segunda-feira, 25 de julho de 2011

Frenesi (1972)



Alfred Hitchcock voltou à Inglaterra em 1972 para colaborar com o dramaturgo Anthony Shaffer em uma versão filmada do romance de Arthur La Bern Goodbye Peccadilly, Farewell Leicester Square, que ressuscita muitas das convenções do primeiro grande sucesso do diretor, "O Pensionista" (1926). Mais uma vez, Londres é atormentada por um serial killer similar a Jack, o Estripador, e o personagem principal só complica a sua situação agindo de forma tão estranha que se torna o principal suspeito.

Hitchcock obtém uma mistura exata de fascinação lasciva e horror genuíno ao mostrar a atitude inglesa diante dos assassinados - algo que também é uma grande parte de sua própria obsessão. Um amargurado ex-piloto da RAF, Richard Blaney (Jon Finch) é um alcólatra que trabalha como garçom em um bar de Covent Garden, reduzido a limpar a mesa de sua perspicaz ex-namorada Brenda (Barbara Leigh-Hunt), que, ironicamente, dirige uma próspera agência matrimonial. Em uma das mais horripilantes e explícitas cenas que o Mestre do Suspense já dirigiu, Brenda é visitada pelo rústico e bonachão distribuidor de frutas no mercado de Coventry Garden, Bob Rusk (Barry Foster), cujas exigências especiais não reveladas, porém perversas, ela não deseja cumprir profissionalmente. Rusk então revela ser o notório Assassino da Gravata estuprando a mulher e estrangulando-a com sua gravata estampada.

"Frenesi" prossegue entrecortando a narrativa do herói anti-social, desagradável e sem dignidade - reduzido a dormir em um abrigo para mendigos, a certa altura - e do vilão encantador, atraente e bem-sucedido, que torna a perturbar Blaney assassinando a sua namorada esporádica (Edith Massey), uma garçonete animadinha. Como em "Psicose" e "Pacto Sinistro", Hitchcock dirige uma sequência de suspense aliciando nossa cumplicidade na tentativa de um assassino de encobrir seu crime, mostrando Rusk atrapalhando com um cadáver nu em um saco de batatas no porta-malas de uma van para recuperar o seu predendor de gravata incriminatório. Hitchcock tira proveito da censura mais branda do período para ser mais explícito em relação ao sexo e à violência, embora ele também saiba quando um afastamento longo e lento, tirando a nossa atenção de um assassinato, transmitirá mais horror do que outro close de violência e estrangulamento. Há um veio de comédia estilo "Mike Leigh", sobre constrangimento social, no enredo secundário de um inspetor de polícia (Alec McCowen) cuja esposa (Vivien Merchant) está sempre lhe servindo pavorosas refeições "gourmet".

(Frenzy - 1972)

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