domingo, 29 de outubro de 2017

Barracuda (2016)


A história narra a trajetória de Danny Kelly, um nadador de dezesseis anos que em 1996 se prepara obsessivamente para competir nas Olimpíadas, com a ajuda de seu treinador Frank Torma.

A natação é sua válvula de escape. Com dificuldades de se relacionar com as pessoas, ele se dedica totalmente ao esporte, ganhando o apelido de Barracuda. No entanto, Danny enfrenta a oposição de seus colegas, que não o respeitam ou o consideram um membro da equipe.

(Barracuda - 2016)

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

The Big Bang Theory - Décima Temporada (2017)


(The Big Bang Theory: The Complete Tenth Season - 2017)

A Noite é Delas (2017)


Inseparáveis na juventude, Jess (Scarlett Johansson), Alice (Jillian Bell), Blair (Zoë Kravitz) e Frankie (Ilana Glazer) tomaram rumos totalmente diferentes após a formatura e se reúnem pela primeira vez em anos para a despedida de solteira de Jess. Com uma casa de praia alugada em Miami, elas - mais Pippa (Kate McKinnon), amiga australiana da noiva - planejam bebedeiras, drogas, sexo e baladas, mas acabam na verdade tendo muita dor de cabeça para ocultar o cadáver de um stripper morto acidentalmente.

(Rough Night - 2017)

A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017)


Este é o filme que eu nunca vi. Nunca vi, pois não estava lá no momento certo, ao lado da pessoa certa, no dia em que desencontros ocorreram e a sessão de cinema que poderia ter sido simplesmente não foi. É por isto que eu nunca o vi e apesar de ter acabado de assisti-lo ele não teve o mesmo sabor que poderia ter tido no momento certo.

Esta aqui um filme que eu não posso escrever sobre, pois não consegui prestar atenção em sua história. Só relembrei o dia que poderia ter sido e que não foi.

(Ghost in the Shell - 2017)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Blade Runner 2049 (2017)


¨Blade Runner 2049¨ superou todas expectativas, o filme surpreende em sua total qualidade. Efeitos especiais, roteiro, e direção de arte são apostas certas ao Oscar 2018.

E o diretor de ¨A Chegada¨, Denis Villeneuve também receberá uma nova indicação, ao contar a história de K (Ryan Gosling) e sua constante procura por um replicante gerado por replicantes, um nascido, um ser que pode ter alma e que faz cair por terra à ideia de que replicantes não reproduzem. E caso esta informação se tornar pública, poderá aniquilar a ¨ordem¨ reinante.

Nesta Terra sem luz e futurista, o filme nos leva a filosofar, a ir além de nossos pensamentos comuns. Talvez por isto, ¨Blade Runner 2049¨ é um filme para poucos, mas um filme essencial para quem admira um bom cinema.

Nomeado ao Oscar de Edição de Som, Mixagem de Som e Direção de Arte. Vencedor dos Oscar de Fotografia e Efeitos Visuais.

(Blade Runner 2049 - 2017)

domingo, 22 de outubro de 2017

A Bailarina (2016)


A protagonista de "A Bailarina" é Félicie, garotinha que foge do orfanato com um amigo, Victor. Ela sonha em ser bailarina na Ópera de Paris; ele, inventor. Chegando à capital francesa, alguns incidentes a levam a morar com Odette, faxineira do teatro e também da casa de uma madame mesquinha e má. A pequena protagonista irá trabalhar com ela, mas um incidente a coloca em uma aula na escola dos seus sonhos.

O período em que se passa a história é o final do século XIX, quando a Torre Eiffel está sendo construída. Victor arruma um trabalho na oficina do próprio engenheiro, com quem sonha em desenvolver asas com que os humanos possam voar.

É bom ver um filme dedicado ao público infantil que tem como tema central a busca de uma espécie de realização pessoal – sem animais falantes com piadas tolas, ou a busca pelo príncipe ideal. Embora bata na surrada tecla dos sonhadores realizando seu sonho, A Bailarina transforma o tal sonho em algo muito mais interessante.

(Ballerina - 2016)

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Elis (2016)


O filme começa quando a cantora Elis Regina (Andréia Horta), aos 17 anos, chega ao Rio de Janeiro, acompanhada do pai (Zécarlos Machado) para gravar um disco. Como ela chega na época do golpe militar de 1964, a gravadora diz que está tudo muito instável e se recusa a gravar. Com dinheiro curto, pai e filha ficarão poucos dias no Rio. Num show de Nara Leão (Isabel Wilker), Elis conhece Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado) e Miéle (Lucio Mauro Filho), duas figuras famosas da noite carioca e responsáveis pelo sucesso de diversos artistas. Ela não mede esforços para realizar o sonho de ter uma carreira e, ousada, se oferece para fazer uma audição. Logo está fazendo sucesso no Beco das Garrafas. Muito deve ao apoio do coreógrafo americano Lenni Dale (Julio Andrade), que a ajuda a construir sua peculiar presença no palco com movimentos corporais e dos braços – o que leva Bôscoli a apelidá-la de “Hélice Regina”.

O filme traça uma espécie de paralelo entre os amores de Elis, sua música e sua carreira. Depois de muito brigar com Bôscoli, mulherengo e debochado, eles acabam se apaixonando, casando, brigando, fazendo as pazes, tendo um filho, se cansando da vida a dois e se separando. Essa primeira parte é a melhor do filme, com mais ritmo e aprofundada.

(Elis - 2016)

Antes que Eu Vá (2017)


Baseado no romance homônimo de Lauren Oliver, o filme apresenta Sam como uma garota mimada e um tanto arrogante, cercada de seu trio de amigas com um perfil não muito diferente do dela: Lindsay (Halston Sage), Ally (Cynthy Wu) e Elody (Medalion Rahimi). Na escola, são as garotas malvadas: lindas, populares e que fazem bullying com quem não se encaixa nos padrões ou não as venera – especialmente contra a solitária Juliet (Elena Kampouris).

É 12 de fevereiro, que na escola delas é chamado de Dia do Cupido, quando os jovens mandam rosas uns para os outros. Sam recebe várias – inclusive do namorado (Kian Lawley), e de um admirador secreto, Kent (Logan Miller), que ela vive esnobando. Nessa noite também, Sam planeja perder a virgindade com seu namorado, depois de uma festa na casa de Kent, mas nada sai como o planejado. O garoto se embriaga e acaba coberto de vômito na pia; Juliet aparece na festa e todos jogam bebida nela; e, por fim, Sam e as amigas saem em disparada, sofrem um acidente na estrada e supostamente morrem.

Na cena seguinte, Sam acorda novamente em sua cama, é novamente a manhã de 12 de fevereiro e ela começa a se lembrar dos acontecimentos do “dia anterior”. A partir daí, o filme é a tentativa da garota evitar sua morte. E ela tenta de tudo a cada nova chance – ser legal com a irmã caçula (Erica Tremblay) e os pais (Nicholas Lea e Jennifer Beals), proteger Juliet, evitar o acidente fatal. Mas, ao fim do dia, sempre acontece alguma tragédia.

É preciso, claro, que Sam aprenda alguma lição de moral em meio a toda essa repetição. O que é positivo em "Antes que Eu Vá" é que esse aprendizado não está ligado à conquista do amor de um garoto e sim à amizade e proteção de suas amigas e outras garotas, além de estreitar os laços frouxos com sua família. A embalagem é de um drama juvenil, mas, no fundo, há uma questão bem mais séria em discussão aqui, que tem a ver com bullying e o fato de que ninguém é inocente diante dessa prática – se não é causador ou vítima, então é um cúmplice conivente, caso não faça nada para impedi-lo.

(Before I Fall - 2017)

Em Ritmo de Fuga (2017)


Baby (Ansel Elgort) é um jovem atormentado pela morte trágica dos pais que vive com um pai adotivo e surdo (CJ Jones), o que, é claro, faz uma espécie de contraponto aos excessos de sonoridade do protagonista, que também tem um problema de audição que lhe causa um ruído constante nos ouvidos.

O rapaz tem uma dívida com um chefão do crime (Kevin Spacey), o que o obriga a trabalhar como piloto de fuga em assaltos para saldá-la. A gangue – que conta com os personagens de Jon Hamm e Jamie Foxx, entre outros – realiza sofisticados assaltos a bancos e outras instituições de forma muito meticulosa. Por isso, a ação precisa ser muito bem marcada – e aí entra a música. É a forma de marcação de Baby.

As coisa vão relativamente bem na vida dele até conhecer Debora (Lily James), uma garçonete meio sem rumo na vida, por quem Baby se apaixona, mas esconde várias coisas de sua vida.

Nomeado aos Oscar de Edição, Mixagem de Som e Edição de Som.

(Baby Driver - 2017)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A Ghost Story (2017)


Comecei a assistir ¨A Ghost Story¨ e de repente me percebo vendo Rooney Mara comendo desesperadamente uma torta, sofrendo pela recente morte do marido em um acidente de carro, e ao lado dela está Casey Affleck usando um lençol e vestido de fantasma. A cena deve ter durado uns 3 minutos, o que parecia uma eternidade, e então, logo pensei que eu fosse detestar este filme.

Resisti. Terminei de vê-lo e estou aqui escrevendo sobre um dos melhores filmes que ví em 2017! Como esse Casey Affleck fantasma me fez sofrer em sua solidão e persistência! Como este filme é belo à sua maneira, como o diretor David Lowery, o qual nunca ouvi falar, é tocante em sua direção.

Esta é realmente a história de um fantasma. A história de um homem que ama sua mulher e que ao morrer não segue seu caminho espiritual e decide ficar retido em sua casa para assim estar ao lado de sua amada esposa. No entanto, ela desiste de viver naquela casa e parte, sem saber que ali habita a alma do homem que a amou em vida.

O fantasma, esperando que sua amada retorne à casa, fica ali à sua espera, o que dura uma eternidade. Uma eternidade mesmo! Um filme que me encantou!







(A Ghost Story - 2017)

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Paterson (2016)


Motorista de ônibus que compartilha o nome da cidade em que nasceu e onde vive, em Nova Jersey, Paterson é um fino observador do mundo à sua volta. Ele escreve poemas num caderno, em que anota pensamentos e especula em torno das mínimas coisas de seu cotidiano. Uma simples caixa de fósforos, por exemplo. Seu mundo parece estreito: as ruas da pequena Paterson, uma casinha modesta e rosada, que compartilha com a mulher Laura (Goshifteh Farahani) e um cachorro, Marvin (que é um personagem com função na história e, sem ironia, ótimo intérprete).

O filme é conduzido com rigor, retratando um cotidiano que se repete, aparentemente sem mudanças. Todo dia Paterson faz tudo igual, Laura nem tanto – mas as variações dela guardam uma certa afinidade interna, já que ela é obcecada por atividades artísticas e culinárias em torno de padrões em preto-e-branco.

Por conta dessas atividades de Laura, cada chegada de Paterson em casa é recebida com uma surpresa – nunca se sabe o que essa mulher inventou hoje e essa é a forma como ela enfrenta a rotina e as limitações que não são mencionadas explicitamente, mas estão ali: Laura é estrangeira e certamente não tem maiores facilidades para se empregar, ainda mais neste ambiente interiorano.

(Paterson - 2016)

Na Estrada (2012)


"Na Estrada" encharca-se da melancolia narrando as memórias do escritor iniciante Sal Paradise (Sam Riley), e é todo construído de nostalgia, memória das aventuras juvenis na estrada de Sal e seu amigo Dean Moriarty – este, por sua vez, o alterego do escritor Neal Cassady interpretado por Garrett Hedlund. A tensão entre as diferenças profundas entre os dois personagens, unidos por uma mesma fome de vida, embalam uma vertiginosa troca de paisagens, de Nova York ao México, riscando na pele dos dois, e de vários companheiros de carona, um mapa de acontecimentos fortuitos. Como bebedeiras, canções, trabalhos eventuais, comida ruim ou nenhuma, a exposição às intempéries do clima, a camaradagem encontrada e logo perdida. E as mulheres.

Personagens marginais no livro, as mulheres ocupam um pouco mais de espaço na tela. A principal é Marylou (Kristen Stewart), a primeira mulher de Dean, que se torna uma espécie de galvanizador entre ele e Sam – já que Dean insiste em que ela vá para a cama com o amigo.

Esta espécie de amoralidade, que também se espalha ao consumo de drogas, além de bebidas, é um lembrete de um tempo bem mais libertário e libertino do que os dias atuais, cristalizando uma espécie de utopia em busca de uma vida sem limites que a chegada da maturidade baliza para Sal, mas não para Dean – que sonha em viver sem compromissos para sempre.

A segunda mulher de Dean, Camille (Kirsten Dunst), é justamente essa “voz da razão” na vida dele. Mãe de seus dois filhos, ela sinaliza seu desejo de parada e estabilidade. Mas não é essa a natureza de Dean.

Não se trata de um filme catártico, e sim de um grande mergulho na melancolia, na perda, na passagem do tempo e das paixões. A câmera se instala na pele dos personagens e não larga mais seu turbilhão, seu frenesi pela vida, sua pulsão pelo movimento, pela experiência direta. "Na Estrada" realiza, assim, seu maior desafio: capta o aspecto fugaz do tempo presente, as relações humanas que se acendem e duram o instante de um fósforo, imperfeitas, passageiras, mas fundamentais.

(On the Road - 2012)

O Poderoso Chefinho (2017)


Tim é filho único e desfruta dessa condição sem qualquer pudor. Tem a atenção e companhia sem limites dos pais – marqueteiros numa empresa que “produz” cachorrinhos. Isso não quer dizer, no entanto, que seja tão mimado. Os primeiros minutos do filme mostram essa vida de regalias e diversão, que é interrompida quando um táxi amarelo para na porta de sua casa e dele desce um bebê, que anda e fala, vestido num terno de executivo.

Em sua nova casa, o Bebê é tirânico. Um verdadeiro executivo cruel, maltratando o irmão mais velho, fazendo com que os pais sempre vejam o garoto como o vilão e o caçula como um anjinho. Tim, por sua vez, perde suas regalias e os pais só dão atenção para o novo membro da família. Resolvido a expor o pequenino, o protagonista arma um plano para invadir uma reunião de bebês, mas tudo termina em confusão e castigo.

O bebê que só dá ordens rouba a atenção e o carinho dos pais, entre outras coisas, é, claramente, uma fantasia exagerada diante da impotência do irmão mais velho quando perde seu reinado absoluto, e resulta em momentos divertidos e inteligentes diante do desespero do menino em tentar recobrar aquilo que acha ser seu. Enquanto está colado na realidade (mesmo que fantasiosa) infantil, a animação encontra seus melhores momentos – a abertura com a “produção de bebês”, ou toda a dinâmica da “fábrica”. Mas quando resolve tornar-se uma comédia com correrias, perseguições e afins, o longa se perde num mar genérico.

Nomeado ao Oscar de Animação.

(The Boss Baby - 2017)

Minha Mãe é uma Peça 2: O Filme (2016)


Retomando a personagem a partir do primeiro filme, Dona Hermínia agora é uma apresentadora de programa de televisão, no qual faz de tudo para colocar em pauta seus problemas com os filhos e familiares. Juliano (Rodrigo Pandolfo), que se assumiu gay, agora tem dúvidas sobre sua sexualidade e cogita ser bissexual. Marcelina (Mariana Xavier) está sem rumo na vida e não para de comer. Há também a irmã problemática (Alexandra Richter), o ex-marido galanteador (Herson Capri) e a tia com problemas de memória (Suely Franco).

O filme repete situações do primeiro – como uma longa sequência numa balada (agora em São Paulo), na qual, tentando ajudar, Hermínia constrange a filha. A verdade é que a personagem merece muito mais – e tem potencial para isso, só falta criarem um roteiro com uma história para amarrar as situações.

(Minha Mãe é uma Peça 2: O Filme - 2016)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Tudo e Todas as Coisas (2017)


Maddy (Amandla Stenberg) tem quase 18 anos e vive confinada em uma mansão esterilizada, onde mantém contato apenas com a mãe, Pauline (Anika Noni Rose), e a empregada/enfermeira mexicana, Carla (Ana de la Reguera), que cuida dela há tempo suficiente para se ter tornado amiga. Entre os sonhos da menina está ver o mar de perto, mas sua condição a impede. Para aplacar a solidão, ela lê muito e conversa, pela internet, com seus amigos – também portadores da doença – espalhados pelo mundo,

A chegada de Olly (Nick Robinson), que se muda para a casa ao lado, desperta emoções e sentimentos que Maddy não conhecia ou sufocava. Não custa muito, e eles se veem pela janela de seus quartos, e logo estão trocando mensagens pelo celular.

(Everything, Everything - 2017)

Mãe! (2017)


Mãe! é o segundo filme do ano que vem com um ponto de exclamação de brinde no título. O primeiro foi Corra!, em que, pelo menos, havia uma urgência em seu comando: a urgência da fuga. No filme de Darren Aronofsky que, por puro preciosismo, também sugere-se ser inteiramente escrito sem letra maiúscula, a pontuação não está apenas no título. Cada cena parece terminar com o mesmo sinal, porém, se é de incredulidade positiva ou negativa, ou exasperação, fica ao gosto do freguês.

Em sua obra anterior, Noé, o diretor adaptou uma história da Bíblia. Aqui, parece que gostaria de adaptar o livro inteiro e acaba trazendo ao seu filme mais alegorias do que desfile de escola de samba do Rio de Janeiro.

A vantagem e o problema de uma ou várias alegorias é que cada um interpreta ao seu modo, de acordo com seus referenciais. Aqui, no entanto, Aronofsky – um sujeito pouco dado a sutilezas, basta ver o clímax de Réquiem para um sonho, no qual todos os personagens se dão muito explicitamente mal – não deixa margem a escolhas interpretativas ou elucubrações. O psicologismo barato de Cisne Negro, que, ao menos, tinha algo de divertido, embora superficial e surrado, persiste nas quase duas horas deste filme. Tudo isso acoplado a lições da aula de catecismo.

Talvez nem devamos chamar de personagens as figuras que habitam esse pesadelo, porque estão aquém de uma individualização burguesa, transformando-se em arquétipos. O “nome” pelo qual essas criaturas atendem está nos créditos finais. Jennifer Lawrence é chamada de Mãe (estranhamente sem exclamação, ora vejam!), seu marido, não é o Pai (ou Pai!), mas sim Ele. Ed Harris é o Homem e Michelle Pfeiffer, a Mulher. Os irmãos Brian e Domhnall Gleeson interpretam (quanta ironia!) um par de irmãos ensandecidos. Aronofsky, que também assina o roteiro (mas não credita nenhum apóstolo como coautor), cria uma fantasia atemporal com piscadelas para Luis Buñuel, Roman Polanski e qualquer outro autor que passar na frente do cinema, pois o cineasta pretende mostrar seu vasto repertório de referências.

Um dos problemas de explorar um vasto repertório é a perda da historicidade e o esvaziamento de significados, fora o exibicionismo gratuito – coloquemos aqui, então, Aronosfky como um cineasta pós-moderno, cuja obra apenas patina na tentativa de figurar o nosso presente, ao contrário de, digamos, Terrence Malick, cada vez mais incompreendido em seus retratos certeiros do nosso tempo. De Buñuel, por exemplo, mãe! toma emprestado o clima surreal e alguns motivos de O Anjo Exterminador. Na comédia cínica do espanhol, no entanto, havia uma clara sátira à elite de seu país diante da vitória do franquismo e da derrota das forças populares, e seu enclausuramento sem saída. Com um pouco de boa vontade (ou talvez muita) é possível pensar no filme do americano como uma leitura dos EUA da Era Trump, cujo governo, cada vez mais estapafúrdio, isola o seu país do restante do mundo. Há, no entanto, uma grande diferença entre os dois países e suas respectivas posições no jogo geopolítico de seu tempo. E, por fim, Aronofsky parece alheio demais para ir tão fundo numa apreensão política do presente – embora ele tente fazê-la por pinceladas mais amplas. Não é de todo exagerado dizer que o filme apresenta – sem nunca explorar direito – a questão dos refugiados e imigrantes contemporâneos. Outra leitura clara em mãe! é a de um pesadelo ecológico, no qual a Mãe Terra, cansada de anos e anos de exploração, está esmaecendo, mas antes de acabar completamente, pode destruir aqueles que a maltrataram e, assim, renascer.

Jennifer, uma espécie de bendita entre as mulheres, cuida da reconstrução da casa para que o marido, ora chamado de O Poeta, possa criar sua obra – ou seria Obra? Ele, porém, enfrenta um bloqueio criativo ao qual nem essa musa é capaz de por um fim. Ela passa o tempo reconstruindo a casa, isolada no meio do nada de lugar nenhum, que foi destruída num incêndio. Aliás, a primeira imagem do filme é uma mulher em chamas, e a primeira palavra é “Baby” – que pode ser um vocativo carinhoso ou um substantivo. Um bebê, aliás, aparecerá a certa altura. Antes disso, chegam o Homem, que se revela um grande fã do escritor, e logo depois sua mulher um tanto mesquinha – e a melhor figura dentro do filme – que tem uns conselhos não-requisitados a fornecer à protagonista. Quando Harris e Michelle saem de cena, suas ausências são sentidas.

Algumas das falas mais marcantes da Mãe consistem em Jennifer gritando, até literalmente perder a voz, para as pessoas saírem de sua casa. Há outros momentos também em que ela briga insistentemente com as pessoas que se sentam na pia que não está chumbada. São os convidados de um funeral/rave que acontece na primeira metade do filme. Se isso parece bizarro, é porque o longa não chegou ainda à sua parte final. Há um momento de calmaria e sexo pudico entre os dois apocalipses que marcam a trama. É também quando a inspiração novamente agracia o Poeta que, ainda nu, corre em busca de uma caneta, ou melhor, “Caneta! Uma Caneta!!”, tal qual Ricardo III requisitando um cavalo.

Jennifer reconstrói a casa – escolhe e aplica a tinta e o gesso nas paredes –, um Paraíso não-tão-perdido, dada a facilidade com que desconhecidos batem à sua porta. A fotografia – assinada pelo parceiro contumaz de Aronofsky, Matthew Libatique - é sempre escura, causando um contraste com as poucas externas saturadas de luz natural, e com muitos closes do rosto vilipendiado da atriz. A trilha sonora, cortesia de Jóhann Jóhannsson, consiste em ruídos que evidenciam o pesadelo barroco criado pelo diretor, num filme que não apenas olha para o próprio umbigo como também tenta o tempo todo chamá-lo de Grande Arte!, impregnando-o de significados e revelações que, quando eclodem, já tinham sido decodificadas.

Apesar das semelhanças com O Bebê de Rosemary – e em alguns momentos o cabelo de Bardem é idêntico ao de John Cassavetes naquele filme –, mãe! não é necessariamente um filme sobre maternidade ou gravidez – embora também possa haver nele uma crítica ao patriarcado –, mas sobre o sadismo da criação artística. É também sobre a insanidade da Sociedade do Espetáculo (lide com essa, Guy Debord), na qual um poeta é alçado à figura maior – com centenas de pessoas invadindo sua casa em busca de um mimo para guardar de recordação. Nem Lord Byron conseguiu tal feito, embora, conta-se, tenha vendido 10 mil cópias de um poema seu em um dia – mas era 1814.

Ambição e pretensão são, a grosso modo, a mesma coisa, só mudando a valência conforme os gostos e expectativas de quem observa. Enfim, não cabe ao artista escolher ser ambicioso ou pretensioso – são leituras que vêm do público. Ambição (que pode ser bem ou mal-sucedida, mas, geralmente, é um sentimento positivo em se tratando de arte) é fazer um filme sobre a degradação humana mediada por diversos tipos de drogas. Pretensão é fazer uma alegoria com motivos religiosos sobre o mal-estar da contemporaneidade.

(Mother! - 2017)

Padrinhos Ltda. (2015)


Um homem está preparando a sua cerimônia de casamento, mas ele não tem padrinhos para convidar. Para fingir que tem amigos, ele contrata desconhecidos para se passarem por padrinhos, mas este grupo atrapalhado vai colocar os planos de seu casamento em risco.

(The Wedding Ringer - 2015)

Big Little Lies (2017)


(Big Little Lies - 2017)