt e Seth Green eram totalmente desconhecidos naquela época. No entanto, os atores "famosos", ou melhor, aqueles que faziam sucesso entre os adolescentes em 1998, apareciam em pequenos papéis, poucos segundos em cena, curtindo a festa na qual a história principal se passava.

Donald Faison, Nicole Bilderback, Breckin Meyer, Clea DuVall, Eric Balfour, Selma Blair, Jerry O'Connell e Melissa Joan Hart, todos eles, a seu modo, eram conhecidos por seus trabalhos voltado ao público adolescente e foram escalados para contracenarem com os atores principais em pequeníssimos papéis, para que os telespectadores os reconhecessem e achassem graça nisso! Disso eu não me lembrava e posso dizer que foi muito bom rever esta comédia adolescente que me fez reviver os bons tempos de despreocupação!

(Can't Hardly Wait - 1998)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Will & Grace - Oitava e Última Temporada (2005)


"Will & Grace" terminou, e terminou muito bem! É notável a melhora da qualidade do programa com o passar das temporadas e esta última temporada simplesmente conseguiu ser a melhor de todas. As piadas foram muito bem elaboradas, cada episódio superando o anterior, além é claro da continuidade do roteiro.

Não me recordo de ter assistido a um seriado no qual eu tenha achado o último episódio perfeito. "Mad About You", "Gossip Girl", "Dawson's Creek", "90210", "The O.C.", etc... todos pecaram feio em seu último episódio, aqui foi diferente. Tudo se encaixou, tudo fez sentido, nada foi esquecido.

Will ficou com Vince e tiveram um filho, Ben. Grace reatou seu casamento com Leo e tiveram Lila. Ambos ficaram 2 anos sem se falar, devido às circunstâncias, mas a amizade prevaleceu. E no futuro, Ben e Lila se encontram na universidade e começam a namorar. Karen fica pobre ao divorciar-se de Stan e Jack fica milionário ao dar um golpe no nanico Beverly Leslie, que é levado pelo vento. Ambos envelhecem juntos, ou melhor, Jack envelhece, Karen continua intacta!

Gostei deste seriado, valeu a pena assisti-lo mesmo após anos de sua estreia. Sentirei saudades de "Will & Grace".

(Will & Grace - The Final Season - Season Eight - 2005)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Elysium (2013)


A atmosfera de "Elysium", para mim, é a mesma contida em "Distrito 9". Um filme futurístico, onde questões sociais são levadas ao extremo. Em "Distrito 9" era retratada a questão dos refugiados, aqui é a dos imigrantes.

A luta de classes chegou ao seu extremo e o planeta Terra está tomado por pessoas pobres que lutam para sobreviver em um mundo caótico e desumano. Aqueles que são ricos, se beneficiam da exploração da mão de obra alheia, e vivem longe do planeta Terra. Na verdade, eles habitam Elysium, uma nave espacial que reconstitui os bairros de classe média alta das sociedades capitalistas, nossos Campos Elísios ou nossas Champs Elysees.

Dentre aqueles que vivem na Terra, estão Max, Julio, Frey e Spider (respectivamente Matt Damon, Diego Luna, Alice Braga e Wagner Moura), todos eles tentam ir para Elysium, mas são impedidos pelas políticas repressivas de Delacourt (Jodie Foster), a secretária de Defesa de Elysium. Portanto, iniciam uma guerra, onde os habitantes da terra reivindicam o direito de também ser cidadãos de Elysium.

(Elysium - 2013)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Seinfeld - Primeira Temporada (1989)


Ouço falar neste seriado há tanto tempo que nem me lembro mais, no entanto, nada de vê-lo. Como o Canal Sony deixou de exibir a 8º temporada de "Will & Grace" para exibir a novamente a primeira, eu decidi assistir "Seinfeld".

Até agora não achei muita graça neste seriado que começa pelo episódio 02, não sei porque não há o 01... e a primeira temporada é curtíssima, com apenas 4 episódios. A história é centrada em Jerry Seinfeld, nome verdadeiro do ator/personagem, que vive com seus amigos Elaine, Kramer e George. E mostra como ele desenvolve suas piadas para o seu show stand-up, que aparece inserido no decorrer do seriado...

Vou assistir à segunda temporada para ver se me acostumo.

(Seinfeld - Season 1)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Virgens Inquietos (2013)


Quando vi este título na programação da HBO imaginei um filme um tanto quanto pornográfico. Mas não é bem isso, pois cenas de nudez e sexo passam longe daqui.

"Virgens Inquietos" conta a história de um grupo de garotos, jogadores de lacrosse, de um colégio de elite norte-americano. Para que sua popularidade se perpetue, decidem gravar um vídeo onde fazem sexo com uma garota no vestiário da escola. O vídeo vaza e chega às mãos da diretoria do colégio que toma as devidas, ou melhor, as convenientes providências.

Toda a história é contada pelo viés de Emily (Vanessa Marano), garota pouco popular, que se envolve com um dos garotos do time. O filme foi baseado em fatos reais ocorridos em um colégio de Massachusetts em 2005 e nos remete à uma atmosfera no estilo de "Segundas Intenções", misturado com "Gossip Girl" e "Tentação". Filme para adolescentes.

Como muita gente procurou aqui no site um link para o filme, aqui vai ele na íntegra. Pena que não está legendado!



(Restless Virgins - 2013)

Os Reis do Verão (2013)


Cansados de viver "sufocados" por seus pais, três garotos decidem construir uma cabana em uma floresta para assim decretarem sua independência.

Para mim, um estilo de filme nada novo e bem pouco explorado...

(The Kings of Summer - 2013)

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)


Eu sempre gostei de ver este mundo fútil retratado nas telonas e em "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" este mundo é retratado de uma forma "bandida". O filme é baseado em fatos reais e mesmo assim nos questionamos se é possível entrar em mansões de atores milionários tão facilmente quanto estes jovens faziam.

Jovens estes de classe média alta, entediados, e com muita informação, que para se divertir, invadiam a casa de celebridades, roubavam suas roupas e jóias e faziam festinhas regadas de bebidas e cocaína.

Um filme para divertir e inspirar os mal intencionados.

(The Bling Ring - 2013)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O Grande Gatsby (2013)


Até o momento estou em êxtase pelo que acabei de ver! Baz Luhrmann novamente se superou na direção de um filme, como também na utilização incessante de uma direção de arte rebuscada e uma trilha sonora marcante, além é claro, de uma edição precisa e figurinos incríveis!

A história é a mesma escrita por F. Scott Fitzgerald e contada diversas vezes no cinema. Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio) é um homem que renega suas raízes pobres, enriquece e dá festas avassaladoras em sua mansão para chamar a atenção da mulher amada, a rica e débil Daisy Buchanan (Carey Mulligan). Tudo isto nos é contado pela visão de Nick Carraway (Tobey Maguire), vizinho e amigo de Gatsby e primo de Daisy, que relata todo o sofrimento do rico homem que foi injustiçado por amar demais.

Confesso que quando soube que Luhrmann dirigiria esta história fiquei decepcionado, pois já havia assistido a versão de 1974 com Robert Redford e Mia Farrow, e detestei. No entanto, quando uma pessoa sabe contar uma história, tudo muda. Me encantou a direção de Baz, apesar de muitos a detestarem. Porém, mais uma vez, me apaixonei por um filme... como diz Will.I.Am: "Coz I'm a fool in love..."



Vencedor dos Oscar de Figurino e Direção de Arte. Catarine Martin, esposa do diretor Baz Luhrmann ganhou 4 prêmios da Academia. Os outros 2 foram pela Direção de Arte e Figurino de "Moulin Rouge".

(The Great Gatsby - 2013)


Orações para Bobby (2009)


Mary Griffith (Sigourney Weaver) é uma devota cristã que criou seus filhos com os ensinamentos conservadores da Igreja Presbiteriana. Bobby (Ryan Kelley), um dos seus filhos, confidencia ao irmão mais velho que talvez seja gay, o que muda a vida da família inteira quando Mary descobre. Todos da família lentamente entram em acordo com a homossexualidade de Bobby, menos Mary que acredita que Deus pode curar o filho. Querendo agradá-la, ele faz tudo que a mãe o pede, mas fica cada vez mais depressivo e então decide sair de casa.

(Prayers for Bobby - 2009)

Skins - Sexta Temporada (2012)


(Skins - Volume 6 - 2012)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Will & Grace - Sétima Temporada (2004)


Nesta sétima temporada Will conhece Vince, um policial pelo qual se apaixona. Os dois vivem um romance, mas logo se separam e novamente Will se encontra sozinho, ou melhor, com Grace...

Não vejo a hora dele encontrar um amor de verdade!

(Will & Grace - Season Seven - 2004)