sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Um Método Perigoso (2011)


Em “Um Método Perigoso”, David Cronenberg voltou-se para Sigmund Freud e Carl Gustav Jung. Partindo da peça The Talking Cure, de Christopher Hampton – também corroteirista -, realizou uma densa ficção que focaliza o encontro entre o pai da psicanálise e um de seus mais criativos discípulos, antes que diferenças inconciliáveis os separassem.

A narrativa começa com Carl Jung (Michael Fassbender) atuando numa clínica psiquiátrica em Zurique e encarregando-se do caso de uma jovem paciente histérica, Sabina Spielrein (Keira Knightley). É um caso complicado e que requer enorme esforço do médico, descobrindo por trás do caso da moça evidências de uma história familiar complicada, que acarretou um comportamento autodestrutivo.

Trabalhando pela terceira vez com o diretor, o ator norte-americano Viggo Mortensen encarna Freud, o pioneiro da psicanálise que, em Viena, influenciou diversos profissionais, inclusive Jung. O jovem médico suíço encontra-se com seu mentor, quarenta anos mais velho, e inicia-se uma ativa troca de correspondência e experiências.
Aos poucos, afirmam-se as diferenças entre os dois – não só de idade, classe social, religião (Freud era judeu, Jung, protestante) e personalidade. E, partir de um certo momento, divergem especialmente em sua postura profissional diante de aspectos cruciais na determinação da psique humana – como a sexualidade.

A sexualidade, não na teoria, e sim na prática, cria uma das muitas discordâncias entre Jung e Freud, a partir do momento em que o primeiro, casado e com filhos, envolve-se com sua ex-paciente, Sabina, que se tornou psicanalista também. E, na vida íntima, mais do que atenuar algumas perversões de Sabina, passa a participar delas também.

Um grande mérito do filme está em não sucumbir ao peso habitual das produções de época – que Cronenberg frequenta pela quarta vez -, permitindo que seus personagens se movimentem e reajam de forma natural em seus ambientes. O diretor também enfrenta a contento o desafio de humanizar dois mitos do nível de Freud e Jung, tornando palpáveis tanto suas contradições quanto seus sentimentos.

Da mesma forma, tornam-se claros alguns dos principais conflitos entre o pensamento dos dois, desde o papel supremo defendido por Freud para a sexualidade como determinante do comportamento humano – que Jung contrapõe com uma procura também do transcendente, que o levará ao conceito do inconsciente coletivo.

(A Dangerous Method - 2011)

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