domingo, 21 de outubro de 2012

O Palhaço (2011)


Dirigindo a si mesmo, Selton Mello é capaz de se reinventar num personagem que foge de qualquer coisa que já o vimos fazer antes. Isso se dá especialmente porque ele tem ao seu lado o grande Paulo José num personagem daqueles maiores que a vida, que ameaça tomar o filme para si.

Paulo e Selton são pai e filho, e também uma dupla de palhaços, com nomes artísticos de Puro Sangue e Pangaré. O rapaz, cujo nome de batismo é Benjamim, parece não ter conhecido uma vida que não fosse essa do circo. Ser palhaço, pensa ele, não foi sua escolha, foi uma consequência da vida. Por isso mesmo, quando surge uma rebeldia adolescente tardia ele quer cair no mundo. Descobrir o que há além da tenda do circo é descobrir a si mesmo, é mergulhar nas oportunidades, correr riscos e ganhar as conquistas. Porque até então a vida de Benjamin não lhe pertencia.

Para qualquer personagem, seja no cinema ou na literatura, obter sua independência é uma viagem, que pode ganhar tons metafóricos. Em “O Palhaço”, o protagonista cai no mundo em busca de um ventilador e um amor. Desculpas bobas, o que ele quer mesmo é encontrar sozinho sua identidade. Fazer essa viagem é abrir mão do velho para abraçar ao novo. O palhaço perde o circo para ganhar o mundo.

Personagens estranhos cruzam o caminho de Benjamim. Eles são a prova de que de perto, ninguém é normal. Eles também são a oportunidade que Selton encontrou para resgatar e homenagear ídolos de sua infância. Entram em cena o ex-garoto-propaganda Ferrugem, como um atendente de uma prefeitura; o eterno Zé Bonitinho, Jorge Loredo; e Moacyr Franco.

“O Palhaço” foi escolhido para representar o Brasil na disputa de uma das cinco nomeações para a categoria Melhor Filme Estrangeiro no Oscar, creio que as chances serão remotas e que, caso seja nomeado, vencer nesta categoria seria praticamente impossível.

(O Palhaço - 2011)

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