sábado, 6 de junho de 2015

Lawrence da Arábia (1962)


Um dos maiores épicos de todos os tempos, "Lawrence da Arábia" incorpora tudo o que o cinema pode oferecer. Ambicioso em toda a acepção da palavra, a obra prima de David Lean, premiada com montanhas de Oscars, foi inspirada livremente na vida do excêntrico oficial inglês T. E. Lawrence e sua campanha contra os turcos na Primeira Guerra Mundial. Poucos filmes sobrevivem à comparação com esta obra, que serviu de inspiração para inumeráveis cineastas, principalmente mestres da técnica como George Lucas e Steven Spielberg. Este último, aliás, colaborou na restauração de Lawrence na sua duração e brilho originais, junto com Martin Scorsese, outro fã. Da grandiosa trilha sonora ao roteiro literário de Robert Bolt, da fotografia de Freddie Young, que explora a beleza do deserto, até o elenco, que literalmente tem milhares de figurantes, tudo nesta fita merece e exige ser visto e ouvido no cinema.

Projetado para o formato de 70 milímetros, a tela grande acentua mínimos detalhes como os penetrantes olhos azuis de Peter O'Toole, a estrela do filme, até o movimento incessante da areia sob o sol escaldante. Cenas antológicas - como a aparição de Omar Sharif como uma miragem no deserto, o famoso corte de um palito de fósforo aceso para o crepúsculo , o atordoante ataque a Akaba - são espetaculares e, de fato, impossíveis de serem repetidas. São especialmente impressionantes para um filme feito antes dos dias dos efeitos especiais gerados por computador. O próprio Spielberg estima os custos de produção de Lawrence em torno de 285 milhões de dólares, se fosse feito nos dias de hoje, e ele sabe das coisas. A verdade é que nenhum cineasta ousaria tentar superar Lean, um diretor soberbo e um contador de histórias no auge da forma.

O fato de que o conteúdo da história também faz jus ao espetáculo amplia a dimensão de "Lawrence da Arábia" e a reputação de Lean. Os desvarios do colonialismo e as hipocrisias da guerra são desnudados enquanto o coronel Lawrence deixa o sucesso de sua campanha contra os turcos subir à cabeça. Sua personalidade extravagante, no entanto, é abalada quando ele percebe que a carnificina substituiu a honra e a arrogância substituiu a coragem. Seu triste declínio é contado com sensibilidade, inteligência e habilidade em um épico com o mesmo escopo e profundidade de uma grande obra literária.

Vencedor de 7 Oscar: Melhor Filme, Direção (David Lean), Fotografia, Direção de Arte, Som, Edição e Trilha Sonora. Concorreu em mais 3 categorias: Melhor Ator (Peter O'Toole), Ator Coadjuvante (Omar Sharif) e Roteiro Adaptado.

(Lawrence of Arabia - 1962)

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