quarta-feira, 27 de junho de 2012

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)


Realmente, Oscar não é sinal de filmes bons. "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" é um exemplo disso. Não sei se é simplesmente porque não me simpatizo com filmes sobre ficção científica, mas não gostei nada deste filme. Naves espaciais sobrevoando o céu norte-americano, norte-americanos tento visões sobre um lugar desconhecido mas que para eles tem um significado sobrenatural, norte-americanos sendo abduzidos por extraterrestres, afinal tudo acontece somente com norte-americanos!

Segue a crítica super positiva do 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer:

Um excelente mistério de ficção científica em que a busca do homem comum pelo seu significado atinge um clímax eletrizante no contato com extraterrestres, "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" engloba temas recorrentes no trabalho de seu diretor, Steven Spielberg. Seus personagens mais comuns estão lá (o indivíduo em uma busca pessoal, a mãe simpática, o menino perdido, as autoridades pouco confiáveis), bem como a experiência transformadora. Há salvamento, redenção e afirmação dos valores pessoais. Remova os efeitos especiais e o que resta é a história apaixonada de um homem comum em circunstâncias extraordinárias.

O convincente Roy Neary, representado por Richard Dreyfuss, é um joão-ninguém passando por uma epifania. Quando ninguém acredita em seu encontro com um OVNI, ele fica obcecado por descobrir o sentido dessa experiência, deixando de lado a sua família no processo. A única pessoa que o compreende é Jillian Guiler, papel de Melinda Dillon, movida pela busca por seu filho (Gary Guffey), abduzido durante uma visita aterradora dos alienígenas à casa dela. Acaba ficando claro que ambos estão entre os "implantados", privilegiados com uma conexão compartilhada. Em paralelo com essas experiências íntimas de frustração e medo do desconhecido, de coragem e de alegria em confrontá-lo (e em achar algo extraordinário nos alienígenas com jeitão de crianças) estão os esforços internacionais do esperançoso Claude Lacombe (François Truffant), chefe do projeto científico encarregado de investigar e responder ao contato dos extraterrestres.

"Contatos Imediatos" demonstra toda a estética dos baby boomers que cresceram nos tranquilos subúrbios norte-americanos assistindo a produções da Disney e ficção científica dos anos 50, e de fato foi uma reinterpretação adulta e profissional de "Firelight", épico caseiro criado por Spielberg na adolescência. Embora E.T. seja ainda mais revelador de sua visão de mundo, "Contatos Imediatos" define Spielberg tanto em termos de estilo quanto de conteúdo. É também um filme que ele não consegue deixar de lado - teve uma edição especial em 1980 (partes sobre a crise de Neary foram retiradas, partes acrescentadas ao clímax com os alienígenas) e uma edição de colecionador em 1997 (remasterizada, com pequenos trechos reinseridos e sem a desnecessária sequência na nave-mãe).

Lançado pouco depois de "Guerra nas Estrelas", "Contatos Imediatos" também se tornou um fenômeno pop imediato. Tanto a melodia de cinco notas de John Williams, ao mesmo tempo saudação e linguagem, quanto a montanha de purê de batata entraram para a cultura popular, e o assombro coletivo ante a visão da nave-mãe surgindo sobre a montanha servem para atestar o dom que Spielberg possui de maravilhar o público.

Vencedor do Oscar de Fotografia. Indicado em mais 7 categorias: Direção (Steven Spielberg), Atriz Coadjuvante (Melinda Dillon), Direção de Arte, Efeitos Visuais, Edição, Trilha Sonora e Som. O filme ainda ganhou um Oscar especial por sua edição em efeitos sonoros.

(Close Encounters of the Third Kind - 1977)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Salt (2010)


SALT (Strategic Arms Limitation Talks), ou Conversações Sobre Limites Para Armas Estratégicas, foram duas rodadas de negociações bilaterais entre EUA e URSS, que se tornaram tratados internacionais acerca do controle de armas nucleares.

Aqui, Salt é Angelina Jolie em um filme “gato caça rato” envolvendo conspirações entre EUA e Rússia no pós-Guerra Fria. Um filme para agradar aqueles que jamais ouviram falar em SALT I ou SALT II. (Ou melhor, se ouvirem falar em SALT II pensarão que é uma continuação de Angelina Jolie na telona).

Nomeado ao Oscar de Mixagem de Som.

(Salt - 2010)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O Que é Isso, Companheiro? (1997)


“O Que é Isso, Companheiro?” é um daqueles filmes em que nós espectadores ficamos do lado do bandido, pois de certa forma damos razão à ele. E devo ressaltar que esta história é real e é um grande marco para a democracia em nosso Brasil.

Neste filme não é a polícia quem tem razão, mas sim os sequestradores do embaixador americano Charles Burke Elbrick (interpretado por Alan Arkin de “Pequena Miss Sunshine”). Esse grupo é formado por sete pessoas que lutam contra a ditadura no Brasil, e fazem parte de uma facção intitulada Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), Fernando Gabeira (aqui interpretado por Pedro Cardoso) era membro.

Como o governo militar havia censurado a imprensa e qualquer notícia relacionada às milícias ou ao que o governo fazia contra essas milícias, não eram divulgadas aos cidadãos, a população não se dava conta do que realmente ocorria no Brasil durante este período. Por esta razão, a intenção do sequestro era fazer com que os militares permitissem que a imprensa divulgasse o fato ocorrido e também libertassem alguns presos políticos.

Posso adiantar que a tática deu certo, assim como posso adiantar que a produção deste filme também deu. “O Que é Isso, Companheiro?” é um dos melhores filmes nacionais que já vi e apenas me arrependo de não tê-lo visto antes.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Brasil)

(O Que é Isso, Companheiro - 1997)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Saló ou 120 Dias de Sodoma (1975)


Certa vez eu assisti ao filme "Contos Proibidos do Marquês de Sade" e foi desta forma que fui apresentado ao Marquês de Sade. Não o conhecia antes, nunca tinha ouvido falar dele nem de sua obra. Gostei do filme, achei ele um tanto quanto doentio, e não me esqueço da cena em que o marquês escreve um de seus contos nas paredes utilizando suas próprias fezes para isto.

A obra literária "120 Dias de Sodoma" foi escrita pelo Marquês de Sade e aqui, neste filme, ela é adaptada por Pasolini como uma releitura do fascismo italiano. Sinceramente, se pensei que "Contos Proibidos do Marquês de Sade" era um filme doentio, era porque eu ainda não tinha assistido a "Saló ou 120 Dias de Sodoma".

Este filme é absurdamente perturbador.

Quatro homens poderosos e com boa posição social, intitulados bispo, presidente, magistrado e duque, contratam três prostitutas e encarceram 9 garotos e 9 garotas virgens em um palacete num local afastado. Lá, as prostitutas contam histórias sobre suas vivências sexuais, as quais são divididas em três atos (Círculo das Manias, Círculo da Merda e Círculo do Sangue), o que excita esses homens a cometerem atrocidades sexuais, abusos e todo o tipo de violência, as quais eu não consigo substantivar. As cenas finais, do terceiro ato Círculo do Sangue, são de violência tamanha, que mal consegui vê-las.

Segue a crítica do 1001 filmes para ver antes de morrer:

O argumento de "Os 120 Dias de Sodoma" é baseado na obra de mesmo título do Marquês de Sade, que deu o seu nome à forma de perversão sexual específica que o filme explora. Embora a narrativa seja em muitos aspectos diferentes do livro de Sade, ainda assim conserva a sua essência. O projeto do Marquês de Sade era em parte político, visando satirizar as instituições dominantes em sua época, sobretudo a Igreja Católica. Pasolini também era fervorosamente anticlerical, mas relaciona Sodoma diretamente à história italiana.

O filme é passado em Salò, uma república que durou pouquíssimo tempo e onde Mussolini estabeleceu sua última base de resistência no final da Segunda Guerra Mundial. Pasolini se viu envolvido nesses eventos e seu irmão foi morto em Salò. Na fantasia de Pasolini sobre esse episódio da guerra, quatro libertinos fascistas têm o poder total sobre um grupo de prisioneiros jovens e atraentes de ambos os sexos e submetem-nos a uma série de torturas sexuais e humilhações. Estas são apresentadas pelo diretor em uma série de cenas friamente formais que são curiosamente destituídas de qualquer tensão erótica. Não há tampouco a intenção de caracterizar os personagens: até os libertinos são pouco definidos, em termos de personalidade, e parecem não obter nenhum prazer verdadeiro de sua devassidão, enquanto suas vítimas são basicamente anônimas, simplesmente corpos a serem abusados e penetrados.

A intenção de Pasolini foi transformar o uso ilimitado do poder, levado à mais radical degradação sexual, em uma metáfora do próprio fascismo, visto como uma filosofia que adora o poder como fim em si mesmo. Há outras mensagens, contudo. Um libertino é identificado como um bispo e, a certa altura, duas das vítimas são submetidas a uma espécie de cerimônia de matrimônio, embora a consumação seja interrompida pelos libertinos, que interpõem os seus próprios corpos na união dos recém-casados. E, em uma cena especialmente notória, uma jovem nua é obrigada a comer excremento - Pasolini sempre argumentou que se trata de uma metáfora sobre o capitalismo de consumo de massa e sua produção de junk food.

O filme termina em uma orgia da crueldade: as vítimas são estranguladas e escalpadas, línguas são cortadas e mamilos são queimados. Tudo transcorre ao som de Carmina Burana, a famosa obra de Carl Orff que Pasolini também considerava música fascista, além de uma leitura dos Cantos de Ezra Pound, o poeta americano que apoiou Mussolini.

As obscenidades que o filme apresenta têm um poder inegável de chocar, e possivelmente o mais perturbador é que, nesse ponto de sua carreira, Pasolini tinha, quando muito, uma atitude ambígua em relação ao corpo e à sexualidade. Se o objetivo da pornografia é estimular o desejo sexual, Sodoma não caberia na definição, porque o seu efeito e, presumivelmente, o seu fim são gerar repugnância.

Um pouco depois de esse filme radical e perturbador ter sido concluído, e antes mesmo que fosse lançado, Pasolini foi assassinado. O seu filme foi perseguido ou proibido em muitos países e só recentemente tornou-se disponível para o público em geral na Inglaterra e nos Estados Unidos.

(Salò o le 120 giornate di Sodoma - 1975)

domingo, 17 de junho de 2012

Dia de Treinamento (2001)


Só um grande ator, como Denzel Washington, não perderia de vista a dimensão humana de um personagem tão perverso quanto o policial Alonzo Harris, o protagonista desta história violenta e sombria, que mergulha no universo da corrupção policial - um tema que, como se vê, não preocupa só aos brasileiros.

Alonzo é a mais bem-acabada encarnação do mal, alguém que já perdeu sua alma e está firmemente empenhado em corromper a dos demais. Definido assim, o personagem parece condenado a virar um vilão de história em quadrinhos. Nada mais falso. Denzel Washington utiliza pouco a pouco todo seu arsenal de recursos dramáticos e mostra porque é um dos principais intérpretes americanos.

A ação concentra-se no primeiro dia de trabalho de um jovem policial interiorano, Jake Hoyt (Ethan Hawke), ao lado do parceiro Alonzo (Washington), um experimentado agente de repressão aos entorpecentes de Los Angeles. Nesse único dia em ruas infestadas de gangues e violência de toda espécie, Jake faz a jornada mais radical de descoberta da realidade, especialmente porque não domina a informação principal: qual é a verdadeira natureza de seu parceiro, a quem assiste intimidando traficantes em seus próprios domínios e ficando com o dinheiro deles no próprio bolso.

Por melhor que Washington se mostre no papel principal, o filme sofreria muito se Ethan Hawke não se mostrasse à altura no jogo de dominador-dominado que prepara reversões de expectativa em algum ponto da história.

Denzel Washington ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua atuação em "Dia de Treinamento" e Ethan Hawke foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante.

(Training Day - 2001)

O Príncipe das Marés (1991)


Nick Nolte interpreta o problemático Tom Wingo, que após a tentativa de suicídio de sua irmã Savannah Wingo, se muda para Nova York. Lá ele conhece a psiquiatra Susan Lowenstein (interpretada por Barbra Streisand) que está encarregada da saúde mental de Savannah. Os dois acabam se envolvendo em um romance bem água com açúcar que poderá agradar mulheres de meia idade. Para mim, um filme que não vale a pena ser visto, desperdicei 2 horas de minha tarde de sábado...

Não sei como, nem o porquê, mas este filme recebeu 7 indicações ao Oscar e merecidamente não venceu em nenhuma. Indicado nas categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Nick Nolte), Atriz Coadjuvante (Kate Nelligan), Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado.

(The Prince of Tides - 1991)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Revenge - Primeira Temporada (2011)


Uma amiga minha costuma assistir a este seriado no canal Sony, então desde novembro do ano passado tenho ouvido que o seriado é muito bom e que ela está instigada e envolvida com o seu enredo, no entanto, minha amiga ainda não terminou de assisti-lo. Em quase todas as nossas conversas ela tem citado “Revenge”, então decidi vê-lo para saber se é verdade tudo aquilo que ela diz. Fiz o download dos 22 episódios e em menos de 2 semanas assisti a primeira temporada toda, o resultado foi que minha amiga ficou brava comigo, pois todas as nossas conversas passaram a ter spoilers sobre “Revenge” e ela não gosta disso!

Posso dizer que ela tem razão, pois a história realmente nos envolve. Temos a personagem Amanda Clarke que retorna aos Hamptons para se vingar da família Grayson que incriminou seu pai injustamente pela queda de um avião que matou vários norte-americanos. A partir daí ela se passa por Emily Thorne e se aproxima desta família.

Mas é Madeleine Stowe, interpretando Victoria Grayson, quem rouba a cena. Ela está perfeita.

(Revenge: The Complete First Season - 2011)

sábado, 9 de junho de 2012

Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993)


Minha saga Woody Allen ainda está em ação. Agora só falta ver “Maridos e Esposas”, “Crimes e Pecados”, “Memórias”, “Um Assaltante Bem Trapalhão”, “O que há, Tigresa”, e é claro, “Para Roma, Com Amor” que ainda não foi lançado. Ao todo são 44 filmes, praticamente produzidos um por ano, dos quais eu já assisti 38. Posso dizer que gostei da maioria deles.

“Um Misterioso Assassinato em Manhattan” se enquadra dentre os filmes de Woody Allen que gostei. Aqui ele, além de diretor e roteirista, interpreta o personagem que é casado com a personagem de Diane Keaton, que está desconfiada que o seu vizinho matou a esposa, e alega que ela sofreu um ataque cardíaco. A partir daí eles se envolvem em uma trama para descobrir o que realmente aconteceu com a pobre vizinha.

Apesar do enredo que aparentemente se enquadra como um suspense, o filme é uma comédia muito boa de ver.

(Manhattan Murder Mystery - 1993)

Admiradora Secreta (1985)


Filminho dos anos 80 que já foi reprisado diversas vezes na “Sessão da Tarde” e que agora passa no Telecine Cult, como um dos novos clássicos.

Diversão garantida e sem compromisso, que conta a história de um garoto que recebe uma carta romântica anônima e pensa que quem a escreveu foi a garota dos seus sonhos. A carta vai parar nas mãos de seu pai que pensa que a esposa de um amigo que a escreveu, o que gera muita confusão e a diversão sem compromisso a qual o filme se propõe.

(Secret Admirer - 1985)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Game of Thrones - Segunda Temporada (2012)


(Game of Thrones: The Complete Second Season - 2012)

Footloose (1984)


Realmente, "Footloose" representa tudo o que houve de mais cafona na década de 1980. Desde as roupas, os cortes de cabelo, a maquiagem, a música, além da rebeldia sem causa dos adolescentes da época.

Atualmente este filme já é considerado um clássico, mas para mim ele só deve comover as pessoas que viveram naquela época e que se divertiram com esta película no auge de seu lançamento. Eu que acabei de assisti-lo não achei a mínima graça.

As canções "Footloose" e "Let's Hear It for the Boy" foram indicadas aos Oscar de Melhor Canção Original.

(Footloose - 1984)

90210 - Quarta Temporada (2011)



(90210: The Complete Fourth Season - 2011)

sábado, 2 de junho de 2012

Rastros de Ódio (1956)


"Rastros de Ódio" é o típico filme norte-americano em que os homens brancos são os bonzinhos e os índios são os bandidos, onde o homem branco é superior ao outro simplesmente por considerar sua cultura superior, sem maior explicação. O índio aqui é a ameaça, não o homem branco que deseja tomar a terra do índio. E tudo isso tornou este faroeste um clássico, com John Wayne em mais um de seus típicos personagens.

Segue a crítica do 1001 filmes para ver antes de morrer:

"Rastros de Ódio" começa com um plano de uma paisagem de deserto visto de dentro de uma casa. Alguém se aproxima montado em um cavalo. É Ethan Edwards (John Wayne), voltando da Guerra Civil para a fazenda do irmão no Texas. Através de uma série de olhares e gestos, percebemos que Ethan está apaixonado pela mulher do irmão, Martha (Dorothy Jordan). No dia seguinte, ele parte com um grupo de Texas Rangers em busca de índios que haviam roubado algumas cabeças de gado. Enquanto está afastado, comanches atacam a fazenda, matando o irmão e a cunhada de Ethan e raptando suas duas filhas. Por todo o resto do filme, em atos que se passam em um período de cinco anos, Ethan e Martin (Jeffrey Hunter), seu companheiro de sangue indígena, cruzam o Oeste em busca das garotas.

Como John Ford transformou esse enredo simples em um dos maiores faroestes de todos os tempos? Em primeiro lugar, há o cenário. Ford rodou muitos faroestes no Monument Valley, uma região desolada na fronteira entre Utah e Arizona. As rochas de arenito erodidas são um espetáculo extraordinário, e o olho clínico de Ford para composições as investe de uma aura especial. O próprio tamanho da paisagem faz as figuras humanas parecerem especialmente vulneráveis e a vida dos colonos texanos, precária. Como é possível tirar sustento de um lugar tão inculto e árido?

No coração da história, entretanto, está a figura de Ethan Edwards. Na interpretação de Wayne, Ethan é um colosso, devastador e indomável. Contudo, ele tem um defeito trágico. Ethan é devorado por seu ódio aos índios e fica claro que sua busca é impulsionada por um racismo implacável. Sua intenção, conforme percebe Martin, não é resgatar Debbie (Natalie Wood), sua sobrinha sobrevivente, mas assassiná-la. Na visão de Ethan, ela se contaminou de forma irremediável pelo contato com seus raptores comanches. Aos poucos, percebemos que Scar (Henry Brandon), o chefe comanche, funciona como uma espécie de espelho de Ethan. Ao estuprar Martha antes de matá-la, Scar executou um terrível simulacro do ato que Ethan, em segredo, sonhava cometer. Assim, a ânsia deste último em matar Scar e Debbie nasce da sua necessidade de destruir seus próprios desejos ilegítimos.

A verdadeira genialidade de "Rastros de Ódio" está no fato de ele conseguir manter a simpatia dos espectadores por Ethan, apesar de ele ser um racista homicida. Ao fazê-lo, a fita gera uma reação muito mais complexa e produtiva do que a maioria dos filmes liberais desse filão, como "Flechas de Fogo". Em vez de pregar uma mensagem, Ford nos conduz para as complexidades da experiência americana com a diferença racial.

Há vários outros prazeres pelo caminho, entre eles uma trilha sonora maravilhosa de Max Steiner e muito humor a cargo de membros da Sociedade Anônima John Ford, como Harry Carey Jr., Ken Curtis, Hank Worden e Ward Bond. Vera Miles está excelente como Laurie, a namorada de Marty, cuja mãe é interpretada por Olivia Carey, viúva do primeiro astro do faroeste de Ford, Harry Carey.

Em 1992, "Rastros de Ódio" foi votado o quinto melhor filme de todos os tempos em uma enquete com críticos de cinema de vários países promovida pela revista Sight & Sound. É uma honra e tanto, mas o filme de Ford faz jus a ela.

(The Searchers - 1956)

Assim Estava Escrito (1952)


Quando eu vi o poster desde filme e o associei à seu título, logo pensei que se tratava de um clássico romance da década de 1950 que me encantaria para todo o sempre. Ao assisti-lo, logo vi que não se tratava de nada disso, como segue a crítica do livro 1001 filmes para ver antes de morrer:

Ainda o melhor filme hollywoodiano sobre Hollywood, "Assim Estava Escrito" é livremente baseado na carreira de David O. Selznick, fugindo ao tema para incluir algumas piadas internas sobre Val Lewton, Orson Welles, Raymond Chandler, Diana Barrymore, Alfred Hitchcock e Irving Thalberg. Atenção também à esposa discreta, porém influente, do diretor inglês (interpretado por Leo G. Carroll, um dos atores recorrentes de Hitchcock).

Três pessoas com bons motivos para odiar o produtor Jonathan Shields (Kirk Douglas) estão reunidas aguardando uma ligação de Paris, na qual o decadente Shields tentará vender um novo projeto. Através de flashbacks, eles discorrem sobre sua carreira - de diretor de filmes B para o estrelato -, lembrando por que o detestam tanto. O diretor Fred Amiel (Barry Sullivan) é um antigo sócio que foi incentivado por Shields a fazer um filme de monstros barato chamado A Maldição do Homem-Gato (A Marca da Pantera vem à mente), mas então é afastado do projeto dos seus sonhos, uma produção mexicana risivelmente "importante" chamada A Montanha Distante. Georgia Lorrison (Lana Turner), a filha vulgar e bêbada de um astro encrenqueiro estilo John Barrymore, é retirada da sarjeta, transformada em uma deusa do cinema e depois trocada por uma qualquer (a maravilhosamente irônica Elaine Stewart) na noite da estreia. Dentre os três, o menos disposto a perdoá-lo é o roteirista profissional James Lee Bartlow (Dick Powell), cuja mulher frívola e assanhada (Gloria Grahame, vencedora do Oscar) Shields repassa para o "amante latino" Victor "Gaucho" Ribera (Gilbert Roland), que a mata em um acidente de avião.

Douglas está imbatível como um megalomaníaco ambicioso. O retrato que faz de Shields, abusando dos dentes trincados e das suas covinhas, está entre os melhores de sua carreira. O roteiro cheio de fofocas (a cargo de outro vencedor do Oscar, Charles Scheene) é conduzido de forma impecável pela melodramaturgia exuberante do diretor Vincent Minnelli e pela trilha sonora sedutora de David Raksin. Passados 50 anos, o filme ganhou um efeito tragicômico, uma vez que a reputação de Selznick foi por água abaixo. A convicção de Shields de que está fazendo uma grande arte (compartilhada com seu contador!) pela qual vale a pena sacrificar a vida de outras pessoas torna-se ainda mais perturbadora quando Minnelli nos permite vislumbrar exatamente o tipo de espetáculo exagerado e arrogante que acabou sendo menos bem-sucedido do que produções mais modestas. Sabemos que, na filmografia de Shields, preferiríamos ver A Maldição do Homem-Gato no lugar de A Montanha Distante.

Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Kirk Douglas). Vencedor de 5 Oscar: Atriz Coadjuvante (Gloria Grahame), Direção de Arte, Fotografia, Figurino e Roteiro.

(The Bad and the Beautiful - 1952)

Glee - Terceira Temporada (2011)


Assisti todas as três temporadas de “Glee” e ainda não gosto deste seriado, mas posso adiantar que assistirei a quarta, afinal continuo achando as interpretações musicais do seriado perfeitas. Mas a história, os excessos, o sinal ensurdecedor da escola tocando a cada mudança de cena ainda me irritam muito.

A Rede Globo passou a exibir “Glee” no horário de almoço e depois mudou para as madrugadas, talvez porque neste seriado temos gays, lésbicas, bullying e tudo mais que nossa querida sociedade brasileira prefere não ver enquanto seus filhos almoçam, quando deixaremos a hipocrisia de lado?

Eu adorei ver este ator Alex Newell travestido e interpretando a canção “Starships”. Está aí a cena:



É por essas e outras que eu continuo assistindo a "Glee".

(Glee: The Complete Third Season - 2011)