terça-feira, 5 de abril de 2011

Gilda (1946)


"As estatísticas mostram que existem mais mulheres no mundo do que qualquer outra coisa", dispara o herói cínico Johnny Farrell (Glen Ford), acrescentando, com peculiar aversão, "exceto insetos!". Ainda assim, essa misoginia coexiste, no filme de Charles Vidor, com a própria - e bela - Gilda (Rita Hayworth). Uma personagem que é ao mesmo tempo completamente apática e dona de uma ironia magistral, cuja canção-assinatura "Put the Blame on Mame" - ao som da qual ela faz um strip-tease extraordinariamente sensual envolvendo a retirada apnas das suas luvas de veludo que vão até os cotovelos - é uma exposição mordaz de como as mulheres são responsabilizadas pela destruição causada por homens que ficam obcecados por elas.

Johnny, um jogador durão que parece ligeiramente desconfortável no seu smoking, torna-se o gerente de um cassino em Buenos Aires, trabalhando para Ballin Mundson (George Macready), um magnata inexpressivo que carrega uma bengala que é na verdade uma espada, espia seus clientes e sócios através de uma sala de controle na casa de jogos e é o vértice de um triângulo amoroso que impulsiona a trama. Ford e Hayworth, ambos atores limitados, porém cativantes e fotogênicos, têm atuações definitivas arrancadas deles como dentes, e Macready se diverte como o complexo vilão. Como afirmam os cartazes: "Nunca houve uma mulher como Gilda!".



(Gilda - 1946)

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