quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Conduzindo Miss Daisy (1989)


Uma rica judia de 72 anos de idade (Jessica Tandy) acidentalmente joga seu carro novo no jardim do vizinho. Seu filho Boolie (Dan Aykroyd) tenta convencê-la de que ela precisa de um motorista, mas ela resiste à ideia. Mesmo assim, seu filho contrata o motorista Hoke (Morgan Freeman), provocando a imediata recusa de sua mãe. Mas gradativamente ela quebra a barreira da diferença cultural e racial existente entre eles, aceita suas próprias limitações e permite nascer e crescer um sentimento puro e sincero de amizade que durará décadas.

Sem fugir do clichê “eles se odeiam e depois viram grandes amigos” (que neste caso é muito bem utilizado, pois o desentendimento inicial é perfeitamente aceitável, assim como o nascimento da relação de respeito e carinho entre eles), o bom roteiro de Alfred Uhry estuda minuciosamente os efeitos do envelhecimento no ser humano, normalmente resistente às mudanças provocadas pela passagem do tempo. Esta resistência provoca uma enorme dificuldade em aceitar que não podemos mais fazer as mesmas coisas de antes, como quando Miss Daisy resiste em aceitar que não pode mais dirigir. Além disso, o roteiro acertadamente aborda temas complicados, como o racismo (os negros são empregados e motoristas), tão forte naquele período da história dos EUA, e a discriminação religiosa, escancarados na frase preconceituosa do policial que pára os dois idosos na estrada. Finalmente, o roteiro de Uhry conta ainda com diálogos dinâmicos, inteligentes e repletos de ironia, principalmente entre a dupla principal e entre Miss Daisy e seu filho.

A velhice é tratada com respeito neste sensível “Conduzindo Miss Daisy”, extremamente bem atuado e com um roteiro bastante inteligente, que nos deixa algumas reflexões. A vida passa, o corpo enfraquece, os filhos crescem, os amigos e familiares se vão, mas as lembranças ficam. E afinal de contas, o que levamos desta vida? Levamos o amor, as verdadeiras amizades e as histórias que vivemos para contar. Melhor ainda é quando chegamos ao final desta trajetória podendo contar com alguém, seja este um companheiro ou um verdadeiro amigo. É isto que vale a pena na vida.

"Conduzindo Miss Daisy" venceu os Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz (Jessica Tandy), Maquiagem e Roteiro Adaptado. Foi também indicado nas categorias de Melhor Ator (Morgan Freeman), Ator Coadjuvante (Dan Aykroyd), Direção de Arte, Figurino e Edição.

(Driving Miss Daisy - 1989)

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