domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Vencedor (2010)



No ringue, só um lutador pode vencer. Mas se não fossem dois os heróis de “O Vencedor”, a curva dramática do filme não existiria. São dois irmãos, homens de trajetórias inversas, que ocupam o centro da trama – Micky Ward (Mark Wahlberg, o caçula, está subindo no mundo do boxe, no rumo de tornar-se campeão; o mais velho, Dicky Eklund (Christian Bale), ao contrário, já desperdiçou sua chance, embora tenha no currículo um nocaute sobre ninguém menos do que a lenda Sugar Ray Leonard.

O que está fora do ringue é tão importante quanto o que acontece em cima dele. O clã familiar exerce uma pressão formidável sobre Micky Ward. Apesar de ser um lutador em ascensão, ele tem de carregar essa família toda nas costas – o irmão drogado que se tornou seu treinador, a mãe possessiva, Alice (Melissa Leo, de “Rio Congelado”), e um formidável time de sete irmãs desocupadas e intrometidas. O pai dele, George (Jack McGee), faz o que pode, mas também costuma sucumbir a este quase irresistível poder.

Diante do declinante sex-appeal, a matrona Alice compensa com mão de ferro com o poder sobre os compromissos de Micky e sua renda – nem sempre em benefício do filho. Apesar de sua inegável experiência, Dicky é um treinador um tanto relapso – desaparecendo para ‘viajar’ no crack. Sem vida própria, Micky encontra na desbocada Charlene (Amy Adams, de “Dúvida”) uma namorada e uma força nova para reagir ao resto do clã.

A performance sutil de Wahlberg, talvez não foi devidamente reconhecida, mas são as dúvidas, hesitações e o tumulto interior desse protagonista que ditam o ritmo de todo o resto. Micky carrega a pulsação do filme em cada golpe dado ou recebido. Mas Dicky é quem sempre tem o poder de alterar essa energia.

Baseado em personagens e situações reais, “O Vencedor” insere seu nome numa longa galeria de bons filmes sobre o boxe, renovando sua gama de contradições dramáticas. Mesmo quem não gostar do esporte, pode sintonizar-se com as emoções à flor da pele de uma família irlandesa e exagerada, que lembra muitas outras que conhecemos tão bem.

Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Christian Bale) e Atriz Coadjuvante (Melissa Leo). Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Direção (David O. Russell), Atriz Coadjuvante (Amy Adams), Edição e Roteiro Original.

(The Fighter - 2010)

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