sábado, 24 de julho de 2010

Kick-Ass - Quebrando Tudo (2010)



Quem acreditar que “Kick-Ass – Quebrando Tudo” é apenas uma comédia besteirol para adolescentes terá subestimado um dos filmes mais vigorosos para esse público. Longe de trazer personagens nerds, tão em voga nos últimos tempos, a produção consegue ser inovadora e audaz na forma com que mistura ação, drama, humor e super-heróis.

Baseado em um HQ homônimo (criado por Mark Millar), o filme do diretor inglês Matthew Vaughn, consegue comover, ao mesmo tempo em que choca a plateia pela violência injetada a cada cena. Com seu roteiro, ele subverte a ideia de justiceiros, mostrando que, sim, os meios também justificam os fins.

Kick-Ass é o alter-ego de Dave Lizewski (Aaron Johnson), um jovem convencional, sem brilho ou problemas. Sentindo-se impotente frente aos crimes que ocorrem ao seu redor, passa a acreditar que, para ser um super-herói, basta ter força de vontade e indignação.

Sem poderes especiais ou acessórios excêntricos, Dave compra pela internet uma roupa vibrante e se sente capaz de lutar contra o banditismo. Com um treinamento frente ao espelho, já no primeiro confronto ele é surrado, esfaqueado e atropelado, em cenas recheadas de humor negro.

Quando volta à ativa, sente-se ainda mais confiante para enfrentar os desajustados, já que sua temporada no hospital lhe rendeu um esqueleto quase todo de pinos de aço e nenhuma sensibilidade à dor. Logo, em um enfrentamento solitário contra uma gangue, em que leva pontapés como uma bola de futebol, consegue permanecer de pé e virar hit na internet.

Ao mesmo tempo em que Dave torna-se Kick-Ass, Damon (Nicolas Cage) ensina a sua filha Mindy (Chloe Moretz) a não ter medo ou sentir dor frente ao perigo imediato. E, quando menos se espera, leva um tiro à queima-roupa no peito. Um teste para se tornar a Hit-Girl (com 10 anos), ao lado de seu pai, Big Daddy, outro vigilante que combate o chefão do tráfico Frank D'Amico (Mark Strong, de Sherlock Holmes).

Os mundos colidem quando o vilão passa a perseguir o trio, já que a interferência deles está arruinando seus negócios. Com excelentes atuações, em especial a da jovem Chloe Moretz (que chacina e apanha de maneira perturbadora), a produção é mordaz sobre o mundo dos super-heróis dos quadrinhos. É também incômoda pela falta de escrúpulos.

Mas é a completa falta de censura que torna Kick-Ass tão pungente. Por ser diretor, roteirista e produtor, Matthew Vaughn teve autonomia para fazer o que bem quis e já anunciou uma sequência ainda mais pesada. Considerado ultra-violento, ultra-pop e ultra-divertido, o filme pode dirigir-se para adolescentes, mas não deve ser visto como um trabalho menor.

(Kick-Ass - 2010)

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