quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Mogli: O Menino Lobo (2016)


“Eu uso o necessário, somente o necessário”. O lema cantado pelo preguiçoso e simpático urso Balu na animação de 1967 pode ter servido de inspiração para Jon Favreau decidir como conduzir a história de seu Mogli – O Menino Lobo, o remake em live action produzido pela Disney de seu próprio clássico. O diretor utiliza elementos memoráveis do filme anterior, aproximando-se mais do conteúdo original que inspirou ambos os longas, O Livro da Selva (1894), do inglês Rudyard Kipling, numa trama que, em si, é a mais convencional possível.

Favreau não deixa de lado as músicas mais famosas da versão animada – embora algumas fiquem para os créditos – nem o tom jocoso e inocente de certos animais para agradar às crianças. Por outro lado, ele e o roteirista Justin Marks retomam as discussões morais do livro em um tom mais sério no texto e até na fotografia, que podem não satisfazer aquele espectador mais apegado à imagem pueril do menino selvagem em sua memória afetiva.

Contudo, o estelar elenco de vozes (tanto as originais como as da versão nacional) e, principalmente, o visual realista da natureza, com cenários e bichos criados artificialmente em computação gráfica avançada, são os atrativos para os adultos: o extraordinário que não é demais.

O novo longa, então, busca na história da obra literária sobre a Trégua da Água uma razão para a aproximação do temido Shere Khan de Mogli (Neel Sethi), um filhote de humano, como os animais da mata costumam dizer. Resgatado quando criança pela pantera Bagherah (Ben Kingsley/Dan Stulbach) e criado pela loba Raksha (Lupita Nyong'o/Julia Lemmertz) e sua alcateia, o menino desperta a ira do tigre, que tem seus motivos para odiar os homens e, por isso, decreta que os lobos entreguem o garoto a ele. Bagherah, no entanto, o tira de lá para levá-lo à aldeia dos humanos.

Contratempos acabam deixando Mogli sozinho na selva, onde ele conhece outros animais, também antropomorfizados: a hipnotizante cobra Kaa (Scarlett Johansson), cujo espaço na trama é muito reduzido, o imponente orangotango rei Louie (Christopher Walken) e o indolente urso Baloo (Bill Murray), cuja relação cativante com o menino é retomada com o mesmo vigor da animação. É curioso, no entanto, que só estes e mais alguns personagens principais falem, enquanto outros só emitam seus sons característicos, a exemplo dos elefantes. O roteiro enfatiza a perda da inocência e os perigos da ação humana dando peso narrativo maior ao fogo, poeticamente chamado de flor vermelha pelos animais, escancarando tais temas, sem trabalhar tanto no subtexto.

Vencedor do Oscar de Efeitos Especiais.

(The Jungle Book - 2016)

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